Santa Bernadete Soubirous
"Maria é tão bela que, quando a vejo, gostaria de morrer para vê-la
novamente", era a resposta da vidente de Lourdes a quantos a confortavam
durante a longa enfermidade que por nove anos lhe causou sofrimentos
indizíveis. A Virgem a tinha preparado para esta prova: "Não te prometo
fazer-te feliz neste mundo, mas no outro". O privilégio de ter sido
escolhida pela Virgem, aos 14 anos, para confirmar a verdade dogmática
da Imaculada Conceição, proclamada por Pio IX em 1854, valeu-lhe bem
pouca glória humana.
Concluído o ciclo das visões na gruta de Massabielle, iniciadas em 11 de
fevereiro de 1858, Bernardete permaneceu o resto da vida na sombra. Foi
acolhida no Instituto das Irmãs da Caridade de Nevers, onde passou seis
anos, sempre na casa de Lourdes, para ser depois admitida ao noviciado
de Nevers. E enquanto junto da milagrosa fonte ocorriam os primeiros
prodígios e de toda a parte acorriam multidão de devotos, ela só pedia
para permanecer escondida e esquecida de todos.
Na profissão religiosa tinha assumido o nome de irmã Bernarda e durante
15 anos de vida conventual suportou em silêncio sofrimentos físicos e
morais, como a indiferença das próprias irmãs, de acordo com o desígnio
providencial que priva as almas escolhidas da compreensão e
frequentemente também do respeito das almas medíocres. Em comunidade
exerceu as funções de enfermeira e de sacristã, até que o agravamento de
seu mal a obrigou a permanecer no leito durante todos os nove anos que
precederam sua santa morte. Foi canonizada em 8 de dezembro de 1933.
Santa Bernadete Soubirous, rogai por nós!
São Bento José Labre
O cigano de Cristo", este também é seu apelido, que demonstra
claramente o que foram os trinta e cinco anos de vida de Bento José
Labre, treze deles caminhando e evangelizando pelas famosas e seculares
estradas de Roma. Aliás, o antigo ditado popular que diz que "todos os
caminhos levam a Roma" continua sendo assim para todos os cristãos.
Entretanto, principalmente no século XVII, em qualquer um deles era
possível cruzar com o peregrino Bento José e nele encontrar o caminho
que levava a Deus.
Ele era francês, nasceu em Amettes, próximo a Arras, no dia 27 de março
de 1748, o mais velho dos quinze filhos de um casal de agricultores
pobres. Freqüentou a modesta escola local, mas aprendeu latim com um tio
materno. Ainda muito jovem, quis tornar-se monge trapista, mas não
conseguiu o consentimento dos pais.
Com dezoito anos, pediu ingresso no convento trapista de Santa
Algegonda, mas os monges não aprovaram sua entrada. Percorreu a pé,
então, centenas de quilômetros até a Normandia, debaixo de um inverno
extremamente rigoroso, onde pediu admissão no Convento Cisterciense de
Montagne. Também foi recusado ali, tentando, ainda, a entrada nos
Cartuchos de Neuville e Sept-Fons, com o mesmo resultado. Foi então que,
com vinte e dois anos, tomou a decisão mais séria da sua vida: seu
mosteiro, já que não encontrava guarida em nenhum outro, seriam as
estradas de Roma.
No embornal de peregrino carregava apenas o Novo Testamento e um
breviário, além de um terço nas mãos. Durante a noite, dormia nas ruínas
do Coliseu e, de dia, percorria as estradas peregrinando nos lugares
sagrados e evangelizando sem pedir esmolas. Quando recebia a caridade
alheia, mesmo sem pedir, ainda dividia o que ganhava com os pobres. Isso
lhe valeu, certa vez, algumas pancadas de um certo cidadão que encarou
sua atitude como um insulto. Na maior parte dos dias, comia um pedaço de
pão e ervas colhidas no caminho.
Os maus tratos do cotidiano, ou seja, a maneira insatisfatória de
higiene a que se submetera durante muitos anos e as penitências que se
auto-impusera, acabaram por causar o seu fim. Um dia, ainda muito jovem,
seu corpo foi encontrado nos fundos da casa de um amigo arquiteto,
perto da igreja de Santa Maria dos Montes. Houve uma grande aglomeração
de populares que admiravam e até veneravam o singelo peregrino.
Bento José acabou sendo sepultado ali mesmo, próximo daquela igreja,
local que logo passou a ser procurado pelos devotos e peregrinos.
Imediatamente, tornou-se palco de muitas graças e prodígios, por
intercessão daquele que em vida percorreu o caminho da santidade. O papa
Leão XIII canonizou são Bento José Labre em 1881, determinando sua
festa para o dia 16 de abril, data de sua morte no ano
1783. Diz a tradição que ele ouviu, de
repente, uma voz conversando com ele e dizendo ser Jesus. Como não
enxergasse nada à sua volta, de imediato ficou apreensivo, mas depois
permaneceu confiante. Vejamos como tudo isso aconteceu, no início do
segundo milênio, cheio de superstições e perseguições aos cristãos.
Para Benezet, ou pequeno Bento, como era chamado, ter ouvido aquela voz
não seria nada se não fosse a natureza da ordem que veio com ela.
Deveria erguer uma ponte sobre o rio Ródano, do qual nunca tinha ouvido
falar, além de ter de abandonar a profissão que tanto amava. Porém o
chamado tinha sido tão real que Benezet não pensou duas vezes e se pôs a
caminho. Ele também não estranhou quando, centenas de metros adiante,
um jovem veio a seu encontro e simplesmente lhe comunicou que o
acompanharia em sua empreitada na construção da ponte.
Ao chegar, finalmente, às margens do rio determinado, na cidade de
Avignon, Benezet assustou-se com o seu volume d'água. Orientado pelo
novo amigo, que na verdade era um anjo que depois desapareceria,
procurou o bispo, contando-lhe a missão que recebera. Foi ignorado.
Procurou, então, o prefeito, e este, julgando tratar-se de um louco,
disse que o ajudaria se removesse uma pedra que atrapalhava a cidade e a
usasse como alicerce para a gigantesca obra a ser erguida.
Dizem os devotos que tudo mudou a partir desse momento. Benezet apenas
fez o sinal da cruz sobre a pedra e, depois de levantá-la com
facilidade, levou-a nos ombros até onde deveria ficar. Enquanto fazia
isso, dezoito doentes teriam tocado a sua túnica e se curado
imediatamente. Diante desse prodígio e graças, tanto o prefeito quanto o
bispo assumiram a construção da obra que ajudou o desenvolvimento de
toda a região. O pequeno Bento acabou falecendo antes da conclusão da
ponte, que levou onze anos para terminar.
A ponte resistiu quinhentos anos antes de ruir. Foi reconstruída e
trata-se do marco da cidade de Avignon, que tem, como seu padroeiro, são
Benezet, ou o pequeno Bento, como querem os devotos, que nunca mais
deixaram de pedir por sua intercessão e de festejá-lo no dia 14 de
abril.
São Bento José Labre, rogai por nós!