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quinta-feira, 14 de março de 2013

‘Sou um pecador, mas, como essa tarefa me foi dada, aceito’, disse Bergoglio

Ao aceitar escolha, Papa afirmou ser um ‘pecador’

Na primeira votação, argentino já teria saído na frente

“Sou um pecador, mas, como essa tarefa me foi dada, aceito”. Com essa frase, o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, teria aceitado a escolha dos cardeais eleitores, na quinta votação, que lhe deu os dois terços de votos necessários para convertê-lo no primeiro Pontífice jesuíta e latino-americano. Passado o susto da escolha, que pegou praticamente todo o mundo de surpresa, alguns cardeais presentes no conclave explicam como o Papa do “fim do mundo” foi eleito. Segundo a imprensa italiana, a candidatura de Bergoglio ganhou força na noite de terça-feira.

 

 O recém eleito Papa Francisco no dia seguinte a sua eleição: ascendência italiana teria pesado na escolha dos cardeais ALESSANDRO BIANCHI / REUTERS

A primeira votação não chegou a um nome, segundo o cardeal irlandês Sean Brady. Mas de acordo com o jornal “La Stampa”, nem bem a fumaça preta havia se dissipado, começaram reuniões informais na Casa de Santa Marta, onde os religiosos estavam hospedados. Num desses encontros, o argentino teria recebido o apoio dos influentes italianos Giovanni Re e Tarcisio Bertone, este também camerlengo. - Quando acabou, ficou claro que as preferências eram bem variadas - disse Brady, líder da Igreja na Irlanda. - Houve vários candidatos.

Na manhã de quarta-feira, após três votações, os eleitores fizeram uma nova procissão e repetiram o ritual. A vitória de Bergoglio começou a se desenhar já na noite anterior, quando ele obteve o maior número de votos no primeiro escrutínio, embora o resultado tivesse sido pulverizado demais para consolidar a maioria absoluta. - Quando você anda com a cédula na mão e para em frente ao afresco do “Juízo Final” é uma grande responsabilidade - disse o cardeal americano, Sean O’Malley à agência AP.

Durante o almoço de quarta-feira, O’Malley se sentou com Bergoglio. Com a votação inclinando-se a seu favor, o arcebispo de Buenos Aires, sempre sorridente, já se mostrava sombrio. - Ele é muito acessível, muito amigável. Tem um bom sentido de humor, é diligente. É muito agradável estar com ele.

Na primeira votação da tarde, os cardeais chegaram bem perto de uma decisão. Mas ainda não totalmente. Começaram então a última eleição. Enquanto eles liam as cédula, os religiosos começaram a se dar conta que haviam chegado ao nome de Bergoglio. - Foi um momento muito comovente, à medida que se escutavam os nomes - disse o irlandês Sean Brady. - Bergoglio... Bergoglio... e de repente chegamos ao número mágico de 77.

Os cardeais aplaudiram. Timothy Dolan, de Nova York, disse que todos os presentes se emocionaram. - Não acreditado que tenha havido um olho seco na casa (capela) - disse.
Bergoglio anunciou o nome que assumiria - Francisco - e foi se vestir com a indumentária papal na “Sala das Lágrimas”, uma sacristia que tem esse nome porque muitos outros Papas choraram diante da imensidão da tarefa que lhes aguardava. Quando Bergoglio voltou ao recinto, já como líder da Igreja, seu primeiro ato foi caminhar até um cardeal em cadeira de rodas na parte dos fundos da capela, para saudá-lo, contou o irlandês.

Os assistentes levaram uma plataforma com uma cadeira branca para que Francisco se sentasse, enquanto os outros iam um a um expressar seu respeito. Ele recusou o assento especial. - Sentou-se conosco, no mesmo nível - afirmou Dolan. - Senti uma estranha emoção ao beijar seu anel de Papa. É muito difícil explicar.

Era o momento de enfrentar o público. Mais de 100 mil pessoas se reuniram na Praça São Pedro, e da sacada, Francisco se preparava para recebê-los. Trabalhadores do Vaticano fizeram fila para apertar sua mão, mas o Papa se preocupava com atraso. - Havia muitas pessoas lá fora na chuva, e ele não queria que esperassem muito - contou o cardeal americano.

Previsões erradas
Após o anúncio, a primeira providência dos jornais foi desconstruir as próprias previsões, que apontavam principalmente para Scola e para o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Para o “La Stampa”, Scola se revelou um “gigante com pés de barro” ao não conseguir formar consenso em torno de seu nome mesmo entre os 28 cardeais italianos. Contra ele teriam pesado a forte oposição da Cúria romana - em especial de Bertone e do cardeal italiano Angelo Sodano - e suas próprias ligações com o Comunhão e Libertação (CL), um movimento carismático italiano com fortes e controvertidas ligações com políticos.

Paralelamente, diz o jornal, ganhou impulso o movimento pela eleição de um Papa do Novo Mundo, uma vez que a grande força da Igreja Católica se encontra hoje na África, na Ásia e, principalmente, nas Américas. Ou, como disse um cardeal africano que o “La Stampa” citou sem relevar a identidade: “Não é possível ter o pastor na montanha e o rebanho no vale”. Ao mesmo tempo, a Igreja latino-americana vem perdendo fiéis de forma crescente para seitas neopentecostais. Um Papa do continente poderia dar novo ânimo aos católicos locais.

Porém, mesmo entre os cardeais das Américas, Bergoglio não era o mais cotado. Os vaticanistas citavam sempre, além de Scherer, o canadense Marc Ouellet e os americanos Timothy Dolan e Sean O’Malley. Embora tivesse sido o segundo mais votado no conclave que elegeu Bento XVI, em 2005, os analistas acreditavam que a idade, 76 anos, pesava contra o argentino, além do fato de um jesuíta jamais ter chegado ao Trono de São Pedro.

O “La Stampa” lembra que, além da boa votação em 2005, Bergoglio atraiu a simpatia de um bom número de cardeais por sua fama de austero na condução da igreja argentina. Bento XVI, diz o jornal, nunca escondeu seu apreço pelo jesuíta. Já o analista Vittorio Messori, do “Corriere della Sera”, avalia que a ascendência italiana do novo Papa, que é filho de imigrantes napolitanos, e seu bom trânsito em Roma pesaram entre os europeus. Na visão deles, o agora Papa Francisco vai inflamar o rebanho em casa e ter a austeridade para enfrentar as crises que assolam a igreja.

Novo papa é ferrenho opositor do casamento gay, mas defende batismo de filhos de mães solteiras



Pontífice de 76 anos foi eleito nesta quarta-feira

O novo Papa Francisco tem opiniões bem marcadas a respeito de assuntos polêmicos e, por exemplo, se opôs às leis de casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao reconhecimento da identidade dos travestis e transexuais aprovados na Argentina.

A seguir, as posições do novo pontífice:

CASAMENTO GAY: foi um tenaz opositor à lei do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo aprovada em julho de 2010 na Argentina com apoio do governo e que foi a primeira do tipo na América Latina.  "Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é a pretensão destrutiva ao plano de Deus", disse Bergoglio pouco antes da sanção da lei.

O padre Nicolás Alessio (53 anos) foi expulso do Tribunal Interdiocesano de Córdoba (norte) por apoiar o casamento gay.

IDENTIDADE DE GÊNERO: também foi contrário à lei de identidade de gênero aprovada em maio de 2012 e que autoriza travestis e transexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido.

EUTANÁSIA: contrário à eutanásia. Chegou a declarar que "na Argentina se aplica a pena de morte" no caso do aborto e a "eutanásia acobertada" em idosos enfermos.

PRESERVATIVOS: contrário, assim como a Igreja, incluindo como forma de prevenção à Aids.

BATISMO: em 2012 pediu a padres de 11 dioceses de Buenos Aires que batizassem todos os bebês, incluindo os nascidos de uma relação extraconjugal.

ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA: três padres católicos foram condenados desde 2002 na Argentina por abuso sexual de menores com penas de entre oito e 24 anos de prisão, enquanto dois bispos renunciaram por envolvimento em escândalos sexuais.  Em todos os casos, a Igreja evitou fazer comentários e disse que acataria as decisões da justiça.

PAPEL NA DITADURA: Bergoglio recebe críticas por supostamente não ter protegido dois padres jesuítas que foram sequestrados em 1976, durante o último regime militar (1976/83), e depois liberados.

MEIO AMBIENTE: aqueles que o conhecem dizem que é um defensor do meio ambiente.

REFORMAS NA IGREJA: para o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, "não se vislumbra que (Bergoglio) possa promover mudanças estruturais a respeito da posição tradicional da Igreja sobre o uso do preservativo, a anticoncepção hormonal de emergência, a eliminação do celibato".

O mesmo para "o papel das mulheres na Igreja, o tratamento às pessoas divorciadas ou aos homossexuais, a liberação do aborto".

GLOBALIZAÇÃO E POLITICA: o novo Papa aceita a globalização, mas advertiu que "tem seus perigos". "Não podemos renegar da cultura de nossos povos. Este é o grande perigo" que a globalização traz consigo, destacou Bergoglio.

Defendeu ainda o trabalho dos laicos na política e definiu "a política como a tarefa do bem comum, ao contrário das ideologias, que sempre engendram violência".

COMUNISMO E LIBERALISMO: o Papa Francisco expôs suas críticas tanto ao comunismo como ao liberalismo e destacou que, "assim como comunismo caiu por suas contradições internas, este liberalismo também vai cair por suas contradições internas" e advertiu que "não devemos nos resignar a aceitar passivamente a tirania do econômico. A tarefa não deve reduzir-se a que as contas fechem para tranquilizar os mercados". Também defendeu um trabalho maior sobre a sociedade.

Fonte: AFP

Primeira missa do papa Francisco com cardeais é celebrada na Capela Sistina



Durante a manhã, ele foi a uma basílica romana para orar em particular diante da Virgem e homenageá-la, momento em que pediu que todos orassem por ele
O papa Francisco começou na tarde desta quinta-feira (14/3) a primeira missa como pontífice na Capela Sistina com os cardeais eleitores. Vestido com os paramentos dourados e com a mitra, o Papa entrou na Capela do Vaticano acompanhado dos 114 cardeais eleitores que na quarta-feira o converteram no primeiro pontífice latino-americano da história. Na Praça de São Pedro, milhares de fiéis acompanharam o momento solene por telões.
"Quando caminhamos sem a cruz, edificamos sem a cruz e confessamos com Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos mundanos, bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor", disse o Papa ao se referir aos desafios da Igreja.

O pontífice iniciou nesta manhã o primeiro dia como pontífice indo a uma basílica romana para orar em particular diante da Virgem e homenageá-la com um ramo de flores. Ele permaneceu 20 minutos ante a imagem antiga da Virgem e depositou um ramo de flores, bem simples, de acordo com um um dos 15 seminaristas, freiras e padres que assistiram à primeira atividade do Papa fora do Vaticano.

"Orem pelo Papa", pediu, em italiano, da mesma maneira que o fez na véspera, diante da multidão entusiasmada que o recepcionou na Praça de São Pedro, um gesto surpreendente, quase uma revolução para o líder de uma Igreja com 1,2 bilhão de católicos, ao pedir ao mundo que abençoasse seu bispo e não oferecendo sua bênção ao mundo. "Rezem por mim e nos veremos em breve. Amanhã pedirei à Virgem que proteja Roma. Boa noite a todos e descansem", anunciou nessa primeira mensagem como pontífice, transmitida ao vivo pelos canais de TV mundiais. 


Clique para ver o 'primeiro dia do Papa Francisco'


Fonte: Correio Braziliense

Presidente da CNBB nega que papa tenha sido conivente com ditadura

Segundo dom Damasceno, durante a ditadura, Jorge Mario Bergoglio era sacerdote jesuíta e as suspeitas sobre sua posição em favor da ditadura não correspondem ao temperamento dele


O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, negou nesta quinta-feira (14/3) que o papa Francisco tenha sido omisso ou conivente com a ditadura na Argentina, entre 1966 e 1973. O arcebispo disse ter convivido com o papa Francisco em vários eventos, como por exemplo uma reunião de bispos latino-americanos em Aparecida do Norte (SP).


   Papa Francisco reza na Basílica de Santa Maria Maior durante visita privada


Segundo dom Damasceno, durante a ditadura, Jorge Mario Bergoglio era sacerdote jesuíta e as suspeitas sobre sua posição em favor da ditadura não correspondem ao temperamento dele. “Essa versão certamente não coaduna com a verdade”, disse ele. “ele é um verdadeiro pastor, um homem de solidariedade.”


Na Argentina, no entanto, organizações de direitos humanos divulgaram ontem (13) informações de que o papa Francisco invocou o direito que há na legislação argentina de se recusar a aparecer em tribunais que julgavam torturas e assassinatos cometidos pelo governo ditatorial argentino. 


Já o jornal argentino Clarín informou que o papa, ao contrário do que afirmam as organizações de direitos humanos, assumiu riscos para salvar os que lutavam contra a ditadura. Uma biografia autorizada sobre o atual papa foi escrita e chama-se O Jesuíta.

O arcebispo brasileiro ressaltou que o momento é para olhar o papa “daqui para frente”. Dom Damasceno disse não conhecer em detalhes os aspectos da ditadura argentina. Mas que o fundamental é observar os atos do papa a partir de sua eleição.

Papa Francisco começa o dia rezando em igreja romana

Em 1° dia como Papa, Francisco visita basílica de Nossa Senhor

Sumo Pontífice deve visitar Bento XVI ainda hoje
Nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira, o Papa argentino Francisco levantou calmamente, tomou café com antigos colegas e foi à Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, rezar a Nossa Senhora por seu pontificado. Sorridente, ele deixou a residência Santa Martha - onde ele e os outros cardeais passaram a noite - ao lado do cardeal Agostino Vallini e do prefeito da Casa Pontifícia e secretário pessoal de Bento XVI, Georg Gänswein. 
A Basílica de Santa Maria Maggiore é a igreja mais antiga do mundo dedicada a Maria. Francisco passou pouco tempo no local. Ele rezou diante de uma imagem da santa chamada Salus Populi Romani, ou Protetora do Povo Romano, cumprindo o desejo que tinha anunciado na varanda central da basílica de São Pedro:  - Amanhã, quero ir rezar a Nossa Senhora, para que abençoe toda a cidade de Roma - afirmou em seu primeiro discurso como Pontífice.

Ao deixar a basílica, ele acenou alegremente ao dizer “Misericórdia, misericórdia”. No regresso ao Vaticano, o Papa voltou ao quarto onde estava instalado para recolher seus pertences. Ao cumprimentar o pessoal, mostrava-se descontraído e cordial.

Ainda nesta quinta-feira, o argentino deve visitar o Papa Emérito Bento XVI, com quem conversou por telefone na noite de quarta-feira. Na parte da tarde de hoje, na Capela Sistina, às 17h (locais), o Papa preside a Santa Missa com os cardeais eleitores.

O novo Pontífice já tem uma agenda cheia de compromissos nos próximos dias. Na sexta-feira, às 11h (locais), Francisco irá receber em audiência todos os cardeais na Sala Clementina. No dia seguinte, no mesmo horário, participará de audiência com os jornalistas na Sala Paulo VI.

No domingo, Francisco recitará o Angelus do Apartamento Papal, às 12h. A Santa Missa para a solene inauguração do Pontificado será celebrada na Praça São Pedro, na próxima terça-feira, às 9h30m (locais).


Papa Francisco:Perfil de homem modesto esconde uma voz sempre disposta a denunciar a pobreza, a corrupção e a desigualdade social

Assim que tornou-se pública a identidade do novo Papa, rótulos surgiram atrelados ao nome de Jorge Mario Bergoglio. “Flexível”, para quem guarda na memória uma imagem de 2001, quando ele lavou e beijou os pés de 12 pacientes com Aids durante visita a um hospital. “Conservador moderado”, na definição de alas da Igreja que veem no argentino alguém que conseguiu conter o avanço de correntes liberais entre os jesuítas, ao mesmo tempo em que representa as mazelas do mundo em desenvolvimento. “Ultraconservador” é a aposta dos argentinos que lembram do então arcebispo de Buenos Aires combativo, firmemente contrário à adoção do casamento gay no país em 2010. E “incógnita”, para quem recorda o ataque desferido em setembro passado contra padres que se recusaram a batizar crianças nascidas fora do casamento na Argentina. O adjetivo que melhor parece definir o ex-arcebispo de Buenos Aires, porém, é outro — humilde. 

Aos 76 anos, o primeiro Pontífice jesuíta e latino-americano é conhecido como um intelectual politizado, que desprezou o conforto da moradia oficial da arquidiocese para viver num quartinho simples no segundo andar de um prédio anexo à Catedral de Buenos Aires. Abriu mão de carros oficiais e viajava de ônibus e metrô para realizar seu trabalho pastoral, sendo fiel aos votos de pobreza de São Francisco de Assis, a quem homenageou quando aceitou ontem tornar-se o Papa Francisco. E quem o conhece já questiona como alguém tão modesto vai se adequar à suntuosidade do Vaticano.

Biografia bem antes de chegar à Santa Sé
A retrospectiva da vida de Papa Francisco vai mesmo ao encontro da primeira impressão deixada ontem. No primeiro discurso diante de milhares de fiéis que se aglomeraram na Praça de São Pedro, ele exalou tranquilidade e deixou escapar sorrisos. Passou a imagem de um Pontífice bem-humorado e até brincalhão, que não titubeou ao dizer que a Igreja fora buscá-lo “quase no fim do mundo”. Humano.

Os jornalistas Sergio Rubín, um argentino especializado em religião, e a italiana Francesca Ambrogetti, radicada em Roma, concordam. Desde 2005, a dupla percebeu a personalidade intrigante do cardeal que quase foi eleito Papa e escreveu sua biografia, “O Jesuíta”, lançada em 2010. Baseado numa série de encontros com o então cardeal, o livro relata um Bergoglio quase caricato para um argentino: fã de tango e torcedor apaixonado do San Lorenzo de Almagro, um dos cinco maiores clubes de futebol local, fundado, curiosamente, por um padre salesiano, Lorenzo Massa.

A dupla garante, ainda, que Papa Francisco é bem-humorado, do tipo que conta piadas sobre religião e até sobre os padres. E também gosta de cozinhar a própria comida, tarefa que aprendeu ainda menino, com a mãe.
— Bem, nunca matei ninguém — disse ele, certa vez, em tom de galhofa, sobre o resultado de suas experiências culinárias.

Colegas contam que, nas reuniões do Vaticano, o então cardeal gostava de se sentar nas últimas fileiras. Tentava a todo custo se manter discreto, mas, desde 2005, isso ficou difícil. E a analogia ao futebol é adequada: no conclave que elegeu o cardeal Joseph Ratzinger, fora justamente o jesuíta argentino seu principal desafiante. Segundo um diário anônimo do conclave, que vazou à imprensa em setembro daquele ano, Bergoglio teria recebido 40 votos na terceira votação. Mas acabou desistindo da disputa, em parte, devido a uma denúncia que manchou sua reputação três dias antes da abertura do conclave. Um advogado de direitos humanos entrara com uma ação na Justiça acusando o arcebispo de Buenos Aires de cumplicidade no sequestro de dois padres jesuítas em 1976, sob a ditadura militar argentina. Segundo o vaticanista John Allen Jr., ele também foi vítima de uma campanha negativa por e-mail, aparentemente orquestrada por colegas da Companhia de Jesus. Ele negou veementemente todas as acusações.

Até o fato de ter renunciado àquela disputa com Ratzinger parece ter-lhe rendido pontos na Cúria Romana — ainda que não ele seja um homem de carreira nos círculos administrativos da Igreja. Numa entrevista ao diário “La Stampa”, no ano passado, deu sinais de estar ciente dos problemas da contestada Cúria. Mas apontou-os com sutileza.

— O carreirismo e a busca de uma promoção vêm sob a categoria do mundanismo espiritual. A Cúria Romana tem seus pontos negativos, mas eu acho que muita ênfase é colocada nesses aspectos negativos, e não na santidade dos numerosos sacerdotes e leigos que trabalham nela — declarou.

Esse tom conciliador parece se refletir na própria escolha de Bergoglio para o Trono de Pedro. Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, ele é filho de um ferroviário italiano que emigrou de Turim para a Argentina, onde teve cinco filhos — uma eleição certeira, capaz de apaziguar a majoritária ala italiana da Cúria ao mesmo tempo que acena para o mundo em desenvolvimento.

Sem pulmão, mas com fôlego para a política
O jovem Bergoglio sonhava em ser químico e chegou a completar um curso técnico. Mas, aos 21 anos, optou pelo sacerdócio e, em 1958, entrou na Companhia de Jesus — dez anos depois de perder um dos pulmões devido a uma infecção respiratória. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, durante a ditadura argentina, ascendeu ao comando provincial dos jesuítas.

O novo Pontífice fala espanhol, italiano e alemão. Construiu toda sua carreira eclesiástica na Argentina — exceto por dois breves períodos vividos no Chile e na Alemanha, onde estudou. Amante da poesia e dos livros, ele revelou a seus biógrafos ser um leitor voraz, apreciador de Fiódor Dostoiévski e Jorge Luis Borges, “um sábio, um agnóstico que todas as noites rezava o Pai-Nosso porque havia prometido à mãe”. Até a revista do Partido Comuninista da Argentina era lida com atenção, embora o Papa tenha ressaltado:
— Nunca fui comunista.

Pelo contrário. Ele chegou até a combater os partidários da Teologia da Libertação e os lampejos marxistas nos anos 70, pois fazia questão de se manter fiel ao Evangelho. A batina, porém, não ofuscou sua vocação para a política. Conhecido pelo enfoque no trabalho pastoral e na obra social, Bergoglio fez das críticas a pobreza e corrupção suas marcas registradas.
Teve, desde 2003, embates duros com o governo kirchnerista. Em suas homilias, atacava não só a situação social da Argentina como o “clima de confrontação política” do país. E depois de irritar o ex-presidente Néstor Kirchner em várias ocasiões, a batalha se estendeu à atual presidente e viúva, Cristina Kirchner, que não raro o acusa de ingerência indevida nos assuntos de Estado.

Os dois, aliás, parecem travar uma guerra particular. A militância de Bergoglio não conseguiu impedir a Argentina de tornar-se o primeiro país latino-americano a autorizar o casamento gay, em 2010. Ou barrar determinações do governo de Cristina, autorizando, por exemplo, a distribuição de anticoncepcionais gratuitos. Certa vez, o então arcebispo disse que as adoções de crianças por casais homossexuais eram uma discriminação contra os menores. A presidente reagiu, classificando as declarações como “da época medieval e da Inquisição”.

Bergoglio cometeu algumas faltas, mas foi jogador de peso na arena nacional de seu país. Agora, porém, será testado como numa Copa do Mundo da religião. E com 1,2 bilhão de católicos no planeta, torcida não faltará para que o Papa da Argentina siga a tradição dos gramados: ataque os adversários, faça gols e leve ao Vaticano a inspiração — e a graça — do futebol azul e branco.

Ex-terrorista acusa Papa FRANCISCO - como habitual, sem provas

É um troço asqueroso! Quem acusa o papa Francisco? Um ex-terrorista e atual kirchnerista!


Pronto! O troço já se espalhou mundo afora. Na televisão, há pouco, uma senhora babava de indignação. Por quê? Porque um jornalista chamado Horacio Verbitsky acusa o agora papa Francisco de ter contribuído para a prisão, em 1976, de dois jesuítas que trabalhavam sob o seu comando: Francisco Jalics e Orlando Yorio. Não há uma só prova a respeito, nada, zero! Há apenas a maledicência de Verbitsky a partir de boatos.

O que a imprensa mundo afora não está noticiando é que o senhor Verbitsky pertenceu ao grupo terrorista Montoneros na década de 1970. Ele admite que participou de tiroteios, ressalvando que, “felizmente, ninguém morreu”. Como ele sabe? Também minimiza a sua atuação na organização.

É mesmo? Não e o que sustenta o também jornalista argentino Carlos Manuel Acuña no livro: “Verbitsky — De la Habana a la Fundación Ford” (“Verbitsky, de Havana à Fundação Ford”). Segundo Acuña, o homem que acusa o papa ajudou a desviar para Cuba os US$ 60 milhões que renderam o sequestro dos irmãos Born (Jorge e Juan). Eles foram capturados em 1975 e libertados só em 1976.

O mais asqueroso é que, também na imprensa brasileira, Verbitsky, um puxa-saco do casal Kirchner (Cristina, como se sabe, adora o jornalismo livre…), está sendo chamado de “respeitado jornalista”, sem mais nenhuma referência.

Não há nenhuma evidência, a não ser boataria sem fundamento, de que o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio tenha colaborado com a ditadura. Já a relação de Vesbitsky com os terroristas tem até confissão.

Fonte: Reinaldo Azevedo

Primeira benção do novo Papa Francisco - íntegra

O argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito nesta quarta-feira após cinco reuniões no conclave

O cardeal Jorge Mario Bergoglio, da Argentina, agora Papa Francisco, acena para a multidão na Praça São Pedro DYLAN MARTINEZ / REUTERS


“Queridos irmãos e irmãs, boa noite.
Vocês todos sabem que o dever do Conclave era apontar um bispo de Roma. Me parece que meus irmãos cardeais foram quase até o fim do mundo para consegui-lo... mas aqui estamos. Eu agradeço pela acolhida da comunidade diocesana de Roma.
Primeiro, eu diria uma prece ao nosso bispo emérito Bento 16. Oremos todos juntos por ele, que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o proteja.
(Oração do Pai-Nosso)

E agora, comecemos esta jornada, o bispo e o povo, esta jornada da Igreja de Roma, que preside, em caridade, todas as outras igrejas, uma jornada de fraternidade em amor, de confiança mútua. Oremos sempre uns pelos outros. Oremos pelo mundo todo para que possa haver um senso maior de fraternidade. Minha esperança é que esta jornada da Igreja, que iniciamos hoje, com a ajuda do meu cardeal vigário, seja frutífera para a evangelização desta bela cidade.

E agora eu gostaria de dar a bênção, mas primeiro quero pedir um favor. Antes que o bispo abençoe o povo eu peço que vocês orem para que o Senhor me abençoe – a prece do povo por seu bispo. Façamos esta prece – sua prece por mim – em silêncio.
Darei agora minha bênção a vocês e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade.

Irmãos e irmãs, agora os deixarei. Obrigado por suas boas-vindas. Orem por mim e estarei com vocês de novo em breve. Nos veremos em breve.
Amanhã, quero ir rezar para a Madonna, para que ela proteja Roma.

Boa noite e bom descanso!”.

Após dois dias e cinco reuniões, uma mais que na eleição de Bento XVI, os 115 cardeais eleitores escolheram o argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, para assumir o Trono de Pedro. A escolha surpreendeu os analistas, já que o cardeal de Buenos Aires não constava em nenhuma das listas de papáveis. Ele é o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ser Pontífice. O novo Papa adotou o nome de Francisco.