Líder da Igreja Católica na Escócia defende casamento de padres
Escocês disse acreditar que pode ser a hora de um Pontífice mais jovem e originário do país em desenvolvimento
Um dia depois da Igreja Católica alemã anunciar que aceitará o uso de
certos tipos de “pílula do dia seguinte” para mulheres estupradas, o
cardeal Keith O’Brien, líder da Igreja Católica na Escócia, disse nesta
sexta-feira que padres deveriam poder se casar. O’Brien, que participa
do conclave que irá escolher o substituto do papa Bento XVI no próximo
mês, afirmou, no entanto, que algumas questões, como aborto e eutanásia,
são “crenças dogmáticas básicas, de origem divina”, que a Igreja jamais
poderá aceitar.
No meu tempo não havia escolha e você não pensava muito sobre isso,
era parte de ser padre - disse o cardeal, em entrevista à BBC na
Escócia. - Eu ficaria muito feliz se outros tivessem a oportunidade de
refletir sobre se poderiam ou gostariam de se casar. É um mundo livre, e
percebi que muitos padres acham muito difícil lidar com o celibato e
sentem necessidade de uma companhia, de uma mulher, com quem possam se
casar e criar uma família.
Nesta quinta-feira, num caso que despertou forte debate nos últimos dias, a Igreja Católica da Alemanha decidiu ao fim de uma reunião de quatro dias que os hospitais administrados pela instituição poderão prescrever a pílula do dia seguinte para vítimas de estupro. Após um caso que indignou a opinião pública no país - dois hospitais católicos em Colônia recusaram uma vítima de estupro por não poderem usar o contraceptivo -, a Conferência Episcopal Alemã afirmou que hospitais mantidos pela Igreja irão assegurar o tratamento médico, psicológico e emocional adequado para as vítimas.
Na entrevista a BBC, O’Brien também falou de sua surpresa com a renúncia de Bento XVI - que anunciou que irá deixar o posto em 28 de fevereiro. O cardeal disse acreditar que pode ser a hora de um Pontífice mais jovem e originário do mundo em desenvolvimento, onde a fé católica está prosperando. - Eu estaria aberto a um Papa de qualquer lugar caso pense que é o homem certo, seja da Europa, da Ásia, da África ou de qualquer outro luga. Após ter um papa da Europa por tanto tempo - centenas de anos - é algo sobre o que os cardeais devem pensar seriamente.
Igreja alemã vai permitir uso de contraceptivo em caso de estupro
Medicamentos abortivos continuam proibidos em hospitais da instituição
Num caso que despertou forte debate nos últimos dias, a Igreja Católica da Alemanha decidiu ao fim de uma reunião de quatro dias que os hospitais administrados pela instituição poderão prescrever a chamada pílula do dia seguinte para vítimas de estupro. Reunidos na cidade de Trier, eles ressaltaram, no entanto, que os hospitais católicos continuam proibidos de usar medicamentos que levem à morte do embrião.
A Igreja estava sob pressão na Alemanha para esclarecer sua posição após dois hospitais católicos em Colônia recusarem uma vítima de estupro por não poderem usar o contraceptivo. O fato gerou uma forte reação entre os alemães e levou o arcebispo de Colônia, o cardeal Joachim Meisner, dizer no mês passado que ficou “profundamente envergonhado com o incidente porque ele vai contra a missão cristã”.Agora, os hospitais católicos deverão garantir assistência médica e psicológica às vítimas de estupro, incluindo pílulas que evitem a gravidez, mas que não induzam ao aborto, informou a Conferência de Bispos. - Vítimas de estupro receberão o tratamento humano, médico e pastoral adequado - declarou o arcebispo Robert Zollitsch. - Isso inclui medicação com a pílula do dia seguinte, desde que não tenha efeito abortivo.
Isso significa que a Igreja Católica continua contrária métodos contraceptivos artificiais, mas que na Alemanha ela faz uma diferenciação entre substâncias que evitem que o espermatozoide fecunde o óvulo e as que interrompem a gravidez em vítimas de estupro. O caso que provocou mudança na posição da Igreja alemã se refere a uma jovem de 25 anos, que foi drogada e estuprada numa festa. Seu médico a encaminhou a hospitais católicos de Colônia para exames, mas eles se recusaram a tratá-la porque não poderiam prescrever a pílula. Ela acabou sendo tratada num hospital protestante.
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