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domingo, 2 de dezembro de 2018

2 de dezembro - Santo do dia

Santa Bibiana ou Viviana

Virgem e mártir (século IV)

Na época em que Roma estava sob o poder o imperador Juliano, "o Apóstata", aconteceu um dos últimos surtos de perseguição fatal aos cristãos, entre 361 e 363. O tirano, que já tinha renegado seu batismo e abandonado a religião, passou a lutar pela extinção completa do cristianismo.

Começou substituindo todos os cristãos que ocupavam empregos civis por pagãos, tentando colocar os primeiros no esquecimento. Mas não parou por aí. Os mais populares e os mais perseverantes eram humilhados, torturados e, por fim, mortos.

No ano 363, a família de Bibiana foi executada na sua presença, porque não renunciou à fé cristã. Flaviano, seu pai, morreu com uma marca na testa que o identificava como escravo. Defrosa, sua mãe foi decapitada. Ela e a irmã Demétria, antes, foram levadas para a prisão.

A primeira a morrer foi Demétria, que perseverou na fé após severos suplícios na presença da irmã. Por último, foi o martírio de Bibiana, para a qual, conforme a antiga tradição, o governador local usou outra tática. Foi levada a um bordel de luxo para abandonar a religião ou ser prostituída. Mas os homens não conseguiam aproveitar-se de sua beleza, pois a um simples toque eram tomados por um surto de loucura. Bibiana, então, foi transferida para um asilo de loucos e lá ocorreu o inverso, os doentes eram curados.

Sem renegar Cristo, foi entregue aos carrascos para ser chicoteada até a morte e o corpo jogado aos cães selvagens. Outro prodígio aconteceu nesse instante, pois os cães não o tocaram. Ao contrário, mantiveram uma distância respeitosa do corpo da mártir. Os seus restos, então, foram recolhidos pelos demais cristãos e enterrados ao lado dos familiares, num túmulo construído no monte Esquilino, em Roma.

Finalmente, a perseguição sangrenta acabou. A história do seu martírio ganhou uma devoção dos fieis. Santa Bibiana passou a ser invocada contra os males de cabeça e as doenças mentais e a epilepsia. Seu túmulo tornou-se meta de peregrinação e o seu bonito nome escolhido na hora do batismo. Também a conhecida variação, não menos bela, de Viviana se tornou popular na cristandade.

A veneração era tão intensa que o papa Simplício mandou construir sob sua sepultura uma pequena igreja dedicada a ela, no ano 407. O culto ganhou um reforço maior ainda quando, por volta de 1625, foi erguida sob as ruínas da antiga igreja uma basílica. Nela, as relíquias de santa Bibiana se encontram guardadas debaixo do altar-mor.

Além de ser uma das padroeiras da belíssima cidade de Sevilha, na Espanha, santa Bibiana é, também, padroeira da diocese de Los Angeles, nos Estados Unidos. É celebrada no dia 2 de dezembro, considerado o de sua morte pela fé em Cristo.


Santa Bibiana, rogai por nós!


São Cromácio

A casa de São Cromácio era centro de atividade espiritual, de estudo, oração e encontro de amigos sacerdotes e leigos, dispostos a cresceram para Deus

Hoje a Igreja nos apresenta São Cromácio, Bispo de Aquiléia (Itália). Esta cidade da Europa, por um tempo foi muito importante para o Império Romano, que a tinha como centro político e principalmente para o Cristianismo, pois São Jerônimo a chamou: “Comunidade de santos”. Neste contexto que, no século IV, Cromácio aparece como pertencente do Clero de Aquiléia e ajudante fiel do Bispo Valeriano. Cromácio nasceu em Aquiléia no ano 345.

São Cromácio colaborou na organização da diocese e na luta contra o Arianismo, que semeava a mentira em que Jesus Cristo seria criatura escolhida, e não Deus. A casa de São Cromácio era centro de atividade espiritual, de estudo, oração e encontro de amigos sacerdotes e leigos, dispostos a cresceram para Deus. Quando Valeriano morreu, todos – Clero e o povo – não tiveram dúvida em aclamar Cromácio para Bispo de Aquiléia. Isto em 388.

Como Bispo, foi santo e sábio pastor, culto, enérgico na defesa da doutrina e incansável na evangelização dos povos, o próprio São Cromácio se destacou como pregador e escritor, além de cooperar para que São Jerônimo e Rufino trabalhassem cada um na sua tradução das Sagradas Escrituras. São Cromácio faleceu em sua cidade – Aquiléia – no ano de 408, local que jamais esqueceu deste santo Bispo.


São Cromácio, rogai por nós!


São Silvério


Papa (século IV)

Silvério nasceu em Frosinone, na Campânia, Itália. Era filho do papa Hormisdas, que fora casado antes de entrar para o ministério da Igreja. Entretanto, ao contrário do que se encontra em alguns escritos, ele não foi sucessor do seu próprio pai. Antes de Silvério assumir, e depois do seu pai, outros ocuparam o trono de Pedro. Em períodos variados, não ultrapassando dois anos cada um, foram os papas: João I, Félix III, Bonifácio II, o antipapa Dióscoro da Alexandria, João II e Agapito I.

Eleito no dia primeiro de junho de 536, papa Silvério foi o sucessor do papa Agapito I, e o numero cinqüenta e oito da Igreja Católica. Embora fosse apenas subdiácono quando assumiu o trono de Pedro, ele foi um dos mais valentes defensores do cristianismo, pois enfrentou a imperatriz Teodora.

O conflito com a imperatriz começou quando ela enviou uma carta a ele ordenando que aceitasse, em Roma, bispos heréticos, entre eles Antimo. Respondendo com veemência que não obedeceria de forma alguma, foi preso. Tiraram-lhe as vestes papais, e, vestido como um simples monge, foi deportado para Patara, na Ásia.

Enquanto isso, assumia o governo da Igreja o antipapa Virgílio, que foi colocado em seu lugar porque aceitou a imposição da imperatriz de receber em Roma os tais bispos heréticos recusados por Silvério. Esse, por sua vez, pouco depois foi enviado a Lícia. Mas, como era um religioso muito popular, foi recebido com honras inesperadas pelos monarcas romanos da região.

Revoltado com a deposição de Silvério, o bispo de Lícia resolveu falar diretamente com o imperador Justiniano. Foi nesse encontro que proferiu as palavras que ficariam gravadas na história e seriam repetidas pelos séculos seguintes: "Existem muitos reis neste mundo, mas apenas um papa em todo o universo".

Tocado pelas palavras do religioso, o imperador determinou a volta do papa Silvério a Roma. Mas Teodora continuou com suas armações e, pouco tempo depois, ele era enviado à ilha de Palmaria, Ponza, onde sofreu um exílio mais rigoroso que o primeiro.

Novamente, recebeu ordem de Justiniano para voltar a Roma. Contudo o papa preferiu terminar no cisma que surgira, abdicando no dia 11 de novembro de 537.

Consumido pelas chagas e pela fome, morreu pouco depois, no dia 2 de dezembro do mesmo ano. Seu corpo, ao contrário do dos outros papas que morreram no exílio, não retornou para Roma, permaneceu naquela ilha, onde sua sepultura se tornou local de muitas graças e meta de peregrinação. O santo papa Silvério é venerado no dias de sua morte.
 
 
São Silvério, rogai por nós!

 

sábado, 1 de dezembro de 2018

1º de dezembro - Santo do dia

Santo Elói ou Elígio


Bispo (588-660)

Santo Elígio, foi grande organizador, apóstolo cheio de zelo, sabedoria e bondade 



Bispo, escultor, modelista, marceneiro e ourives, Elói ou Elígio foi um artista e religioso completo. Nasceu na cidade de Chaptelat, perto de Limoges, em 588, na França. Seus pais, de origem franco-italiana, eram modestos camponeses cristãos com princípios rígidos de honestidade e lealdade, transmitidos com eficiência ao filho. Com sabedoria e muito sacrifício, fizeram questão que ele estudasse, pois sua única herança seria uma profissão.


Assim foi que, na juventude, Elói ingressou na escola de ourives de Limoges, a mais conceituada da Europa da época e respeitada ainda hoje. Ao se formar mestre da profissão, já era afamado pela competência, integridade e honestidade. Tinha alma de monge e de artista, fugia dos gastos com jogos e diversões. Tudo dispendia com os pobres. Levava uma vida austera e de oração meditativa, ganhando o apelido de "o Monge". Conta-se que sua fama chegou à Corte e aos ouvidos do rei Clotário II, em Paris. Ele decidiu contratar Elói para fazer um trono de ouro e lhe deu a quantidade do metal que julgava ser suficiente. Mas, com aquela quantidade, Elói fez dois tronos e entregou ambos ao rei. Admirado com a honestidade do artista, ele o convidou para ser guardião e administrador do tesouro real. Assim, foi residir na Corte, em Paris.


Elói assumiu o cargo e também o de mestre dos ourives do rei. E assim se manteve mesmo depois da morte do soberano. Quando o herdeiro real assumiu o trono, como Dagoberto II, quis manter Elói na corte como seu colaborador, pois lhe tinha grande estima. Logo o nomeou um de seus conselheiros e embaixador, devido à confiança em suas virtudes.


Elói também realizou obras de arte importantes, como o túmulo de são Martinho de Tours, o mausoléu de são Dionísio em Paris, o cálice de Cheles e outros trabalhos artísticos de cunho religioso. Além disso, e acima de tudo, Elói era um homem religioso, não lhe faltou inspiração para grandes obras beneméritas e na arte de dedicar-se ao próximo, em especial aos pobres e abandonados. O dinheiro que recebia pelos trabalhos na Corte, usava-o todo para resgatar prisioneiros de guerra, fundar e reconstruir mosteiros masculinos e femininos, igrejas e para contribuir com outras tantas obras para o bem estar espiritual e material dos mais necessitados. Em 639, o rei Dagoberto II morreu. Elói, então, ingressou para a vida religiosa.


Dois anos depois, era consagrado bispo de Noyon, na região de Flandres. Foi uma existência totalmente empenhada na campanha da evangelização e reevangelização, no norte da França, Holanda e Alemanha, onde se tornou um dos principais protagonistas e se revelou um grande e zeloso pastor a serviço da Igreja de Cristo.


Durante os últimos dezenove anos de sua vida, Elói evitou o luxo e viveu na pobreza e na piedade. Foi um incansável exemplo de humildade, caridade e mortificação. A região de sua diocese estava entregue ao paganismo e à idolatria. Com as pregações de Elói e suas visitas a todas as paróquias, o povo foi se convertendo até que, um dia, todos estavam batizados.


Morreu no dia 1º de dezembro de 660, na Holanda, durante uma missão evangelizadora. A história da sua vida e santidade se espalhou rapidamente por toda a França, Itália, Holanda e Alemanha, graças ao seu amigo bispo Aldoeno que escreveu sua biografia.


A Igreja o canonizou e autorizou o seu culto, um dos mais antigos da cristandade. A festa de santo Elói ou Elígio, padroeiro dos joalheiros e ourives, ocorre na data de sua morte. 


Entretanto ele é celebrado também como padroeiro dos cuteleiros, ferreiros, ferramenteiros, celeiros, comerciantes de cavalos, carreteiros, cocheiros, garagistas e metalúrgicos.

Santo Elói, rogai por nós!

 

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

As imperfeições morais são pecados?

“Pode haver imperfeições morais que não sejam pecados (nem sequer pecados leves)? 

Estará o homem obrigado a praticar, em tudo, o que há de mais perfeito?”

Antes do mais, convém delimitar devidamente o conceito de imperfeição moral. A seguir, determinaremos as relações desta com o pecado. Por fim, à guisa de conclusão, serão formuladas algumas normas de alcance prático.


1. Que é a imperfeição moral propriamente dita?
Por «imperfeição moral» em sentido estrito entende-se o ato que, embora não viole algum preceito explícito da lei de Deus, vem a ser contradição a um conselho dado direta ou indiretamente pelo Senhor a fim de facilitar a união da alma com Deus; seria a prática de um bem menor, com rejeição consciente de um bem maior.


conquista_virtudesEm outros termos: designa-se como imperfeição moral o ato de vontade pelo qual determinada pessoa, podendo escolher entre dois alvitres, honestos ambos, mas de valor desigual, opta deliberadamente pela solução que tal pessoa julga ser a menos perfeita do ponto de vista moral. — Não vêm ao caso, portanto, as pequenas faltas que escapam à deliberação do agente, por mais virtuoso que seja; ficam involuntárias e subtraídas à responsabilidade do sujeito (a menos que este deliberadamente dê ocasião remota a tais ímpetos da natureza).


Eis alguns exemplos assaz significativos:

Um jovem estudante, sequioso do bem, mas um tanto leviano, viu-se certa vez em situação penosa da sua vida; resolveu então durante nove dias consecutivos assistir à S. Missa celebrada na capela mesma de sua escola, ora antes, ora depois das aulas. Uma vez terminados esses exercícios de piedade, verificou que não lhe haviam prejudicado o cumprimento dos deveres de estado. Em consequência, surgiu-lhe espontaneamente no espírito, ávido de bem, uma perspectiva nova, que o começou a torturar: poderia continuar a participar diariamente da Missa, à semelhança de tais e tais colegas que o faziam sem negligenciar suas obrigações profissionais. Não indo à Missa, dedicava os três quartos de hora respectivos a leituras ilustrativas — leituras que ele poderia dispensar ou que, com um pouco de generosidade, procurando distribuir melhor o tempo, poderia fazer em outro período do dia. Em última análise, punha-se-lhe o dilema: «maior generosidade» ou «menor generosidade» no serviço de Deus?… «Mais perfeição» ou «menos perfeição» (sem que houvesse transgressão de algum preceito) no exercício da vida cristã?

Caso optasse, nas circunstâncias acima, pela não assistência à Missa fora dos dias de preceito, o jovem teria cometido um ato dos que chamamos acima «imperfeição moral». Não está claro que tal imperfeição seria também um pecado. Por isto interessa-nos neste artigo indagar se haveria pecado ou não no ato de recusa do jovem.


Outro exemplo: Ludovico costuma conceder a si mesmo pequemos prazeres desnecessários, como o uso de fumo, refrescos especiais, conversas demasiadamente prolongadas… Em- determinada ocasião da vida, ele percebe que a renúncia a tais concessões lhe daria mais liberdade e vigor espiritual para procurar a Deus; passa então a experimentar continuamente o chamado da graça que o convida a mudar de regime. É assim que se põe em sua alma o dilema: «bem maior» ou «bem menor» na caminhada para Deus? Dado que não se renda ao convite, cometerá uma «imperfeição moral». Será isso um pecado?


Assim exposto o conceito de «imperfeição moral», vejamos -como se relaciona com o pecado.


2. Imperfeição moral e pecado

O assunto tem sido ardorosamente estudado pelos teólogos, ficando até hoje aberta a questão. Há, sim, autores que distinguem claramente entre imperfeição moral e pecado, julgando que aquela possa ocorrer sem culpa do sujeito respectivo. Neste caso, a pessoa se deveria arrepender sinceramente de suas imperfeições, repudiando-as por serem entraves à ação da graça na alma, mas não as deveria acusar em confissão sacramental, pois, não sendo pecados, não constituiriam matéria para absolvição. A imperfeição seria um ato defeituoso, não, porém, pecaminoso. — O primeiro autor que haja sustentado esta sentença parece ser o teólogo João de Lugo, professor de Moral no Colégio Romano de 1620 a 1641 (cf. «De paenitentia», disp. III, sect I Ti” 9s)


Outros teólogos, seguindo um ensinamento mais tradicional, afirmam que toda imperfeição consciente e voluntária (como acima descrevemos) vem a ser pecado (ao menos, leve).

Na verdade, por muito estranho que isto pareça, deve-se dizer que .as duas sentenças não se excluem; antes, completam-se mutuamente, desde que se faça o que muitas vezes se deve fazer em tais casos: uma distinção. Distinguiremos, portanto, no nosso problema entre o plano teórico, abstrato, e a linha prática, dos atos concretos.


A. Em teoria…

Consideremos a imperfeição moral em si mesma ou independentemente de quaisquer circunstâncias em que ela na realidade concreta ocorra.


Imperfeição, dizíamos, não é violação de um preceito do Senhor, mas apenas negligência de um conselho ou de uma norma que visa promover maior perfeição espiritual. Ora a execução de uma tal norma ou de um conselho ficará sempre facultativa; em si mesma nunca poderá constituir um dever; paralelamente, portanto, a sua violação por si só nunca equivalerá a um pecado. O conselho que impusesse obrigação, já deixaria de ser conselho para tornar-se preceito.


Donde se vê que, abstratamente considerada, a imperfeição moral não pode ser tida como pecado. Por si, ela ainda é um ato bom, ato concorde, sim, com a Lei de Deus; apenas se lamenta que tenha por objeto um bem exíguo, em vez de um bem maior, que o agente, se fosse mais generoso, poderia, sem dúvida, escolher. Contudo o «bem menor» não pode ser confundido com o «mal», como o «menos branco» não chega a ser «negro», nem o «menos quente» chega a ser «frio».


Consequentemente, dever-se-á dizer: em teoria, ou abstratamente falando, não peca o estudante que, voluntariamente, deixa de, assistir à S. Missa em dia de semana para se dedicar entrementes a leituras ilustrativas ou mesmo a práticas esportivas moralmente lícitas.

Contudo é de notar que na realidade prática não existem atos abstratos, independentes de circunstâncias concretas que inevitavelmente vão influir na qualificação moral da conduta humana.


Por isto faz-se mister voltemos agora a nossa atenção para outro aspecto da questão.


B. Na prática…

Todo ato humano (consciente e deliberado) é inspirado por determinada intenção do respectivo agente, que, assim agindo, visa atingir tal ou tal objetivo preciso.


Ora a intenção do agente é, sempre e necessàriamente, ou boa ou má, do ponto de vista moral; em outros termos, a intenção do agente, em todo e qualquer caso, está necessariamente voltada para um objetivo que, em última análise, ou é conforme à Lei de Deus ou contradiz a esta (todo homem age sempre, direta ou indiretamente, em vista do último Fim ou em vista de Deus, ensina a Ética geral).


Digamos então que alguém seja colocado diante de um conselho de perfeição espiritual… conselho que convida a fazer uma obra de maior virtude do que as que tal pessoa costuma praticar (tratar-se-ia, por exemplo, de renunciar ao fumo, a conversas supérfluas, assistir à S. Missa em dia de semana…). A pessoa assim intimada entrará em deliberação consigo mesma, a fim de proferir o seu «sim» ou o seu «não» ao convite do momento. … Se, depois de deliberar, ela puder sinceramente dizer: «É bom para mim não atender a tal conselho, pois essa omissão favorecerá o desenvolvimento normal da minha vida de amor a Deus», tal pessoa, deixando de praticar o conselho, estará realizando um ato bom, um ato de virtude; escolhendo um bem (em si mesmo) menor em vez do bem (em si mesmo) maior, tal pessoa não estará cometendo pecado; nem estará praticando um ato moralmente neutro ou indiferente, mas, sim, um ato positivamente bom, ato diretamente encaminhado para a maior união com Deus.


A esta altura, surge espontaneamente a questão: como justificar tão estranha sentença? Quais seriam os motivos pelos quais uma obra (em si mesma) menos perfeita poderia ser rejeitada em nome da própria virtude ou da maior união com Deus?


Leia também: O que é virtude?








Os moralistas costumam indicar quatro razões:

1) a obra mais perfeita entraria em conflito com outra obra que, embora mais modesta, não poderia ser prejudicada, por pertencer aos deveres de estado do sujeito. Em outros termos, o conselho contrariaria a algum preceito): por exemplo, a mãe de família que só pudesse ir à S. Missa em dia de semana, abandonando seu filhinho gravemente doente em casa, em nome da virtude mesma deveria desistir de praticar o conselho de perfeição;

2) a obra mais perfeita imporia ao nosso próximo sacrifícios que a caridade exigiria lhe fossem poupados: por exemplo, uma pessoa cega que só pudesse ir à S. Missa quando acompanhada por outrem, deveria levar em conta a situação da acompanhante; eventualmente, em nome da caridade mesma, teria que renunciar à S. Missa;
3) a obra mais perfeita exigiria do sujeito sacrifícios tais que este perderia a alegria necessária à restauração de suas forças ou à expansão normal de sua vida psíquica. Em outros termos: sendo ainda principiante na vida cristã, a pessoa não aguentaria a renúncia que a obra melhor exigiria de sua parte. Tal é o caso de quem ainda precisa de suas horas de recreio (conversas, leituras, divertimentos lícitos…), porque o silêncio prolongado e o isolamento seriam mais prejudiciais do que benéficos à sua saúde mental; 



4) a preocupação de seguir as obras de conselho provocaria obsessão e perturbações nervosas que entravariam a vida espiritual do sujeito. É o que se pode dar com pessoas tendentes aos escrúpulos às quais indiscriminadamente se quisesse incutir a prática do mais perfeito (facilmente perderiam o senso do equilíbrio).


Digamos, porém, que, depois de deliberar consigo, a pessoa não possa indicar algum dos motivos acima ou, em suma, algum motivo razoável para declinar o conselho. Ao contrário, ela vê claramente que a obra aconselhada, embora mortifique a natureza, muito concorreria para desenvolver a sua caridade, sem prejuízo para o próximo, sem mesmo contraindicação alguma…


No caso, como julgaria o moralista?

Omitir a obra aconselhada equivale a uma atitude desarrazoada (frequentemente mesmo, a uma atitude inspirada por negligência ou preguiça); ora comportar-se voluntariamente de maneira desarrazoada em relação a Deus é pecado…, pecado leve ou grave conforme as consequências desse comportamento desarrazoado.


Todavia não poderia alguém dizer com plena paz de espírito: «Omito a obra aconselhada, não porque nutra más intenções, mas simplesmente porque não é obra absolutamente obrigatória»? — Replicariam os moralistas que essa neutralidade seria ilusória; na verdade serviria de cobertura «honesta» ou de pretexto para o comodismo a covardia ou o egoísmo da pessoa. Em última analise, uma das leis fundamentais de todo tipo de vida (por conseguinte, também da vida cristã) é «crescer e desenvolver-se»; a vida é dinâmica, de modo que quem consente em paralisá-la, já a está sufocando; em consequência, quem voluntariamente rejeite o bem maior para praticar o bem menor sem motivo justificado,… unicamente por covardia,… está derrogando às leis de sua vida espiritual, concorrendo para atrofiá-la — o que vem a ser um ato desarrazoado ou, mais precisamente, um mal moral, um pecado.




Quem se acostuma a sufocar a voz da consciência todas as vezes- que esta indica uma obra melhor (não, porém, de preceito), arrisca-se a extinguir por completo essa voz interior assim como a ação da graça em sua alma. É de recear que o dom de Deus, sucessivamente repelido pelo cristão comodista, já não seja concedido a este; então as concupiscências tomam vulto, as paixões explodem com facilidade,.levando a alma ao pecado grave.


Em resumo: de quanto acaba de ser exposto, dever-se-á concluir que, na prática, a omissão consciente e deliberada de atos melhores (não preceituados pelo Senhor Deus, mas apenas aconselhados) em caso algum escapa a uma das seguintes classificações: «ato moralmente bom», «ato moralmente mau ou pecaminoso».


Aliás tal conclusão não constitui senão uma faceta de um princípio estabelecido por abalizados mestres da vida espiritual: na prática, todos os atos do justo (ou da alma em estado de graça) que não sejam pecados veniais, são atos meritórios.


Impõem-se agora algumas normas complementares, que o título- abaixo apresentará.


3. Ulteriores observações

3.1 Na vida cotidiana pode acontecer que não consigamos perceber com exatidão o verdadeiro motivo de nossas ações ou omissões: prudência autêntica, construtiva, ou covardia, negligência mórbida? E com efeito, difícil discernir onde termina a genuína sabedoria e onde começa o descaso. Em casos de dúvida, a alma bem intencionada optará pelo alvitre que lhe parecer mais acertado; o Senhor Deus então levará em conta a sinceridade com que essa criatura estiver procurando alcançar a perfeição.


3.2. Justamente a dificuldade que experimentamos para avaliar devidamente o motivo de nossas omissões, leva-nos a crer que cometemos imperfeições (atos pouco generosos, covardes…) não de todo conscientes e voluntárias. Essas, na medida mesma em que são indeliberadas, ficam aquém da moralidade, não podendo ser classificadas nem como atos bons nem como atos pecaminosos.


De modo geral, verifica-se que todo homem pratica muitos atos tão espontâneos que antecedem qualquer reflexão e uso da liberdade. Por estas circunstâncias, tais atos não acarretam sanção (recompensa ou pena) sobre si; propriamente «não contam» na vida moral do indivíduo. Contudo — deve-se dizer — são atos que. Embora não constituam um mal moral em si mesmos, ao menos interrompem a caminhada para a perfeição espiritual, impedem que a vida do sujeito seja inteiramente cheia, disseminam o vazio nas jornadas da pessoa. Faz-se mister, portanto, combater a ocorrência de tais atos, a fim de que não se perca alguma parcela de tempo e seja devidamente desdobrado o potencial de perfeição latente em cada personalidade. O combate será travado na medida em que a alma procurar mais e mais controlar suas ações, vencendo a concupiscência desregrada assim como a rotina espiritual. Verdade é que nem os santos conseguiram sempre evitar todos os atos indeliberados; contudo progrediram pela senda da perfeição na medida em que os foram debelando.


3.3. Procurando adquirir o pleno domínio sobre si, a alma justa estará enfrentando outro obstáculo para a perfeição: os atos tíbios ou «remissos». Estes são atos em que não está empenhado todo o vigor religioso da pessoa; processam-se como que na periferia da alma, deixando adormecida uma boa parte de suas energias sobrenaturais. K o que se dá, por exemplo, com quem possui dez talentos ou «dez graus de amor» a Deus, mas na realidade age como se tivesse apenas cinco talentos ou «cinco graus de amor»; e assim age porque é voluntariamente mole ou covarde… Os atos remissos ou tíbios dispõem ao pecado grave, pois deixam inexplorado o vigor sobrenatural da alma, acarretando-lhe uma espécie de atrofia espiritual (à semelhança do que se dá com quem tem dois braços, mas só se serve de um, talvez por estar engessado o outro; este outro, permanecendo inerte, tende a se atrofiar e perder). Como se compreende, a atrofia espiritual assim induzida permitirá o desenvolvimento de concupiscências e paixões, as quais cedo ou tarde sobrepujarão os bons hábitos, provocando faltas graves. 


Destas considerações se depreende a importância da luta contra a rotina ou contra todo modo de agir superficial e tíbio.


3.4. Após o que foi dito, vê-se que resposta dar à questão: está o cristão obrigado, sob pecado, a praticar sempre o que há de mais perfeito, não lhe sendo lícito optar por um ato bom menos perfeito?


A solução se reduz aos seguintes termos: o cristão está, sim, obrigado a seguir sempre o alvitre mais perfeito (em caso contrário, sufocaria a sua vida espiritual). Observe-se, porém:

pecados_e_virtudesa) não se trata do mais perfeito entendido de maneira absoluta, pois este não estaria talvez proporcionado às condições individuais e às graças que Deus distribui pessoalmente a tal sujeito. Trata-se apenas do mais perfeito proporcional às possibilidades de cada indivíduo. Assim nem todos estão obrigados a abraçar o celibato por amor a Cristo, embora este gênero de vida seja em si mais perfeito do que o estado conjugal (cf. 1 Cor 7). Há casos, sem dúvida, (e numerosos) em que o mais perfeito, para tal e tal sujeito, consiste em, contrair matrimônio; na vida matrimonial então o cristão deverá manter viva a consciência de que foi chamado a praticar a perfeição ou a ser santo;


b) para que haja obrigação de seguir o alvitre mais perfeito é necessário outrossim que a pessoa o veja como tal, isto é, tenha certeza de que é o Espírito Santo que lhe está indicando uma obra mais perfeita a realizar. Recusar arbitrariamente a inspiração do Espírito Santo percebida com clareza, dizem bons autores, não é atitude inspirada pelo amor a Deus, nem atitude que se concilie com intenção e aspirações retas; vem a ser, antes, algo de desarrazoado ou, no caso, um pecado.


3.5. Concluindo, dir-se-á de maneira geral: na prática a alma deve lembrar-se de que o seu programa de vida consiste não somente em não recair no pecado, mas em subir constantemente para Deus… e subir em ritmo acelerado; como a pedra cai com velocidade crescente na medida em que se aproxima da terra que a atrai, assim as almas devem caminhar mais e mais rapidamente para Deus, na medida em que se aproximam do Senhor e são” atraídas por Ele.


Por conseguinte, não se preocupem as almas com demasiada casuística, indagando sutilmente quais as fronteiras entre o lícito e o ilícito, onde cessa o bem e onde começa o pecado… A vida constitui algo de dinâmico; a sua lei capital é positiva: «crescer e multiplicar- se» (cf. Gên 1,28), e não meramente negativa («não se mutilar»); quem apenas pensa em não se mutilar, sem se preocupar com o desdobramento positivo e constante de suas energias, está na verdade, ocasionando o depauperamento e a extinção de sua vida. A vitalidade ou cresce ou diminui; não pode, porém, permanecer estagnada; toda estagnação é passo para a morte. Eis o que se verifica tanto no plano da vida física como no da vida espiritual cristã. Possam as almas sequiosas do bem abrir o olho para estas verdades tão importantes, mas na prática tão pouco valorizadas!


Dom Estêvão Bettencourt (OSB)


Revista Pergunte e Responderemos.Dezembro.1961.n.48

30 de novembro - Santo do dia

Santo André

Apóstolo (século I)

Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois", depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram pescadores no mar da Galiléia.

Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo.

A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando: "Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes.

Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.

André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com exatidão.

Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última, formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras, na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá, também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e juiz romano local.

André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a grandeza da cruz, onde morreu Jesus".

Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a cristandade guarda para sua festa.

O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla, as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e Escócia.


Santo André, rogai por nós!