Um
dos presidentes-delegados do Sínodo, Arcebispo de Aparecida diz que gays têm
que mudar comportamento para comungar
Apesar de
o Vaticano ter publicado, nesta segunda-feira, um documento dizendo que gays
têm "dons e tributos" a
oferecer à Igreja, Dom Raymundo Damasceno Assis, um dos três
presidentes-delegados do Sínodo sobre a Família, alerta que "não quer dizer que essa publicação foi
aprovada pelos padres sinodais, mas apresentada". Em entrevista ao GLOBO pelo telefone, o Arcebispo de
Aparecida disse que "não se pode
equiparar a união do mesmo sexo ao matrimônio" e que os homossexuais têm
que mudar seu comportamento
para receber sacramentos como a Eucaristia.
Dom
Damasceno ressalta que muitas observações foram feitas
ao documento, e nenhuma decisão foi
tomada. Segundo o cardeal, as temáticas serão aprofundadas nas
dioceses depois o que encontro de 200 bispos terminar neste domingo. Apenas
após a segunda etapa do Sínodo, no ano que vem, serão votadas proposições
elaboradas pelos padres sinodais, que serão entregues ao Papa Francisco para
decidir o que fazer em relação às orientações pastorais. Confira, abaixo, a
entrevista.
O GLOBO - Reconhecer
a união homoafetiva como matrimônio está fora de cogitação?
Dom
Raymundo Damasceno Assis - Claro,
evidentemente. Acolher essas pessoas é um
dever nosso enquanto seres humanos, criaturas feitas à imagem e semelhança de
Deus. Temos que acolher toda pessoa, sempre, em qualquer condição em que
ela se encontre. Ao acolher não
significa aprovar o que muitas pessoas fazem. É claro que essas uniões para
a Igreja não podem ser equiparadas ao matrimônio que, para nós, é sempre a
união fundada no amor, indissolúvel, entre um homem e uma mulher em vista de
uma comunhão total de vida e da formação de uma família. No Novo Testamento, Cristo
elevou essa união à condição de um sacramento, sinal do amor de Deus
pela humanidade.
Portanto, não se
pode equiparar a união do mesmo sexo ao matrimônio e não significa
aprovar essa união nem reconhecer os mesmos direitos que se dão a uma família.
Os
homossexuais teriam direito a receber sacramentos como a Eucaristia e a Reconciliação?
Estamos
falando de pessoas cristãs, que pertencem à Igreja pelo batismo. Elas têm que
ser orientadas de como proceder no sentido de crescer humana e espiritualmente. A Igreja não aprova essas uniões. Respeita.
É diferente.
Mas
o que seria orientar a crescer humana e espiritualmente? Eles têm direito a
receber a comunhão?
Na
medida em que vivem de acordo com a doutrina da Igreja. Não está mudando sua doutrina moral, seus ensinamentos sobre a família e
sobre o matrimônio. Isso permanece. Uma pessoa num estado
como esse (homossexual), terá que
buscar orientação da Igreja para ver se está em
condição de receber os demais sacramentos se o desejar.
A
Igreja fala em acolher, mas o ato homossexual em si é considerado um pecado?
Não se aprova. Acolher as pessoas não significa aprovar
o que elas fazem. Não
discriminamos as pessoas seja em que situação se encontrarem. Mas a Igreja quer
ajudá-las a crescer, a progredir em todas as dimensões da vida, inclusive
espiritualmente. Muitas vezes uma pessoa que vive essa situação procura uma
orientação na Igreja. Como disse o Papa, se a pessoa
acredita em Deus e quer progredir na vivência cristã, é um processo que
se dá nessa conversa da confissão com o padre no seu foro íntimo.
Mas
essa orientação e esse crescimento espiritual seriam uma "conversão",
a pessoa se tornar heterossexual?
Os
sacramentos alimentam, fortificam e ao mesmo tempo celebram a nossa fé.
Portanto, quem vai se aproximar de um sacramento
supõe-se que sua vida seja coerente com
a sua fé. Isso é fundamental
para a participação nos sacramentos.
Como
a homossexualidade é contrária à doutrina da Igreja, o homossexual não estaria
apto a receber os sacramentos?
Claro, a não ser que ele começasse um caminho diferente de crescimento.
E
esse caminho pressupõe abrir mão dessas relações homossexuais?
Certamente, é claro... assim como você exige para o
casal uma vivência no matrimônio segundo os mandamentos, as leis de Deus, a
moral cristã para ele poder se aproximar dos sacramentos. Não basta ser casado para comungar. É
preciso que ele também procure levar sua cristã para poder se aproximar da
Eucaristia.
No
caso dos homossexuais mudar de vida seria mudar a orientação sexual?
É, seria. Teria que caminhar na vida segundo os ensinamentos da Igreja. Isso se dá numa orientação
pessoal caso ele procure um padre numa direção espiritual.
Incluindo
a mudança da orientação sexual...
É, pelo menos a forma de vida teria que mudar. Uma pessoa pode ter tendências,
e outra coisa é viver de maneira correta sua vida cristã.
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