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Defendemos a Igreja conservadora. Acreditamos em DEUS e entregamo-nos nos braços de MARIA. Que DEUS nos ilumine e proteja. AMÉM
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Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu
discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois",
depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre
os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João
Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram
pescadores no mar da Galiléia.
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com
João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário
profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo.
A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando:
"Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos
apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio
da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a
Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco
pães e dois peixes.
Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de
Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige
quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.
André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última
ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o
primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da
Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com
exatidão.
Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na
Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última,
formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras,
na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá,
também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e
juiz romano local.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a
reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses
pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à
crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a
sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a
grandeza da cruz, onde morreu Jesus".
Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém,
despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a
tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma
grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o
império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a
cristandade guarda para sua festa.
O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla,
as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para
Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século
XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e
Escócia.
Minha oração
“ Em forma de X foste testemunha de
nosso Senhor e Salvador, que nós também possamos dar testemunho ao
nosso modo de todo o coração. Perpetuai a fé cristã nos lugares mais
remotos e divergentes, aumentai a fé naqueles que estão enfraquecidos e
renovai os costumes cristãos. Amém”
— Vinde, Espírito Divino, e enchei com vossos dons os corações dos fiéis; e acendei neles o amor como um fogo abrasador!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os
discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles,
disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Recebei o Espírito Santo»
Hoje, no dia de Pentecostés se
realiza o cumprimento da promessa que Cristo fez aos Apóstolos. Na tarde
do dia de Páscoa soprou sobre eles e lhes disse: «Recebei o Espírito
Santo» (Jo 20,22). A vinda do Espírito Santo o dia de Pentecostés renova
e leva à plenitude esse dom de um modo solene e com manifestações
externas. Assim culmina o mistério pascal.
O Espírito que Jesus comunica cria no discípulo uma nova condição humana
e produz unidade. Quando o orgulho do homem lhe leva a desafiar a Deus
construindo a torre de Babel, Deus confunde as suas línguas e não podem
se entender. Em Pentencostés acontece o contrário: por graça do Espírito
Santo, os Apóstolos são entendidos por pessoas das mais diversas
procedências e línguas.
O Espírito Santo é o Mestre interior que guia ao discípulo até a
verdade, que lhe move a obrar o bem, que o consola na dor, que o
transforma interiormente, dando-lhe uma força, uma capacidade nova.
O primeiro dia de Pentecostes da era cristã, os apóstolos estavam
reunidos em companhia de Maria e, estavam em oração. O recolhimento, a
atitude orante é imprescindível para receber o Espírito. «De repente,
veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda
a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de
línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles» (At
2,2-3).
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, puseram-se a predicar
valentemente. Aqueles homens atemorizados tinham sido transformados em
valentes predicadores que não temiam o cárcere, nem a tortura, nem o
martírio. Não é estranho; a força do Espírito estava neles.
O Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a alma da
minha alma, a vida da minha vida, o ser de meu ser; é o meu
santificador, o hóspede do meu interior mais profundo. Para chegar à
maturação na vida de fé é preciso que a relação com Ele seja cada vez
mais consciente, mais pessoal. Nesta celebração de Pentecostes abramos
as portas de nosso interior de par em par.Mons.
José Ángel
SAIZ Meneses,
Arcebispo de Sevilha
(Sevilla, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Onde está a Igreja, está também o Espírito de Deus; e onde está o
Espírito de Deus, está também a Igreja e toda a graça» (Santo Irineu de
Lyon)
«O sacramento da Penitência, nasce diretamente do mistério
pascal. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um dom, um dom
do Espírito Santo, que nos enche com o banho da misericórdia e da graça
que flui sem parar do coração aberto de Cristo crucificado e
ressuscitado» (Francisco)
«O Símbolo dos Apóstolos liga a fé no perdão dos pecados à fé no
Espírito Santo, mas também à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi
ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo ressuscitado lhes
transmitiu o seu próprio poder divino de perdoar os pecados» (Catecismo
da Igreja Católica, nº 976)
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
6º Domingo da Páscoa
Anúncio do Evangelho (Jo 14,23-29)
—O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 23“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou.
25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas
o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.
27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
28Ouvistes o que eu vos disse: ‘Vou,
mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o
Pai, pois o Pai é maior do que eu.
29Disse-vos isso, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis."
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada»
Hoje, antes de celebrar a Ascensão
e Pentecostes, voltemos a ler as palavras do chamado sermão da Última
Ceia, na que devemos ver diversas maneiras de apresentar uma única
mensagem, já que tudo brota da união de Cristo com o Pai e da vontade de
Deus de associar-nos a este mistério de amor.
A Santa Teresinha do Menino Jesus um dia lhe ofereceram diversos
presentes para que ela escolhesse, e ela —com uma grande decisão mesmo
apesar de sua pouca idade— disse: «Escolho tudo». Já depois entendeu que
este escolher tudo deveria se de concretizar em querer ser o amor na
Igreja, pois um corpo sem amor não teria sentido. Deus é este mistério
de amor, um amor concreto, pessoal, feito carne no Filho Jesus que chega
a dar tudo: Ele mesmo, sua vida e seus atos são a máxima e mais clara
mensagem de Deus.
É deste amor que abrange tudo de onde nasce a “paz”. Esta é hoje uma
palavra desejada: queremos paz e tudo são alarmes e violências. Só
conseguiremos a paz se nos voltamos a Jesus, já que é Ele quem nos dá a
paz como fruto de seu amor total. Mas não nos dá como o mundo faz.
«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a
dou» (cf. Jo 14,27), pois a paz de Jesus não é a tranquilidade e a
despreocupação, pelo contrário: a solidariedade que se transforma em
fraternidade, a capacidade de ver-nos e de ver aos outros com olhos
novos como faz o Senhor, e assim perdoar-nos. Dai nasce uma grande
serenidade que nos faz ver as coisas tal e como são, e não como parecem.
Seguindo por este caminho chegaremos a ser felizes.
«Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito» (Jo 14,26).
Nestes últimos dias de Páscoa peçamos abrir-nos ao Espírito: O
recebemos ao sermos batizados e crismados, mas é necessário que —como
dom ulterior —volte a brotar em nós e nos faça chegar lá onde não
ousaríamos.+ Rev. D. Francesc CATARINEU i Vilageliu(Sabadell, Barcelona, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se fechares a porta da tua alma, deixas fora a Cristo. Embora
tenha o poder de entrar, não quer ser inoportuno, não quer obrigar à
força» (Santo Ambrósio)
«Ao longo da história da salvação, na qual Deus se fez próximo de
nós e espera pacientemente os nossos tempos, incluindo as nossas
infidelidades, encoraja os nossos esforços e guia-nos. Na oração
aprendemos a ver os sinais deste plano misericordioso» (Bento XVI)
«A forma tradicional de pedir o Espírito é invocar o Pai, por
Cristo, nosso Senhor, para que nos dê o Espírito Consolador. Jesus
insiste nesta petição em seu Nome no próprio momento em que promete o
dom do Espírito de Verdade. Mas também é tradicional a oração mais
simples e mais directa: ‘Vinde, Espírito Santo’» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 2.671)
Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu
discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois",
depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre
os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João
Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram
pescadores no mar da Galiléia.
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com
João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário
profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo.
A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando:
"Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos
apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio
da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a
Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco
pães e dois peixes.
Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de
Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige
quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.
André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última
ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o
primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da
Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com
exatidão.
Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na
Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última,
formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras,
na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá,
também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e
juiz romano local.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a
reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses
pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à
crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a
sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a
grandeza da cruz, onde morreu Jesus".
Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém,
despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a
tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma
grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o
império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a
cristandade guarda para sua festa.
O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla,
as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para
Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século
XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e
Escócia.
Transfiguração do Senhor - 8 dados que deve saber sobre a Transfiguração do Senhor
Foto Transfiguração. Crédito: WikimediaCommons
A liturgia romana lia um trecho do
evangelho que se refere ao episódio da transfiguração no sábado das
Quatro Têmporas de Quaresma, pondo
assim em relação este mistério com a
paixão. O próprio evangelista Mateus inicia a narração com as palavras:
“Seis dias depois (isto é, após a confissão de Pedro e a primeira
predição da paixão), Jesus tomou Pedro, Tiago e seu irmão João, e os
levou para um lugar à parte, em alto monte. E ali foi transfigurado
diante deles. O seu rosto resplandeceu como o sol e as suas vestes
tornaram-se alvas como a luz”. Existe neste episódio clara oposição à
agonia do horto de Getsêmani. É evidente a intenção de Jesus de oferecer
aos três apóstolos antídoto que os fortalecesse na convicção da sua
divindade durante o terrível teste da paixão.
O alto monte, que o Evangelho não diz
qual seja, é quase certo que se trata do Tabor, localizado no coração da
Galileia e domina a planície circunstante. A data deve ser colocada
entre o Pentecostes hebraico e a festa das Cabanas, no segundo ano de
vida pública, no ano 29, no período dedicado por Jesus de modo
particular à formação dos apóstolos. Aquela montanha isolada era de fato
muito propícia às grandes meditações, no silêncio solene das coisas e
no ar rarefeito que mitigava o calor de verão.
Com esta visão sobrenatural Jesus dava
confirmação à confissão de Pedro: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo”.
Aquele instante de glória ACI Digital sobre-humana era o penhor da glória da
ressurreição: “O Filho do homem virá na glória do seu Pai”. O próprio
tema do colóquio com Moisés e Elias era a confirmação do anúncio da
paixão e da morte do Messias. A transfiguração, que faz parte do
mistério da salvação, é bastante merecedora de celebração litúrgica, que
a Igreja, tanto do Ocidente como do Oriente, celebrou de vários modos e
em diferentes datas, até que o papa Calisto III elevou de grau a festa,
estendendo-a à Igreja universal.
8 dados que deve saber sobre a Transfiguração do Senhor
Foto Transfiguração. Crédito: WikimediaCommons
Este artigo reúne 8 dados que todo católico deve saber sobre a festa da Transfiguração do Senhor, celebrada em 6 de agosto.
1. Transfiguração significa "mudança de forma"
A palavra "transfiguração" provem das raízes latinas trans ("através") e
figura ("forma, aspecto"). Portanto, significa uma mudança de forma ou
aparência.
Foi o que aconteceu com Jesus no evento conhecido como a Transfiguração: sua aparência mudou e se tornou gloriosa.
2. O Evangelho de Lucas prediz a Transfiguração
No Evangelho de Lucas 9, 27, no final de um discurso aos doze apóstolos,
Jesus misteriosamente acrescenta: “Em verdade vos digo: dos que aqui se
acham, alguns há que não morrerão, até que vejam o Reino de Deus".
Isso costuma ser tomado como uma profecia de que o fim do mundo
ocorreria antes da morte da primeira geração de cristãos. No entanto, a
frase "reino de Deus" também pode se referir à "expressão externa do
reino invisível de Deus".
O reino está encarnado no próprio Cristo e, portanto, poderia ser
"visto" se Cristo o manifestasse de uma maneira incomum, inclusive em
sua própria vida terrena, como foi o evento da Transfiguração. O Papa Emérito Bento XVI
afirmou que Jesus "argumentou de forma convincente que a colocação
dessa frase imediatamente antes da Transfiguração a relaciona claramente
a esse evento".
"A alguns, isto é, aos três discípulos que acompanham Jesus à montanha, é
prometido que presenciarão pessoalmente a vinda do Reino de Deus ‘no
poder’”, acrescentou.
3. A Transfiguração foi testemunhada pelos três discípulos principais
A Transfiguração ocorreu na presença dos apóstolos João, Pedro e Tiago, os três discípulos principais.
O fato de Jesus ter permitido apenas três de seus discípulos
presenciarem o evento pode ter provocado a discussão que rapidamente
ocorreu sobre qual dos discípulos era o maior (Lucas 9, 46).
4. Não se sabe exatamente onde ocorreu a Transfiguração
São Lucas declara que Jesus levou os três à "montanha para rezar".
Costuma-se pensar que esta montanha é o Monte Tabor, em Israel, mas
nenhum dos evangelhos a identifica com exatidão.
5. A Transfiguração serviu para fortalecer a fé dos apóstolos
Segundo o Catecismo da Igreja
Católica numeral 568: “A Transfiguração de Cristo tem por finalidade
fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão: a subida à ‘elevada
montanha’ prepara a subida ao Calvário. Cristo, Cabeça da Igreja,
manifesta o que seu Corpo contém e irradia nos sacramentos ‘a esperança da Glória’".
6. O Evangelho de Lucas é o que dá mais detalhes deste acontecimento
São Lucas menciona vários detalhes sobre a Transfiguração que outros
evangelistas não fazem. Por exemplo, observa que isso aconteceu enquanto
Jesus estava rezando; menciona que Pedro e seus companheiros "tinham-se
deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os
dois personagens em sua companhia". Também menciona que Pedro sugeriu a
criação de tendas enquanto Moisés e Elias se preparavam para partir.
7. A Aparição de Moisés e Elias representa a Lei e os Profetas.
Moisés e Elias representam os dois principais componentes do Antigo Testamento: a Lei e os Profetas.
Moisés foi o doador da Lei e Elias foi considerado o maior dos profetas.
8. A sugestão de São Pedro foi errônea
O fato de que a sugestão de Pedro ocorra quando Moisés e Elias estão se
preparando para partir revela um desejo de prolongar a experiência da
glória. Isso significa que Pedro está se centrando no incorreto.
A experiência da Transfiguração tem como objetivo sinalizar os
sofrimentos que Jesus está prestes a experimentar. Está destinado a
fortalecer a fé dos discípulos, revelando-lhes a mão divina que está
trabalhando nos acontecimentos que Jesus sofrerá.
Pedro erra o alvo e quer ficar na montanha, ao contrário da mensagem que Moisés e Elias expuseram.
Como aparente repreensão disso, ocorre uma teofania: “Veio uma nuvem e
encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na
nuvem, tiveram um grande pavor. Então, da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o
meu Filho muito amado; ouvi-o!’".
A
esse infatigável missionário inglês atribui-se o mérito de haver
tornado possível, com a evangelização dos povos germânicos de além Reno,
a organização política e social européia, concretizada pouco depois por
Carlos Magno. Vinfrido, que receberá o nome do mártir Bonifácio em 719,
quando o papa Gregório II lhe confiar a missão entre as populações
germânicas, nasceu em Crediton, no Devon. Aos cinco anos ingressou no
mosteiro beneditino de Exter. Ordenado
sacerdote em Winchester, seguindo o exemplo dos monges ingleses e
irlandeses, dirigiu-se ao continente impelido pelo desejo de levar o
Evangelho às populações pagãs da Europa central. As circunstâncias não
lhe foram favoráveis. Voltou dois anos depois, munido desta vez da
aprovação e do mandato do papa, que lhe entregou uma carta de
recomendação endereçada ao poderoso Carlos Martel, rei dos francos. Bonifácio
trabalhou por um par de anos ao lado de Vilibrordo, outro célebre
missionário, visitando a Baviera, a Turíngia e a Frísia, e batizando
milhares de pagãos. O papa Gregório II apreciou a obra do dinâmico
missionário e o convocou a Roma, nomeando-o em 722 bispo de toda a
Germânia transrenana. De 724 a 731, Bonifácio dedicou-se à evangelização
da Saxônia, cujas populações eram inteiramente pagãs. Nessa difusão foi
coadjuvado por missionários ingleses e irlandeses que ele deixava
depois para continuar a obra nas várias missões. Os
sacerdotes adaptavam-se a fazer de tudo um pouco: professores,
carpinteiros, enfermeiros. Alguns foram postos à frente de mosteiros
fundados pelo santo bispo, agora arcebispo de Mogúncia, depois que o
novo papa Gregório III lhe enviou de Roma o pálio com autoridade de
ordenar outros bispos nos territórios evangelizados. Em
753 elegeu seu fiel discípulo Lul para coadjutor na sede de Mogúncia, e
partiu para a última missão na Frísia. Desceu com algumas embarcações
ao longo do Reno e se dirigiu a Dokkum, onde se haviam reunido numerosos
neófitos para a crisma no dia de Pentecostes. Durante a celebração de 5
de junho, uma turba de frisões, armados de espada, irrompeu no
acampamento. Bonifácio tomou como escudo o evangeliário, mas um golpe de
espada talhou em dois o livro e fendeu a cabeça do infatigável ancião. O
bispo Lul transportou seu corpo para o mosteiro fundado pelo santo em
Fulda, centro propulsor da espiritualidade e da cultura religiosa da
Germânia.
Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu
discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois",
depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre
os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João
Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram
pescadores no mar da Galiléia.
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com
João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário
profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo.
A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando:
"Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos
apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio
da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a
Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco
pães e dois peixes.
Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de
Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige
quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.
André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última
ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o
primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da
Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com
exatidão.
Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na
Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última,
formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras,
na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá,
também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e
juiz romano local.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a
reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses
pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à
crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a
sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a
grandeza da cruz, onde morreu Jesus".
Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém,
despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a
tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma
grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o
império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a
cristandade guarda para sua festa.
O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla,
as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para
Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século
XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e
Escócia.
A Eucaristia é fonte e centro de toda vida cristã. Nela, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo
A Festa de Corpus Christi surgiu no século XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258), que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra à Sagrada Eucaristia.
A Festa de Corpus Christi é a celebração em que, solenemente, a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às ruas. Nessa festa, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda vida cristã. Nela, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.
Aconteceu que, quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem que isso ocorreu, porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.
Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giácomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou, diante da relíquia eucarística, as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11 de agosto de 1264, o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, na qual prescreveu que, na quinta-feira, após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra ao Corpo do Senhor.
Em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège como festa diocesana, tornando-se uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica e, depois, no século XIV, em todo o mundo, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada, todos os anos, na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
A esse infatigável missionário inglês atribui-se o mérito de haver
tornado possível, com a evangelização dos povos germânicos de além Reno,
a organização política e social européia, concretizada pouco depois por
Carlos Magno. Vinfrido, que receberá o nome do mártir Bonifácio em 719, quando o papa
Gregório II lhe confiar a missão entre as populações germânicas, nasceu
em Crediton, no Devon. Aos cinco anos ingressou no mosteiro beneditino
de Exter.
Ordenado sacerdote em Winchester, seguindo o exemplo dos monges ingleses
e irlandeses, dirigiu-se ao continente impelido pelo desejo de levar o
Evangelho às populações pagãs da Europa central. As circunstâncias não
lhe foram favoráveis. Voltou dois anos depois, munido desta vez da
aprovação e do mandato do papa, que lhe entregou uma carta de
recomendação endereçada ao poderoso Carlos Martel, rei dos francos.
Bonifácio trabalhou por um par de anos ao lado de Vilibrordo, outro
célebre missionário, visitando a Baviera, a Turíngia e a Frísia, e
batizando milhares de pagãos. O papa Gregório II apreciou a obra do
dinâmico missionário e o convocou a Roma, nomeando-o em 722 bispo de
toda a Germânia transrenana. De 724 a 731, Bonifácio dedicou-se à
evangelização da Saxônia, cujas populações eram inteiramente pagãs.
Nessa difusão foi coadjuvado por missionários ingleses e irlandeses que
ele deixava depois para continuar a obra nas várias missões.
Os sacerdotes adaptavam-se a fazer de tudo um pouco: professores,
carpinteiros, enfermeiros. Alguns foram postos à frente de mosteiros
fundados pelo santo bispo, agora arcebispo de Mogúncia, depois que o
novo papa Gregório III lhe enviou de Roma o pálio com autoridade de
ordenar outros bispos nos territórios evangelizados.
Em 753 elegeu seu fiel discípulo Lul para coadjutor na sede de Mogúncia,
e partiu para a última missão na Frísia. Desceu com algumas embarcações
ao longo do Reno e se dirigiu a Dokkum, onde se haviam reunido
numerosos neófitos para a crisma no dia de Pentecostes. Durante a
celebração de 5 de junho, uma turba de frisões, armados de espada,
irrompeu no acampamento. Bonifácio tomou como escudo o evangeliário, mas
um golpe de espada talhou em dois o livro e fendeu a cabeça do
infatigável ancião. O bispo Lul transportou seu corpo para o mosteiro
fundado pelo santo em Fulda, centro propulsor da espiritualidade e da
cultura religiosa da Germânia.
Em
Pentecostes, Cristo se reveste de um novo Corpo: a Igreja. E, assim
como seu corpo físico morreu e ressuscitou, também seu Corpo Místico
“terá, no decurso da história, mil mortes e mil ressurreições”.
Dez dias depois da Ascensão, os Apóstolos encontravam-se reunidos,
esperando o Espírito que lhes ensinaria e revelaria tudo o que Nosso
Senhor lhes tinha ensinado. Durante sua vida pública, Cristo afirmara-lhes que havia de revestir-se de um novo corpo.
Não físico, como o que tomou de Maria; esse corpo está agora
glorificado, à mão direita do Pai. Não seria tampouco um corpo moral,
como uma sociedade cuja unidade deriva da vontade dos homens; mas,
antes, um novo Corpo Social, que estaria ligado a Ele pelo seu Espírito
Celeste, por Ele enviado ao deixar a terra. Cristo referiu-se algumas vezes a este novo Corpo como Reino, ainda
que São Paulo o descrevesse como Corpo, o que se tornava mais facilmente
compreensível para os gentios.
“A Descida do Espírito Santo”, por Ticiano
Ele explicou aos Apóstolos a natureza
deste novo Corpo, que assumiria sete características principais:
Para ser membro desse novo Corpo, os homens têm de nascer para ele;
mas não por meio de um nascimento humano, porque esse faz filhos de
Adão. Para tornar-nos membros do seu novo Corpo, temos de renascer pelo
Espírito, nas águas do batismo que nos tornam filhos adotivos de Deus.
A
unidade entre Ele e este novo Corpo não consiste em lhe cantarmos
hinos, nem em reunir-nos em chás sociais em seu nome, nem em escutar
radiodifusões, mas em participarmos da sua vida: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós… eu sou a videira, e vós os ramos” (Jo 15, 4-5).
O
seu novo Corpo será, como todas as coisas vivas, pequeno a princípio —
até, como Ele disse, “semelhante a um grão de mostarda”; mas crescerá da
simplicidade para a complexidade, até à consumação do mundo. Como Ele
se exprimiu: “Primeiro a erva, depois a espiga, e por fim o grão gerado
na espiga” (Mc 4, 28).
Uma casa cresce de fora para
dentro, na colocação de pedra sobre pedra; organizações humanas crescem
adicionando homem a homem, da circunferência para o centro. O seu Corpo,
disse Cristo, será formado de dentro para fora, como se forma o embrião
no corpo humano. Assim como Ele recebeu a vida do Pai, assim receberiam os fiéis a vida dele. São estas as suas palavras: “Para que também eles sejam um em nós, como tu, Pai, o és em mim, e eu em Ti” (Jo 17, 21).
Nosso Senhor afirmou que teria um só Corpo.
Seria uma monstruosidade espiritual, se tivesse muitos corpos ou uma
dúzia de cabeças. Para o conservar uno, por-lhe-ia à frente um só
pastor, por Ele designado para apascentar os seus cordeiros e ovelhas.
“Haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).
Esse
novo Corpo, segundo as palavras de Cristo, não se tornaria manifesto
aos homens, até ao dia de Pentecostes, em que enviaria o seu Espírito de
Verdade. “Se eu não for, ele não virá a vós” (Jo 16, 7). Tudo,
pois, que começasse a formar-se até vinte e quatro horas depois de
Pentecostes, ou vinte e quatro horas antes, seria uma organização; poderia, talvez, ter um espírito humano, mas não teria o Espírito Divino.
A
observação mais importante acerca do seu Corpo foi que seria odiado
pelo mundo, como Ele. O mundo ama tudo o que é mundano, mas odeia tudo o
que é divino. “Porque vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo
vos odeia” (Jo 15, 19).
O núcleo deste novo Corpo Místico seriam os Apóstolos. Formariam a
matéria-prima. Enviar-lhes-ia o seu Espírito para os vivificar,
possibilitando-os tornarem-se o prolongamento da sua Pessoa. Eles o
representariam, quando Ele partisse. Foi-lhes reservado o privilégio de
evangelizarem o mundo. Esse novo Corpo, de que eles eram o embrião, tornar-se-ia o seu “eu póstumo” e a sua personalidade prolongada através dos séculos.
Durante os cinquenta dias em entre a Ressurreição e a vinda do
Espírito Santo, os Apóstolos assemelhavam-se a elementos num laboratório
químico. A ciência conhece cem por cento dos elementos químicos que
entram na constituição de um corpo humano; mas é incapaz de produzir um
único ser humano, por sua inabilidade em prover o princípio unificador, a
alma. Os Apóstolos não podiam dar vida divina à Igreja, do mesmo modo que os químicos não podem produzir a vida humana. Careciam do Divino Espírito invisível de Deus, para unificar as suas naturezas humanas visíveis. Efetivamente, dez dias depois da Ascensão, o Salvador glorificado no Céu enviou-lhes o seu Espírito, não em forma de livro, mas em línguas de fogo vivo.
Como as células de um corpo formam uma nova vida humana no momento em
que Deus insufla a alma no embrião, assim os Apóstolos apareceram como o
Corpo visível de Cristo, no momento em que o Espírito Santo veio para
os tornar um. Este Corpo Místico, a Igreja, é denominado na tradição e
na Escritura o “Cristo total”, ou a “plenitude de Cristo”.
O novo Corpo de Cristo apareceu então publicamente, à vista dos
homens. Assim como o Filho de Deus se revestiu da natureza humana no
ventre de Maria, sob a sombra protetora do Espírito Santo, assim, em
Pentecostes, Ele tomou um Corpo Místico, no ventre da humanidade, sob a
sombra protetora do Espírito Santo. E assim como antes ensinou, governou
e santificou por meio da sua natureza humana, assim agora continua a ensinar, governar e santificar por meio de outras naturezas humanas unidas no seu Corpo, a Igreja.
Como, porém, este Corpo não é físico como o homem, nem moral como um
clube de recreio, mas celeste e espiritual por causa do Espírito que o
torna um, chama-se Corpo Místico. E assim como o corpo humano é
constituído de milhões e milhões de células e, contudo, é um só porque
vivificado por uma só alma, dirigido por uma cabeça visível e governado
por uma mente invisível, assim este Corpo de Cristo, apesar de formado
de milhões e milhões de pessoas incorporadas em Cristo pelo batismo, é
uno, porque vivificado pelo Espírito Santo de Deus, dirigido por uma cabeça visível e governado por uma Mente invisível, ou Cabeça, que é Cristo Ressuscitado.
O Corpo Místico é a Pessoa de Cristo prolongada. São Paulo chegou à
compreensão desta verdade. De todos os que viveram até agora, talvez
ninguém odiasse tanto a Cristo como Saulo. Os primeiros membros do Corpo
Místico de Cristo pediam a Deus que enviasse alguém para refutá-lo. Deus ouviu a sua oração e enviou Paulo para responder a Saulo.
Um dia, esse perseguidor, exalando ódio, pôs-se a caminho de Damasco
para prender os membros do Corpo Místico de Cristo dessa cidade e
conduzi-los a Jerusalém. Tinham decorrido poucos anos apenas, desde a
Ascensão do Divino Salvador, então glorificado no Céu. Subitamente,
Saulo viu-se cercado por uma grande luz e caiu por terra. Foi despertado
por uma voz, semelhante ao bramido do mar, que dizia: “Saulo, Saulo,
por que me persegues?” (At 9, 4).
O nada ousou perguntar o nome da Onipotência: “Quem és tu, Senhor?”. E a voz respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues” (At 9, 5).
Como era possível Saulo perseguir a Nosso Senhor, que estava glorificado no Céu? Por que dizia a voz do Céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Se alguém tropeçasse num móvel, não se queixaria a cabeça, uma vez que o pé faz parte do corpo?
Assim, dizia agora o Senhor, ao ferir o seu Corpo, Paulo estava ferindo
a Ele. Ao ser perseguido o Corpo de Cristo, era Cristo, Cabeça
invisível, que se levantava para falar e protestar. O Corpo Místico de
Cristo, portanto, não está entre Cristo e o indivíduo, do mesmo modo que
o seu Corpo físico não esteve entre Madalena e o perdão que lhe
concedeu, ou a sua mão entre as crianças e a bênção que lhes deitou. Foi
por meio do seu Corpo humano que Ele veio aos homens em sua vida
individual; é por meio de seu Corpo Místico, ou de sua Igreja, que Ele vem aos homens em sua vida mística incorporada.
Cristo está vivo agora! Ele continua agora a ensinar, a governar, a santificar — como fez na Judeia e na Galileia.
O seu Corpo Místico, a Igreja, existiu por todo o Império Romano antes que um único dos Evangelhos fosse escrito.
Foi o Novo Testamento que veio da Igreja, e não a Igreja que veio do
Novo Testamento. Este Corpo possuía os quatro sinais distintivos da
vida:
tinha unidade, porque vivificado por uma só Alma, um só
Espírito, dom do Pentecostes. E se a unidade em doutrina e autoridade é
a força centrípeta que torna a vida da Igreja una,
a catolicidade é a força centrífuga que a habilita a expandir-se e a absorver a humanidade remida, sem distinção de raça ou cor.
A terceira nota da Igreja é a santidade,
que lhe assegura duração, contanto que se conserve sã, pura e livre da
peste da heresia e do cisma. Esta santidade não está em cada membro,
mas, antes, na Igreja inteira. E porque a alma da Igreja é o Espírito Santo, será Ele o instrumento divino da santificação das almas.
A luz do sol não se polui quando os raios atravessam uma janela suja;
do mesmo modo, os sacramentos não perdem a sua eficácia santificadora,
mesmo quando os instrumentos humanos desses sacramentos se encontram
manchados.
Finalmente, temos a obra da apostolicidade. Em biologia, omne vivum ex vivo, ou “toda vida vem da vida”. Assim, também, o Corpo Místico de Cristo é apostólico, porque historicamente está enraizado em Cristo, e não em um homem separado dele pelos séculos.
Foi por isso que a Igreja nascente se reuniu para eleger um sucessor de
Judas, testemunha da Ressurreição e companheiro dos Apóstolos. “Há
homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus
viveu no meio de nós, começando desde o batismo de João até ao tempo em
que Jesus se apartou de nós. Agora, é preciso que um deles se junte a
nós para ser testemunha da sua Ressurreição” (At 1, 21-22).
Assim, Cristo, que se “esvaziou” a si mesmo na Encarnação, teve agora a sua “plenitude” no Pentecostes. A kenosis, ou humilhação, é uma das facetas da sua Pessoa; o pleroma,
ou a continuação de sua vida, na sua Noiva, Esposa, em seu Corpo
Místico, a Igreja, é outra. Assim como o desaparecimento da luz e do
calor do sol faz a terra gritar pela sua energia radiante, assim o
abatimento do amor de Cristo encontra o seu complemento no que São Paulo
chama a sua “plenitude” — a Igreja.
Muita gente julga que acreditaria em Cristo, se tivesse vivido no seu
tempo. Mas a verdade é que isso não lhes traria grande vantagem. Aqueles
que agora não o reconhecem como divino, vivo no seu Corpo Místico,
também não o reconheceriam como divino, vivo no seu Corpo físico.
Se há escândalos nas células do seu Corpo Místico, também houve
escândalos no seu Corpo físico; num e noutro caso, sobressai de tal modo
o humano, que em momentos de fraqueza ou Crucifixão, é necessária uma
força moral para descobrir a Divindade.
Nos tempos da Galileia, era necessária uma fé apoiada em motivos de
credibilidade para acreditar no Reino que Ele vinha estabelecer, ou no
seu Corpo Místico, através do qual Ele santificaria os homens por seu
Espírito, depois da Crucificação. Hoje, requer-se uma fé apoiada nos
mesmos motivos de credibilidade, para acreditar na Cabeça, ou Cristo
invisível, o qual governa, ensina e santifica por meio da sua Cabeça
visível e do seu Corpo, a Igreja. Num e noutro caso, é preciso
“levantar-se”. Nosso Senhor disse a Nicodemos que, para remir os homens,
tinha de ser “levantado” na Cruz; para santificar os homens no
Espírito, teve de “elevar-se” ao Céu na Ascensão.
Pecados, escândalos e a santidade da Igreja Imaculada
Cristo continua, pois, a andar pelo mundo, no seu Corpo Místico, como andava outrora no seu Corpo físico.
O Evangelho foi a pré-história da Igreja, como a Igreja é a
pós-história do Evangelho. Continuam a ser-lhe negadas as estalagens,
como em Belém; novos Herodes, com nomes soviéticos e chineses, perseguem-no com a espada; surgem outros Satãs, tentando desviá-lo do caminho da Cruz e da mortificação, pelos atalhos da popularidade; oferecem-lhe Domingos de Ramos de grandes triunfos, mas só como prelúdios de Sextas-feiras Santas;
atiram contra Ele novas acusações (e não raro pelas pessoas religiosas,
como no seu tempo) — que é inimigo de César, antipatriota, pervertedor
da nação; de fora é apedrejado, de dentro atacado por falsos irmãos; não faltam sequer os Judas escolhidos para Apóstolos, que o atraiçoam e o entregam ao inimigo;
alguns dos discípulos que se gloriavam do seu nome já abandonaram a sua
companhia, porque — como fizeram os seus antecessores — acham que a sua
doutrina, particularmente no que diz respeito ao Pão da Vida, é “dura”.
Mas, por que não há morte sem Ressurreição, o seu Corpo Místico terá, no decurso da história, mil mortes e mil Ressurreições.
Os sinos dobrarão continuamente pela sua execução, mas a execução será
eternamente adiada. Virá, finalmente, o dia em que se levantará uma
perseguição universal contra o seu Corpo Místico, e será levado à morte
como foi antes, “padecendo sob Pôncio Pilatos”, padecendo sob o poder onipotente do Estado.
Mas, no fim, cumprir-se-á tudo o que estava predito de Abraão e
Jerusalém, na sua perfeição espiritual, quando Ele for glorificado no
seu Corpo Místico, como foi glorificado no seu Corpo físico. Foi assim
que João Apóstolo o descreveu:
“Vem comigo”, disse ele, “e eu te mostrarei a esposa cujo
esposo é o Cordeiro”. E ele transportou-me em espírito a uma grande
montanha e me mostrou a Cidade Santa de Jerusalém que descia do Céu da
presença de Deus, revestida da glória de Deus.
A luz que brilhava
sobre ela era semelhante a uma pedra preciosa, ao jaspe quando se
parece com o cristal; e estava rodeada por muro grande e alto, com doze
portas, e nas portas, doze anjos, e com uns nomes gravados que são os
nomes das doze tribos de Israel, três destas portas estavam a oriente,
três ao norte, três ao sul e três a ocidente. E não vi templo algum
nela, porque o Senhor Todo Poderoso e o Cordeiro são o templo. E a cidade não precisa de sol, ou lua para a iluminar, porque a glória de Deus brilha sobre ela e sua lâmpada é o Cordeiro.
E
as nações caminharão à sua luz, e os reis da terra lhe trarão o seu
tributo de louvor e honra, e as portas não se fecharão jamais (não
haverá nela noite). As nações entrarão nela com honra e louvor… Assim
seja. Vem, Senhor Jesus. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém. (Ap 21, 9-14; 22-26; 22, 20-21)
A esse infatigável missionário inglês atribui-se o mérito de haver
tornado possível, com a evangelização dos povos germânicos de além Reno,
a organização política e social européia, concretizada pouco depois por
Carlos Magno. Vinfrido, que receberá o nome do mártir Bonifácio em 719, quando o papa
Gregório II lhe confiar a missão entre as populações germânicas, nasceu
em Crediton, no Devon. Aos cinco anos ingressou no mosteiro beneditino
de Exter.
Ordenado sacerdote em Winchester, seguindo o exemplo dos monges ingleses
e irlandeses, dirigiu-se ao continente impelido pelo desejo de levar o
Evangelho às populações pagãs da Europa central. As circunstâncias não
lhe foram favoráveis. Voltou dois anos depois, munido desta vez da
aprovação e do mandato do papa, que lhe entregou uma carta de
recomendação endereçada ao poderoso Carlos Martel, rei dos francos.
Bonifácio trabalhou por um par de anos ao lado de Vilibrordo, outro
célebre missionário, visitando a Baviera, a Turíngia e a Frísia, e
batizando milhares de pagãos. O papa Gregório II apreciou a obra do
dinâmico missionário e o convocou a Roma, nomeando-o em 722 bispo de
toda a Germânia transrenana. De 724 a 731, Bonifácio dedicou-se à
evangelização da Saxônia, cujas populações eram inteiramente pagãs.
Nessa difusão foi coadjuvado por missionários ingleses e irlandeses que
ele deixava depois para continuar a obra nas várias missões.
Os sacerdotes adaptavam-se a fazer de tudo um pouco: professores,
carpinteiros, enfermeiros. Alguns foram postos à frente de mosteiros
fundados pelo santo bispo, agora arcebispo de Mogúncia, depois que o
novo papa Gregório III lhe enviou de Roma o pálio com autoridade de
ordenar outros bispos nos territórios evangelizados.
Em 753 elegeu seu fiel discípulo Lul para coadjutor na sede de Mogúncia,
e partiu para a última missão na Frísia. Desceu com algumas embarcações
ao longo do Reno e se dirigiu a Dokkum, onde se haviam reunido
numerosos neófitos para a crisma no dia de Pentecostes. Durante a
celebração de 5 de junho, uma turba de frisões, armados de espada,
irrompeu no acampamento. Bonifácio tomou como escudo o evangeliário, mas
um golpe de espada talhou em dois o livro e fendeu a cabeça do
infatigável ancião. O bispo Lul transportou seu corpo para o mosteiro
fundado pelo santo em Fulda, centro propulsor da espiritualidade e da
cultura religiosa da Germânia.
Em
Pentecostes, Cristo se reveste de um novo Corpo: a Igreja. E, assim
como seu corpo físico morreu e ressuscitou, também seu Corpo Místico
“terá, no decurso da história, mil mortes e mil ressurreições”.
Dez dias depois da Ascensão, os Apóstolos encontravam-se reunidos,
esperando o Espírito que lhes ensinaria e revelaria tudo o que Nosso
Senhor lhes tinha ensinado. Durante sua vida pública, Cristo afirmara-lhes que havia de revestir-se de um novo corpo.
Não físico, como o que tomou de Maria; esse corpo está agora
glorificado, à mão direita do Pai. Não seria tampouco um corpo moral,
como uma sociedade cuja unidade deriva da vontade dos homens; mas,
antes, um novo Corpo Social, que estaria ligado a Ele pelo seu Espírito
Celeste, por Ele enviado ao deixar a terra. Cristo referiu-se algumas vezes a este novo Corpo como Reino, ainda
que São Paulo o descrevesse como Corpo, o que se tornava mais facilmente
compreensível para os gentios.
“A Descida do Espírito Santo”, por Ticiano
Ele explicou aos Apóstolos a natureza
deste novo Corpo, que assumiria sete características principais:
Para ser membro desse novo Corpo, os homens têm de nascer para ele;
mas não por meio de um nascimento humano, porque esse faz filhos de
Adão. Para tornar-nos membros do seu novo Corpo, temos de renascer pelo
Espírito, nas águas do batismo que nos tornam filhos adotivos de Deus.
A
unidade entre Ele e este novo Corpo não consiste em lhe cantarmos
hinos, nem em reunir-nos em chás sociais em seu nome, nem em escutar
radiodifusões, mas em participarmos da sua vida: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós… eu sou a videira, e vós os ramos” (Jo 15, 4-5).
O
seu novo Corpo será, como todas as coisas vivas, pequeno a princípio —
até, como Ele disse, “semelhante a um grão de mostarda”; mas crescerá da
simplicidade para a complexidade, até à consumação do mundo. Como Ele
se exprimiu: “Primeiro a erva, depois a espiga, e por fim o grão gerado
na espiga” (Mc 4, 28).
Uma casa cresce de fora para
dentro, na colocação de pedra sobre pedra; organizações humanas crescem
adicionando homem a homem, da circunferência para o centro. O seu Corpo,
disse Cristo, será formado de dentro para fora, como se forma o embrião
no corpo humano. Assim como Ele recebeu a vida do Pai, assim receberiam os fiéis a vida dele. São estas as suas palavras: “Para que também eles sejam um em nós, como tu, Pai, o és em mim, e eu em Ti” (Jo 17, 21).
Nosso Senhor afirmou que teria um só Corpo.
Seria uma monstruosidade espiritual, se tivesse muitos corpos ou uma
dúzia de cabeças. Para o conservar uno, por-lhe-ia à frente um só
pastor, por Ele designado para apascentar os seus cordeiros e ovelhas.
“Haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).
Esse
novo Corpo, segundo as palavras de Cristo, não se tornaria manifesto
aos homens, até ao dia de Pentecostes, em que enviaria o seu Espírito de
Verdade. “Se eu não for, ele não virá a vós” (Jo 16, 7). Tudo,
pois, que começasse a formar-se até vinte e quatro horas depois de
Pentecostes, ou vinte e quatro horas antes, seria uma organização; poderia, talvez, ter um espírito humano, mas não teria o Espírito Divino.
A
observação mais importante acerca do seu Corpo foi que seria odiado
pelo mundo, como Ele. O mundo ama tudo o que é mundano, mas odeia tudo o
que é divino. “Porque vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo
vos odeia” (Jo 15, 19).
O núcleo deste novo Corpo Místico seriam os Apóstolos. Formariam a
matéria-prima. Enviar-lhes-ia o seu Espírito para os vivificar,
possibilitando-os tornarem-se o prolongamento da sua Pessoa. Eles o
representariam, quando Ele partisse. Foi-lhes reservado o privilégio de
evangelizarem o mundo. Esse novo Corpo, de que eles eram o embrião, tornar-se-ia o seu “eu póstumo” e a sua personalidade prolongada através dos séculos.
Durante os cinquenta dias em entre a Ressurreição e a vinda do
Espírito Santo, os Apóstolos assemelhavam-se a elementos num laboratório
químico. A ciência conhece cem por cento dos elementos químicos que
entram na constituição de um corpo humano; mas é incapaz de produzir um
único ser humano, por sua inabilidade em prover o princípio unificador, a
alma. Os Apóstolos não podiam dar vida divina à Igreja, do mesmo modo que os químicos não podem produzir a vida humana. Careciam do Divino Espírito invisível de Deus, para unificar as suas naturezas humanas visíveis. Efetivamente, dez dias depois da Ascensão, o Salvador glorificado no Céu enviou-lhes o seu Espírito, não em forma de livro, mas em línguas de fogo vivo.
Como as células de um corpo formam uma nova vida humana no momento em
que Deus insufla a alma no embrião, assim os Apóstolos apareceram como o
Corpo visível de Cristo, no momento em que o Espírito Santo veio para
os tornar um. Este Corpo Místico, a Igreja, é denominado na tradição e
na Escritura o “Cristo total”, ou a “plenitude de Cristo”.
O novo Corpo de Cristo apareceu então publicamente, à vista dos
homens. Assim como o Filho de Deus se revestiu da natureza humana no
ventre de Maria, sob a sombra protetora do Espírito Santo, assim, em
Pentecostes, Ele tomou um Corpo Místico, no ventre da humanidade, sob a
sombra protetora do Espírito Santo. E assim como antes ensinou, governou
e santificou por meio da sua natureza humana, assim agora continua a ensinar, governar e santificar por meio de outras naturezas humanas unidas no seu Corpo, a Igreja.
Como, porém, este Corpo não é físico como o homem, nem moral como um
clube de recreio, mas celeste e espiritual por causa do Espírito que o
torna um, chama-se Corpo Místico. E assim como o corpo humano é
constituído de milhões e milhões de células e, contudo, é um só porque
vivificado por uma só alma, dirigido por uma cabeça visível e governado
por uma mente invisível, assim este Corpo de Cristo, apesar de formado
de milhões e milhões de pessoas incorporadas em Cristo pelo batismo, é
uno, porque vivificado pelo Espírito Santo de Deus, dirigido por uma cabeça visível e governado por uma Mente invisível, ou Cabeça, que é Cristo Ressuscitado.
O Corpo Místico é a Pessoa de Cristo prolongada. São Paulo chegou à
compreensão desta verdade. De todos os que viveram até agora, talvez
ninguém odiasse tanto a Cristo como Saulo. Os primeiros membros do Corpo
Místico de Cristo pediam a Deus que enviasse alguém para refutá-lo. Deus ouviu a sua oração e enviou Paulo para responder a Saulo.
Um dia, esse perseguidor, exalando ódio, pôs-se a caminho de Damasco
para prender os membros do Corpo Místico de Cristo dessa cidade e
conduzi-los a Jerusalém. Tinham decorrido poucos anos apenas, desde a
Ascensão do Divino Salvador, então glorificado no Céu. Subitamente,
Saulo viu-se cercado por uma grande luz e caiu por terra. Foi despertado
por uma voz, semelhante ao bramido do mar, que dizia: “Saulo, Saulo,
por que me persegues?” (At 9, 4).
O nada ousou perguntar o nome da Onipotência: “Quem és tu, Senhor?”. E a voz respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues” (At 9, 5).
Como era possível Saulo perseguir a Nosso Senhor, que estava glorificado no Céu? Por que dizia a voz do Céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Se alguém tropeçasse num móvel, não se queixaria a cabeça, uma vez que o pé faz parte do corpo?
Assim, dizia agora o Senhor, ao ferir o seu Corpo, Paulo estava ferindo
a Ele. Ao ser perseguido o Corpo de Cristo, era Cristo, Cabeça
invisível, que se levantava para falar e protestar. O Corpo Místico de
Cristo, portanto, não está entre Cristo e o indivíduo, do mesmo modo que
o seu Corpo físico não esteve entre Madalena e o perdão que lhe
concedeu, ou a sua mão entre as crianças e a bênção que lhes deitou. Foi
por meio do seu Corpo humano que Ele veio aos homens em sua vida
individual; é por meio de seu Corpo Místico, ou de sua Igreja, que Ele vem aos homens em sua vida mística incorporada.
Cristo está vivo agora! Ele continua agora a ensinar, a governar, a santificar — como fez na Judeia e na Galileia.
O seu Corpo Místico, a Igreja, existiu por todo o Império Romano antes que um único dos Evangelhos fosse escrito.
Foi o Novo Testamento que veio da Igreja, e não a Igreja que veio do
Novo Testamento. Este Corpo possuía os quatro sinais distintivos da
vida:
tinha unidade, porque vivificado por uma só Alma, um só
Espírito, dom do Pentecostes. E se a unidade em doutrina e autoridade é
a força centrípeta que torna a vida da Igreja una,
a catolicidade é a força centrífuga que a habilita a expandir-se e a absorver a humanidade remida, sem distinção de raça ou cor.
A terceira nota da Igreja é a santidade,
que lhe assegura duração, contanto que se conserve sã, pura e livre da
peste da heresia e do cisma. Esta santidade não está em cada membro,
mas, antes, na Igreja inteira. E porque a alma da Igreja é o Espírito Santo, será Ele o instrumento divino da santificação das almas.
A luz do sol não se polui quando os raios atravessam uma janela suja;
do mesmo modo, os sacramentos não perdem a sua eficácia santificadora,
mesmo quando os instrumentos humanos desses sacramentos se encontram
manchados.
Finalmente, temos a obra da apostolicidade. Em biologia, omne vivum ex vivo, ou “toda vida vem da vida”. Assim, também, o Corpo Místico de Cristo é apostólico, porque historicamente está enraizado em Cristo, e não em um homem separado dele pelos séculos.
Foi por isso que a Igreja nascente se reuniu para eleger um sucessor de
Judas, testemunha da Ressurreição e companheiro dos Apóstolos. “Há
homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus
viveu no meio de nós, começando desde o batismo de João até ao tempo em
que Jesus se apartou de nós. Agora, é preciso que um deles se junte a
nós para ser testemunha da sua Ressurreição” (At 1, 21-22).
Assim, Cristo, que se “esvaziou” a si mesmo na Encarnação, teve agora a sua “plenitude” no Pentecostes. A kenosis, ou humilhação, é uma das facetas da sua Pessoa; o pleroma,
ou a continuação de sua vida, na sua Noiva, Esposa, em seu Corpo
Místico, a Igreja, é outra. Assim como o desaparecimento da luz e do
calor do sol faz a terra gritar pela sua energia radiante, assim o
abatimento do amor de Cristo encontra o seu complemento no que São Paulo
chama a sua “plenitude” — a Igreja.
Muita gente julga que acreditaria em Cristo, se tivesse vivido no seu
tempo. Mas a verdade é que isso não lhes traria grande vantagem. Aqueles
que agora não o reconhecem como divino, vivo no seu Corpo Místico,
também não o reconheceriam como divino, vivo no seu Corpo físico.
Se há escândalos nas células do seu Corpo Místico, também houve
escândalos no seu Corpo físico; num e noutro caso, sobressai de tal modo
o humano, que em momentos de fraqueza ou Crucifixão, é necessária uma
força moral para descobrir a Divindade.
Nos tempos da Galileia, era necessária uma fé apoiada em motivos de
credibilidade para acreditar no Reino que Ele vinha estabelecer, ou no
seu Corpo Místico, através do qual Ele santificaria os homens por seu
Espírito, depois da Crucificação. Hoje, requer-se uma fé apoiada nos
mesmos motivos de credibilidade, para acreditar na Cabeça, ou Cristo
invisível, o qual governa, ensina e santifica por meio da sua Cabeça
visível e do seu Corpo, a Igreja. Num e noutro caso, é preciso
“levantar-se”. Nosso Senhor disse a Nicodemos que, para remir os homens,
tinha de ser “levantado” na Cruz; para santificar os homens no
Espírito, teve de “elevar-se” ao Céu na Ascensão.
Pecados, escândalos e a santidade da Igreja Imaculada
Cristo continua, pois, a andar pelo mundo, no seu Corpo Místico, como andava outrora no seu Corpo físico.
O Evangelho foi a pré-história da Igreja, como a Igreja é a
pós-história do Evangelho. Continuam a ser-lhe negadas as estalagens,
como em Belém; novos Herodes, com nomes soviéticos e chineses, perseguem-no com a espada; surgem outros Satãs, tentando desviá-lo do caminho da Cruz e da mortificação, pelos atalhos da popularidade; oferecem-lhe Domingos de Ramos de grandes triunfos, mas só como prelúdios de Sextas-feiras Santas;
atiram contra Ele novas acusações (e não raro pelas pessoas religiosas,
como no seu tempo) — que é inimigo de César, antipatriota, pervertedor
da nação; de fora é apedrejado, de dentro atacado por falsos irmãos; não faltam sequer os Judas escolhidos para Apóstolos, que o atraiçoam e o entregam ao inimigo;
alguns dos discípulos que se gloriavam do seu nome já abandonaram a sua
companhia, porque — como fizeram os seus antecessores — acham que a sua
doutrina, particularmente no que diz respeito ao Pão da Vida, é “dura”.
Mas, por que não há morte sem Ressurreição, o seu Corpo Místico terá, no decurso da história, mil mortes e mil Ressurreições.
Os sinos dobrarão continuamente pela sua execução, mas a execução será
eternamente adiada. Virá, finalmente, o dia em que se levantará uma
perseguição universal contra o seu Corpo Místico, e será levado à morte
como foi antes, “padecendo sob Pôncio Pilatos”, padecendo sob o poder onipotente do Estado.
Mas, no fim, cumprir-se-á tudo o que estava predito de Abraão e
Jerusalém, na sua perfeição espiritual, quando Ele for glorificado no
seu Corpo Místico, como foi glorificado no seu Corpo físico. Foi assim
que João Apóstolo o descreveu:
“Vem comigo”, disse ele, “e eu te mostrarei a esposa cujo
esposo é o Cordeiro”. E ele transportou-me em espírito a uma grande
montanha e me mostrou a Cidade Santa de Jerusalém que descia do Céu da
presença de Deus, revestida da glória de Deus.
A luz que brilhava
sobre ela era semelhante a uma pedra preciosa, ao jaspe quando se
parece com o cristal; e estava rodeada por muro grande e alto, com doze
portas, e nas portas, doze anjos, e com uns nomes gravados que são os
nomes das doze tribos de Israel, três destas portas estavam a oriente,
três ao norte, três ao sul e três a ocidente. E não vi templo algum
nela, porque o Senhor Todo Poderoso e o Cordeiro são o templo. E a cidade não precisa de sol, ou lua para a iluminar, porque a glória de Deus brilha sobre ela e sua lâmpada é o Cordeiro.
E
as nações caminharão à sua luz, e os reis da terra lhe trarão o seu
tributo de louvor e honra, e as portas não se fecharão jamais (não
haverá nela noite). As nações entrarão nela com honra e louvor… Assim
seja. Vem, Senhor Jesus. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém. (Ap 21, 9-14; 22-26; 22, 20-21)