27º Domingo do Tempo Comum
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10, 2-16
- Aleluia, Aleluia, Aleluia.
- Se amarmos uns aos outros, Deus em nós há de estar; e o seu amor em nós se
aperfeiçoará (1Jo 4,12);
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Marcos:
Naquele tempo: Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua
mulher.
Jesus perguntou: 'O que Moisés vos ordenou?' Os fariseus responderam:
'Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la'. Jesus então
disse: 'Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este
mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem
não separe!'
Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o
mesmo assunto. Jesus respondeu: 'Quem se divorciar de sua mulher e casar com
outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de
seu marido e casar com outro, cometerá adultério'.
Depois disso, traziam
crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. Vendo
isso, Jesus se aborreceu e disse: 'Deixai vir a mim as crianças. Não as
proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos
digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele'. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
- Palavra da Salvação
- Glória a Vós, Senhor
Comentário ao Evangelho por Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Encíclica «Deus charitas est», §9-11
«E os dois serão uma só carne»
A relação de Deus com Israel é ilustrada através das metáforas do noivado e do
matrimónio; consequentemente, a idolatria é adultério e prostituição. [...] O
eros de Deus pelo homem — como dissemos — é ao mesmo tempo totalmente agapê.
[...] O amor apaixonado de Deus pelo seu povo — pelo homem — é ao mesmo tempo
um amor que perdoa. [...] Na Bíblia encontrarmo-nos diante de uma imagem
estritamente metafísica de Deus: Deus é absolutamente a fonte originária de
todo o ser; mas este princípio criador de todas as coisas — o Logos, a razão
primordial — é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro
amor. Deste modo, o eros é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão
purificado que se funde com a agapê.
A primeira novidade da fé bíblica consiste na imagem de
Deus; a segunda, essencialmente ligada a ela, encontramo-la na imagem do homem.
A narração bíblica da criação fala da solidão do primeiro homem, Adão, querendo
Deus pôr a seu lado um auxílio. [...] A ideia de que o homem de algum modo está
incompleto, constitutivamente a caminho a fim de encontrar no outro a parte que
falta para a sua totalidade, isto é, a ideia de que só na comunhão com o outro
sexo pode tornar-se «completo», está sem dúvida presente. E, deste modo, a
narração bíblica conclui com uma profecia sobre Adão: «Por este motivo, o homem
deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne»
(Gn 2,24).
Aqui há dois aspetos importantes: primeiro, o eros está de
certo modo enraizado na própria natureza do homem; Adão anda à procura e «deixa
o pai e a mãe» para encontrar a mulher; só no seu conjunto é que eles
representam a totalidade humana, tornando-se «uma só carne». Não menos
importante é o segundo aspecto: numa orientação baseada na criação, o eros
impele o homem ao matrimónio, a uma ligação caracterizada pela unicidade e para
sempre; é assim, e somente assim, que se realiza a sua finalidade íntima. À
imagem do Deus monoteísta corresponde o matrimónio monogâmico. O matrimónio
baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o ícone do relacionamento de
Deus com o seu povo e, vice-versa, o modo de Deus amar torna-se a medida do
amor humano.
- Se amarmos uns aos outros, Deus em nós há de estar; e o seu amor em nós se aperfeiçoará (1Jo 4,12);
- Glória a Vós, Senhor
Encíclica «Deus charitas est», §9-11
A relação de Deus com Israel é ilustrada através das metáforas do noivado e do matrimónio; consequentemente, a idolatria é adultério e prostituição. [...] O eros de Deus pelo homem — como dissemos — é ao mesmo tempo totalmente agapê. [...] O amor apaixonado de Deus pelo seu povo — pelo homem — é ao mesmo tempo um amor que perdoa. [...] Na Bíblia encontrarmo-nos diante de uma imagem estritamente metafísica de Deus: Deus é absolutamente a fonte originária de todo o ser; mas este princípio criador de todas as coisas — o Logos, a razão primordial — é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro amor. Deste modo, o eros é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão purificado que se funde com a agapê.
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