São João Crisóstomo
João Crisóstomo foi um grande orador do seu tempo. Todos os escritos
dizem que multidões se juntavam ao redor do púlpito onde estivesse
discursando. Tinha o dom da oratória e muita cultura, uma soma muito
valiosa para a pregação do cristianismo.
João nasceu no ano 309, em Antioquia, na Síria, Ásia Menor, procedente
de família muito rica considerada pela sociedade e pelo Estado. Seu pai
era comandante de tropas imperiais no Oriente, um cargo que cedo causou
sua morte. Mas a sua mãe, Antusa, piedosa e caridosa, agora santa,
providenciou para o filho ser educado pelos maiores mestres do seu
tempo, tanto científicos quanto religiosos, não prejudicando sua
formação.
O menino, desde pequeno, já demonstrava a vocação religiosa, grande
inteligência e dons especias. Só não se tornou eremita no deserto por
insistência da mãe. Mas, depois que ela morreu, já conhecido pela
sabedoria, prudência e pela oratória eloqüente, foi viver na companhia
de um monge no deserto durante quatro anos. Passou mais dois retirado
numa gruta sozinho, estudando as Sagradas Escrituras e, então,
considerou-se pronto. Voltou para Antioquia e ordenou-se sacerdote.
Sua cidade vivia a efervescência de uma revolta contra o imperador
Teodósio I. O povo quebrava estátuas do imperador e de membros de sua
família. Teodósio, em troca, agia ferozmente contra tudo e contra todos.
Membros do senado estavam presos, famílias inteiras tinham fugido e o
povo só encontrava consolo nos discursos e pregações de João, chamado
por eles de Crisóstomo, isto é,: "boca de ouro". Tanto que foi o
incumbido de dar à população a notícia do perdão imperial.
Alguns anos se passaram, a fama do santo só crescia e, quando morreu o
bispo de Constantinopla, João foi eleito para sucedê-lo. Constantinopla
era a grande capital do Império Romano, que havia transferido o centro
da economia e cultura do mundo de então para a Ásia Menor. Entretanto
para João era apenas um local onde o clero estava mais preocupado com os
poderes e luxos terrenos do que os espirituais. Lá reinavam a ambição, a
avareza, a política e a corrupção moral. Como bispo, abandonou, então,
os discursos e dispôs-se a enfrentar a luta e, como conseqüência, a
perseguição.
Arrumou inimigos tanto entre o clero quanto na Corte. Todos, liderados
pela imperatriz Eudóxia, conseguiram tirar João Crisóstomo do cargo, que
foi condenado ao exílio. Mas essa expulsão da cidade provocou revolta
tão intensa na população que o bispo foi trazido de volta para reassumir
seu cargo. Entretanto, dois meses depois, foi exilado pela segunda vez.
Agora, já com a saúde muito debilitada, ele não resistiu e morreu. Era
14 de setembro de 407.
Sua honra só foi limpa quando morreu a família imperial e voltou a paz
entre o clero na Igreja. O papa ordenou o restabelecimento de sua
memória. O corpo de João Crisóstomo foi trazido de volta a
Constantinopla em 438, num longo cortejo em procissão solene. Mais
tarde, suas relíquias foram trasladadas para Roma, onde repousam no
Vaticano. Dos seus numerosos escritos destacasse o pequeno livro "Sobre o
sacerdócio", um clássico da espiritualidade monástica. São João
Crisóstomo é venerado um dia antes da data de sua morte, em 13 de
setembro, com o título de doutor da Igreja, sendo considerado um modelo
para os oradores clérigos.
São João Crisóstomo, rogai por nós!
São Maurílio de Angers
Maurílio nasceu na segunda metade do século IV, em Milão, na Itália.
Na juventude, viajou para a Gália, agora França, atraído pela fama do
bispo mais ilustre de sua época, Martinho de Tours.
Naquela época, a região da Gália tinha muito pouco conhecimento do
Evangelho. Já existiam vários bispos destacados pelas cidades, mas o
cristianismo era um fenômeno particularmente urbano e poucos camponeses
tinham acesso aos ensinamentos. A finalidade da missão de Maurílio era
essa. Após sua ordenação sacerdotal, saiu em missão para evangelizar os
camponeses dos campos mais distantes das cidades.
Então, Maurílio entregou-se, de corpo e alma, à vida de pregação, sempre
pronto a ajudar os pobres e doentes. Seu esforço teve muito êxito,
pois, em 423, chegou à sua região uma delegação de camponeses, que lhe
pediram para ser o bispo de sua localidade. Maurílio recebeu, então, a
sua consagração episcopal e iniciou um ministério que durou cerca de
trinta anos.
Foi assim que Maurílio tornou-se muito respeitado e amado pelos humildes
lavradores. A voz da tradição popular conta-nos as histórias de vários
prodígios ocorridos por sua intercessão. Com isso ganhou fama de
santidade, que foi passada, ao longo do tempo, para as gerações cristãs.
O que fez com que Maurílio se torna-se padroeiro dos jardineiros foi a
sua demora para batizar um menino, que acabou falecendo sem o
sacramento. Sentindo-se culpado, abandonou a diocese e foi para a
Inglaterra, onde se transformou num jardineiro. Mas ele foi chamado de
volta e aceitou continuar seu episcopado.
O bispo Maurílio morreu em Angers, na França, em 13 de setembro de 453,
onde foi sepultado na igreja que recebeu seu nome. Em 1239, suas
relíquias foram colocadas em uma nova urna, mas depois de muitos séculos
acabaram se perdendo, quando, em 1791, a igreja foi demolida.
Entretanto uma pequena parte foi salva e encontra-se, hoje, sob a guarda
da catedral de Angers, da qual são Maurílio é o padroeiro, sendo
celebrado no dia de sua morte.
São Maurílio de Angers, rogai por nós!