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Este Blog se propõe a divulgar o catolicismo segundo a Igreja Católica Apostólica Romana. Os editores do Blog, não estão autorizados a falar em nome da Igreja, não são Sacerdotes e nem donos da verdade. Buscam apenas ser humildes e anônimos missionários na Internet. É também um espaço para postagem de orações, comentários, opiniões.
Defendemos a Igreja conservadora. Acreditamos em DEUS e entregamo-nos nos braços de MARIA. Que DEUS nos ilumine e proteja. AMÉM
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"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
6º Domingo da Páscoa
Anúncio do Evangelho (Jo 14,23-29)
—O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 23“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou.
25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas
o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.
27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
28Ouvistes o que eu vos disse: ‘Vou,
mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o
Pai, pois o Pai é maior do que eu.
29Disse-vos isso, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis."
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada»
Hoje, antes de celebrar a Ascensão
e Pentecostes, voltemos a ler as palavras do chamado sermão da Última
Ceia, na que devemos ver diversas maneiras de apresentar uma única
mensagem, já que tudo brota da união de Cristo com o Pai e da vontade de
Deus de associar-nos a este mistério de amor.
A Santa Teresinha do Menino Jesus um dia lhe ofereceram diversos
presentes para que ela escolhesse, e ela —com uma grande decisão mesmo
apesar de sua pouca idade— disse: «Escolho tudo». Já depois entendeu que
este escolher tudo deveria se de concretizar em querer ser o amor na
Igreja, pois um corpo sem amor não teria sentido. Deus é este mistério
de amor, um amor concreto, pessoal, feito carne no Filho Jesus que chega
a dar tudo: Ele mesmo, sua vida e seus atos são a máxima e mais clara
mensagem de Deus.
É deste amor que abrange tudo de onde nasce a “paz”. Esta é hoje uma
palavra desejada: queremos paz e tudo são alarmes e violências. Só
conseguiremos a paz se nos voltamos a Jesus, já que é Ele quem nos dá a
paz como fruto de seu amor total. Mas não nos dá como o mundo faz.
«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a
dou» (cf. Jo 14,27), pois a paz de Jesus não é a tranquilidade e a
despreocupação, pelo contrário: a solidariedade que se transforma em
fraternidade, a capacidade de ver-nos e de ver aos outros com olhos
novos como faz o Senhor, e assim perdoar-nos. Dai nasce uma grande
serenidade que nos faz ver as coisas tal e como são, e não como parecem.
Seguindo por este caminho chegaremos a ser felizes.
«Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito» (Jo 14,26).
Nestes últimos dias de Páscoa peçamos abrir-nos ao Espírito: O
recebemos ao sermos batizados e crismados, mas é necessário que —como
dom ulterior —volte a brotar em nós e nos faça chegar lá onde não
ousaríamos.+ Rev. D. Francesc CATARINEU i Vilageliu(Sabadell, Barcelona, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se fechares a porta da tua alma, deixas fora a Cristo. Embora
tenha o poder de entrar, não quer ser inoportuno, não quer obrigar à
força» (Santo Ambrósio)
«Ao longo da história da salvação, na qual Deus se fez próximo de
nós e espera pacientemente os nossos tempos, incluindo as nossas
infidelidades, encoraja os nossos esforços e guia-nos. Na oração
aprendemos a ver os sinais deste plano misericordioso» (Bento XVI)
«A forma tradicional de pedir o Espírito é invocar o Pai, por
Cristo, nosso Senhor, para que nos dê o Espírito Consolador. Jesus
insiste nesta petição em seu Nome no próprio momento em que promete o
dom do Espírito de Verdade. Mas também é tradicional a oração mais
simples e mais directa: ‘Vinde, Espírito Santo’» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 2.671)
Em
Pentecostes, Cristo se reveste de um novo Corpo: a Igreja. E, assim
como seu corpo físico morreu e ressuscitou, também seu Corpo Místico
“terá, no decurso da história, mil mortes e mil ressurreições”.
Dez dias depois da Ascensão, os Apóstolos encontravam-se reunidos,
esperando o Espírito que lhes ensinaria e revelaria tudo o que Nosso
Senhor lhes tinha ensinado. Durante sua vida pública, Cristo afirmara-lhes que havia de revestir-se de um novo corpo.
Não físico, como o que tomou de Maria; esse corpo está agora
glorificado, à mão direita do Pai. Não seria tampouco um corpo moral,
como uma sociedade cuja unidade deriva da vontade dos homens; mas,
antes, um novo Corpo Social, que estaria ligado a Ele pelo seu Espírito
Celeste, por Ele enviado ao deixar a terra. Cristo referiu-se algumas vezes a este novo Corpo como Reino, ainda
que São Paulo o descrevesse como Corpo, o que se tornava mais facilmente
compreensível para os gentios.
“A Descida do Espírito Santo”, por Ticiano
Ele explicou aos Apóstolos a natureza
deste novo Corpo, que assumiria sete características principais:
Para ser membro desse novo Corpo, os homens têm de nascer para ele;
mas não por meio de um nascimento humano, porque esse faz filhos de
Adão. Para tornar-nos membros do seu novo Corpo, temos de renascer pelo
Espírito, nas águas do batismo que nos tornam filhos adotivos de Deus.
A
unidade entre Ele e este novo Corpo não consiste em lhe cantarmos
hinos, nem em reunir-nos em chás sociais em seu nome, nem em escutar
radiodifusões, mas em participarmos da sua vida: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós… eu sou a videira, e vós os ramos” (Jo 15, 4-5).
O
seu novo Corpo será, como todas as coisas vivas, pequeno a princípio —
até, como Ele disse, “semelhante a um grão de mostarda”; mas crescerá da
simplicidade para a complexidade, até à consumação do mundo. Como Ele
se exprimiu: “Primeiro a erva, depois a espiga, e por fim o grão gerado
na espiga” (Mc 4, 28).
Uma casa cresce de fora para
dentro, na colocação de pedra sobre pedra; organizações humanas crescem
adicionando homem a homem, da circunferência para o centro. O seu Corpo,
disse Cristo, será formado de dentro para fora, como se forma o embrião
no corpo humano. Assim como Ele recebeu a vida do Pai, assim receberiam os fiéis a vida dele. São estas as suas palavras: “Para que também eles sejam um em nós, como tu, Pai, o és em mim, e eu em Ti” (Jo 17, 21).
Nosso Senhor afirmou que teria um só Corpo.
Seria uma monstruosidade espiritual, se tivesse muitos corpos ou uma
dúzia de cabeças. Para o conservar uno, por-lhe-ia à frente um só
pastor, por Ele designado para apascentar os seus cordeiros e ovelhas.
“Haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).
Esse
novo Corpo, segundo as palavras de Cristo, não se tornaria manifesto
aos homens, até ao dia de Pentecostes, em que enviaria o seu Espírito de
Verdade. “Se eu não for, ele não virá a vós” (Jo 16, 7). Tudo,
pois, que começasse a formar-se até vinte e quatro horas depois de
Pentecostes, ou vinte e quatro horas antes, seria uma organização; poderia, talvez, ter um espírito humano, mas não teria o Espírito Divino.
A
observação mais importante acerca do seu Corpo foi que seria odiado
pelo mundo, como Ele. O mundo ama tudo o que é mundano, mas odeia tudo o
que é divino. “Porque vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo
vos odeia” (Jo 15, 19).
O núcleo deste novo Corpo Místico seriam os Apóstolos. Formariam a
matéria-prima. Enviar-lhes-ia o seu Espírito para os vivificar,
possibilitando-os tornarem-se o prolongamento da sua Pessoa. Eles o
representariam, quando Ele partisse. Foi-lhes reservado o privilégio de
evangelizarem o mundo. Esse novo Corpo, de que eles eram o embrião, tornar-se-ia o seu “eu póstumo” e a sua personalidade prolongada através dos séculos.
Durante os cinquenta dias em entre a Ressurreição e a vinda do
Espírito Santo, os Apóstolos assemelhavam-se a elementos num laboratório
químico. A ciência conhece cem por cento dos elementos químicos que
entram na constituição de um corpo humano; mas é incapaz de produzir um
único ser humano, por sua inabilidade em prover o princípio unificador, a
alma. Os Apóstolos não podiam dar vida divina à Igreja, do mesmo modo que os químicos não podem produzir a vida humana. Careciam do Divino Espírito invisível de Deus, para unificar as suas naturezas humanas visíveis. Efetivamente, dez dias depois da Ascensão, o Salvador glorificado no Céu enviou-lhes o seu Espírito, não em forma de livro, mas em línguas de fogo vivo.
Como as células de um corpo formam uma nova vida humana no momento em
que Deus insufla a alma no embrião, assim os Apóstolos apareceram como o
Corpo visível de Cristo, no momento em que o Espírito Santo veio para
os tornar um. Este Corpo Místico, a Igreja, é denominado na tradição e
na Escritura o “Cristo total”, ou a “plenitude de Cristo”.
O novo Corpo de Cristo apareceu então publicamente, à vista dos
homens. Assim como o Filho de Deus se revestiu da natureza humana no
ventre de Maria, sob a sombra protetora do Espírito Santo, assim, em
Pentecostes, Ele tomou um Corpo Místico, no ventre da humanidade, sob a
sombra protetora do Espírito Santo. E assim como antes ensinou, governou
e santificou por meio da sua natureza humana, assim agora continua a ensinar, governar e santificar por meio de outras naturezas humanas unidas no seu Corpo, a Igreja.
Como, porém, este Corpo não é físico como o homem, nem moral como um
clube de recreio, mas celeste e espiritual por causa do Espírito que o
torna um, chama-se Corpo Místico. E assim como o corpo humano é
constituído de milhões e milhões de células e, contudo, é um só porque
vivificado por uma só alma, dirigido por uma cabeça visível e governado
por uma mente invisível, assim este Corpo de Cristo, apesar de formado
de milhões e milhões de pessoas incorporadas em Cristo pelo batismo, é
uno, porque vivificado pelo Espírito Santo de Deus, dirigido por uma cabeça visível e governado por uma Mente invisível, ou Cabeça, que é Cristo Ressuscitado.
O Corpo Místico é a Pessoa de Cristo prolongada. São Paulo chegou à
compreensão desta verdade. De todos os que viveram até agora, talvez
ninguém odiasse tanto a Cristo como Saulo. Os primeiros membros do Corpo
Místico de Cristo pediam a Deus que enviasse alguém para refutá-lo. Deus ouviu a sua oração e enviou Paulo para responder a Saulo.
Um dia, esse perseguidor, exalando ódio, pôs-se a caminho de Damasco
para prender os membros do Corpo Místico de Cristo dessa cidade e
conduzi-los a Jerusalém. Tinham decorrido poucos anos apenas, desde a
Ascensão do Divino Salvador, então glorificado no Céu. Subitamente,
Saulo viu-se cercado por uma grande luz e caiu por terra. Foi despertado
por uma voz, semelhante ao bramido do mar, que dizia: “Saulo, Saulo,
por que me persegues?” (At 9, 4).
O nada ousou perguntar o nome da Onipotência: “Quem és tu, Senhor?”. E a voz respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues” (At 9, 5).
Como era possível Saulo perseguir a Nosso Senhor, que estava glorificado no Céu? Por que dizia a voz do Céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Se alguém tropeçasse num móvel, não se queixaria a cabeça, uma vez que o pé faz parte do corpo?
Assim, dizia agora o Senhor, ao ferir o seu Corpo, Paulo estava ferindo
a Ele. Ao ser perseguido o Corpo de Cristo, era Cristo, Cabeça
invisível, que se levantava para falar e protestar. O Corpo Místico de
Cristo, portanto, não está entre Cristo e o indivíduo, do mesmo modo que
o seu Corpo físico não esteve entre Madalena e o perdão que lhe
concedeu, ou a sua mão entre as crianças e a bênção que lhes deitou. Foi
por meio do seu Corpo humano que Ele veio aos homens em sua vida
individual; é por meio de seu Corpo Místico, ou de sua Igreja, que Ele vem aos homens em sua vida mística incorporada.
Cristo está vivo agora! Ele continua agora a ensinar, a governar, a santificar — como fez na Judeia e na Galileia.
O seu Corpo Místico, a Igreja, existiu por todo o Império Romano antes que um único dos Evangelhos fosse escrito.
Foi o Novo Testamento que veio da Igreja, e não a Igreja que veio do
Novo Testamento. Este Corpo possuía os quatro sinais distintivos da
vida:
tinha unidade, porque vivificado por uma só Alma, um só
Espírito, dom do Pentecostes. E se a unidade em doutrina e autoridade é
a força centrípeta que torna a vida da Igreja una,
a catolicidade é a força centrífuga que a habilita a expandir-se e a absorver a humanidade remida, sem distinção de raça ou cor.
A terceira nota da Igreja é a santidade,
que lhe assegura duração, contanto que se conserve sã, pura e livre da
peste da heresia e do cisma. Esta santidade não está em cada membro,
mas, antes, na Igreja inteira. E porque a alma da Igreja é o Espírito Santo, será Ele o instrumento divino da santificação das almas.
A luz do sol não se polui quando os raios atravessam uma janela suja;
do mesmo modo, os sacramentos não perdem a sua eficácia santificadora,
mesmo quando os instrumentos humanos desses sacramentos se encontram
manchados.
Finalmente, temos a obra da apostolicidade. Em biologia, omne vivum ex vivo, ou “toda vida vem da vida”. Assim, também, o Corpo Místico de Cristo é apostólico, porque historicamente está enraizado em Cristo, e não em um homem separado dele pelos séculos.
Foi por isso que a Igreja nascente se reuniu para eleger um sucessor de
Judas, testemunha da Ressurreição e companheiro dos Apóstolos. “Há
homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus
viveu no meio de nós, começando desde o batismo de João até ao tempo em
que Jesus se apartou de nós. Agora, é preciso que um deles se junte a
nós para ser testemunha da sua Ressurreição” (At 1, 21-22).
Assim, Cristo, que se “esvaziou” a si mesmo na Encarnação, teve agora a sua “plenitude” no Pentecostes. A kenosis, ou humilhação, é uma das facetas da sua Pessoa; o pleroma,
ou a continuação de sua vida, na sua Noiva, Esposa, em seu Corpo
Místico, a Igreja, é outra. Assim como o desaparecimento da luz e do
calor do sol faz a terra gritar pela sua energia radiante, assim o
abatimento do amor de Cristo encontra o seu complemento no que São Paulo
chama a sua “plenitude” — a Igreja.
Muita gente julga que acreditaria em Cristo, se tivesse vivido no seu
tempo. Mas a verdade é que isso não lhes traria grande vantagem. Aqueles
que agora não o reconhecem como divino, vivo no seu Corpo Místico,
também não o reconheceriam como divino, vivo no seu Corpo físico.
Se há escândalos nas células do seu Corpo Místico, também houve
escândalos no seu Corpo físico; num e noutro caso, sobressai de tal modo
o humano, que em momentos de fraqueza ou Crucifixão, é necessária uma
força moral para descobrir a Divindade.
Nos tempos da Galileia, era necessária uma fé apoiada em motivos de
credibilidade para acreditar no Reino que Ele vinha estabelecer, ou no
seu Corpo Místico, através do qual Ele santificaria os homens por seu
Espírito, depois da Crucificação. Hoje, requer-se uma fé apoiada nos
mesmos motivos de credibilidade, para acreditar na Cabeça, ou Cristo
invisível, o qual governa, ensina e santifica por meio da sua Cabeça
visível e do seu Corpo, a Igreja. Num e noutro caso, é preciso
“levantar-se”. Nosso Senhor disse a Nicodemos que, para remir os homens,
tinha de ser “levantado” na Cruz; para santificar os homens no
Espírito, teve de “elevar-se” ao Céu na Ascensão.
Pecados, escândalos e a santidade da Igreja Imaculada
Cristo continua, pois, a andar pelo mundo, no seu Corpo Místico, como andava outrora no seu Corpo físico.
O Evangelho foi a pré-história da Igreja, como a Igreja é a
pós-história do Evangelho. Continuam a ser-lhe negadas as estalagens,
como em Belém; novos Herodes, com nomes soviéticos e chineses, perseguem-no com a espada; surgem outros Satãs, tentando desviá-lo do caminho da Cruz e da mortificação, pelos atalhos da popularidade; oferecem-lhe Domingos de Ramos de grandes triunfos, mas só como prelúdios de Sextas-feiras Santas;
atiram contra Ele novas acusações (e não raro pelas pessoas religiosas,
como no seu tempo) — que é inimigo de César, antipatriota, pervertedor
da nação; de fora é apedrejado, de dentro atacado por falsos irmãos; não faltam sequer os Judas escolhidos para Apóstolos, que o atraiçoam e o entregam ao inimigo;
alguns dos discípulos que se gloriavam do seu nome já abandonaram a sua
companhia, porque — como fizeram os seus antecessores — acham que a sua
doutrina, particularmente no que diz respeito ao Pão da Vida, é “dura”.
Mas, por que não há morte sem Ressurreição, o seu Corpo Místico terá, no decurso da história, mil mortes e mil Ressurreições.
Os sinos dobrarão continuamente pela sua execução, mas a execução será
eternamente adiada. Virá, finalmente, o dia em que se levantará uma
perseguição universal contra o seu Corpo Místico, e será levado à morte
como foi antes, “padecendo sob Pôncio Pilatos”, padecendo sob o poder onipotente do Estado.
Mas, no fim, cumprir-se-á tudo o que estava predito de Abraão e
Jerusalém, na sua perfeição espiritual, quando Ele for glorificado no
seu Corpo Místico, como foi glorificado no seu Corpo físico. Foi assim
que João Apóstolo o descreveu:
“Vem comigo”, disse ele, “e eu te mostrarei a esposa cujo
esposo é o Cordeiro”. E ele transportou-me em espírito a uma grande
montanha e me mostrou a Cidade Santa de Jerusalém que descia do Céu da
presença de Deus, revestida da glória de Deus.
A luz que brilhava
sobre ela era semelhante a uma pedra preciosa, ao jaspe quando se
parece com o cristal; e estava rodeada por muro grande e alto, com doze
portas, e nas portas, doze anjos, e com uns nomes gravados que são os
nomes das doze tribos de Israel, três destas portas estavam a oriente,
três ao norte, três ao sul e três a ocidente. E não vi templo algum
nela, porque o Senhor Todo Poderoso e o Cordeiro são o templo. E a cidade não precisa de sol, ou lua para a iluminar, porque a glória de Deus brilha sobre ela e sua lâmpada é o Cordeiro.
E
as nações caminharão à sua luz, e os reis da terra lhe trarão o seu
tributo de louvor e honra, e as portas não se fecharão jamais (não
haverá nela noite). As nações entrarão nela com honra e louvor… Assim
seja. Vem, Senhor Jesus. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém. (Ap 21, 9-14; 22-26; 22, 20-21)
Em
Pentecostes, Cristo se reveste de um novo Corpo: a Igreja. E, assim
como seu corpo físico morreu e ressuscitou, também seu Corpo Místico
“terá, no decurso da história, mil mortes e mil ressurreições”.
Dez dias depois da Ascensão, os Apóstolos encontravam-se reunidos,
esperando o Espírito que lhes ensinaria e revelaria tudo o que Nosso
Senhor lhes tinha ensinado. Durante sua vida pública, Cristo afirmara-lhes que havia de revestir-se de um novo corpo.
Não físico, como o que tomou de Maria; esse corpo está agora
glorificado, à mão direita do Pai. Não seria tampouco um corpo moral,
como uma sociedade cuja unidade deriva da vontade dos homens; mas,
antes, um novo Corpo Social, que estaria ligado a Ele pelo seu Espírito
Celeste, por Ele enviado ao deixar a terra. Cristo referiu-se algumas vezes a este novo Corpo como Reino, ainda
que São Paulo o descrevesse como Corpo, o que se tornava mais facilmente
compreensível para os gentios.
“A Descida do Espírito Santo”, por Ticiano
Ele explicou aos Apóstolos a natureza
deste novo Corpo, que assumiria sete características principais:
Para ser membro desse novo Corpo, os homens têm de nascer para ele;
mas não por meio de um nascimento humano, porque esse faz filhos de
Adão. Para tornar-nos membros do seu novo Corpo, temos de renascer pelo
Espírito, nas águas do batismo que nos tornam filhos adotivos de Deus.
A
unidade entre Ele e este novo Corpo não consiste em lhe cantarmos
hinos, nem em reunir-nos em chás sociais em seu nome, nem em escutar
radiodifusões, mas em participarmos da sua vida: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós… eu sou a videira, e vós os ramos” (Jo 15, 4-5).
O
seu novo Corpo será, como todas as coisas vivas, pequeno a princípio —
até, como Ele disse, “semelhante a um grão de mostarda”; mas crescerá da
simplicidade para a complexidade, até à consumação do mundo. Como Ele
se exprimiu: “Primeiro a erva, depois a espiga, e por fim o grão gerado
na espiga” (Mc 4, 28).
Uma casa cresce de fora para
dentro, na colocação de pedra sobre pedra; organizações humanas crescem
adicionando homem a homem, da circunferência para o centro. O seu Corpo,
disse Cristo, será formado de dentro para fora, como se forma o embrião
no corpo humano. Assim como Ele recebeu a vida do Pai, assim receberiam os fiéis a vida dele. São estas as suas palavras: “Para que também eles sejam um em nós, como tu, Pai, o és em mim, e eu em Ti” (Jo 17, 21).
Nosso Senhor afirmou que teria um só Corpo.
Seria uma monstruosidade espiritual, se tivesse muitos corpos ou uma
dúzia de cabeças. Para o conservar uno, por-lhe-ia à frente um só
pastor, por Ele designado para apascentar os seus cordeiros e ovelhas.
“Haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).
Esse
novo Corpo, segundo as palavras de Cristo, não se tornaria manifesto
aos homens, até ao dia de Pentecostes, em que enviaria o seu Espírito de
Verdade. “Se eu não for, ele não virá a vós” (Jo 16, 7). Tudo,
pois, que começasse a formar-se até vinte e quatro horas depois de
Pentecostes, ou vinte e quatro horas antes, seria uma organização; poderia, talvez, ter um espírito humano, mas não teria o Espírito Divino.
A
observação mais importante acerca do seu Corpo foi que seria odiado
pelo mundo, como Ele. O mundo ama tudo o que é mundano, mas odeia tudo o
que é divino. “Porque vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo
vos odeia” (Jo 15, 19).
O núcleo deste novo Corpo Místico seriam os Apóstolos. Formariam a
matéria-prima. Enviar-lhes-ia o seu Espírito para os vivificar,
possibilitando-os tornarem-se o prolongamento da sua Pessoa. Eles o
representariam, quando Ele partisse. Foi-lhes reservado o privilégio de
evangelizarem o mundo. Esse novo Corpo, de que eles eram o embrião, tornar-se-ia o seu “eu póstumo” e a sua personalidade prolongada através dos séculos.
Durante os cinquenta dias em entre a Ressurreição e a vinda do
Espírito Santo, os Apóstolos assemelhavam-se a elementos num laboratório
químico. A ciência conhece cem por cento dos elementos químicos que
entram na constituição de um corpo humano; mas é incapaz de produzir um
único ser humano, por sua inabilidade em prover o princípio unificador, a
alma. Os Apóstolos não podiam dar vida divina à Igreja, do mesmo modo que os químicos não podem produzir a vida humana. Careciam do Divino Espírito invisível de Deus, para unificar as suas naturezas humanas visíveis. Efetivamente, dez dias depois da Ascensão, o Salvador glorificado no Céu enviou-lhes o seu Espírito, não em forma de livro, mas em línguas de fogo vivo.
Como as células de um corpo formam uma nova vida humana no momento em
que Deus insufla a alma no embrião, assim os Apóstolos apareceram como o
Corpo visível de Cristo, no momento em que o Espírito Santo veio para
os tornar um. Este Corpo Místico, a Igreja, é denominado na tradição e
na Escritura o “Cristo total”, ou a “plenitude de Cristo”.
O novo Corpo de Cristo apareceu então publicamente, à vista dos
homens. Assim como o Filho de Deus se revestiu da natureza humana no
ventre de Maria, sob a sombra protetora do Espírito Santo, assim, em
Pentecostes, Ele tomou um Corpo Místico, no ventre da humanidade, sob a
sombra protetora do Espírito Santo. E assim como antes ensinou, governou
e santificou por meio da sua natureza humana, assim agora continua a ensinar, governar e santificar por meio de outras naturezas humanas unidas no seu Corpo, a Igreja.
Como, porém, este Corpo não é físico como o homem, nem moral como um
clube de recreio, mas celeste e espiritual por causa do Espírito que o
torna um, chama-se Corpo Místico. E assim como o corpo humano é
constituído de milhões e milhões de células e, contudo, é um só porque
vivificado por uma só alma, dirigido por uma cabeça visível e governado
por uma mente invisível, assim este Corpo de Cristo, apesar de formado
de milhões e milhões de pessoas incorporadas em Cristo pelo batismo, é
uno, porque vivificado pelo Espírito Santo de Deus, dirigido por uma cabeça visível e governado por uma Mente invisível, ou Cabeça, que é Cristo Ressuscitado.
O Corpo Místico é a Pessoa de Cristo prolongada. São Paulo chegou à
compreensão desta verdade. De todos os que viveram até agora, talvez
ninguém odiasse tanto a Cristo como Saulo. Os primeiros membros do Corpo
Místico de Cristo pediam a Deus que enviasse alguém para refutá-lo. Deus ouviu a sua oração e enviou Paulo para responder a Saulo.
Um dia, esse perseguidor, exalando ódio, pôs-se a caminho de Damasco
para prender os membros do Corpo Místico de Cristo dessa cidade e
conduzi-los a Jerusalém. Tinham decorrido poucos anos apenas, desde a
Ascensão do Divino Salvador, então glorificado no Céu. Subitamente,
Saulo viu-se cercado por uma grande luz e caiu por terra. Foi despertado
por uma voz, semelhante ao bramido do mar, que dizia: “Saulo, Saulo,
por que me persegues?” (At 9, 4).
O nada ousou perguntar o nome da Onipotência: “Quem és tu, Senhor?”. E a voz respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues” (At 9, 5).
Como era possível Saulo perseguir a Nosso Senhor, que estava glorificado no Céu? Por que dizia a voz do Céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Se alguém tropeçasse num móvel, não se queixaria a cabeça, uma vez que o pé faz parte do corpo?
Assim, dizia agora o Senhor, ao ferir o seu Corpo, Paulo estava ferindo
a Ele. Ao ser perseguido o Corpo de Cristo, era Cristo, Cabeça
invisível, que se levantava para falar e protestar. O Corpo Místico de
Cristo, portanto, não está entre Cristo e o indivíduo, do mesmo modo que
o seu Corpo físico não esteve entre Madalena e o perdão que lhe
concedeu, ou a sua mão entre as crianças e a bênção que lhes deitou. Foi
por meio do seu Corpo humano que Ele veio aos homens em sua vida
individual; é por meio de seu Corpo Místico, ou de sua Igreja, que Ele vem aos homens em sua vida mística incorporada.
Cristo está vivo agora! Ele continua agora a ensinar, a governar, a santificar — como fez na Judeia e na Galileia.
O seu Corpo Místico, a Igreja, existiu por todo o Império Romano antes que um único dos Evangelhos fosse escrito.
Foi o Novo Testamento que veio da Igreja, e não a Igreja que veio do
Novo Testamento. Este Corpo possuía os quatro sinais distintivos da
vida:
tinha unidade, porque vivificado por uma só Alma, um só
Espírito, dom do Pentecostes. E se a unidade em doutrina e autoridade é
a força centrípeta que torna a vida da Igreja una,
a catolicidade é a força centrífuga que a habilita a expandir-se e a absorver a humanidade remida, sem distinção de raça ou cor.
A terceira nota da Igreja é a santidade,
que lhe assegura duração, contanto que se conserve sã, pura e livre da
peste da heresia e do cisma. Esta santidade não está em cada membro,
mas, antes, na Igreja inteira. E porque a alma da Igreja é o Espírito Santo, será Ele o instrumento divino da santificação das almas.
A luz do sol não se polui quando os raios atravessam uma janela suja;
do mesmo modo, os sacramentos não perdem a sua eficácia santificadora,
mesmo quando os instrumentos humanos desses sacramentos se encontram
manchados.
Finalmente, temos a obra da apostolicidade. Em biologia, omne vivum ex vivo, ou “toda vida vem da vida”. Assim, também, o Corpo Místico de Cristo é apostólico, porque historicamente está enraizado em Cristo, e não em um homem separado dele pelos séculos.
Foi por isso que a Igreja nascente se reuniu para eleger um sucessor de
Judas, testemunha da Ressurreição e companheiro dos Apóstolos. “Há
homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus
viveu no meio de nós, começando desde o batismo de João até ao tempo em
que Jesus se apartou de nós. Agora, é preciso que um deles se junte a
nós para ser testemunha da sua Ressurreição” (At 1, 21-22).
Assim, Cristo, que se “esvaziou” a si mesmo na Encarnação, teve agora a sua “plenitude” no Pentecostes. A kenosis, ou humilhação, é uma das facetas da sua Pessoa; o pleroma,
ou a continuação de sua vida, na sua Noiva, Esposa, em seu Corpo
Místico, a Igreja, é outra. Assim como o desaparecimento da luz e do
calor do sol faz a terra gritar pela sua energia radiante, assim o
abatimento do amor de Cristo encontra o seu complemento no que São Paulo
chama a sua “plenitude” — a Igreja.
Muita gente julga que acreditaria em Cristo, se tivesse vivido no seu
tempo. Mas a verdade é que isso não lhes traria grande vantagem. Aqueles
que agora não o reconhecem como divino, vivo no seu Corpo Místico,
também não o reconheceriam como divino, vivo no seu Corpo físico.
Se há escândalos nas células do seu Corpo Místico, também houve
escândalos no seu Corpo físico; num e noutro caso, sobressai de tal modo
o humano, que em momentos de fraqueza ou Crucifixão, é necessária uma
força moral para descobrir a Divindade.
Nos tempos da Galileia, era necessária uma fé apoiada em motivos de
credibilidade para acreditar no Reino que Ele vinha estabelecer, ou no
seu Corpo Místico, através do qual Ele santificaria os homens por seu
Espírito, depois da Crucificação. Hoje, requer-se uma fé apoiada nos
mesmos motivos de credibilidade, para acreditar na Cabeça, ou Cristo
invisível, o qual governa, ensina e santifica por meio da sua Cabeça
visível e do seu Corpo, a Igreja. Num e noutro caso, é preciso
“levantar-se”. Nosso Senhor disse a Nicodemos que, para remir os homens,
tinha de ser “levantado” na Cruz; para santificar os homens no
Espírito, teve de “elevar-se” ao Céu na Ascensão.
Pecados, escândalos e a santidade da Igreja Imaculada
Cristo continua, pois, a andar pelo mundo, no seu Corpo Místico, como andava outrora no seu Corpo físico.
O Evangelho foi a pré-história da Igreja, como a Igreja é a
pós-história do Evangelho. Continuam a ser-lhe negadas as estalagens,
como em Belém; novos Herodes, com nomes soviéticos e chineses, perseguem-no com a espada; surgem outros Satãs, tentando desviá-lo do caminho da Cruz e da mortificação, pelos atalhos da popularidade; oferecem-lhe Domingos de Ramos de grandes triunfos, mas só como prelúdios de Sextas-feiras Santas;
atiram contra Ele novas acusações (e não raro pelas pessoas religiosas,
como no seu tempo) — que é inimigo de César, antipatriota, pervertedor
da nação; de fora é apedrejado, de dentro atacado por falsos irmãos; não faltam sequer os Judas escolhidos para Apóstolos, que o atraiçoam e o entregam ao inimigo;
alguns dos discípulos que se gloriavam do seu nome já abandonaram a sua
companhia, porque — como fizeram os seus antecessores — acham que a sua
doutrina, particularmente no que diz respeito ao Pão da Vida, é “dura”.
Mas, por que não há morte sem Ressurreição, o seu Corpo Místico terá, no decurso da história, mil mortes e mil Ressurreições.
Os sinos dobrarão continuamente pela sua execução, mas a execução será
eternamente adiada. Virá, finalmente, o dia em que se levantará uma
perseguição universal contra o seu Corpo Místico, e será levado à morte
como foi antes, “padecendo sob Pôncio Pilatos”, padecendo sob o poder onipotente do Estado.
Mas, no fim, cumprir-se-á tudo o que estava predito de Abraão e
Jerusalém, na sua perfeição espiritual, quando Ele for glorificado no
seu Corpo Místico, como foi glorificado no seu Corpo físico. Foi assim
que João Apóstolo o descreveu:
“Vem comigo”, disse ele, “e eu te mostrarei a esposa cujo
esposo é o Cordeiro”. E ele transportou-me em espírito a uma grande
montanha e me mostrou a Cidade Santa de Jerusalém que descia do Céu da
presença de Deus, revestida da glória de Deus.
A luz que brilhava
sobre ela era semelhante a uma pedra preciosa, ao jaspe quando se
parece com o cristal; e estava rodeada por muro grande e alto, com doze
portas, e nas portas, doze anjos, e com uns nomes gravados que são os
nomes das doze tribos de Israel, três destas portas estavam a oriente,
três ao norte, três ao sul e três a ocidente. E não vi templo algum
nela, porque o Senhor Todo Poderoso e o Cordeiro são o templo. E a cidade não precisa de sol, ou lua para a iluminar, porque a glória de Deus brilha sobre ela e sua lâmpada é o Cordeiro.
E
as nações caminharão à sua luz, e os reis da terra lhe trarão o seu
tributo de louvor e honra, e as portas não se fecharão jamais (não
haverá nela noite). As nações entrarão nela com honra e louvor… Assim
seja. Vem, Senhor Jesus. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém. (Ap 21, 9-14; 22-26; 22, 20-21)
Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu
discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois",
depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre
os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João
Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram
pescadores no mar da Galiléia.
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com
João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário
profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo.
A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando:
"Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos
apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio
da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a
Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco
pães e dois peixes.
Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de
Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige
quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.
André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última
ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascenção e recebeu o
primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da
Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com
exatidão.
Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na
Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última,
formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras,
na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá,
também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e
juiz romano local.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a
reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses
pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à
crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a
sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a
grandeza da cruz, onde morreu Jesus".
Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém,
despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a
tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma
grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o
império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a
cristandade guarda para sua festa.
O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla,
as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para
Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século
XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e
Escócia.
“Temos um Sumo Sacerdote que entrou nos céus” (Heb 4, 14).
Para compreender melhor o significado espiritual do Mistério da
Ascensão é necessário recordar e sua íntima ligação com o Mistério de
Pentecostes. Foi o próprio Jesus quem esclareceu esta ligação quando
disse:
“Convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei” (Jo 16, 7).
Após a ressurreição, Jesus apareceu durante quarenta dias para
suscitar a fé em seus apóstolos e discípulos. Uma vez que esta fé teve
início, Jesus encerra o seu tempo aqui na terra e sobe aos céus para de
lá enviar o Espírito Santo.
Ascensão e Pentecostes inauguram a ação de Deus pelos sacramentos. Nosso Senhor “ingressa de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna” (Hb 9, 12).
É o exercício o seu poder sacerdotal! Por isto não é difícil perceber
uma certa tonalidade litúrgica na narrativa evangélica que relata a
subida de Jesus aos céus.
Como Sumo Sacerdote que entra no Santuário do céu, ele intercede por nós e envia o Espírito Santo, "a força do alto".
É próprio do sacerdote ser uma ponte (pontífice) entre Deus e os
homens. Assim, compreende-se que, com sua a Ascensão, Jesus possibilita:
- a presença do redimido no céu (face a face);
- a presença do redentor na terra (sacramentos).
Esta nova presença de Jesus entre nós (a presença sacramental) se dá
sobretudo na Eucaristia,onde a Igreja através de seus ministros, exerce
o sacerdócio celeste de Cristo com a força do Espírito Santo. Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando os em nome do Pai
do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo que eu vos
ordenei! Eis que eu estarei convosco até o fim do mundo.(Mt 28,19-20)
“Depois de dizer isso, Jesus foi elevado aos céus, a
vista deles. Uma nuvem os encobriu, de forma que seus olhos não podiam
mais vê-lo. Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus
subia” (At 1,9-10)
O texto dos Atos dos Apóstolos descreve o centro
do mistério que se celebra na Solenidade da Ascensão do Senhor: Jesus
sobe aos céus e, a partir daquele momento, sua presença entre nós
manifesta-se de outros modos: nos sacramentos, na Palavra, na pessoa do
outro e pela vida de união íntima ao Mestre, como um ramo de videira
unido ao seu tronco (Jo 15,1-8). Uma presença que se caracteriza pela
atividade da Igreja através dos discípulos do Senhor. É nesse sentido
que a Ascensão do Senhor conclui, de modo glorioso, a vida pública de
Jesus e delega compromissos missionários e organizacionais à
comunidade, aos discípulos e discípulas.
A história
A
origem da Solenidade da Ascensão do Senhor inspira-se nos textos
bíblicos que relatam a subida de Jesus aos céus, 40 depois de sua
Ressurreição. Os relatos Sagrados relacionam a Ascensão do Senhor com a
vinda do Espírito Santo. Jesus sobe aos céus prometendo que enviará o
Espírito Santo para sustentar os discípulos na tarefa evangelizadora (At
1,6-8). Este é um dos motivos pelos quais, em algumas Igrejas, era
comum celebrar a Ascensão e Pentecostes numa única Liturgia. A separação
entre as duas festas, contudo, já é mencionada a partir do século IV,
como consta em um Lecionário Armeno e em dois sermões feitos pelo Papa
Leão Magno.
Os textos das missas que descrevem a teologia das
antigas celebrações celebram a Ascensão como glorificação de Jesus em
vista de confirmar a fé dos discípulos, enviados a evangelizar o mundo.
Outro texto diz que a encarnação de Jesus não lhe tirou a glória divina,
prova disso é que Jesus subiu aos céus levando consigo a natureza
humana. Nesse mesmo tom, uma oração depois da comunhão, do século VIII,
proclama a Ascensão do Senhor como promessa que os discípulos de Cristo
viverão com Ele na Pátria eterna, pois pela Ascensão, o Senhor abriu as
portas para entrar na casa do Pai, canta um longo prefácio do século
VIII.
Um rito que era realizado nesta solenidade era o apagamento do
Círio Pascal, depois da proclamação do Evangelho. Com a reforma
Litúrgica do Vaticano II, em 1963, esse rito passou a ser realizado na
Solenidade de Pentecostes. O Círio é apagado, no Domingo de Pentecostes,
durante a Liturgia das Horas (Oração da tarde), após o cântico
evangélico.
Evangelho: (Lc 24, 46-53) - Jesus disse: "Assim estava escrito que o Cristo haveria de sofrer e ao terceiro dia ressuscitar dos mortos e, começando por Jerusalém, em seu nome seria pregada a todas as nações a conversão para o perdão dos pecados. Vós sois testemunhas disso. Eu vos mandarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto". Levou-os em seguida até perto de Betânia. Ali, levantou as mãos e os abençoou. Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi levado ao céu. E eles, depois de se prostrarem diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. Permaneciam no Templo, louvando a Deus.
COMENTÁRIO
Hoje comemoramos a Ascensão do Senhor, por isso, como verdadeiros cristãos, devemos estar alegres e com os corações preparados para receber o Espírito Santo.
O evangelho de hoje nos fala da alegria dos apóstolos ao verem o Mestre subindo para a Glória Celeste. Fala também da vinda do Prometido de Deus, o Espírito Santificador, que haveria de descer sobre os filhos de Deus.
Jesus deixa esta ordem aos discípulos: "Não saiam da cidade, até que sejam revestidos da força do alto". Assim como o Pai prometeu, agora é Jesus quem promete aos apóstolos que o Espírito virá.
Em nome do Cristo Ressuscitado, o apóstolo deve anunciar e testemunhar a conversão e o perdão dos pecados. Com isso Jesus quer indicar quais serão os frutos da sua morte e ressurreição. Quem acreditar e fizer penitência dos pecados, receberá o perdão.
Apesar da urgente necessidade de sair e pregar a Palavra de Deus, os discípulos não poderiam iniciar esse trabalho sem um bom preparo. Por isso Jesus insiste para que esperem na cidade. Lá receberão o Espírito e, com Ele, o conhecimento e a coragem para desenvolverem a difícil tarefa de apresentar Jesus ao mundo.
Jesus levantou as mãos e os abençoou. Com esse gesto Jesus pede ao Pai Eterno a proteção para os seus discípulos. Os judeus costumavam rezar com os braços estendidos. Moisés também se manteve em oração, com os braços erguidos, enquanto seu povo lutava contra os amalecitas.
Enquanto abençoava seus discípulos, Jesus afastou-se deles e subiu para o céu. É importante ressaltar que Jesus não foi levado ao céu por anjos, ou através de qualquer outro meio, Jesus subiu ao céu por sua própria vontade e poder.
Essa é a grande diferença entre a Ascensão do Senhor e a Assunção de Maria. Maria Assunta ao céu é um dogma de fé, portanto, nós cremos que Nossa Senhora foi elevada ao céu em corpo e alma, porém, não por suas próprias forças, mas sim através de anjos enviados de Deus (nota do Canto da Paz: assunta = assumida = elevada não por próprio poder - ver mais em nosso site, pesquisando sobre "assunção").
Maria trouxe ao mundo ensinamentos e graças, através de sua vida, especialmente com exemplos de humildade, pureza, sacrifício e íntima união com seu Filho Jesus. O corpo da filha preferida que o Pai preparou para ser a esposa do Espírito Santo e Mãe do seu Filho, tinha que ser preservado, por isso Maria foi elevada ao céu e glorificada em corpo e alma.
Jesus que esteve entre nós, que entregou sua vida para nos salvar, agora volta glorioso para o Pai. No entanto, Jesus não quer ficar sozinho. Ele mesmo nos disse que iria antes para nos preparar um lugar e aguarda ansiosamente a minha, a sua, a nossa presença no Reino Celeste.
Jesus já cumpriu a sua parte, o terreno já está preparado, só falta agora a nossa parte… falta semear. Semear é anunciar a conversão e o perdão dos pecados, apresentar Jesus a todas as nações começando pela nossa "Jerusalém" que é o nosso lar, nossa família, nossa comunidade, até atingir o mundo inteiro.
O Espírito Santo já nos foi dado, e com Ele o discernimento e o entendimento. Quem entende a mensagem de Jesus, é alegre, irradia felicidade e fé. Sabe que está amparado ao ver confirmada sua esperança de vida eterna.
Um lugar no céu está garantido para quem seguir os passos de Jesus. Mas não nos esqueçamos que o caminho da ascensão é o calvário. Quem segue Jesus, está sujeito ao martírio, porém, é preciso anunciar e viver o evangelho. Compartilhar da Paixão de Jesus, para então, receber o prêmio maior… a glória da Ressurreição.