Santo Estêvão
O primeiro que derramou seu sangue por causa da fé cristã foi Estêvão, considerado por isso o proto mártir.
Vividos os eventos da Paixão e Ressurreição, os Doze apóstolos passaram a
pregar o evangelho de Cristo para os hebreus. A inimizade, que estava
apenas abrandada, reavivou, dando início às perseguições mortais aos
seguidores do Messias. Mas com extrema dificuldade eles fundaram a
primeira comunidade cristã, que conseguiu estabelecer-se como um exemplo
vivo da mensagem de Jesus, o amor ao próximo.
Assim, dentro da comunidade, tudo era de todos, tudo era repartido com
todos, todos tinham os mesmos direitos e deveres. Conforme a comunidade
se expandia, aumentavam também as necessidades, de alimentação e de
assistência. Assim, os apóstolos escolheram sete para formarem como
"ministros da caridade", chamados diáconos. Eram eles que administravam
os bens comuns, recolhiam e distribuíam os alimentos para todos da
comunidade. Um dos sete era Estêvão, escolhido porque era "cheio de fé e
do Espírito Santo".
Porém, segundo os registros, Estêvão não se limitava ao trabalho social
de que fora incumbido. Não perdia a chance de divulgar e pregar a
palavra de Cristo, e o fazia com tanto fervor e zelo que chamou a
atenção dos judeus. Pego de surpresa, foi preso e conduzido diante do
sinédrio, onde falsos testemunhos, calúnias e mentiras foram a base de
sustentação para a acusação. As testemunhas informaram que Estêvão dizia
que Jesus de Nazaré prometera destruir o templo sagrado e que também
queria modificar as leis de Deus transmitidas a Moisés.
Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo
relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos
nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir,
ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu
martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição,
tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:
“Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes
sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados
dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da
Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à
sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns
homens que disseram: ‘Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra
Moisés e contra Deus’. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e
apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas
testemunhas que disseram: ‘Este homem não cessa de proferir palavras
contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o
Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou’. E
todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares
sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo”.
Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:
“‘Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos,
resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual
dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a
vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que
recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a
guardastes’. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações
e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo
os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à
direita de Deus e disse: ‘Vejo os céus abertos e o Filho do homem que
está à direita de Deus’. E levantando um grande clamor, fecharam os
olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da
cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos
pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e
dizia: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito’. Depois, tendo posto os
joelhos em terra, gritou em voz alta: ‘Senhor, não lhes contes este
pecado’. E dizendo isto, adormeceu”.
Num discurso iluminado, Estêvão repassou toda a história hebraica, de
Abraão até Salomão, e provou que não blasfemara contra Deus, nem contra
Moisés, nem contra a Lei, nem contra o templo. Teria convencido e sairia
livre. Mas não, seguiu avante com seu discurso e começou a pregar a
palavra de Jesus. Os acusadores, irados, o levaram, aos gritos, para
fora da cidade e o apedrejaram até a morte.
Antes de tombar morto, Estêvão repetiu as palavras de Jesus no Calvário,
pedindo a Deus perdão para seus agressores. Fazia parte desse grupo de
judeus um homem que mais tarde se soube ser o apóstolo Paulo, que, na
época, ainda não estava convertido. O testemunho de santo Estevão não
gera dúvidas, porque sua documentação é histórica, encontra-se num livro
canônico, Atos dos Apóstolos, fazendo parte das Sagradas Escrituras.
Por tudo isso, quando suas relíquias foram encontradas em 415, causaram
forte comoção nos fiéis, dando início a um fervoroso culto de toda a
cristandade. A festa de santo Estevão é celebrada sempre no dia seguinte
ao da festa do Natal de Jesus, justamente para marcar a sua importância
de primeiro mártir de Cristo e um dos sete escolhidos dos apóstolos.
Minha oração
“ Vós que exerceste a excelência da diaconia no serviço do Senhor e na entrega total de si, também nos ensine a servir o Senhor de todo o coração, como aos nossos irmãos com a alegria e santidade. Dai-nos o dom de servir e amar como vós o fizestes pois somos um dom para o outro. Amém.”
Santo Estêvão, rogai por nós!
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