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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ 2010

FELIZ 2010


São os sinceros e fraternais votos dos editores do Blog CATOLICISMO

31 de dezembro - Santo do dia



São Silvestre I

Este Papa dos inícios da nossa Igreja era um homem piedoso e santo, mas de personalidade pouco marcada. São Silvestre I apagou-se ao lado de um Imperador culto e ousado como Constantino, o qual, mais que servi-lo se terá antes servido dele, da sua simplicidade e humanidade, agindo por vezes como verdadeiro Bispo da Igreja, sobretudo no Oriente, onde recebe o nome de Isapóstolo, isto é, igual aos apóstolos.

E na realidade, nos assuntos externos da Igreja, o Imperador considerava-se acima dos próprios Bispos, o Bispo dos Bispos, com inevitáveis intromissões nos próprios assuntos internos, uma vez que, com a sua mentalidade ainda pagã, não estava capacitado para entender e aceitar um poder espiritual diferente e acima do civil ou político. E talvez São Silvestre, na sua simplicidade, tivesse sido o Papa ideal para a circunstância. Outro Papa mais exigente, mais cioso da sua autoridade, teria irritado a megalomania de Constantino, perdendo a sua proteção. Ainda estava muito viva a lembrança dos horrores por que passara a Igreja no reinado de Diocleciano, e São Silvestre, testemunha dessa perseguição que ameaçou subverter por completo a Igreja, terá preferido agradecer este dom inesperado da proteção imperial e agir com moderação e prudência.

Constantino terá certamente exorbitado. Mas isso ter-se-á devido ao desejo de manter a paz no Império, ameaçada por dissenções ideológicas da Igreja, como na questão do donatismo que, apesar de já condenado no pontificado anterior, se vê de novo discutido, em 316, por iniciativa sua. Dois anos depois, gerou-se nova agitação doutrinária mais perigosa, com origem na pregação de Ario, sacerdote alexandrino que negava a divindade da segunda Pessoa e, consequentemente, o mistério da Santíssima Trindade. Constantino, inteirado da agitação doutrinária, manda mais uma vez convocar os Bispos do Império para dirimirem a questão. Sabemos pelo Liber Pontificalis, por Eusébio e Santo Atanásio, que o Papa dá o seu acordo, e envia, como representantes seus, Ósio, Bispo de Córdova, acompanhado por dois presbíteros. Ele, como dignidade suprema, não se imiscuiria nas disputas, reservando-se a aprovação do veredito final. Além disso, não convinha parecer demasiado submisso ao Imperador.

Foi o primeiro Concílio Ecumênico (universal) que reuniu em Niceia, no ano 325, mais de 300 Bispos, com o próprio Imperador a presidir em lugar de honra. Os Padres conciliares não tiveram dificuldade em fazer prevalecer a doutrina recebida dos Apóstolos sobre a divindade de Cristo, proposta energicamente pelo Bispo de Alexandria, Santo Atanásio. A heresia de Ario foi condenada sem hesitação e a ortodoxia trinitária ficou exarada no chamado Símbolo Niceno ou Credo, ratificado por S. Silvestre. Constantino, satisfeito com a união estabelecida, parte no ano seguinte para as margens do Bósforo onde, em 330, inaugura Constantinopla, a que seria a nova capital do Império, eixo nevrálgico entre o Oriente e o Ocidente, até à sua queda em poder dos turcos otomanos, em 1453.

Data dessa altura a chamada doação constantiniana, mediante a qual o Imperador entrega à Igreja, na pessoa de S. Silvestre, a Domus Faustae, Casa de Fausta, sua esposa, ou palácio imperial de Latrão (residência papal até Leão XI), junto ao qual se ergueria uma grandiosa basílica de cinco naves, dedicada a Cristo Salvador e mais tarde a S. João Batista e S. João Evangelista (futura e atual catedral episcopal de Roma, S. João de Latrão). Mais tarde, doaria igualmente a própria cidade.

Depois de um longo pontificado, cheio de acontecimentos e transformações profundas na vida da Igreja, morre S. Silvestre I no último dia do ano 335, dia em que a Igreja venera a sua memória. Sepultado no cemitério de Priscila, os seus restos mortais seriam transladados por Paulo I (757-767) para a igreja erguida em sua memória.

São Silvestre, rogai por nós!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mais um inocente será assassinado

Médicos de hospital em MG se negam a fazer aborto em menina de 11 anos

 Médicos de hospital de Itajubá recusam fazer aborto em menina de 11 anos engravidada em estupro

Uma menina de 11 anos, grávida de 2 meses, terá de ser transferida do Hospital Escola Itajubá, em Minas Gerais, porque os médicos da instituição se recusam a fazer o aborto. A lei brasileira prevê o aborto em caso de estupro, mas o código de ética médica permite que o profissional recuse fazer o procedimento.
- É um problema de consciência, ninguém quis fazer. Mas o hospital tem obrigação de cumprir a ordem judicial - diz o diretor do hospital Sindalberto Fernando de Oliveira.

Oliveira afirma que o hospital procurou um médico fora de seu corpo clínico, mas argumenta que ele tentou e o procedimento não deu certo. Agora, explicou o diretor, é preciso esperar 72 horas para repetir o procedimento, mas o médico viajou em férias.
- Ele não tinha o compromisso de continuar a fazer o procedimento - afirma.

O hospital recorreu à Justiça para pedir a transferência e argumentou que não conseguiu nenhum outro médico para fazer o aborto. Nesta terça-feira, o juiz Selmo Silas autorizou a transferência da menina para o Hospital Júlia Kubitschek, em Belo Horizonte, onde o aborto deve ser feito. O hospital informou que ainda não recebeu a determinação judicial.
A menor grávida e suas duas irmãs, uma de 13 anos e outra de 15 anos, disseram ao Conselho Tutelar que tiveram relação sexual com um conhecido da família. A relação era mantida há um ano e o homem, segundo as meninas, continuava a ameaçá-las. O acusado foi interrogado, mas solto por falta de provas.

A menina grávida, que é da cidade de Piranguinho, continua internada no hospital de Itajubá.
Em março passado, o aborto de uma menina de 9 anos estuprada pelo padrasto em Alagoinha,  causou polêmica entre os médicos e o arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho, hoje aposentado.

A menina estava grávida de gêmeos e representantes da igreja tentaram convencer a família a impedir o procedimento. "A lei humana contraria a Lei de DEUS,  que é contra a morte", disse o arcebispo, referindo-se ao fato de a lei brasileira autorizar o aborto em caso de estupro.

A menina, que estava internada no Instituto Materno-Infantil Professor Fernando Figueira (Imip), em Recife, acabou transferida às pressas de hospital depois da intervenção da igreja católica. O aborto foi feito na Maternidade Cisam, vinculada à Universidade de Pernambuco, no Recife. O diretor médico do hospital, Sérgio Cabral, disse que a menina corria riscos. O arcebispo, porém, anunciou a excomunhão  de médicos, parentes e profissionais que participaram do procedimento.

30 de dezembro - Santo do dia

Sagrada Família

Se o Natal tiver sido ao domingo; não tendo sido assim, a Sagrada Família celebrar-se-á no domingo dentro da Oitava do Natal.

Da alocução de Paulo VI, Papa, em Nazaré, 5.1.1964:

O exemplo de Nazaré:


Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.
 
Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!
 
Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.
Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.
 
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social. 
 
Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.

João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:
A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do "evangelho da família", mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja...
A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.

Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

29 de dezembro - Santo do dia



São Tomás Becket
 
Em 1155, Henrique II, rei da Inglaterra e de parte da França, nomeou seu chanceler Tomás Becket. Oriundo da Normandia, onde nasceu em 1117, e senhor de grande riqueza, era considerado um dos homens de maior capacidade do seu tempo. Compararam-no a Richelieu, com o qual na realidade se parecia, pelas qualidades de homem de Estado e amor das grandezas. Ficou célebre a visita que fez, em 1158, a Luís VII, rei da França.

Quando vagou a Sé de Canterbury, Henrique II nomeou para ela o chanceler. Tomás foi ordenado sacerdote a 1 de junho de 1162 e sagrado Bispo dois dias depois. Desde então, passou a ser a pessoa mais importante a seguir ao rei e mudou inteiramente de vida, convertendo-se num dos prelados mais austeros.

Convencido de que o cargo de primeiro-ministro e o de príncipe da Inglaterra eram incompatíveis, Tomás pediu demissão do cargo de chanceler, o que descontentou muito o rei. Henrique II ficou ainda mais aborrecido quando, em 1164, por ocasião dos "concílios" de Clarendon e Northampton, o Arcebispo tomou o partido do Papa contra ele. Tomás viu-se obrigado a fugir, disfarçado em irmão leigo, e foi procurar asilo em Compiègne, junto de Luís VII.

Passou, a seguir, à abadia de Pontigny e depois à de Santa Comba, na região de Sens. Decorridos quatro anos, a pedido do Papa e do rei da França, Henrique II acabou por consentir em que Tomás regressasse à Inglaterra. Persuadiu-se de que poderia contar, daí em diante, com a submissão cega do Arcebispo, mas em breve reconheceu que muito se tinha enganado, pois este continuava a defender as prerrogativas da Igreja romana contra as pretensões régias. Desesperado, o rei exclamou um dia: "Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente". Quatro cavaleiros tomaram à letra estas palavras, que não eram sem dúvida mais que uma exclamação de desespero. A 29 de dezembro de 1170, à tarde, vieram encontrar-se com Tomás no seu palácio, exigindo que ele levantasse as censuras que tinha imposto. Recusou-se a isso e foi com eles tranquilamente para uma capela lateral da Sé.

"Morro de boa vontade por Jesus e pela santa Igreja", disse-lhes; e eles abateram-no com as espadas.


São Tomás Becket, rogai por nós!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Santos Inocentes

Oração
Meu Senhor, pelos Santos Inocentes, quero Vos rogar hoje por todos aqueles que são injustiçados, sofrem ameaças, são marginalizados e incompreendidos.

Entrego-Vos, de maneira especial, as vezes em que fui injustiçado. Dai-me o dom do Espírito Santo, para que eu seja curado de todas as marcas e feridas que há em meu coração e, pelo poder do seu Nome, Senhor Jesus, me seja derramado também o dom do perdão.
Amém.

Santos Inocentes, rogai por nós.

Maria, consoladora dos aflitos, rogai por nós

28 de dezembro - Santo do dia

Os Santos Inocentes


A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras.

Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes - ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar'. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: 'Do Egito chamarei o meu filho'. 
 
Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: 'Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'" (Mt 2,11-20)

Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.

Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de "pequenos inocentes": crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, rogai por nós

domingo, 27 de dezembro de 2009

27 de dezembro - Santo do dia



São João Evangelista
O nome deste evangelista significa: "Deus é misericordioso": uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.

Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como "o discípulo que Jesus amava". O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: "Filho, eis aí a tua mãe" e, olhando para Maria disse: "Mulher, eis aí o teu filho". (Jo 19,26s). Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa "filho do trovão".

João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável. O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos. Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.

São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano. Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo. Neste situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, 
nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC). Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.


São João Evangelista, rogai por nós!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Resposta ao comentário apresentado pelo Sacerdote Ortodoxo, Padre Roberto

Em 7 de fevereiro de 2009, publicamos um POST intitulado: Igreja Ortodoxa x Igreja Católica Brasileira  . que recebeu um comentário de autoria do Sacerdote Ortodoxo, Padre Roberto, que pode ser lido na íntegra clicando aqui.

Não  é intenção do Blog CATOLICISMO polemizar com a Igreja Ortodoxa nem mesmo com a Igreja Católica Apostólica Brasileira por vários motivos e um deles passamos a citar:

Somos leigos, mas temos ciência que as Igrejas Ortodoxas, nos legitimos ramos Orientais, são Igrejas Católicas e estão separadas da Igreja Católica Apostólica Romana sediada em Roma e sob a Chefia de Sua Santidade o Papa, primeiro entre os pares, em função de divergências que já foram objeto de outros POSTs deste Blog.

Também nada temos contra a Igreja Católica Apostolica Brasileira que pode invocar, para fundamentar sua alegação de que é uma legitima Igreja Católica,  a "Sucessão Apostólica'. 

O que combatemos é a existência de igrejas que se intitulam ortodoxas mas que na realidade nada apresentam de ortodoxo, de ortodoxia, exceto os padres de tais igrejas usarem sempre batina e esta ser em tecido da cor preta.

Nos demais aspectos as igrejas ditas ortodoxas, ora comentadas,  seguem o rito latino, desde os pontos mais simples: 
Sinal da Cruz feito conforme o Rito Latino,
a cruz utilizada é a Cruz Latina,
todo o ritual seguido na missa é o Latino e vários outros detalhes que podem ser percebidos quando se assiste a uma missa em tais igrejas.

É este comportamento adotado nestas igrejas intituladas 'ortodoxas' que fundamenta o entendimento de que na realidade são igrejas da ICAB - Igreja Católica Apostólica Brasileira e que se disfarçam em uma pseudo ortodoxia.

O Blog CATOLICISMO pugna pela VERDADE e entendemos que o procedimento correto é a ICAB construir uma igreja e deixar bem claro que ali funciona um tempo da Igreja Católica Apostólica Brasileira e as igrejas ortodoxas, especialmente a tão bem definida no excelente comentário apresentado pelo Padre Roberto, não aceitem o papel de serem usadas como disfarce para a ICAB.

Reverendo Padre Roberto, lembramos ao Senhor que Dom Leolino,  citado na Bula Patriarcal inserida em seu comentário,  é o responsável pela Catedral da ICOSB localizada em Taguatinga Centro - DF e naquela catedral, apesar de ser uma catedral ortodoxa, as missas seguem rigorosamente o Rito Latino.
Lembramos ainda ao Senhor que Dom José Faustino, também citado na Bula Patriarcal, já celebrou missa na igreja dita ortodoxa, situada em Taguatinga Norte, e em tais missas foi seguido o Rito Latino - apesar de celebradas por um Bispo da ICOSB.








Padre Roberto, é o que temos a apresentar em resposta ao seu excelente e honroso comentário. Sinta-se a vontade para responder prestando esclarecimento, desfazendo dúvidas, se assim entender pertinente.


Na  PAZ DE CRISTO,


Editores do Blog Catolicismo

26 de dezembro - Santo do dia

Santo Estevão


Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:

"Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: 'Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus'. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: 'Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou'. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo".

Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:

"'Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes'. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: 'Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus'. E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: 'Senhor Jesus, recebe o meu espírito'. Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: 'Senhor, não lhes contes este pecado'. E dizendo isto, adormeceu".

Santo Estêvão, rogai por nós!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Resposta ao comentário do Padre Mateus

Recebemos no POST sobre Santa Francisca Xavier Cabrini - clique aqui para acessar o POST e comentário - um comentário enviado por Padre Mateus  - não é disponibilizado um LINK ou e-mail para contato;  buscando esclarecer o assunto transcrevemos abaixo comentário e a opinião oficial do Blog CATOLICISMO.


"Comentário do Padre Mateus:

'Padre Mateus disse...
Este sitio traz afirmações históricas inverossímel. Lembrem-se que o Cristianismo nasceu no Oriente e não no Ocidente. Como a Igreja Ortodoxa pode ter nascido de um cisma com Roma?
Quando Roma ainda era uma cidade totalmente pagã, Pedro já pontificava Antioquia, João acolhia a Mãe de Deus e da Igreja consigo e chefiava a Igreja de Éfeso, Tiago, o irmão do Senhor, a de Jerusalém. Todos os Concílios Ecumênicos se deram no Oriente e nunca em Roma. Por favor, não deturpe a História, a bem da verdade que os senhores dizem servir. Para nós, Roma é que se apartou da Tradição e da nossa comunhão.'

23 de dezembro de 2009 10:28"


NOTA do Blog CATOLICISMO:
Entendemos oportuno destacar que não há da parte do Blog Catolicismo nenhuma aversão a Igreja Católica Ortodoxa e reconhecemos que antes do estabelecimento da Sé de Roma - sendo considerado Sua Santidade, o Papa, o 'primeiro entre os pares' - existiam vários Patriarcados, sendo oportuno lembrar que foram várias as causas do cisma que separou a Igreja Católica, até então UNA, em dois ramos: 
Oriental e Ocidental, cabendo as igrejas orientais a denominação de ORTODOXA e a Igreja Católica Ocidental sendo denominada Igreja  Católica Apostólica Romana, sendo uma das causas a cláusula 'filioque'.

Natural que não pretendemos ensinar ao Padre Mateus, que com certeza tem mais conhecimentos sobre o assunto do que a soma do conhecimento de todos os editores do Blog Catolicismo, porém,  explicando para os leigos o cerne da Cláusula 'filioque' é que no entendimento  das igrejas orientais o Espírito Santo procede apenas do Pai enquanto  a Igreja Católica Apostólica Romana entende que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho - essa diferença de entendimento sobre a procedência do Espírito Santo é facilmente percebida no Credo Niceno-Constantinoplano. 


Outro aspecto que desagrava a Igreja Ocidental era o 'cesaropapismo', ou seja, a subordinação das Igrejas Ortodoxas a uma autoridade secular.

Lembramos ao  Padre Mateus que tanto na descrição do Blog CATOLICISMO quanto nos seus objetivos não há restrições as igrejas ortodoxas - inclusive até constam trechos em que as defendemos e nos mesmo também reconhecemos que não temos procuração das mesmas para defende-las nem tão pouco elas precisam de nossa defesa - o que somos contrários é ao fato de que a Igreja Católica Apostólica Brasileira - ICAB, por razões que desconhecemos, tem optado por manter igrejas da ICAB 'disfarçadas' de Ortodoxas.


Discordamos disso, por ser nosso entendimento que a ICAB tem o direito de manter suas igrejas, difundir sua crença e principios mas deve fazer de forma clara, assumindo, inclusive com a denominação na própria igreja, que naquele local funciona  uma Igreja integrante da Igreja Católica Apostólica Brasileira.

Mas o que tem ocorrido com alguma frequencia é que uma determinada Igreja começa a funcionar, o padre se veste sempre de batina na cor preta, diz que a igreja é ortodoxa e na realidade quando fomos visitar tal igreja constatamos que todos rituais são latinos, exatamente iguais aos adotados pela Igreja Católica Apostólica Romana e com ligeiras modificações pela brasileira.

Citamosw dois exemplos em que o ritual seguido na 'igreja ortodoxa' não coincide com o seguida pelas verdadeiras Igrejas Ortodoxas:
- o Sinal da Cruz é feito no estilo Ocidental do ombro esquerdo para o direito, portanto, contrário ao Sinal da Cruz da Igreja Ortodoxa;
- a Cruz usada nas cerimonias da autodenominada igreja ortodoxa é a latina.


Portanto, Reverendo Padre Mateus, esperamos ter deixado esclarecido que nada temos contra as verdadeiras, as autênticas Igrejas Ortodoxas, também nada temos contra a Igreja Católica Apostólica Brasileira, mas, temos tudo contra a 'falsificação', contra uma igreja da ICAB se apresentar como se fosse Igreja Ortodoxa.

No Distrito Federal, na cidade satélite de Taguatinga, existem duas igrejas que são exemplos fiéis do que falamos, ficando uma em Taguatinga Centro e outra em Taguatinga Norte.


NA PAZ DO SENHOR,


Editores do Blog CATOLICISMO


Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo - 25 de dezembro

Natal de Jesus

 
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória..." (Jo 1,14).

A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos "últimos tempos", isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.

No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.

Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o "dia do sol invencível", como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite.

Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.

No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do "sol invencível" para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.

A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.

Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

FELIZ NATAL



FELIZ NATAL

FELIZ NATAL

24 de dezembro - Santo do dia

Santa Paula Isabel Cerioli


Batizada como Costanza Cerioli, nasceu na família dos nobres e ricos Francisco Cerioli e Francisca Corniani, no dia 28 de janeiro de 1816, em Soncino, Cremona, Itália.

Delicada, inteligente e sensível, dona de um físico frágil, aprendeu cedo a lidar com o sofrimento, alertada pela sabedoria cristã da mãe, que lhe mostrava a miséria presente nas famílias dos camponeses. Aos onze anos, foi entregue às Irmãs da Visitação da cidade de Alzano, para completar sua formação religiosa e cultural, com as quais ficou até os dezesseis anos, destacando-se pela bondade e caridade.

Aos dezenove anos, obedecendo à vontade dos pais, casou-se com o nobre e rico Caetano Busecchi, de quase sessenta anos, herdeiro dos condes Tassis. Vivendo no palácio do marido, em Comente, Bergamo, dedicava-se à família e às obras de caridade da igreja. Teve um casamento feliz e harmônico, porém marcado pela morte dos quatro filhos; três logo após o nascimento e o outro, Carlos, com dezesseis anos.

Abatida, continuou cuidando do marido, já bem idoso e doente, até 1854, quando ele faleceu. Assim, com trinta e oito anos, viúva, sozinha e dona de grande fortuna, isolou-se do mundo. Ficou retirada em sua casa, dedicando-se às obras de caridade, nas quais aplicou todo o patrimônio.

Criou colégios para crianças órfãs carentes e abandonadas; instituiu escolas, cursos de catecismo, exercícios espirituais, recreações festivas e assistência às enfermas. Vencendo todos os tipos de dificuldades, desejou fundar uma Congregação religiosa feminina e outra masculina que seguisse o modelo evangélico do mistério de Nazaré, constituído por Maria e José, que acolhem Jesus para doá-lo ao mundo.

Orientada, espiritualmente, pelos dois bispos de Bergamo, em 1857, junto com seis companheiras, fundou o Instituto das Irmãs da Sagrada Família. Nesse dia, Costanza vestiu o hábito e tomou o nome de madre Paula Isabel. Em 1863, realizou seu grande sonho: fundou o Instituto dos Irmãos da Sagrada Família, para o socorro material e a educação moral e religiosa da classe camponesa, na época a mais excluída e pobre.

O carisma da Sagrada Família era o objetivo a ser alcançado, como modelo de ajuda e conforto, aprendendo dela como ser famílias cristãs acolhedoras, unidas no amor, na fraternidade, na fé forte, simples e confiante. Com muita inspiração, ela própria escreveu as Regras para os seus institutos, que foram aprovadas pelo bispo de Bergamo.

Consumida na intensa atividade assistencial e religiosa, com apenas quarenta e nove anos de idade, morreu na véspera do Natal de 1865, em Comonte, Bergamo. Deixou entregue aos cuidados da Providencia Divina o já estabelecido Instituto feminino e a semente plantada do outro, masculino.

Madre Paula Isabel Cerioli foi beatificada pelo papa Pio XII em 1950, durante o Ano Santo. Foi declarada santa pelo papa João Paulo II em 2004.

Santa Paula Isabel Cerioli, rogai por nós


Vaticano quebra tradição milenar

Missa do Galo mais cedo, algo inédito no Vaticano 

O Papa Bento XVI celebrará nesta quinta-feira no Vaticano a missa do Galo às 22H00 locais (19H00 de Brasília), duas horas antes do habitual, para evitar um cansaço excessivo ao 82 anos.

O antecessor de Bento XVI, João Paulo II, sempre celebrou a missa à meia-noite, inclusive nos últimos anos de vida, quando tinha graves problemas de saúde.

O padre Federico Lombardi, porta-voz de Bento XVI, afirmou no início de dezembro à AFP que "a saúde do Papa é absolutamente normal", desmentindo os boatos sobre eventuais problemas de saúde, gerados justamente pela decisão de antecipar a tradicional missa da meia-noite.

O novo horário, que fará com que a missa terminou pouco antes de 0h00, "pretende apenas tornar menos cansativas as jornadas de Natal, nas quais (o Papa) tem muitos compromissos", como a missa de Natal da manhã do dia 25, segundo o padre Lombardi.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

23 de dezembro - Santo do dia

São João Câncio


João nasceu em Kety, na diocese de Cracóvia, Polônia, em 1390; estudou na Cracóvia e foi ordenado sacerdote. Durante muitos anos foi professor da Universidade de Cracóvia; depois foi pároco de Ilkus. À fé que ensinava uniu grandes virtudes, sobretudo a piedade e a caridade para com o próximo, tornando-se um modelo insigne para seus colegas e discípulos.

Enquanto nas regiões vizinhas pululavam as heresias e os cismas, o bem-aventurado João ensinava na Universidade de Cracóvia a doutrina haurida da mais pura fonte, e explicava ao povo com muito empenho, em seus sermões, o caminho da santidade, confirmando a pregação com o exemplo da sua humildade, castidade, misericórdia, penitência e todas as outras virtudes próprias de um santo sacerdote e de um zeloso ministro do Senhor. Ao longo do dia, uma vez cumprido o seu dever de ensinar, dirigia-se diretamente à igreja, onde durante muito tempo se entregava à oração e à contemplação diante de Cristo na Eucaristia.

Tanto nas pequenas como nas grandes adversidades, João teve sempre em mente algo de bem superior ao prestígio, à carreira e ao bem-estar materiais: "Mais para o alto!" repetia sempre. Em todas as circunstâncias, só tinha Deus no seu coração, só tinha Deus na sua boca.

Morreu em Cracóvia, com a idade de oitenta e três anos, no ano de 1473.


São João Câncio, rogai por nós!
 

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

22 de dezembro - Santo do dia

Santa Francisca Xavier Cabrini
 

Filha de família pobre, cresceu em meio à miséria que pairava, em meados do século XIX, no norte da Itália. Franzina, de saúde fraca, não conseguiu ser aceita nos conventos. Apesar disso, era dona de uma alma grandiosa, digna de figurar entre os santos. Assim pode ser definida santa Francisca Cabrini, com sua vida voltada somente para a caridade e o bem do próximo.

Francisca Cabrini foi a penúltima de quinze filhos de Antônio e Estela, camponeses muito pobres na pequena Santo Ângelo Lodigiano, região da Lombardia. Nascida em 15 de julho de 1850, desde pequena se entusiasmava ao ler a vida dos santos. A preferida era a de são Francisco Xavier, a quem venerou tanto que assumiu seu sobrenome, se auto-intitulando Xavier. Sua infância e adolescência foram tristes e simples, cheia de sacrifícios e pesares.

Francisca, porém, gostava tanto de ler e se aplicava de tal forma nos estudos que seus pais fizeram o possível para que ela pudesse tornar-se professora.

Mal se viu formada, porém, encontrou-se órfã. No prazo de um ano perdeu o pai e a mãe. Enquanto lecionava e atuava em obras de caridade em sua cidade, acalentava o sonho de entregar-se de vez à vida religiosa. Aos poucos, foi criando coragem e, por fim, pediu admissão em dois conventos, mas não foi aceita em nenhum. A causa era a sua fragilidade física. Mas também influiu a displicência e o egoísmo do padre da paróquia, que a queria trabalhando junto dele nas obras de caridade da comunidade.

Francisca, embora decepcionada, nunca desistiu do sonho. Passado o tempo, quando já tinha trinta anos de idade, desabafou com um bispo o quanto desejava abraçar uma obra missionária e esse a aconselhou: "Quer ser missionária? Pois se não existe ainda um instituto feminino para esse fim, funde um". Foi, exatamente, o que ela fez.

Com o auxílio do vigário, em 1877 fundou o Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, que colocou sob a proteção de são Francisco Xavier. Ainda: obteve o apoio do papa Leão XIII, que apontou o alvo para as missões de Francisca: "O Ocidente, não o Oriente, como fez são Francisco". Era o período das grandes migrações rumo às Américas por causa das guerras que assolavam a Itália. As pessoas chegavam aos cais do Novo Mundo desorientadas, necessitadas de apoio, solidariedade e, sobretudo, orientação espiritual. Francisca preparou missionárias dispostas e plenas de fé, como ela, para acompanhar os imigrantes em sua nova jornada.

Tinham o objetivo de fundar, nas terras aonde chegavam, hospitais, asilos e escolas que lhes possibilitassem calor humano, amparo e conforto.

Em trinta anos de intensa atividade, Francisca Cabrini fundou sessenta e sete Casas na Itália, França e nas Américas, no Brasil inclusive. Mais de trinta vezes cruzou os oceanos aquela "pequena e fraca professora lombarda", que enfrentava, destemida, as autoridades políticas em defesa dos direitos de seus imigrantes nos novos lares.

Madre Cabrini, como era popularmente chamada, morreu em Chicago, Estados Unidos, em 22 de dezembro de 1917. Solenemente, seu corpo foi transportado para New York, onde o sepultaram na capela anexa à Escola Madre Cabrini, para ficar mais próxima dos imigrantes. Canonizada em 1946, santa Francisca Xavier Cabrini é festejada no mundo todo, no dia de sua morte, como padroeira dos imigrantes.


Santa Francisca Xavier Cabrini, rogai por nós

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

21 de dezembro - Santo do dia

São Pedro Canísio


A catequese sempre exerceu um fascínio tão grande sobre Pedro Canísio que, quando tinha menos de treze anos, ele já reunia meninos e meninas à sua volta para ensinar passagens da Bíblia, orações e detalhes da doutrina da Igreja. Mais tarde, seria autor de um catecismo que, publicado pela primeira vez em 1554, teve mais de duzentas edições e foi traduzido em quinze línguas. Mas teve também grande atuação no campo teológico, combatendo os protestantes.

Peter Kanijs para os latinos, Pedro Canísio nasceu em 8 de maio 1521, no ducado de Geldern, atual Holanda. Ao contrário dos demais garotos, preferia os livros de oração às brincadeiras. Muito estudioso, com quinze anos seu pai o mandou estudar em Colônia e, com dezenove, recebeu o título de doutor em filosofia. Mas não aprendeu somente as ciências terrenas. Com um mestre profundamente católico, Pedro também mergulhou, prazerosamente, nos estudos da doutrina de Cristo, fazendo despertar a vocação que se adivinhava desde a infância.

No ano seguinte ao da sua formatura, os pais, que planejaram um belo futuro financeiro para a família, lhe arranjaram um bom casamento. Mas Pedro Canísio recusou. Não só recusou como aproveitou e fez voto eterno de castidade. Foi para Mainz, dedicar-se apenas ao estudo da religião. Orientado pelo padre Faber, célebre discípulo do futuro santo Inácio de Loyola, em 1543 ingressou na recém-fundada Companhia de Jesus. Três anos depois, ordenado padre jesuíta, recebeu a incumbência de voltar para Colônia e fundar uma nova Casa para a Ordem. Assim começou sua luta contra um cisma que abalou e dividiu a Igreja: o protestantismo.

Quando era professor de teologia em Colônia, sendo respeitado até pelo imperador, Pedro Canísio conseguiu a deposição do arcebispo local, que era abertamente favorável aos protestantes. Depois, participou do Concílio de Trento, representando o cardeal Oto de Augsburg. Pregou e combateu o cisma, ainda, em Roma e Messina, onde lecionou teologia. Mas teve de voltar à Alemanha, pois sua presença se fazia necessária em Viena, onde o protestantismo fazia enormes estragos.

Foi nesse período que sua luta incansável trouxe mais frutos e que também escreveu a maior parte de suas obras literárias. Fundou colégios católicos em Viena, Praga, Baviera, Colônia, Innsbruck e Dillingen. Foi nomeado pelo próprio fundador, Inácio de Loyola, provincial da Ordem para a Alemanha e a Áustria. Pregou em Strasburg, Friburg e até na Polônia, sempre denunciando os seguidores do sacerdote Lutero, pai do protestantismo.

Admirado pelos pontífices e governantes do seu tempo, respeitado como primeiro jesuíta de nacionalidade alemã, Pedro Canísio morreu em 21 de dezembro de 1597, em Friburg, atual Suíça, após cinqüenta e quatro anos de dedicação à Companhia de Jesus e à Igreja. Foi canonizado por Pio XI, em 1925, para ser festejado, no dia de sua morte, como são Pedro Canísio, doutor da Igreja, título que também recebeu nessa ocasião.


São Pedro Canísio, rogai por nós

domingo, 20 de dezembro de 2009

Santo do dia - 20 de dezembro

São Domingos de Silos



Os santos da Igreja de Cristo foram verdadeiros luzeiros para o mundo, pois levaram com sua vida e palavras a Luz do Mundo que é Jesus Cristo. São Domingos nasceu em Cañas, vila da província de Navarra (Espanha), isto no ano 1000, dentro de uma humilde família cristã.

Quando o pai do pastorinho de ovelhas Domingos enxergou a inclinação do filho para os estudos religiosos, tratou logo de encaminhar Domingos para a formação que o levou - por vocação - ao Sacerdócio. Ordenado Sacerdote, passou mais de um ano na família e depois viveu dezoito meses na solidão. Com o passar do tempo entrou para a família beneditina, ingressando no mosteiro de Santo Emiliano, onde logo foi feito mestre dos noviços pelo abade do mosteiro. Em seguida, foi encarregado de restaurar o priorado de Santa Maria de Cañas. Após isso, foi feito prior do mosteiro de Santo Emiliano. Um dia, o príncipe de Navarra, sem dinheiro para as suas guerras, veio ao mosteiro exigir uma contribuição exorbitante. Os monges estavam dispostos a ceder, mas o prior deu uma recusa humilde e categórica. Fugindo da vingança do príncipe, Domingos exilou-se em Burgos onde Fernando Magno, rei de Castela e Aragão, recebeu o fugitivo em seu palácio. São Domingos retirou-se, todavia, para um eremitério fora da cidade. O rei pensou então no mosteiro de São Sebastião de Silos, quase abandonado, e deu-o ao recém-chegado, a 14 de janeiro de 1041.

Na Ordem de São Bento, São Domingos de Silos descobriu seu chamado a uma contemplação profunda e ações que salvassem almas, sendo assim recebeu de um anjo em sonho a promessa de 3 coroas que significavam: uma por ter abandonado o mundo mal e se ter encaminhado para a vida perfeita; outra por ter construído Santa Maria de Cañas e ter observado castidade perfeita; e a terceira pela restauração de Silos. De fato, esta última coroa se realizou perfeitamente, pois durante os 30 anos de pai (abade) no mosteiro de São Sebastião em Silos, este local tornou-se centro de cultura e cenáculo de evangelização para a Igreja e o Mundo. O abade de Silos faleceu a 20 de dezembro de 1073, entre os seus numerosos filhos espirituais e assistido pelo Bispo de Burgos. Foi sepultado no claustro.

São Domingos amado pelo povo e respeitado por reis e rainhas, operou em vida e também depois da morte muitos milagres, os quais provaram com clareza o quanto se encontra no Céu tão íntimo, quanto buscava ser aqui na terra. Em 1076, o Bispo de Burgos transferiu o corpo de São Domingos para a igreja de São Sebastião. E a abadia foi perdendo pouco a pouco o nome de São Sebastião para adotar o de  São Domingos amado pelo povo e respeitado por reis e rainhas, operou em vida e também depois da morte muitos milagres, os quais provaram com clareza o quanto se encontra no Céu tão íntimo, quanto buscava ser aqui na terra.

São Domingos de Silos, rogai por nós

sábado, 19 de dezembro de 2009

A Fé nos dias de hoje

A Bíblia - A história sem fim

A Bíblia começou a ser escrita há mais de 3 000 anos, e desde seu início se revelou um livro sem rival no poder de moldar culturas e civilizações. Essa força permanece inesgotável: ler a Bíblia é essencial para entender o mundo do qual viemos e em que vivemos hoje

"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe:
‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’.
Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação. O Anjo, porém, acrescentou: ‘Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado o Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim’. Maria, porém, disse ao Anjo: ‘Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?’. O Anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus. Também Isabel, a tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. Para Deus, com efeito, nada é impossível’. Disse então Maria: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!’. E o Anjo a deixou."

Extraída do Evangelho de São Lucas, a passagem acima é uma das mais belas e conhecidas daquele que é, por sua vez, o livro mais lido e célebre de todos os tempos – a Bíblia. Nela, é narrada a Anunciação, episódio seminal do Novo Testamento, a continuação cristã do livro sagrado dos judeus. Lucas nasceu no primeiro século de nossa era, em Antióquia, onde hoje é a Síria, e nunca chegou a conhecer Jesus: foi discípulo de Paulo, o grande disseminador da palavra de Cristo no mundo não judaico. Mas seu Evangelho é considerado uma obra de envergadura imensurável – e não só porque, ao lado dos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, ele compõe o coração do Novo Testamento. Várias sumidades da história têm esse médico de origem grega na conta de um dos grandes de sua categoria – um historiador nato, ciente dos detalhes, afeito à precisão e surpreendentemente atento à necessidade de averiguar fatos. A história da qual Lucas faz a crônica está carregada de aspectos místicos: a de como Jesus nasceu de uma virgem, pregou uma mensagem transformadora, realizou milagres que comprovavam estar Ele imbuído do poder de Deus, e então foi perseguido, torturado e crucificado, para no terceiro dia após sua morte ressuscitar e ascender aos céus. Nas mãos desse autor, entretanto, fato e fé se fundem de maneira tão completa que, mesmo para um leitor ateu ou agnóstico, se torna um desafio separá-los.

O trecho em que o anjo Gabriel anuncia a concepção e o nascimento de Cristo é exemplar de seu estilo. Lucas narra o diálogo entre um anjo enviado por Deus – assunto de fé, portanto – e uma jovem. Mas provê data, lugar e circunstâncias, afere outro evento familiar (a gravidez de Isabel) e relata uma discussão sobre a viabilidade biológica da concepção por uma virgem. Só nessa pequena passagem, tem-se uma síntese de uma questão que está no centro da Bíblia. Como, afinal, esse livro escrito no decorrer de mais de 1.000 anos deve ser lido? Como uma transcrição direta da palavra de Deus, segundo creem tantos? Como a palavra divina inserida em um contexto terreno, o da relação com seu Deus de uma cultura que ia atravessando mudanças geográficas, políticas e sociais? Como um livro histórico, tão somente? Ou, conforme querem outros, como uma ferramenta que grupos diversos podem manejar na busca por poder e supremacia? Seria possível imaginar que, passadas tantas dezenas de séculos do advento desse livro, tais questões não mais teriam lugar no mundo moderno. Sucede exatamente o contrário. A religião nunca deixou de ser força motriz dos rumos da história do homem, tampouco fonte de tensão. E, na última década em especial, ela ressurgiu com efeito redobrado no centro do cenário político global. De onde ler a Bíblia – e entender como ler a Bíblia – não é nem de longe um conhecimento periférico na vida do século XXI.

Um nova-iorquino de origem judia, mas nascido em uma família sem nenhuma inclinação religiosa, deu uma contribuição interessante ao debate. Em 2005, o escritor e jornalista A.J. Jacobs decidiu que viveria o ano seguinte fazendo tal e qual a Bíblia manda – tanto o Velho como o Novo Testamentos. Jacobs, que já fizera fama como o autor de The Know-It-All, sobre os doze meses que passara lendo a Encyclopaedia Britannica de ponta a ponta, colecionou experiências estranhas em quantidade suficiente para escrever outro livro, The Year of Living Biblically (O Ano de Viver Biblicamente), lançado em 2007: suou frio para apedrejar um adúltero, como ordena o Velho Testamento, cultivou uma barba que teimava em guardar vestígios de suas últimas refeições e, uma vez que deixou de contar até mesmo aquelas mentirinhas sociais que tanto ajudam a civilização, passou por malcriado em mais de uma ocasião. O livro, claro, é parte troça e golpe publicitário. Mas é também um curioso experimento de, digamos, teologia aplicada: é possível viver, nos dias de hoje, como se viveu 3 200 anos atrás, o período em que se estima que a Bíblia começou a ser escrita?

Vários ramos religiosos, sobretudo entre os judeus e os evangélicos, acham que sim: pode-se e deve-se viver exatamente como a Bíblia prescreve. No entender dessas correntes, o texto sagrado foi recebido diretamente de Deus e tem, portanto, de ser aceito de forma literal, sem interpretações nem relativizações. Mas Jacobs, ainda que por vias tão mundanas, provou um ponto relevante. Demonstrou que mesmo aqueles que acreditam que nada se acrescenta nem se subtrai à Bíblia fazem escolhas sobre seus ensinamentos. Caso contrário, só para ficar no exemplo mais prosaico, o noticiário estaria cheio de episódios de apedrejamento de adúlteros e adúlteras. Não está, porque não há comunidade religiosa judaica ou cristã que endosse tal prática, hoje considerada bárbara (e isso significa, sim, relativizar e interpretar). Também não se sabe de mulheres que tenham tido uma mão cortada por agarrar as partes pudendas de um homem para defender o marido em uma briga – como está dito em um dos volumes do Velho Testamento, o Deuteronômio. Até porque, convenha-se, a manobra não deve ser das mais fáceis.

Exemplos como esses são extremos – e vulgares, claro. Servem apenas para ilustrar com cores berrantes um argumento sério: o de que ler a Bíblia ao pé da letra não significa apenas lidar com os descompassos provocados por tradições que mudaram, sumiram ou ofendem o conceito contemporâneo do que é ser justo e civilizado. O primeiro problema é outro: o que é o "pé da letra" na Bíblia? Em seu excelente livro A Arte da Narrativa Bíblica, o pesquisador americano Robert Alter, da Universidade da Califórnia em Berkeley, dedica-se a explicar que muito do que a Bíblia quer comentar está nas suas entrelinhas. Só para começar a conversa, Alter cita o estilo radicalmente contrastante de dois capítulos consecutivos do Gênese. No primeiro, o patriarca Jacó vê a túnica ensanguentada de seu filho José, presume que ele está morto e entrega-se a manifestações hiperbólicas de luto. O capítulo seguinte trata de uma situação similar, mas é de uma secura severa. Relata que outro patriarca, Judá, teve três filhos – Er, Onã e Selá. Sem mais firulas, informa que Er "desagradou a Deus", e Ele lhe tirou a vida. O mesmo aconteceu com Onã, que, obrigado a tomar o lugar do irmão na cama da cunhada, a fim de gerar um filho, interrompia o coito e "derramava sua semente no chão" (daí o termo "onanismo" para a masturbação). Deus tomou a Judá dois filhos, mas o texto não traz menção a nenhuma emoção que o pai porventura tenha sentido. Jacó tão teatral, e Judá tão frio: para Robert Alter, só o fato de a Bíblia justapor duas reações assim diversas já é um juízo sobre esses dois personagens importantes das Escrituras. Mas esse juízo não está no "pé da letra": está sugerido em um recurso estilístico sutil.

Muitos outros estudiosos se dedicam a mostrar como a forma, o estilo e a escolha de palavras são decisivos no que a Bíblia diz. E mais essencial ainda é o contexto em que ela diz o que diz. O judaísmo e seu descendente (e dissidente), o cristianismo, são fundamentalmente religiões narrativas – muito mais do que qualquer outra das grandes religiões, monoteístas ou não. Vem daí muito da força e da influência sem paralelo da Bíblia sobre o pensamento de uma parcela grande da humanidade, aquela abrangida no que se costuma chamar de civilização judaico-cristã: sem que se faça aqui nenhum julgamento, de natureza alguma, sobre o papel de cada uma das religiões na história dos homens, é um fato da ciência sociopolítica que o judaísmo e o cristianismo tiveram um impacto ilimitado nos rumos dessa história. Porque contam, entre todas as fés, com o mais extenso, detalhado, profundo e variegado plano jamais disposto para os seguidores de uma divindade, do surgimento do mundo ao seu fim, ou sua transmutação total no reino de Deus: a Bíblia, um conjunto vasto não apenas de ensinamentos, ditames e reflexões, mas de histórias arraigadas em nossa cultura. Para ateus e agnósticos, essa é uma razão para ler a Bíblia: para descobrir por que mesmo quem não crê compartilha a mesma herança que os que creem. É como se a Bíblia e a tradição que ela carrega fossem, enfim, o DNA da civilização ocidental: crer ou não crer corresponde àquela porcentagem infinitesimal de diferenças genéticas que nos separam – todo o resto, ou 99% dos genes, são comuns a todos nós.

Quase tudo na Bíblia é uma história, um "caso", um relato, um testemunho. Mesmo naqueles livros do Velho Testamento que são, por assim dizer, manuais de instruções, como Levítico e Números, as injunções vêm na forma de historietas. Os Evangelhos são também isso: relatos sobre a passagem de Jesus sobre a Terra e sobre Sua missão. De imensa relevância ainda é o fato de que – ao contrário, digamos, do Corão – a Bíblia não tem um autor único nem foi escrita em um período de tempo delimitado. Bem longe disso: ela abrange algo como doze séculos de produção e vários idiomas (não bastasse isso, já foi traduzida para 2.400 línguas, entre as quais idiomas indígenas brasileiros). Combina uma miríade de formas narrativas distintas e envolve um sem-número de autores, muitos dos quais nunca virão a ser identificados, mas que se sabe provenientes das origens mais distintas, de profetas a funcionários de governo e pescadores. Com tantos cozinheiros na mesma cozinha, torna-se sobre-humana a tarefa de tentar decifrar a receita.

Há casos em que a Bíblia de fato se assume como a palavra recebida diretamente de Deus. Por exemplo, nas conclamações divinas ao povo eleito, muito comuns no Antigo Testamento, em que Ele exalta, pune, decide destinos e mostra aquilo que espera de seus seguidores ou o que não vai tolerar neles. Mas, em outros trechos essenciais, como nos Salmos, são já homens comuns (ou, vá lá, nem tanto, já que muitos dos Salmos são atribuídos ao rei Davi) que se dirigem a Deus. São frequentes também os simples registros de eventos, que podem ter certo teor mundano (muito espaço é dedicado a detalhar as linhas genealógicas, de grande relevância numa sociedade arcaica, ainda dividida em clãs) ou vir crivados de misticismo (como nos testemunhos dos milagres de Jesus). Outro caso: as belíssimas cartas do apóstolo Paulo, parte integrante do Novo Testamento, que delineiam os fundamentos da religião cristã na forma como é seguida até hoje, são comunicações de homens para homens. Há poemas de grande quilate, como o Cântico dos Cânticos, e o caso mais difícil de classificar – o delirante e perturbador Livro das Revelações, em que o apóstolo João descreve o apocalipse. Tudo o que a Bíblia contém trata em algum nível da relação do homem com Deus. Mas nem tudo nela pode ser descrito como a palavra direta de Deus.

Bíblia, enfim, é um mosaico intrincado no que toca às possibilidades de interpretação. Até porque, surpresa, ela não trata em miúdos de alguns dos temas em que é invocada com grande insistência. Hoje, é comum que as Bíblias evangélicas mais completas contenham um índice temático denominado "concordância." Procura-se uma palavra – digamos, "graça", ou "pobreza" – e o índice relaciona todas as ocasiões em que ela aparece em todo o imenso volume de texto. Isso porque, como já se disse, seguir a Bíblia à risca é fundamental para muitos dos ramos evangélicos, e a concordância ajuda-os a informar-se sobre o que a Bíblia tem a dizer a respeito de cada aspecto de sua vida e fé (os católicos, por contraste, apoiam-se mais na doutrina moral delineada pela Igreja). Tente-se procurar na concordância, entretanto, o termo "aborto": ele não constará. A Bíblia não trata de forma explícita ou direta da interrupção deliberada da gestação em nenhum trecho de seus milhares de páginas. Há possíveis alusões, como no capítulo 30 do Deuteronômio, muito usado pelos grupos antiaborto: "Hoje tomo o céu e a terra como testemunhas contra vós; eu te propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele". Mas alguns pesquisadores, inclusive evangélicos, contradizem essa leitura. Segundo eles, o trecho é na verdade uma exortação aos israelitas em fuga do Egito para que não se desviem do caminho do Senhor. Como decidir, então, quem está certo?

A única resposta segura é que não há como decidir. A Bíblia moldou e amalgamou civilizações e manteve-se um texto obrigatório porque é de fato inesgotável. É uma, mas pode ser infinitas – até no seu aspecto mais concreto, o do sem-número de recortes que o mercado editorial encontra nela. Numa incursão a uma livraria (se for na internet, então, nem se fala), podem-se achar não apenas as edições canônicas de cada uma das religiões que seguem o texto sagrado – judaicas, católicas, luteranas, evangélicas, anglicanas, ortodoxas e assim por diante –, como Bíblias talhadas para virtualmente qualquer gosto. Há Bíblias para quem não conhece a Bíblia, com títulos como Entendendo a Bíblia em 30 Dias e O Guia do Completo Idiota para a Bíblia. Há Bíblias para meninos e para meninas. Para mulheres e para quem quer só lições de vida. No estilo do mangá, o quadrinho japonês, ou na pena do quadrinista underground Robert Crumb. Em gíria cockney da zona leste de Londres (com o selo de aprovação da Igreja Anglicana) ou em linguagem simples, no vozeirão de Cid Moreira.

Há uma Bíblia, inclusive, que desempenhou papel de imensa relevância no que viria a se tornar a língua franca do mundo moderno, o inglês. Trata-se da versão conhecida como Bíblia do Rei James, encomendada por James I a um grupo de estudiosos em 1604, meses após sua ascensão ao trono, e concluída em 1611. Conciliar as tensões de seu tempo e consolidar a Igreja Anglicana como a fé da nação eram os requisitos a que a tradução pedida a seus sábios deveria atender. Eles, contudo, foram além: produziram um dos mais consumados exemplos de prosa poética que se conhece – uma prosa que arrebata pela beleza, inspira pelo calor e se coloca à disposição de quem a ouve pela clareza (diz a lenda que William Shakespeare deu uma mãozinha ao colegiado de estudiosos). Lida dos púlpitos para os fiéis, ou em casa por quem aprendera a fazê-lo (pouca gente, naquele tempo), a Bíblia do Rei James fez toda uma nação tomar contato com a escrita bela e benfeita. Não admira, assim, que tenha a reputação de transparecer uma inspiração divina.

Não importa qual seja a versão, duas coisas são cristalinas e constantes na Bíblia. A primeira é que cada uma das partes desse texto sagrado, sejam elas as aceitas pelos cristãos ou pelos judeus, é como que um tijolo no edifício que se pode chamar de o plano de Deus para os homens. E a segunda é que cada um desses tijolos traz alguma marca, mais ou menos profunda, do tempo em que foi moldado: a Bíblia é singular entre os textos sagrados também por ser uma crônica extensa e detalhada da civilização à qual ia dando forma. É, em certo sentido, uma reportagem. Uma reportagem colorida pelas crenças típicas da época em que cada trecho foi escrito (como na ideia de que um patriarca como Matusalém possa ter chegado aos 969 anos de idade, como está dito no Gênese), ou moldada para inculcar esta ou aquela impressão no leitor. Mas até nesses ornamentos, por assim dizer, é uma crônica dos povos que a escreveram e da maneira como viviam e pensavam.