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terça-feira, 31 de março de 2020

31 de março - Santo do dia

Santo Amós
 Entre os grandes profetas de Deus, Amós foi o primeiro a deixar suas mensagens por escrito, encabeçando uma lista onde se sucedem: Oséias, Isaías, Jeremias e outros. Com o desenvolvimento e a popularização da escrita se desenrolando em toda a cultura mundial, no século VIII a.C., as profecias passaram a ser registradas e distribuídas com maior rapidez e eficiência do que com o método oral, expandindo a comunicação da palavra do Criador.

Profetas são pessoas com os pés no chão, profundamente conhecedoras da vida de seu povo e de sua realidade. Conhecem e vivem a realidade, mas são extremamente sensíveis a Deus. Por isso são escolhidos e se tornam anunciadores da vontade de Deus para aquele momento histórico. E por isso denunciam tudo aquilo que fere a vontade de Deus.

Assim, aconteceu com as profecias de Amós que ficaram para a posteridade e pouco sobreviveu de sua história pessoal. Sabe-se ainda que antes de se entregar totalmente à sua religiosidade, Amós foi pastor de ovelhas em Tácua, nos limites do deserto de Judá, não há sequer razão para considerá-lo um proprietário de grandes proporções. Um pequeno sítio talvez, com condições razoáveis para garantir-lhe sustento, a si e sua gente, onde permaneceu muito tempo, pois nem pertencia à corporação oficial dos profetas.

Teve um curto ministério religioso na região de Betel e Samaria, mas foi expulso de Israel e voltou à atividade anterior. Pregou depois durante o reinado de Jeroboão II, entre os anos 783 e 743 antes de Cristo.

Julgam os historiadores que Amós era ainda muito jovem quando recebeu um chamado irresistível de Deus para proclamar suas mensagens. Os Escritos registram também que seu trabalho espiritual abriu uma esperança para o povo, que sentia o peso do Senhor sobre certos habitantes.

Seu ministério profético aconteceu quando o povo de Israel vivia a divisão entre norte e sul. Amós embora originário do sul profetizou no norte, que viveu anos de instabilidade econômica, alternados com anos de prosperidade. Esta que foi construída por alguns para si mesmos, enquanto que outros foram oprimidos. Por um lado havia luxo e fartura; por outro, empobrecimento e miséria.

E Amós deixa claro que junto à tudo isso, vem a decomposição social, a corrupção religiosa e a falsidade no culto. O culto em sua falsidade encobria na verdade o grande pecado: a injustiça social. 


Santo Amós, rogai por nós!

São Benjamim

Nasceu no ano de 394 na Pérsia e, ao ser evangelizado, começou a participar da Igreja ao ponto de descobrir sua vocação ao diaconato.

Serviu a Palavra e aos irmãos na caridade, chamando a atenção de muitos para Cristo.

Chegou a ser preso por um ano, sofrendo, e se renunciasse ao nome de Jesus, seria solto. Porém, mesmo na dor, na solidão e na injustiça, ele uniu-se ainda mais ao Cristo crucificado. Foi solto com a ordem de não falar mais de Jesus para ninguém, o que era impossível, pois sua vida e seu serviço evangelizavam.

Benjamim foi canal para que muitos cegos voltassem a ver, muitos leprosos fossem curados e assim muitos corações duvidosos se abriram a Deus. Foi novamente preso, levado a público e torturado para que renunciasse à fé. Perguntou então ao rei, se gostaria que algum de seus súditos fosse desleal a ele. Obviamente que o rei disse que não. E assim  o diácono disse que assim também ele, não poderia renunciar à sua fé, a  seu Rei, Jesus Cristo.

E por não renunciar a Jesus, foi martirizado. Isso no ano de 422.


São Benjamim, rogai por nós!



São Guido


Guido nasceu na segunda metade do século X, em Casamare, perto de Ravena, Itália. Após concluir seus estudos acadêmicos na cidade natal, mudou-se para Roma, onde recebeu o hábito de monge beneditino e retirou-se à solidão. Sob a direção espiritual de Martinho, também ele um monge eremita e depois canonizado pela Igreja, viveu observando fielmente as Regras de sua ordem, tornando-se um exemplo de disciplina e dedicação à caridade, à oração e à contemplação. Três anos depois, seu diretor o enviou ao mosteiro de Pomposa. Embora desejasse afastar-se do mundo, seu trabalho como musicista era necessário para a comunidade cristã.

No convento a história se repetiu. Era um modelo tão perfeito de virtudes, que foi eleito abade por seus irmãos de congregação. Sua fama  espalhou-se de tal forma, que seu pai e irmãos acabaram por toma-lo como diretor espiritual e se tornaram religiosos. Sentindo o fim se aproximar, Guido retirou-se novamente para a tão almejada solidão religiosa. Mas, quando o imperador Henrique III foi a Roma para ser coroado pelo Papa, requisitou o abade para acompanhá-lo como conselheiro espiritual.

Guido cumpriu a função delegada, mas ao despedir-se dos monges que o hospedaram, despediu-se definitivamente demonstrando que sabia que não se veriam mais. Na viagem de retorno, adoeceu gravemente no caminho entre Parma e Borgo de São Donino e faleceu, no dia 31 de março de 1046.

Imediatamente, graças passaram a ocorrer, momentos depois de Guido ter morrido. Um homem cego recuperou a visão em Parma por ter rezado por sua intercessão. Outros milagres se sucederam e os moradores da cidade recusaram-se a entregar o corpo para que as autoridades religiosas o trasladassem ao convento. Foi necessário que o próprio imperador interviesse. Henrique III levou as relíquias para a Catedral de Spira. A igreja, antes dedicada a São João Evangelista, passou a ser chamada de São Guido, ou Wido, ou ainda Guy, como ele era também conhecido.

A história de São Guido é curiosa no que se refere à sua atuação religiosa. Ele é o responsável pela nova teoria musical litúrgica. Desejava ser apenas um monge solitário, sua vocação original, mas nunca pode exerce-la na sua plenitude, teve que interromper esta condição a pedido de seus superiores, devido ao dom de músico apurado, talento que usou voltado para a fé. Quando pensou que poderia morrer na paz da solidão monástica, não conseguiu, mas foi para a Casa do Pai, já gozando a fama de santidade. 


 São Guido, rogai por nós!


segunda-feira, 30 de março de 2020

Uma oração de Santa Catarina de Sena

Provei e vi

 Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.


Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.


Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.


Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.


Assista tambémSanta Catarina de Sena



Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.


Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!


Do Diálogo sobre a Divina Providência, de Santa Catarina de Sena

(Cap. 167, Gratiarum actio ad Trinitatem: ed.lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291)

(Séc.XIV)

30 de março - Santo do dia

São João Clímaco


O Monte Sinai está historicamente ligado ao cristianismo. Foi o lugar indicado por Deus para entregar a Moisés as tábuas gravadas com os Dez Mandamentos. É uma serra rochosa e árida que, não só pela sua geografia, mas também pelo significado histórico, foi escolhida pelos cristãos que procuravam a solidão da vida eremítica.

Assim, já no século IV, depois das perseguições romanas, vários mosteiros rudimentares foram ali construídos por numerosos monges que se entregavam à vida de oração e contemplação. Esses mosteiros tornaram-se famosos pela hospitalidade para com os peregrinos e pelas bibliotecas que continham manuscritos preciosos. Foi neste ambiente que viveu e atuou o maior dos monges do Monte Sinai, João Clímaco.

João nasceu na Síria, por volta do ano 579. De grande inteligência, formação literária e religiosa, ainda muito jovem, aos dezesseis anos, optou pelo deserto e viajou para o Monte Sinai, tornando-se discípulo num dos mais renomados mosteiros, do venerável ancião Raiuthi. Isso aconteceu depois de renunciar a fortuna da família e a uma posição social promissora. Preferiu um cotidiano feito de oração, jejum continuado, trabalho duro e estudos profundos. Só descia ao vale para recolher frutas e raízes para sua parca refeição e só se reunia aos demais monges nos fins de semana, para um culto coletivo.

Sua fama se espalhou e muitos peregrinos iam procura-lo para aprender com seus ensinamentos e conselhos. Inicialmente eram apenas os que desejavam seguir a vida monástica, depois eram os fiéis que queriam uma benção do monge, já tido em vida como santo. Aos sessenta anos João foi eleito por unanimidade abade geral de todos os eremitas da serra do Monte Sinai.

Nesse período ele escreveu muito e o que dele se conserva até hoje é um livro importantíssimo que teve ampla divulgação na Idade Média, "Escada do Paraíso". Livro que lhe trouxe também o sobrenome Clímaco que, em grego, significa "aquele da escada". No seu livro ele estabeleceu   trinta degraus necessários à subir para alcançar a perfeição da alma.

Trata-se de um verdadeiro manual, a síntese da doutrina monástica e ascética, para os noviços e monges, onde descreveu, degrau por degrau,  todas as dificuldades a serem vividas, a superação da razão e dos sentidos, e que as alegrias do Paraíso perfeito serão colhidas no final dessa escalada, após o transito para a eternidade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

João Clímaco morreu no dia 30 de março de 649, amado e venerado por todos os cristãos do mundo oriental e ocidental, sendo celebrado por todos eles no mesmo dia do seu falecimento. 


São João Clímaco, rogai por nós!

Dez ensinamentos de Santo Agostinho sobre o Demônio

1 – O Demônio não pode fazer mais do que lhe é permitido por Deus.

2 – Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança.


3 – O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legítima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem.


4 – Não culpes o demônio por tudo que vai mal. Muitas vezes o homem é seu próprio demônio.


5 – O homem não come o trigo sem triturá-lo para fazer o pão. Assim, o demônio não subjuga ninguém sem antes tê-lo abatido pela tribulação. Abate para subjugar. Quando fores açoitado pela tribulação, permanece íntegro como o grão e não te perturbes.




6 – O diabo não tem poder para dominar, mas tem astúcia para persuadir.

7 – A inveja é filha e escrava do orgulho. Por esses dois vícios, orgulho e inveja, o demônio é o que é.
8 – Como te livras de um homem? Evitando-o. Como podes livrar-te do demônio? Orando contra ele. Tuas orações são a seta que o mantém na raia.

9 – Em vão se ufana um homem, pretendendo vingar-se de outro homem. Enquanto procura vencer publicamente o adversário, é vencido pelo demônio.

10 – O demônio é como um cão preso na coleira, Cristo o prendeu; só morde quem dele se aproxima.

Professor Felipe Aquino


domingo, 29 de março de 2020

EVANGELHO DO DIA

EVANGELHO COTIDIANO  


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


5º  Domingo da Quaresma   


Anúncio do Evangelho  (Jo 11,1-45 – Forma breve: Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45)


— O Senhor esteja convosco.
 Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
 Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1 havia um doente, Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. 2 Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. 3[ As irmãs mandaram então dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”.


4 Ouvindo isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. 5 Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. 6 Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7 Então, disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judeia”.]

8 Os discípulos disseram-lhe: “Mestre, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?” 9 Jesus respondeu: “O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque lhe falta luz”. 11 Depois acrescentou: “O nosso amigo Lázaro, dorme. Mas eu vou acordá-lo”. 12 Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme, vai ficar bom”. 13 Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que falasse do sono mesmo. 14 Então Jesus disse abertamente: “Lázaro está morto. 15 Mas por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele”. 16 Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele”. [17 Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias.] 18 Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. 19 Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão.

[20 Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21 Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23 Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24 Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. 25 Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26 E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”

27 Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.] 28 Depois de ter dito isto, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho: “O Mestre está aí e te chama”. 29 Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30 Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo lugar onde Marta se tinha encontrado com ele. 31 Os judeus que estavam em casa consolando-a, quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que fosse ao túmulo para ali chorar. 32 Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido”. 33 Quando Jesus a viu chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, [(Jesus) ficou profundamente comovido 34 e perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver, Senhor”. 35 E Jesus chorou. 36 Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!”
37 Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” 38 De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. 39 Disse Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”. 40 Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”

41 Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42 Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”. 43 Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” 44 O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” 45 Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.]

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Santo do dia - 29 de março

Santos Jonas e Barachiso

A narrativa do martírio sofrido pelos irmãos cristãos, Jonas e Barachiso, persas da cidade de Beth-Asa, em 327, é uma das páginas mais violentas do sofrimento católico. Entretanto, a descrição das torturas infligidas aos irmãos foi registrada por um pagão, o comandante da cavalaria do mandante imperador sanguinário.

Além do martírio, pouco se sabe da vida deles, bem como suas origens. A biografia conhecida dos dois, começa quando visitaram cristãos encarcerados na cidade de Hubahan. A Igreja da Pérsia sofria na época uma das mais cruéis perseguições de que se tem notícia, decretada e comandada pelo imperador Sapor. Jonas e Barachiso resolveram enfrentar os perigos para consolar os cristãos que, dias depois, seriam martirizados. Só naquela prisão, haviam nove condenados à morte.

Por sua atitude, ambos, foram presos e levados à presença do juiz. Aí começou a descrição de todo o terror. Como se negaram a adorar o rei, o  sol e a lua, falsos deuses, o juiz mandou separá-los para tentar enganar os irmãos. Barachiso foi colocado no calabouço, enquanto Jonas era barbaramente açoitado. Depois, teve os pés atados e foi jogado nas águas cobertas de gelo.

O juiz chamou então Barachiso e relatou as torturas de Jonas, dizendo-lhe que seu irmão tinha sacrificado aos deuses. Barachiso não acreditou e fez um discurso tão eloqüente em defesa do cristianismo, que o juiz ordenou que seu processo continuasse somente à noite, longe do público, temeroso de que suas palavras acabassem convertendo ali mesmo alguns pagãos. Como castigo, mandou que colocassem ferros em brasa em seus braços. Os torturadores lhe deitaram chumbo derretido pelas narinas e olhos. Foi devolvido ao calabouço, pendurado por um dos pés.

No dia seguinte, o juiz tentou a mesma tática com Jonas, depois de mandar tirá-lo das águas geladas. Disse que Barachiso tinha abandonado sua religião. Este também não acreditou e respondeu com outro discurso fervoroso. Em contrapartida, os torturadores cortaram-lhe as mãos e os pés, arrancaram-lhe a língua e o couro cabeludo, jogaram seu corpo no piche em ebulição, depois cortaram seu corpo em pedaços e jogaram numa cisterna. Quanto a Barachiso, bateram-lhe com ferros pontiagudos, deitaram-lhe piche e enxofre ferventes pela boca, e o maltrataram até que não desse mais sinais de vida.

Realmente, trata-se de uma página chocante do cristianismo dos primeiros tempos, mas importante e cujo registro se faz necessário, para que continue preservada no conhecimento dos católicos dos nossos tempos. De maneira que se compreenda como a fé em Cristo sobrevive a todos os suplícios psicológicos e de sangue através dos séculos para a glória na eternidade de Jesus, o Redentor da Humanidade. 



Santos Jonas e Barachiso, rogai por nós!

São Constantino

Era pagão, converteu-se ao Cristianismo e assumiu seriamente o chamado à santidade

 

Rei de uma região da Inglaterra, casou-se, mas não assumiu seriamente esta aliança, tanto que deixou a esposa para se dedicar às guerras militares. Nesta aventura de poder e fama, ele – como São Paulo – ‘caiu do cavalo’. Era pagão, converteu-se ao Cristianismo e assumiu seriamente o chamado à santidade.

Entrou para um mosteiro irlandês e descobriu seu chamado ao sacerdócio. Junto com outro santo, percorreu muitas regiões da Inglaterra anunciando o nome de Jesus, que tem o poder de nos dar a vitória sobre o ‘homem velho’.

Constantino foi martirizado no ano de 598, atacado por pagãos duros de coração ante o Evangelho.

São Constantino, rogai por nós!


São Segundo de Asti
 
Segundo era um soldado pagão, filho de nobres, nascido em Asti, norte da Itália, no final do século I e profundo admirador dos mártires cristãos, que o intrigavam pelo heroísmo e pela fé em Cristo. Chegava a visitá-los nos cárceres de Asti, conversando muito com todos, quantos pudesse. Consta dos registros da Igreja, que foi assim que tomou conhecimento da Palavra de Cristo, aprendendo especialmente com o mártir Calógero de Bréscia, com o qual se identificou, procurando-o para conversar inúmeras vezes.

Além disso, Segundo era muito amigo do prefeito de Asti, Saprício, e com ele viajou para Tortona, onde corria o processo do bispo Marciano, o  primeiro daquela diocese. Sem que seu amigo político soubesse, Segundo teria estado com o mártir e este encontro foi decisivo para a sua conversão.

Entretanto, esta só aconteceu mesmo durante outra viagem, desta vez a Milão, onde visitou no cárcere os cristãos Faustino e Jovita. Tudo o que se sabe dessa conversão está envolto em muitas tradições cristãs. Os devotos dizem que Segundo teria sido levado à prisão por um anjo, para lá receber o batismo através das mãos daqueles mártires. A água necessária para a cerimônia teria vindo de uma nuvem. Logo depois, uma pomba teria lhe trazido a Santa Comunhão.

Depois disso, aconteceu o prodígio mais fascinante, narrado através dos séculos, da vida deste santo, que conta como ele conseguiu atravessar a  cavalo o Pó, sem se molhar, para levar a Eucaristia, que lhe fora entregue por Faustino e Jovita para ser dada ao bispo Marciano, antes do martírio. O Pó é um rio imponente, tanto nas cheias, quanto nas baixas, minúsculo apenas no nome formado por duas letras, possui mil e quinhentos metros cúbicos de volume d'água por segundo, nos seiscentos e cinqüenta e dois quilômetros de extensão, um dos mais longos da Itália.

Passado este episódio extraordinário, Saprício, o prefeito, soube finalmente da conversão de seu amigo. Tentou de todas as formas fazer Segundo abandonar o cristianismo, mas, não conseguiu, mandou então que o prendessem, julgassem e depois de torturá-lo deixou que o decapitassem. Era o dia 30 de março do ano 119.

No local do seu martírio foi erguida uma igreja onde, num relicário de prata, se conservam as suas relíquias mortais. Uma vida cercada de tradições, prodígios, graças e sofrimentos foi o legado que nos deixou São Segundo de Asti, que é o padroeiro da cidade de Asti e de Ventimilha, cujo culto é muito popular no norte da Itália e em todo o mundo católico que o celebra no dia 29 de março. 


São Segundo de Asti, rogai por nós!

sábado, 28 de março de 2020

Um grande Tratado sobre a Virgem Maria

Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma
Mulher revestida do sol, a lua debaixo de seus pés, e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1)

Essa visão maravilhosa que São João teve quando estava deportado na ilha de Patmos revela toda a majestade e poder de Nossa Senhora e da Igreja. Nessa coroa de doze estrelas formada sobre sua cabeça, São Luís Maria Grignion de Montfort viu as glórias e méritos de Maria, “mais numerosos do que todas as estrelas do céu”. Este santo escreveu o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.

Neste pequeno e robusto Tratado, São Luís, diz, logo na Introdução: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus veio ao mundo, e é também por meio dela que ele deve reinar no mundo” (n. 1, ed. Vozes). No final da Introdução completa: “Maria Santíssima tem sido até aqui desconhecida, e é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. Quando portanto, e é certo, o conhecimento e o Reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma conseqüência necessária do conhecimento e do Reino da Santíssima Virgem Maria. Ela O deu ao mundo a primeira vez, e também da segunda O fará resplandecer” (n. 13).

Leia também: Maria é a Mãe da Igreja
A devoção a Nossa Senhora segundo São Luís de Montfort
Este é o livro que o demônio nunca quis que se difundisse
Consagrar as Famílias a Nossa Senhora
Maria, Onipotência Suplicante

A 12 de maio de 1853 foi promulgado, em Roma, “o decreto que declara seus escritos isentos de todo erro que pudessem servir de obstáculo à sua canonização” (n. 11). Estes escritos de São Luís foram tão inspirados que o próprio santo escreveu estas palavras proféticas: “Vejo claramente no futuro animais frementes que se precipitam com furor para  estraçalhar com os dentes diabólicos estes pequeno escrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para escrevê-lo, ou para sepultá-lo, ao menos, no silêncio de um armário, a fim de que não veja a luz” (Tvd, n. 11).

São Luís morreu em 1716, e só em 1832 seu livro foi descoberto, por acaso, por um dos sacerdotes de sua Congregação, em Saint-Laurent-sur-Sèvre, na França.

Assista também: Quem foi São Luís G. de Montfort?
Padre Paulo e Prof. Felipe conversam sobre: Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem 
Por que fazer a consagração a Virgem Santíssima segundo o método de S. Luís de Montfort?

O Papa João Paulo II afirmou: “A leitura deste livro marcou em minha vida uma transformação decisiva. É um daqueles livros que não basta “ler”… A conseqüência foi que a devoção de minha infância e mesmo de minha juventude para com a Mãe de Cristo ganhou uma nova dimensão… Enquanto antes me mostrava reservado, com medo de que a devoção a Maria pudesse deixar Cristo na sombra, em vez de lhe dar prioridade entendi agora, à luz do “Tratado” de Grignion de Montfort, que a realidade é totalmente diferente. A devoção a Maria, que tomou assim uma forma determinada, continuou viva em mim. Tornou-se uma parte integrante de minha vida interior e de meu conhecimento espiritual de Deus”.

Na encíclica “Redemptoris Mater” (1987), ele disse: “É-me grato recordar, dentre as muitas testemunhas de tal espiritualidade, a figura de São Luis Maria Grignion de Montfort, que propôs aos cristãos a consagração a Cristo pelas mãos de Maria como meio eficaz para viverem fielmente os compromissos batismais” (n. 48).


Prof. Felipe Aquino


A doutrina católica admite a predestinação? - Estevão Bettencourt, osb.

Abordamos aqui uma das questões mais elevadas da fé cristã. Para penetrá-la, o estudioso tem que se resolver a não se deixar levar pelo sentimentalismo nem pelo antropocentrismo. Mas estritamente pelos dados da Revelação, que é sobrenatural (não, porém, anti-natural) e teocêntrica.

A questão da predestinação se prenda à do mal, de que trata “Pergunte e Responderemos” nº 5/1957 qu. 1. 
Tenha-se em vista o que aí se diz:
1) a possibilidade de errar é inerente ao conceito mesmo da criatura; 
2) esta possibilidade se realizou no mundo quando o primeiro homem cometeu livremente o erro ou o mal moral, o pecado; 
3) os males físicos (misérias e morte) são conseqüências do pecado; 
4) a culpa dessas desordens recai em última análise sobre o livro arbítrio do homem, não sobre Deus; 
5) Este se apiedou da criatura, tomando a sua sorte na Encarnação e na morte de cruz, a fim de dar valor salvífico ao sofrimento.

Entremos agora no tema da predestinação.

  1. Conceito e existência da predestinação
  1. O modo como Deus predestina
  1. A muitos fiéis impressiona o fato de que Deus predestina positivamente alguns para a glória celeste, deixando que outros se percam – fato firmemente atestado pela Sagrada Escritura e pela Tradição cristã. Perguntam se não haveria nisto injustiça da parte do Senhor.
  1. A luz dos procedentes, vê-se que sentido tem a frase de São Paulo: “Deus quer que todos os homens sejam salvos” (1 Tim 2,4). São Tomaz (I Sent. D. 46, q. 1, a.1) a distingue nos termos seguintes:
  1. A atitude prática do cristão

Por predestinação entende-se em Teologia o desígnio, concebido por Deus, de levar a criatura racional (o homem) ao fim sobrenatural, que é a vida eterna. Note-se logo que este desígnio tem por exclusivo objeto a bem-aventurança celeste; não há predestinação para o mal ou o inferno.

A Sagrada Escritura atesta amplamente a existência de tal desígnio no Criador. De um lado, ela ensina que a Boa Notícia da salvação deve ser anunciada a todos os povos (cf. Mt 28,19) e que Deus quer “sejam salvos todos os homens e cheguem ao conhecimento da verdade” (cf. 1 Tim 2,4). De outro lado, ela também diz que há homens que se perdem (cf. Jô 17,12) e que o Senhor exerce uma providência especial para salvar os que não se perdem:
“Sabemos que, com aqueles que O amam, Deus colabora em tudo para o bem dos mesmos, daqueles que Ele chamou segundo o seu desígnio. Pois, aqueles que de ante-mão Ele conheceu, Ele também os predestinou a reproduzir a imagem de seu Filho… E, aqueles que Ele predestinou, Ele também os chamou (à fé); os que Ele chamou, Ele também os justificou (mediante o batismo); os que Ele justificou, Ele também os glorificou” (Rom 8,28-30).
Cf. Ef 1,3-6; Rom 9,14; 11,33; Mt 20,23; 22,14; 24,22-24; Jô 6,39; 10,28.

Na base destes textos, não resta dúvida entre os teólogos, desde o início do Cristianismo, sobre o fato da predestinação. Vejamos agora um ponto mais árduo, que é

Está claro que o homem, como ser essencialmente relativo, depende do Criador não somente quanto ao seu existir, mas também quanto ao agir; já que ele nada é por si mesmo, também nada pode por si. É Deus, pois, quem lhe outorga o dom de praticar atos bons e, mediante os seus atos bons, chegar ao último fim, à bem-aventurança eterna. Esta conclusão se torna particularmente imperiosa se se tem em vista o caso do cristão: este é chamado a um fim sobrenatural (a visão de Deus face a face), objetivo que, ultrapassando todas as exigências da natureza, só por graça de Deus sobrenatural pode ser alcançado.

Estas proposições, claras em si mesmas, suscitam sério problema desde que se indague
como conciliar a primazia da ação de Deus no homem com a liberdade de arbítrio da criatura? 
Não se torna vã esta última debaixo daquela? 
Ou, vice-versa, não deve aquela retroceder para que seja esta salvaguardada?
A fim de resolver a questão, dois sistemas são propostos pelos teólogos:
1)  o sistema molinista: segundo L. Molina S. J. (+ 1600), Deus oferece a sua graça a todo homem; este, posto diante da oferta, livremente escolhe aceitá-la ou não; caso a aceite, a graça se torna eficiente, e induz o homem a praticar o bem.
Estendendo a sua doutrina à questão da predestinação, Molina ensinava que Deus, desde toda a eternidade, na sua “ciência média”, prevê como cada um dos homens se comportaria com relação à graça nas mais variadas circunstâncias da vida. Diante desta visão, o Criador decreta colocar tal indivíduo em tais e tais circunstâncias em que Ele sabe que a criatura aceitará a graça, e assim irá merecendo a salvação eterna. Desta forma. Deus predestina para a glória, mas – note-se bem – praevisis meritis, depois de haver previsto os méritos da criatura.

2)  o sistema tomista (que tem por pioneiro Domingos Banes O.P. (+ 1604): partindo do princípio de que nada, absolutamente nada, pode haver na criatura que não lhe venha de Deus, ensina que a graça é eficaz por si mesma, anteriormente a qualquer determinação ou atitude do homem; não é este quem determina aquela, mas é a graça que predetermina a este, não moralmente apenas (por meio de exortações), mas fisicamente (por sua moção intrínseca, soberana). Contudo a graça por si eficaz não extingue a liberdade de arbítrio do homem; ao contrário, movendo e predeterminando a criatura, move tudo que nesta se encontra, isto é, as faculdades de agir e o livre arbítrio mesmo; ela dá ao homem não somente  agir, e tal agir determinado, mas também a modalidade com que o homem costuma agir, isto é, a liberdade; em conseqüência, sob a graça eficaz (na doutrina tomista) o homem pratica infalivelmente a ação à  qual Deus predetermina, mas pratica-a sem perder a sua liberdade, antes atuando-a plenamente. Como se vê, o tomismo é rigorosamente lógico: partindo dos conceitos de Criador e criatura, ensina que Deus deve ser o Autor de tudo aquilo de que também o homem é autor, até mesmo desta determinação do homem e do modo livre de tal determinação; o homem deve a Deus não somente a sua faculdade de livre arbítrio, mas também o uso preciso (tal e tal modo de usar) dessa faculdade.

No tocante à predestinação, o tomismo conseqüentemente afirma que Deus a decreta ante praevisa merita,  antes de prever os méritos do homem: de maneira absoluta e independente, o Criador determina levar tal e tal criatura à glória eterna e, por conseguinte, conferir-lhe os meios necessários para que a alcance. Em conseqüência desta predestinação é que o homem produzirá atos meritórios no decorrer da sua vida; estes são gratuitos dons de Deus; não desencadeiam o amor divino, mas, ao contrário, são desencadeados pelo liberal beneplácito do Senhor.

Nos séculos XVII/XIX alguns teólogos procuraram sistemas intermediários, conciliatórios entre o tomismo e o molinismo; recaíram, porém, indiretamente neste ou naquele. De fato, os dois sistemas são irredutíveis um ao outro. Quando foram pela primeira vez propostos na história, o Papa Clemente VIII instituiu em Roma uma Comissão ou Congregação dita “de autxiliis” (“concernente aos auxílios da graça”) a fim de os julgar. As sessões da Congregação prolongaram-se de 2 de janeiro de 1958 a 20 de agosto de 1607, tendo os Soberanos Pontífices tomado parte pessoal nos estudos respectivos. Finalmente o Papa Paulo V resolveu suspender o exame da questão, declarando lícito ensinar qualquer dos dois sistemas, pois nenhum deles envolve heresia (um é outro salvaguardam suficientemente a soberana ação de Deus e o livre arbítrio do homem, embora o tomismo mais acentue aquela e o molinismo mais realce a este). O Papa Bento XIV confirmou esta decisão em um decreto de 13 de julho de 1748.

Fica, portanto, aos teólogos e fiéis católicos a liberdade de optar entre as duas teorias acima propostas. O católico tanto pode ser tomista como pode ser molinista; a ação do Espírito Santo em sua alma, a sua conaturalidade com as coisas de Deus lhe sugerirão a atitude a tomar.
Há, porém, três pontos atinentes à doutrina estudada sobre os quais a Santa Igreja se pronunciou definitivamente, de sorte que tanto molinistas como tomistas os professam indistintamente:
1) a conversão do pecador a Deus, ou seja, o ato inicial da via da salvação já é efeito da graça de Deus; é Deus quem primeiramente se volta para o pecador e lhe dá os meios de se colocar em estado de graça; não é o homem quem por suas forças naturais começa a procurar o Senhor, recebendo d’Este em resposta a graça sobrenatural;
2) a perseverança final ou a morte em estado de graça (a boa morte) é dom especial de Deus: não decorre dos mártires anteriores da pessoa, mas pode ser implorada pela oração;
3) a predestinação “adequada” (isto é, o desígnio que compreende todos os auxílios sobrenaturais, desde a graça da conversão até a graça da boa morte) é gratuita ou anterior à previsão dos méritos da criatura. E isto, tanto no tomismo como no molinismo… Também este reconhece que é Deus quem gratuitamente decreta colocar o homem em tais e tais circunstâncias nas quais Ele prevê que a criatura fará bom uso da graça (o tomismo diria:… nas quais Ele predetermina a criatura a fazer livremente bom o uso da graça).
As três proposições acima foram definidas por concílios, cujas declarações se encontram em Denziger-Umberg, Enchiridion Symbolorum 176-180; 183-189, 191-193;200.
III. Um juízo sobre a questão – Não; em absoluto. Considere-se que
a) Deus a ninguém criou com destino positivo para a perdição ou a condenação.
Ensinavam o concílio de Valença (França) em 855: “In malis ipsorum malitiam (Deus) praescivisse, quia ex ipsis est, non praedestinasse, quia ex illo non est. – Deus viu de ante-mão a malícia dos maus, porque provém deles, mas não a predestinou, porque não se deriva d’Ele” (Dz 322).
Foi condenada pelo episcopado da Gália no séc. V a seguinte proposição: “Cristo, Senhor e Salvador nosso, não morreu pela salvação de todos…; a preciência de Deus impele o homem violentamente para a morte; e todo aquele que se perde, perde-se por vontade de Deus…; alguns são destinados à morte, outros predestinados à vida” (carta de Fausto de Riez, ed. Migne lat. T. 53,683).

Outras declarações da Igreja se encontram em Dz 200; 316-318; 321-323; 514; 816; 827.
b) Deus, porém, criou seres finitos (só pode haver um Infinito, Deus), aos quais é inerente a falibilidade, o “poder errar”.
c) Esta falibilidade, sendo congênita, naturalmente tende a se atuar num ou noutro. Deus concede, sim, a qualquer indivíduo humano os meios necessários para que se salve pois quer a salvação de todos os homens (cf. 1 Tim 2,4); isto é doutrina freqüentemente afirmada pela Escritura e a Tradição (cf. Dz 318); nenhum desses meios de salvação, porém, força a liberdade humana; esta é sempre respeitada por Deus.
d) Por conseguinte, a menos que o Criador intervenha extraordinariamente, algumas criaturas, em virtude da sua falibilidade natural, se encaminham para a ruína eterna; o Criador não lhes faz injustiça se permite que se percam, apesar de terem os meios necessários para não se perderem.
e) Dado, porém, que Deus se empenhe infalivelmente pela salvação de alguns (muito ou poucos) homens, predestinando-os à glória eterna, Ele faz ato de pura misericórdia beneficia gratuitamente a estes, sem lesar em absoluto aos outros, que, por sua natural falibilidade e apesar dos auxílios divinos, se perdem (cf. a parábola dos operários na vinha, comentado em “Pergunte e Responderemos” 1/1958 qu. 8).

O concílio de Quierzy na Gália em 853 declarava: “Quod quidam salvantur, salvantis est donum; quod autem pereunt, pereuntilum est meritum. – O fato de que alguns se salvam, deve-se a um dom d’Aquele que os salva; o fato de que outros se perdem, deve-se ao mérito (mérito mau ou demérito) dos que se perdem” (Dz 318).

Deus, no caso de uns, manifesta sua Bondade transcendente; no caso de outros patenteia sua Justiça; em todo e qualquer caso, porém, faz reluzir sua soberana Liberdade,  a qual não pode ser necessitada por bem algum criado, pois ela é o princípio e a causa de qualquer bem: “Que é que te distingue dos outros? E que tens que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te vanglorias como se não o tivesses recebido?” (1 Cor 4,7).

A predestinação, portanto, não implica injustiça em Deus; não deixa, porém, de constituir um mistério, mistério porque, com nosso intelecto finito, não vemos plenamente como em Deus se conciliam Justiça, Misericórdia e Liberdade, embora não nos seja plausível duvidar de que de fato se associam em estupenda harmonia (na visão face a face de Deus, no céu, contemplaremos a sábia combinação dos atributos divinos). – Em particular, não podemos assinalar motivo por que Deus escolhe tal homem para a glória, e não tal outro, por que escolheu Pedro e não Judas; lembremo-nos de que não são os méritos do homem que a este atraem o amor de Deus, mas é o amor antecipado de Deus que proporciona à criatura os respectivos méritos Sto. Agostinho admoestava: “Quare hunc trahat (Deus) et ilum non trahat, noli velle diiundicare, si non vis errare. – Porque é que Deus atrai a este e não aquele, não queiras investigar, se não queres errar” (In Io tr. 26 init.). Ante os desígnios do Criador, tome a criatura uma atitude de silêncio reverente; confie em Deus, cuja sabedoria e santidade certamente ultrapassam as de qualquer ser humano.
a) Deus quer que se salvem todos os homens, enquanto os considera em si, como criaturas capazes de apreender a vida eterna, abstração feita das circunstâncias particulares em que tal ou tal homem se possa encontrar; deus a ninguém criou senão para a vida eterna;

b) O Criador, porém, não pode (não pode, por causa de sua Justiça) querer que todos se salvem, se considera cada um nas circunstâncias precisas em que ocorre ao Divino Juiz; alguns, com efeito, se Lhe apresentam como criaturas que deliberadamente rejeitam ser salvas ou recusam estar com Deus, pois se rebelaram conscientemente (por um pecado grave) contra Ele e permanecem impenitentes ou apegados ao pecado; o Senhor respeita o alvitre de tais homens e, em conseqüência, só pode querer assinalar-lhes a sorte por que optaram (embora tenha feito tudo para se salvarem).

É esta a famosa distinção entre “vontade antecedente (isto é, que considera seu objeto em si, abstraindo das circunstâncias concretas em que ocorre) e “vontade conseqüente” (isto é, que considera o mesmo na situação precisa em que se acha). S. Tomaz ilustra a doutrina lembrando o que se dá com todo juiz justo: 
este, em tese, antes de examinar as causas judiciárias, quer que todo e qualquer homem permaneça em vida; dado, porém, que se apresente algum homicida, ele não pode (porque é justo) deixar de querer seja punido (e punido com a pena de morte, onde esta é imposta pela lei).

O mistério da predestinação dos justos para a glória, embora apresente seus aspectos luminosos, tem suas raízes na insondável Magnificência divina; não podemos sempre assinalar a causa por que Deus outorga tal dom a tal pessoa. A quem o interrogasse a respeito. Ele diria com o Senhor da parábola: “Amigo, não cometo injustiça para contigo… Toma o que te compete, e vai-te… Não tenho o direito de dispor dos meus bens como me agrada? Ou tornar-se-á mau o teu modo de ver pelo fato de que Eu sou bom?” (Mt 20,13-15).

Consciente disto, o cristão não se detém em perscrutar sutilmente o que está acima do seu alcance, preocupando-se com questões curiosas ou vãs atinentes à predestinação. Na orientação da sua conduta cotidiana, tenha o fiel ante os olhos as três seguintes proposições:
1) Deus a ninguém absolutamente faz injustiça, nem no decorrer desta vida nem no momento do juízo final;
2) Muito ao contrário, o Criador se comporta para com todos qual Pai cheio de amor ou como o primeiro Ator empenhado na salvação dos homens.
Lembra o concílio de Trento, retomando palavras de Sto. Agostinho:
“Deus não manda o impossível, mas, dando os seus preceitos. Exorta-te a fazer o que podes e a pedir-lhe a graça para o que não podes, e auxilia-te para que o possas” (Sto Agostinho, de natura et  gratia 43,50; Denziger 804).
Mais ainda:
“Deus não abandona a não ser que primeiro seja abandonado. – Non deserit nisi prius deseratur” (Dz 804).
3) A atitude prática do cristão encontras ótimo modelo em São Paulo:
a) de um lado, o Apóstolo, consciente da eficácia e da responsabilidade do livre arbítrio, lutava qual bom atleta no estádio para conseguir a incorruptível coroa da vida (cf. 1 Cor 9, 24-27). No mistério da predestinação, muita coisa pode ficar oculta ao fiel; contudo nunca lhe restará dúvida sobre o fato de que Deus exige de cada um todo o zelo de que é capaz para chegar à salvação. Nisto se diferencia a doutrina tradicional cristã de qualquer fatalismo ou determinismo: Deus não retira ao homem o dom do livre arbítrio e da responsabilidade própria com que o quis dignificar; nem há força super-humana cega que de antemão torne vãos os esforços da criatura que procura o Criador. 

Portanto, errado estaria quem, com vistas à vida eterna, tomasse atitude desinteressada e passiva, baseada em raciocínio análogo ao seguinte: “Se tenho que quebrar a cabeça, nada me pode preservar desta desgraça; não importa, pois, que me atire ou deixe de me atirar à rua pela janela do quinto andar da casa”. Ó homem, nada há que determine a tua sorte eterna independentemente do teu livre arbítrio ! O decreto pelo qual Deus predestina alguém à salvação eterna, implica sempre que esta será obtida mediante a livre cooperação do homem.

b) De outro lado, São Paulo, o lutador de Cristo, era feliz ao pensar na sua sorte póstuma; assim também o cristão. Para o Apóstolo, morrer equivalia a “dissolver-se para estar com Cristo” (cf. Flp 1,23), “deixar de ser peregrino na terra a fim de viver na casa do Senhor” (cf. 2 Cor 5,8). Todo discípulo de Cristo, embora reconheça a possibilidade de frustrar o seu último fim, tem confiança no Pai do céu e sabe que a procura sincera de Deus na terra não poderá ficar vã junto ao Pai; vive, por conseguinte, em demanda otimista da mansão celeste, consciente de que Deus o chama continuamente a esta após lhe ter preparado os meios para a conseguir. E, firme nesta crença, não permite que hipóteses inconsistentes tomem na sua mente o lugar de verdades seguras.

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 5, Ano 1958, Página 184.

Transcrito do site: Canção Nova - Prof. Felipe Aquino

Santo do dia - 28 de outubro

São Guntrano

Guntrano teve muitos descaminhos, muitas opções erradas. Teve muitas mulheres e muitos filhos. Como todo ser humano buscou a felicidade, porém, em lugares errados.

Um homem social, político e de grande influência, mas com o coração inquieto e desejoso de algo maior. Deu toda sua herança para um sobrinho e se decidiu a viver uma radicalidade cristã, ou seja, viver o chamado à santidade. Então, Guntrano passou a ouvir a Palavra de Deus e a acolher os conselhos dos bispos. Governou na justiça, a partir dos bons conselhos recebidos.

Viveu a renúncia de si mesmo para abraçar a cruz e fazer a vontade de Deus. Faleceu com 68 anos, depois de consumir-se no amor a Deus e aos irmãos, sendo cristão na sociedade.

São Guntrano, rogai por nós!


São Xisto III
 Xisto chegou a adotar uma posição neutra na controvérsia entre pelagianos e semipelagianos do sul da Gália, especialmente contra Cassiano, sendo advertido pelo papa Zózimo. Mas reconheceu o seu erro, com a ajuda de Agostinho, bispo de Hipona, que combatia arduamente aquela heresia, e que lhe escrevia regularmente.

Ao se tornar papa em 432, Xisto III agindo com bastante austeridade e firmeza, nesta ocasião, Agostinho teve de lhe pedir moderação. Foi assim, que este papa conseguiu o fim definitivo da doutrina herege. Esta doutrina pelagiana negava o pecado original e a corrupção da natureza humana. Também defendia a tese de que o homem, por si só, possuía a capacidade de não pecar, dispensando dessa maneira a graça de Deus.

Ele também conduziu com sabedoria uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, acabando com a controvérsia entre João de Antioquia e Cirilo, patriarca de Constantinopla, sobre a divindade de Maria. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal na disputa com o patriarca Proclo. Xisto III teve de escrever várias epístolas para manter o governo de Roma sobre a lliría, contra o imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla, com a ajuda deste patriarca.

Depois do Concílio de Éfeso em 431, em que a Mãe de Jesus foi aclamada Mãe de Deus, o papa Xisto III mandou ampliar e enriquecer a basílica dedicada à Santa Mãe das Neves, situada no monte Esquilino, mais tarde chamada Santa Maria Maior. Esta igreja é a mais antiga do Ocidente que foi dedicada a Nossa Senhora.

Desta maneira ele ofereceu aos fiéis um grande monumento ao culto da bem-aventurada Virgem Maria, à qual prestamos um culto de hiperdulia, ou seja, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. Xisto III, mandou vir da Palestina as tábuas de uma antiga manjedoura, que segundo a tradição havia acolhido o Menino Jesus na gruta de Belém, dando origem ao presépio. Introduziu no Ocidente a tradição da Missa do  Galo celebrada na noite de Natal, que era realizada em Jerusalém desde  os primeiros tempos da Igreja.

Durante o seu pontificado, Xisto III promoveu uma intensa atividade edificadora, reformando e construindo muitas igrejas, como a exuberante  basílica de São Lourenço em Lucina, na Itália.

Morreu em 19 de agosto de 440, deixando a indicação do sucessor, para aquele que foi um dos maiores papas dos primeiros séculos, Leão Magno. A Igreja indicou sua celebração para o dia 28 de março, após a última reforma oficial do calendário litúrgico. 


São Xisto III, rogai por nós!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Santo do dia - 27 de março

São Ruperto

Ruperto era um nobre descendente dos condes que dominavam a região do médio e do alto Reno, rio que percorre os Alpes europeus. Os Rupertinos eram parentes dos Carolíngios e o centro de suas atividades estava em Worms, onde Ruperto recebeu sua formação junto aos monges irlandeses.

No ano 700, sua vocação de pregador se manifestou e ele dirigiu-se à Baviera, na Alemanha, com este intuito. Com o apoio do conde Téodo da Baviera, que era pagão e foi convertido por Ruperto, fundou uma igreja dedicada a São Pedro, perto do lago Waller, a dez quilômetros de Salzburgo. Mas, o local não condizia ainda com os objetivos de Ruperto, que conseguiu do conde outro terreno, próximo do rio Salzach, nos arredores da antiga cidade romana de Juvavum.

Nesse terreno, o mosteiro que o bispo Ruperto construiu é o mais antigo da Áustria e veio a ser justamente o núcleo de formação da nova cidade de Salzburgo. Teve para isso o apoio de doze concidadãos, dois dos quais também se tornaram santos: Cunialdo e Gislero. Fundou, ao lado deste, um mosteiro feminino, que entregou a direção para sua sobrinha, a abadessa Erentrudes. Foi o responsável pela conversão total da Baviera e, é claro, de toda a Áustria.

Morreu no dia 27 de março de 718, um domingo de Páscoa, depois de rezar a missa, no mosteiro de Juvavum. Antes, como percebera que a morte estava próxima, fez algumas recomendações e pedido de orações à sua sobrinha, e irmã espiritual, Erentrudes. Suas relíquias estão guardadas na belíssima catedral de Salzburgo, construída no século XVII. Ele é o padroeiro de seus habitantes e de suas minas de sal.

São Ruperto, reconhecido como o fundador da bela cidade de Salzburgo,  cujo significado é cidade do sal, aparece retratado com um saleiro na mão, tamanha sua ligação com a própria origem e desenvolvimento da cidade. Foi seu primeiro bispo e sua influência alastrou-se tanto, que é festejado nesse dia, não só nas regiões de língua alemã, como também na Irlanda, onde estudou, porque alí foi tomado como modelo pelos monges irlandeses. 


São Ruperto, rogai por nós!