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sábado, 28 de março de 2020

A doutrina católica admite a predestinação? - Estevão Bettencourt, osb.

Abordamos aqui uma das questões mais elevadas da fé cristã. Para penetrá-la, o estudioso tem que se resolver a não se deixar levar pelo sentimentalismo nem pelo antropocentrismo. Mas estritamente pelos dados da Revelação, que é sobrenatural (não, porém, anti-natural) e teocêntrica.

A questão da predestinação se prenda à do mal, de que trata “Pergunte e Responderemos” nº 5/1957 qu. 1. 
Tenha-se em vista o que aí se diz:
1) a possibilidade de errar é inerente ao conceito mesmo da criatura; 
2) esta possibilidade se realizou no mundo quando o primeiro homem cometeu livremente o erro ou o mal moral, o pecado; 
3) os males físicos (misérias e morte) são conseqüências do pecado; 
4) a culpa dessas desordens recai em última análise sobre o livro arbítrio do homem, não sobre Deus; 
5) Este se apiedou da criatura, tomando a sua sorte na Encarnação e na morte de cruz, a fim de dar valor salvífico ao sofrimento.

Entremos agora no tema da predestinação.

  1. Conceito e existência da predestinação
  1. O modo como Deus predestina
  1. A muitos fiéis impressiona o fato de que Deus predestina positivamente alguns para a glória celeste, deixando que outros se percam – fato firmemente atestado pela Sagrada Escritura e pela Tradição cristã. Perguntam se não haveria nisto injustiça da parte do Senhor.
  1. A luz dos procedentes, vê-se que sentido tem a frase de São Paulo: “Deus quer que todos os homens sejam salvos” (1 Tim 2,4). São Tomaz (I Sent. D. 46, q. 1, a.1) a distingue nos termos seguintes:
  1. A atitude prática do cristão

Por predestinação entende-se em Teologia o desígnio, concebido por Deus, de levar a criatura racional (o homem) ao fim sobrenatural, que é a vida eterna. Note-se logo que este desígnio tem por exclusivo objeto a bem-aventurança celeste; não há predestinação para o mal ou o inferno.

A Sagrada Escritura atesta amplamente a existência de tal desígnio no Criador. De um lado, ela ensina que a Boa Notícia da salvação deve ser anunciada a todos os povos (cf. Mt 28,19) e que Deus quer “sejam salvos todos os homens e cheguem ao conhecimento da verdade” (cf. 1 Tim 2,4). De outro lado, ela também diz que há homens que se perdem (cf. Jô 17,12) e que o Senhor exerce uma providência especial para salvar os que não se perdem:
“Sabemos que, com aqueles que O amam, Deus colabora em tudo para o bem dos mesmos, daqueles que Ele chamou segundo o seu desígnio. Pois, aqueles que de ante-mão Ele conheceu, Ele também os predestinou a reproduzir a imagem de seu Filho… E, aqueles que Ele predestinou, Ele também os chamou (à fé); os que Ele chamou, Ele também os justificou (mediante o batismo); os que Ele justificou, Ele também os glorificou” (Rom 8,28-30).
Cf. Ef 1,3-6; Rom 9,14; 11,33; Mt 20,23; 22,14; 24,22-24; Jô 6,39; 10,28.

Na base destes textos, não resta dúvida entre os teólogos, desde o início do Cristianismo, sobre o fato da predestinação. Vejamos agora um ponto mais árduo, que é

Está claro que o homem, como ser essencialmente relativo, depende do Criador não somente quanto ao seu existir, mas também quanto ao agir; já que ele nada é por si mesmo, também nada pode por si. É Deus, pois, quem lhe outorga o dom de praticar atos bons e, mediante os seus atos bons, chegar ao último fim, à bem-aventurança eterna. Esta conclusão se torna particularmente imperiosa se se tem em vista o caso do cristão: este é chamado a um fim sobrenatural (a visão de Deus face a face), objetivo que, ultrapassando todas as exigências da natureza, só por graça de Deus sobrenatural pode ser alcançado.

Estas proposições, claras em si mesmas, suscitam sério problema desde que se indague
como conciliar a primazia da ação de Deus no homem com a liberdade de arbítrio da criatura? 
Não se torna vã esta última debaixo daquela? 
Ou, vice-versa, não deve aquela retroceder para que seja esta salvaguardada?
A fim de resolver a questão, dois sistemas são propostos pelos teólogos:
1)  o sistema molinista: segundo L. Molina S. J. (+ 1600), Deus oferece a sua graça a todo homem; este, posto diante da oferta, livremente escolhe aceitá-la ou não; caso a aceite, a graça se torna eficiente, e induz o homem a praticar o bem.
Estendendo a sua doutrina à questão da predestinação, Molina ensinava que Deus, desde toda a eternidade, na sua “ciência média”, prevê como cada um dos homens se comportaria com relação à graça nas mais variadas circunstâncias da vida. Diante desta visão, o Criador decreta colocar tal indivíduo em tais e tais circunstâncias em que Ele sabe que a criatura aceitará a graça, e assim irá merecendo a salvação eterna. Desta forma. Deus predestina para a glória, mas – note-se bem – praevisis meritis, depois de haver previsto os méritos da criatura.

2)  o sistema tomista (que tem por pioneiro Domingos Banes O.P. (+ 1604): partindo do princípio de que nada, absolutamente nada, pode haver na criatura que não lhe venha de Deus, ensina que a graça é eficaz por si mesma, anteriormente a qualquer determinação ou atitude do homem; não é este quem determina aquela, mas é a graça que predetermina a este, não moralmente apenas (por meio de exortações), mas fisicamente (por sua moção intrínseca, soberana). Contudo a graça por si eficaz não extingue a liberdade de arbítrio do homem; ao contrário, movendo e predeterminando a criatura, move tudo que nesta se encontra, isto é, as faculdades de agir e o livre arbítrio mesmo; ela dá ao homem não somente  agir, e tal agir determinado, mas também a modalidade com que o homem costuma agir, isto é, a liberdade; em conseqüência, sob a graça eficaz (na doutrina tomista) o homem pratica infalivelmente a ação à  qual Deus predetermina, mas pratica-a sem perder a sua liberdade, antes atuando-a plenamente. Como se vê, o tomismo é rigorosamente lógico: partindo dos conceitos de Criador e criatura, ensina que Deus deve ser o Autor de tudo aquilo de que também o homem é autor, até mesmo desta determinação do homem e do modo livre de tal determinação; o homem deve a Deus não somente a sua faculdade de livre arbítrio, mas também o uso preciso (tal e tal modo de usar) dessa faculdade.

No tocante à predestinação, o tomismo conseqüentemente afirma que Deus a decreta ante praevisa merita,  antes de prever os méritos do homem: de maneira absoluta e independente, o Criador determina levar tal e tal criatura à glória eterna e, por conseguinte, conferir-lhe os meios necessários para que a alcance. Em conseqüência desta predestinação é que o homem produzirá atos meritórios no decorrer da sua vida; estes são gratuitos dons de Deus; não desencadeiam o amor divino, mas, ao contrário, são desencadeados pelo liberal beneplácito do Senhor.

Nos séculos XVII/XIX alguns teólogos procuraram sistemas intermediários, conciliatórios entre o tomismo e o molinismo; recaíram, porém, indiretamente neste ou naquele. De fato, os dois sistemas são irredutíveis um ao outro. Quando foram pela primeira vez propostos na história, o Papa Clemente VIII instituiu em Roma uma Comissão ou Congregação dita “de autxiliis” (“concernente aos auxílios da graça”) a fim de os julgar. As sessões da Congregação prolongaram-se de 2 de janeiro de 1958 a 20 de agosto de 1607, tendo os Soberanos Pontífices tomado parte pessoal nos estudos respectivos. Finalmente o Papa Paulo V resolveu suspender o exame da questão, declarando lícito ensinar qualquer dos dois sistemas, pois nenhum deles envolve heresia (um é outro salvaguardam suficientemente a soberana ação de Deus e o livre arbítrio do homem, embora o tomismo mais acentue aquela e o molinismo mais realce a este). O Papa Bento XIV confirmou esta decisão em um decreto de 13 de julho de 1748.

Fica, portanto, aos teólogos e fiéis católicos a liberdade de optar entre as duas teorias acima propostas. O católico tanto pode ser tomista como pode ser molinista; a ação do Espírito Santo em sua alma, a sua conaturalidade com as coisas de Deus lhe sugerirão a atitude a tomar.
Há, porém, três pontos atinentes à doutrina estudada sobre os quais a Santa Igreja se pronunciou definitivamente, de sorte que tanto molinistas como tomistas os professam indistintamente:
1) a conversão do pecador a Deus, ou seja, o ato inicial da via da salvação já é efeito da graça de Deus; é Deus quem primeiramente se volta para o pecador e lhe dá os meios de se colocar em estado de graça; não é o homem quem por suas forças naturais começa a procurar o Senhor, recebendo d’Este em resposta a graça sobrenatural;
2) a perseverança final ou a morte em estado de graça (a boa morte) é dom especial de Deus: não decorre dos mártires anteriores da pessoa, mas pode ser implorada pela oração;
3) a predestinação “adequada” (isto é, o desígnio que compreende todos os auxílios sobrenaturais, desde a graça da conversão até a graça da boa morte) é gratuita ou anterior à previsão dos méritos da criatura. E isto, tanto no tomismo como no molinismo… Também este reconhece que é Deus quem gratuitamente decreta colocar o homem em tais e tais circunstâncias nas quais Ele prevê que a criatura fará bom uso da graça (o tomismo diria:… nas quais Ele predetermina a criatura a fazer livremente bom o uso da graça).
As três proposições acima foram definidas por concílios, cujas declarações se encontram em Denziger-Umberg, Enchiridion Symbolorum 176-180; 183-189, 191-193;200.
III. Um juízo sobre a questão – Não; em absoluto. Considere-se que
a) Deus a ninguém criou com destino positivo para a perdição ou a condenação.
Ensinavam o concílio de Valença (França) em 855: “In malis ipsorum malitiam (Deus) praescivisse, quia ex ipsis est, non praedestinasse, quia ex illo non est. – Deus viu de ante-mão a malícia dos maus, porque provém deles, mas não a predestinou, porque não se deriva d’Ele” (Dz 322).
Foi condenada pelo episcopado da Gália no séc. V a seguinte proposição: “Cristo, Senhor e Salvador nosso, não morreu pela salvação de todos…; a preciência de Deus impele o homem violentamente para a morte; e todo aquele que se perde, perde-se por vontade de Deus…; alguns são destinados à morte, outros predestinados à vida” (carta de Fausto de Riez, ed. Migne lat. T. 53,683).

Outras declarações da Igreja se encontram em Dz 200; 316-318; 321-323; 514; 816; 827.
b) Deus, porém, criou seres finitos (só pode haver um Infinito, Deus), aos quais é inerente a falibilidade, o “poder errar”.
c) Esta falibilidade, sendo congênita, naturalmente tende a se atuar num ou noutro. Deus concede, sim, a qualquer indivíduo humano os meios necessários para que se salve pois quer a salvação de todos os homens (cf. 1 Tim 2,4); isto é doutrina freqüentemente afirmada pela Escritura e a Tradição (cf. Dz 318); nenhum desses meios de salvação, porém, força a liberdade humana; esta é sempre respeitada por Deus.
d) Por conseguinte, a menos que o Criador intervenha extraordinariamente, algumas criaturas, em virtude da sua falibilidade natural, se encaminham para a ruína eterna; o Criador não lhes faz injustiça se permite que se percam, apesar de terem os meios necessários para não se perderem.
e) Dado, porém, que Deus se empenhe infalivelmente pela salvação de alguns (muito ou poucos) homens, predestinando-os à glória eterna, Ele faz ato de pura misericórdia beneficia gratuitamente a estes, sem lesar em absoluto aos outros, que, por sua natural falibilidade e apesar dos auxílios divinos, se perdem (cf. a parábola dos operários na vinha, comentado em “Pergunte e Responderemos” 1/1958 qu. 8).

O concílio de Quierzy na Gália em 853 declarava: “Quod quidam salvantur, salvantis est donum; quod autem pereunt, pereuntilum est meritum. – O fato de que alguns se salvam, deve-se a um dom d’Aquele que os salva; o fato de que outros se perdem, deve-se ao mérito (mérito mau ou demérito) dos que se perdem” (Dz 318).

Deus, no caso de uns, manifesta sua Bondade transcendente; no caso de outros patenteia sua Justiça; em todo e qualquer caso, porém, faz reluzir sua soberana Liberdade,  a qual não pode ser necessitada por bem algum criado, pois ela é o princípio e a causa de qualquer bem: “Que é que te distingue dos outros? E que tens que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te vanglorias como se não o tivesses recebido?” (1 Cor 4,7).

A predestinação, portanto, não implica injustiça em Deus; não deixa, porém, de constituir um mistério, mistério porque, com nosso intelecto finito, não vemos plenamente como em Deus se conciliam Justiça, Misericórdia e Liberdade, embora não nos seja plausível duvidar de que de fato se associam em estupenda harmonia (na visão face a face de Deus, no céu, contemplaremos a sábia combinação dos atributos divinos). – Em particular, não podemos assinalar motivo por que Deus escolhe tal homem para a glória, e não tal outro, por que escolheu Pedro e não Judas; lembremo-nos de que não são os méritos do homem que a este atraem o amor de Deus, mas é o amor antecipado de Deus que proporciona à criatura os respectivos méritos Sto. Agostinho admoestava: “Quare hunc trahat (Deus) et ilum non trahat, noli velle diiundicare, si non vis errare. – Porque é que Deus atrai a este e não aquele, não queiras investigar, se não queres errar” (In Io tr. 26 init.). Ante os desígnios do Criador, tome a criatura uma atitude de silêncio reverente; confie em Deus, cuja sabedoria e santidade certamente ultrapassam as de qualquer ser humano.
a) Deus quer que se salvem todos os homens, enquanto os considera em si, como criaturas capazes de apreender a vida eterna, abstração feita das circunstâncias particulares em que tal ou tal homem se possa encontrar; deus a ninguém criou senão para a vida eterna;

b) O Criador, porém, não pode (não pode, por causa de sua Justiça) querer que todos se salvem, se considera cada um nas circunstâncias precisas em que ocorre ao Divino Juiz; alguns, com efeito, se Lhe apresentam como criaturas que deliberadamente rejeitam ser salvas ou recusam estar com Deus, pois se rebelaram conscientemente (por um pecado grave) contra Ele e permanecem impenitentes ou apegados ao pecado; o Senhor respeita o alvitre de tais homens e, em conseqüência, só pode querer assinalar-lhes a sorte por que optaram (embora tenha feito tudo para se salvarem).

É esta a famosa distinção entre “vontade antecedente (isto é, que considera seu objeto em si, abstraindo das circunstâncias concretas em que ocorre) e “vontade conseqüente” (isto é, que considera o mesmo na situação precisa em que se acha). S. Tomaz ilustra a doutrina lembrando o que se dá com todo juiz justo: 
este, em tese, antes de examinar as causas judiciárias, quer que todo e qualquer homem permaneça em vida; dado, porém, que se apresente algum homicida, ele não pode (porque é justo) deixar de querer seja punido (e punido com a pena de morte, onde esta é imposta pela lei).

O mistério da predestinação dos justos para a glória, embora apresente seus aspectos luminosos, tem suas raízes na insondável Magnificência divina; não podemos sempre assinalar a causa por que Deus outorga tal dom a tal pessoa. A quem o interrogasse a respeito. Ele diria com o Senhor da parábola: “Amigo, não cometo injustiça para contigo… Toma o que te compete, e vai-te… Não tenho o direito de dispor dos meus bens como me agrada? Ou tornar-se-á mau o teu modo de ver pelo fato de que Eu sou bom?” (Mt 20,13-15).

Consciente disto, o cristão não se detém em perscrutar sutilmente o que está acima do seu alcance, preocupando-se com questões curiosas ou vãs atinentes à predestinação. Na orientação da sua conduta cotidiana, tenha o fiel ante os olhos as três seguintes proposições:
1) Deus a ninguém absolutamente faz injustiça, nem no decorrer desta vida nem no momento do juízo final;
2) Muito ao contrário, o Criador se comporta para com todos qual Pai cheio de amor ou como o primeiro Ator empenhado na salvação dos homens.
Lembra o concílio de Trento, retomando palavras de Sto. Agostinho:
“Deus não manda o impossível, mas, dando os seus preceitos. Exorta-te a fazer o que podes e a pedir-lhe a graça para o que não podes, e auxilia-te para que o possas” (Sto Agostinho, de natura et  gratia 43,50; Denziger 804).
Mais ainda:
“Deus não abandona a não ser que primeiro seja abandonado. – Non deserit nisi prius deseratur” (Dz 804).
3) A atitude prática do cristão encontras ótimo modelo em São Paulo:
a) de um lado, o Apóstolo, consciente da eficácia e da responsabilidade do livre arbítrio, lutava qual bom atleta no estádio para conseguir a incorruptível coroa da vida (cf. 1 Cor 9, 24-27). No mistério da predestinação, muita coisa pode ficar oculta ao fiel; contudo nunca lhe restará dúvida sobre o fato de que Deus exige de cada um todo o zelo de que é capaz para chegar à salvação. Nisto se diferencia a doutrina tradicional cristã de qualquer fatalismo ou determinismo: Deus não retira ao homem o dom do livre arbítrio e da responsabilidade própria com que o quis dignificar; nem há força super-humana cega que de antemão torne vãos os esforços da criatura que procura o Criador. 

Portanto, errado estaria quem, com vistas à vida eterna, tomasse atitude desinteressada e passiva, baseada em raciocínio análogo ao seguinte: “Se tenho que quebrar a cabeça, nada me pode preservar desta desgraça; não importa, pois, que me atire ou deixe de me atirar à rua pela janela do quinto andar da casa”. Ó homem, nada há que determine a tua sorte eterna independentemente do teu livre arbítrio ! O decreto pelo qual Deus predestina alguém à salvação eterna, implica sempre que esta será obtida mediante a livre cooperação do homem.

b) De outro lado, São Paulo, o lutador de Cristo, era feliz ao pensar na sua sorte póstuma; assim também o cristão. Para o Apóstolo, morrer equivalia a “dissolver-se para estar com Cristo” (cf. Flp 1,23), “deixar de ser peregrino na terra a fim de viver na casa do Senhor” (cf. 2 Cor 5,8). Todo discípulo de Cristo, embora reconheça a possibilidade de frustrar o seu último fim, tem confiança no Pai do céu e sabe que a procura sincera de Deus na terra não poderá ficar vã junto ao Pai; vive, por conseguinte, em demanda otimista da mansão celeste, consciente de que Deus o chama continuamente a esta após lhe ter preparado os meios para a conseguir. E, firme nesta crença, não permite que hipóteses inconsistentes tomem na sua mente o lugar de verdades seguras.

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 5, Ano 1958, Página 184.

Transcrito do site: Canção Nova - Prof. Felipe Aquino

Santo do dia - 28 de outubro

São Guntrano

Guntrano teve muitos descaminhos, muitas opções erradas. Teve muitas mulheres e muitos filhos. Como todo ser humano buscou a felicidade, porém, em lugares errados.

Um homem social, político e de grande influência, mas com o coração inquieto e desejoso de algo maior. Deu toda sua herança para um sobrinho e se decidiu a viver uma radicalidade cristã, ou seja, viver o chamado à santidade. Então, Guntrano passou a ouvir a Palavra de Deus e a acolher os conselhos dos bispos. Governou na justiça, a partir dos bons conselhos recebidos.

Viveu a renúncia de si mesmo para abraçar a cruz e fazer a vontade de Deus. Faleceu com 68 anos, depois de consumir-se no amor a Deus e aos irmãos, sendo cristão na sociedade.

São Guntrano, rogai por nós!


São Xisto III
 Xisto chegou a adotar uma posição neutra na controvérsia entre pelagianos e semipelagianos do sul da Gália, especialmente contra Cassiano, sendo advertido pelo papa Zózimo. Mas reconheceu o seu erro, com a ajuda de Agostinho, bispo de Hipona, que combatia arduamente aquela heresia, e que lhe escrevia regularmente.

Ao se tornar papa em 432, Xisto III agindo com bastante austeridade e firmeza, nesta ocasião, Agostinho teve de lhe pedir moderação. Foi assim, que este papa conseguiu o fim definitivo da doutrina herege. Esta doutrina pelagiana negava o pecado original e a corrupção da natureza humana. Também defendia a tese de que o homem, por si só, possuía a capacidade de não pecar, dispensando dessa maneira a graça de Deus.

Ele também conduziu com sabedoria uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, acabando com a controvérsia entre João de Antioquia e Cirilo, patriarca de Constantinopla, sobre a divindade de Maria. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal na disputa com o patriarca Proclo. Xisto III teve de escrever várias epístolas para manter o governo de Roma sobre a lliría, contra o imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla, com a ajuda deste patriarca.

Depois do Concílio de Éfeso em 431, em que a Mãe de Jesus foi aclamada Mãe de Deus, o papa Xisto III mandou ampliar e enriquecer a basílica dedicada à Santa Mãe das Neves, situada no monte Esquilino, mais tarde chamada Santa Maria Maior. Esta igreja é a mais antiga do Ocidente que foi dedicada a Nossa Senhora.

Desta maneira ele ofereceu aos fiéis um grande monumento ao culto da bem-aventurada Virgem Maria, à qual prestamos um culto de hiperdulia, ou seja, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. Xisto III, mandou vir da Palestina as tábuas de uma antiga manjedoura, que segundo a tradição havia acolhido o Menino Jesus na gruta de Belém, dando origem ao presépio. Introduziu no Ocidente a tradição da Missa do  Galo celebrada na noite de Natal, que era realizada em Jerusalém desde  os primeiros tempos da Igreja.

Durante o seu pontificado, Xisto III promoveu uma intensa atividade edificadora, reformando e construindo muitas igrejas, como a exuberante  basílica de São Lourenço em Lucina, na Itália.

Morreu em 19 de agosto de 440, deixando a indicação do sucessor, para aquele que foi um dos maiores papas dos primeiros séculos, Leão Magno. A Igreja indicou sua celebração para o dia 28 de março, após a última reforma oficial do calendário litúrgico. 


São Xisto III, rogai por nós!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Santo do dia - 27 de março

São Ruperto

Ruperto era um nobre descendente dos condes que dominavam a região do médio e do alto Reno, rio que percorre os Alpes europeus. Os Rupertinos eram parentes dos Carolíngios e o centro de suas atividades estava em Worms, onde Ruperto recebeu sua formação junto aos monges irlandeses.

No ano 700, sua vocação de pregador se manifestou e ele dirigiu-se à Baviera, na Alemanha, com este intuito. Com o apoio do conde Téodo da Baviera, que era pagão e foi convertido por Ruperto, fundou uma igreja dedicada a São Pedro, perto do lago Waller, a dez quilômetros de Salzburgo. Mas, o local não condizia ainda com os objetivos de Ruperto, que conseguiu do conde outro terreno, próximo do rio Salzach, nos arredores da antiga cidade romana de Juvavum.

Nesse terreno, o mosteiro que o bispo Ruperto construiu é o mais antigo da Áustria e veio a ser justamente o núcleo de formação da nova cidade de Salzburgo. Teve para isso o apoio de doze concidadãos, dois dos quais também se tornaram santos: Cunialdo e Gislero. Fundou, ao lado deste, um mosteiro feminino, que entregou a direção para sua sobrinha, a abadessa Erentrudes. Foi o responsável pela conversão total da Baviera e, é claro, de toda a Áustria.

Morreu no dia 27 de março de 718, um domingo de Páscoa, depois de rezar a missa, no mosteiro de Juvavum. Antes, como percebera que a morte estava próxima, fez algumas recomendações e pedido de orações à sua sobrinha, e irmã espiritual, Erentrudes. Suas relíquias estão guardadas na belíssima catedral de Salzburgo, construída no século XVII. Ele é o padroeiro de seus habitantes e de suas minas de sal.

São Ruperto, reconhecido como o fundador da bela cidade de Salzburgo,  cujo significado é cidade do sal, aparece retratado com um saleiro na mão, tamanha sua ligação com a própria origem e desenvolvimento da cidade. Foi seu primeiro bispo e sua influência alastrou-se tanto, que é festejado nesse dia, não só nas regiões de língua alemã, como também na Irlanda, onde estudou, porque alí foi tomado como modelo pelos monges irlandeses. 


São Ruperto, rogai por nós!

quinta-feira, 26 de março de 2020

Santo do dia - 26 de março

Santa Lúcia Filippini

Lúcia nasceu no dia 13 de janeiro de 1672, em Corneto Tarquínia, proximidades de Roma, numa família honrada e abastada. Quando ainda tinha um ano de idade, Lúcia perdeu a mãe e alguns anos mais tarde, o pai. Ela foi entregue, para ser formada e educada, às Irmãs beneditinas e junto delas a menina descobriu o dom que tinha para ensinar.

Muito dedicada aos estudos da Sagrada Escritura, e com a alma cheia de caridade, tomou para si, ainda no início da adolescência a função de ensinar o catecismo às crianças. Tantos eram os pequenos que a procuravam e tão cativante era sua forma de transmitir a Palavra do Senhor, que logo o padre do local a nomeou oficialmente a catequista paroquial. Certo dia, passou pela sua cidade o cardeal Marcantonio Barbarigo, que conheceu Lúcia, reconheceu sua vocação e levou-a para acabar seus estudos com as Irmãs clarissas.

Preparada, foi colocada na liderança de uma missão que ele julgava essencial para corrigir os costumes cristãos de sua diocese: fundar escolas católicas em diversas cidades. Lúcia, em sua humildade, a princípio relutou, achando que a função estava acima de suas possibilidades. Mas o cardeal insistiu e ela iniciou seu trabalho que duraria quarenta anos.

A missão exigiu imensos esforços, tantos foram os sacrifícios a que teve de se submeter. Contudo, nada a afastou da tarefa recebida. Nessas quatro décadas preparou professoras, catequistas, fundou escolas e organizou-as em muitas cidades e dioceses. Quando o cardeal Barbarigo  faleceu, as dificuldades aumentaram. Lúcia uniu-se então a outras professoras e catequistas, juntando todas numa congregação, fundou em  1692, o Instituto das Professoras Pias. A fama do seu trabalho chegou ao Vaticano e em 1707, o Papa Clemente XI pediu para que Lúcia criasse uma de suas escolas em Roma.

Lúcia Filippini faleceu aos sessenta anos, no dia 25 de março de 1732, de câncer, mas docemente e feliz pela sua vida entregue à Deus e às crianças, sementes das novas famílias que são a seiva da sociedade. Seu corpo descansa na catedral de Montefiascone, onde começaram as escolas católicas do Instituto das Professoras Pias Filippinas, como são chamadas atualmente.

A festa litúrgica à Santa Lúcia Filippini foi marcada para o dia 26 de março, pelo Papa Pio XI, na solenidade de sua canonização, em 1930. Hoje, as escolas das professoras pias filippinas além de atuarem em toda a Itália, estão espalhadas por todo território norte americano, num trabalho muito frutífero junto à comunidade católica. 


Santa Lúcia Filippini, rogai por nós!


São Bráulio

 

O santo de hoje, foi bispo de 631 a 651. Nasceu em uma família muito sensível à vontade do Senhor: uma irmã foi para a vida religiosa e tornou-se abadessa. Outro irmão foi para uma Abadia e outro, chegou a bispo.

Depois de entrar para uma vida de oração e contemplação numa abadia,  Bráulio conheceu em Sevilha Santo Isidoro, escritor e santo. Fecundo escritor e grande pastor, São Bráulio foi escolhido para bispo em Saragoça, participando ativamente em três Concílios de Toledo.

São Bráulio, rogai por nós!



São Ludgero
 
Ludgero nasceu no ano 742 em Zuilen, Friesland, atual Holanda, e foi um dos grandes evangelizadores do seu tempo. Era descendente de família nobre e, dedicado aos estudos religiosos desde pequeno. Ordenou-se sacerdote em 777, em Colônia, na Alemanha. Seu trabalho de apóstolo teve início em sua terra natal, pois começou a trabalhar justamente nas regiões pagãs da Holanda, Suécia, Dinamarca, ponto alto da missão de São Bonifácio, que teve como discípulos São Gregório e Alcuíno de York, dos quais foi seguidor também Ludgero.

Mais tarde, foi chamado pelo imperador Carlos Magno para evangelizar as terras que dominava. Entretanto, este empregava métodos de conversão junto aos povos conquistados, não condizentes com os princípios do cristianismo. Logo de início, por exemplo, obrigava os soldados vencidos a se converterem pela força, sob pena de serem condenados à morte se não se batizassem.

Como conseqüência dessa atitude autoritária estourou a revolta de Widukindo e Ludgero teve que fugir, seguindo para Roma. Depois foi para Montecassino, onde aprimorou seus estudos sobre o catolicismo e vestiu o hábito de monge, sem contudo emitir os votos.

A revolta de Widukindo foi a muito custo dominada em 784 e o próprio Carlos Magno foi a Montecassino pedir que Ludgero retornasse para seu  trabalho evangelizador, que então produziu muitos frutos. Pregou o evangelho na Saxônia e em Vestfália. Carlos Magno ofereceu-lhe o bispado de Treves, mas ele recusou. Ludgero emitiu os votos tomando o hábito definitivo de monge e fundou um mosteiro, ao redor do qual cresceu a cidade de Muester , cujo significado, literalmente, é mosteiro, e da qual foi eleito o primeiro bispo.

Ludgero não parou mais, fundou várias igrejas e escolas, criou novas paróquias e as entregou aos sacerdotes que ele mesmo formara. Ainda encontrou tempo para retomar a evangelização na Frísia, realizando o seu sonho de contribuir para a conversão de sua pátria, a Holanda, e fundar outro mosteiro, este beneditino, em Werden, antes de morrer, que ocorreu no dia 26 de março de 809.

O corpo de Ludgero foi sepultado na capela do mosteiro de Werden. Os fiéis tornaram o local mais uma meta de peregrinação pedindo a sua intercessão para muitas graças e milagres, que passaram a ocorrer em abundância. O culto à São Ludgero, que ocorre neste dia é muito intenso  especialmente na Holanda, Suécia, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, países cujo solo pisou durante seu ministério. 


São Ludgero, rogai por nós!

quarta-feira, 25 de março de 2020

Anunciação da Encarnação do Filho de Deus - 25 de março

Anunciação da Encarnação do Filho de Deus

Contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que cria todas as coisas com sua Palavra 

Neste dia, a Igreja festeja solenemente o anúncio da Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo Divino que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.

Hoje é o dia em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade.”

Com alegria contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas , Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’” (cf. Lc 1,26-38).

Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, devido à plenitude dos tempos. É o momento histórico, em que o SIM do Filho ao Pai precedeu o da Mãe: “Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,7). Mas não suprimiu o necessário SIM humano da Virgem Santíssima.

Cumprindo desta maneira a profecia de Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). Por isso rezemos com toda a Igreja:

“Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

 

Santo do dia - 25 de março

São Dimas

O Evangelho fala pouco deste Santo. Nem mesmo o nome, os evangelistas fixaram. O que sabemos foi trazido pela tradição que são os nomes: Dimas, o Bom Ladrão e Simas, o mau ladrão.

Sem dúvida alguma, se trata de um santo original, único, privilegiado, que mereceu a honra de ser canonizado em vida por Jesus Cristo, na hora solene de nossa Redenção. Os outros santos só foram solenemente reconhecidos, no outro milênio, a partir do ano 999. A Igreja comemorava os mártires e confessores, mas sem uma declaração oficial e formal. Enquanto que, a de São Dimas quem proclamou foi o próprio Fundador da Igreja.

Dimas foi o operário da última hora, o que nos fez ver o mistério da graça derradeira. O mau ladrão resistiu, explodiu em blasfêmias. Rejeitou a graça, visivelmente dada pelo Redentor. O Bom Ladrão, depois de vacilar (Mt 27,44 -Mc 15,32), confessou a própria culpa, reclamou da injustiça contra Aquele que só fez o bem, reconheceu-O como Rei e lhe pediu que se lembrasse dele, quando estivesse no seu Reino.

Segundo a tradição, Dimas não era judeu, mas sim egípcio de nascimento. Dimas e Simas praticavam o banditismo nos desertos de passagem para o Egito. Lá a Sagrada Família, que fugia da perseguição do rei Herodes, foi assaltada por dois ladrões e um deles a protegeu. Era Dimas. Naquela época, entre os bandidos havia o costume de nunca roubar, nem matar, crianças, velhos e mulheres. Assim, Dimas deu abrigo ao Menino Jesus protegendo a Virgem Maria e São José.

Dimas foi um bandido muito perigoso da Palestina. E isso, realmente pode ser afirmado pelo suplício da cruz que mereceu. Essa condenação horrível era reservada somente aos grandes criminosos e aos escravos.

O Martirológio Romano diz apenas no dia 25 de Março: "Em Jerusalém comemoração do Bom Ladrão que na cruz professou a fé de Jesus Cristo". E no mundo todo São Dimas passou a ser festejado neste dia.

O Bom Ladrão ou São Dimas foi o primeiro que entrou no céu: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso". (Lc 23,43). Ele passou a ser popularmente considerado o "Padroeiro dos pecadores arrependidos da hora derradeira, dos agonizantes, da boa morte". Morreu sacramentado pela absolvição do próprio Cristo, e por Ele conduzido ao Paraíso. 


São Dimas, rogai por nós!


Santo Irêneo de Sírmium


Irêneo foi martirizado no século IV, sob a perseguição sangrenta e implacável do imperador Diocleciano. Era bispo de Sírmium, na Panônia.  Atualmente Mitrovica, na Hungria. Não há muitos dados sobre sua vida, até ser condenado por ser cristão e levado à presença do governador da Hungria, Probo. Fora casado, mas ao assumir o sacerdócio se tornou celibatário, como era necessário naqueles tempos.

Além destas informações, temos sobre ele o relato do processo e do seu julgamento. Probo, o próprio governador que o interrogou, não se conformava com o fato de o bispo não exprimir vontade alguma de salvar  sua vida, sacrificando aos deuses pagãos, como dizia o decreto do imperador romano. Assim, fez de tudo para que ele mudasse de idéia. Depois que Irêneo se recusou ao sacrifício ordenado, foi amarrado a um cavalete e torturado. Como nem ao menos reclamasse, Probo mandou buscar todos os membros de sua família. Vieram mãe, esposa e filhos e todos passaram a chorar por ele, ao redor do instrumento de tortura, pedindo que ele abrisse mão de sua condição de cristão. Igualmente, de nada adiantou. Não renegou a fé em Cristo.

Irêneo foi levado então de volta ao cárcere, onde durante dias permaneceu sendo espancado continuamente. Mais uma vez levado à presença do governador, o bispo novamente se negou a obedecer às ordens do imperador. Probo mandou então que ele fosse jogado no rio. Só então o bispo Irêneo reclamou: não admitia que tivessem dó dele por ser cristão, já que não tiveram do Cristo. Exigia ser passado a fio de espada. Irado com a insolência do religioso, Probo mandou então que fosse decapitado. Era o dia 25 de março de 304.

A Igreja celebra a festa litúrgica de Irêneo de Sírmium, no dia de sua morte. 


Santo Irêneo de Sírmium, rogai por nós!

 

terça-feira, 24 de março de 2020

Santo do dia - 24 de março

Santa Catarina da Suécia


Catarina foi ao mesmo tempo filha, discípula e companheira inseparável da mãe, Santa Brígida, a maior expressão religiosa feminina da história da Suécia. Nascida num berço nobre e cristão, Catarina nasceu em 1331 e recebeu educação e cultura com sólida base religiosa. Aos sete anos de idade, foi entregue às Irmãs do convento de Risberg, que souberam desenvolver totalmente sua vocação, cristalizando os ensinamentos cristãos que já vinha recebendo desde o berço.

Mas, circunstâncias políticas e sociais fizeram com que a jovem tivesse que se casar com um nobre da corte, Edgar, que além de fervoroso cristão era doente. Assim, decidiu aceitar o voto de castidade que Catarina fizera e ele mesmo resolveu adota-lo, vivendo tranqüilos como irmãos. Quando Edgard, ficou paralítico, Catarina passou a cuidar dele com todo carinho e generosidade.

Por ocasião da morte do pai de Catarina, sua mãe Brígida resolveu se voltar totalmente para a vida religiosa, iniciando-a com uma romaria aos túmulos dos apóstolos, em Roma. Pouco tempo depois Catarina conseguiu a autorização do marido para encontrar-se com a ela. Mas, quando estavam em Roma receberam a notícia da morte de Edgard. Então, ambas fizeram os votos e vestiram o hábito de religiosas e não se separaram mais. Catarina ajudou e acompanhou todo o trabalho de caridade e evangelização desenvolvido pela mãe. Fundaram juntas o duplo mosteiro de Vadstena, na Suécia, do qual Brígida foi abadessa, criando a Ordem de São Salvador, cujas religiosas são chamadas de brigidinas.

Catarina, como sua assistente, seguiu-a em todas as viagens perigosas, em seu país e no exterior, sendo muita vezes salvas por um cervo selvagem que sempre aparecia para socorrer Catarina. Foi após uma peregrinação à Terra Santa, que Brígida veio a falecer, em Roma. Catarina acompanhou o corpo de volta para a Suécia e foi recebida com aclamação popular, junto com os restos mortais da mãe, que já era venerada por sua santidade.

Os registros relatam mais fatos prodigiosos, ocorridos com a nova abadessa, pois Catarina foi eleita sucessora da mãe no convento. Eles contam que alguns pretendentes queriam que ela abandonasse os votos e o hábito depois a morte de Edgard. Um, mais audacioso, ao tentar atacá-la, teria ficado cego e só recuperado a visão depois de se ajoelhar aos seus pés e pedir perdão, quando abriu os olhos viu ao lado de Catarina um cervo selvagem. Por isso, nas suas representações sempre há um cervo junto dela.

Entretanto, a rainha-mãe Brígida, depois de falecida passou a operar prodígios, segundo muitos devotos e peregrinos que afirmavam ter alcançado graças por sua intercessão. Por isso, a pedido do povo e das autoridades da corte, a abadessa Catarina foi a Roma requerer do Sumo Pontífice a canonização da mãe, em nome da população do seu país. Alí  viveu por cinco anos, interna de um convento onde ficaram registrados sua extrema disciplina, o senso de caridade e a humildade com que tratava os doentes e necessitados.

Catarina, quando voltou para a Suécia, já era portadora de grave enfermidade, talvez pelas horas de duras penitências que praticava. Tinha cinqüenta anos de idade quando faleceu, no dia 24 de março de 1381.

O papa Inocente VIII, confirmou o culto de Santa Catarina da Suécia, em 1484. Mas o seu culto já era muito vigoroso em toda a Europa, uma vez que segundo a população romana ela teria salvado a cidade da inundação do rio Tevere cuja cheia já havia derrubado os diques que o continham. 


Santa Catarina da Suécia, rogai por nós!

 

segunda-feira, 23 de março de 2020

Santo do dia - 23 de março

Santa Rafka (Rebeca)
 No dia 20 de junho de 1832, na cidade de Himlaya, Líbano, nasceu a menina Boutroussyeh, que em português significa: Pedrinha. Quando se tornou religiosa adotou o nome de Rafka, ou Rebeca que era o nome de sua mãe, falecida quando ela tinha sete anos.

Rebeca era filha única e seu pai empobreceu muito após a morte da esposa. Aos onze anos ela foi servir uma família libanesa na, na Síria. Após quatro anos voltou para casa, pois seu pai havia se casado novamente. Pedrinha ficou muito confusa e angustiada com o seu possível matrimonio. Uma tarde foi a igreja rezar para que Nossa Senhora a ajudasse na decisão do caminho a seguir. A noite sonhou e ouviu uma voz que lhe dizia para entregar sua vida a Cristo. Decidiu ser religiosa. Saiu de casa contrariando a família e se apresentou à congregação das Irmãs Filhas de Maria em Bifkaya.

A congregação a acolheu como postulante, era o ano de 1853. Rebeca, três anos depois, completava o noviçado pronunciando os votos e se formando professora. Foi enviada como missionária e professora nos povoados pobres para catequizar e alfabetizar crianças e adultos carentes. Ela foi uma missionária dócil, caridosa, penitente, evangelizando pelo exemplo e pela palavra.

Em 1871, a congregação da Filhas de Maria que era diocesana, passava por uma crise e seria fechada. Rebeca, ouvindo novamente a voz que a guiava, foi ser noviça no convento de São Simão na cidade de Aitou, onde fez sua profissão de fé e dos votos em 1872, tomando o nome de Rafka.

Assim, iniciou uma outra fase de sua vida à serviço de Deus. Rafka começou a sentir dores terríveis na cabeça e nos olhos. Após os exames  médicos foi submetida a várias cirurgias. Durante a última o médico errou e ela ficou sem chance de cura. Rafka aceitou toda aquela lenta agonia tendo a certeza que deste modo participava da Paixão de Jesus Cristo e no sofrimento da Virgem Maria.

Foram vinte e seis anos de sofrimento na cidade de Aitou. Depois, com outras cinco religiosas Rafka foi transferida para o novo convento dedicado a São José, em Grabta. Neste período ficou completamente cega e paralítica. Mesmo assim se manteve feliz porque podia usar as mãos, fazendo meias e malhas de lã.

Rafka ainda vivia e a população falava dela como santa. Depois da sua morte em 23 de março de 1914 a sua fama se difundiu por todo o Líbano, Europa, e nas Américas. Os prodígios e milagres foram se acumulando e seu processo de canonização foi concluído em 2001, quando o papa João Paulo II a proclamou santa.

O seu corpo repousa na igreja do mosteiro de São José em Grabta, Líbano. Santa Rafka, ou Rebeca continua sendo reverenciada no dia 23 de março pelos seus devotos em todo o mundo. 


Santa Rafka (Rebeca), rogai por nós!


São Turíbio de Mongrovejo
 
Turíbio Alfonso de Mongrovejo nasceu na cidade de Majorca de Campos,  Leon, na Espanha, em 1538, no seio de uma família nobre e rica. Estudou em Valadolid, Salamanca e Santiago de Compostela, licenciado em direito e foi membro da Inquisição. Sua vida era pautada pela honestidade e lisura, mas, jamais poderia suspeitar que Deus o chamaria para um grande ministério. Quando então foi nomeado Arcebispo para a América espanhola, pelo Papa Gregório XIII, atendendo um pedido do rei Felipe II, da Espanha, que tinha muita estima por Turíbio.

O mais curioso é que ele teve de receber uma a uma todas as ordens de uma só vez até finalizar com a do sacerdócio, para em 1580, ser consagrado Arcebispo da Cidade dos Reis, chamada depois Lima, atual capital do Peru, aos quarenta anos de idade. Isso ocorreu porque apesar  de ser tonsurado, isto é, ter o cabelo cortado como os padres, ainda não pertencia ao clero. E, foi assim que surgiu um dos maiores apóstolos da Igreja, muitas vezes comparado a Santo Ambrósio.

Chegando à América espanhola em 1581, ficou espantado com a miséria  espiritual e material em que viviam os índios. Aprendeu sua língua e passou a defendê-los contra os colonizadores, que os exploravam e maltratavam. Era venerado pelos fiéis e considerado um defensor enérgico da justiça, diante dos opressores.

Apoiado pela população, organizou as comunidades de sua diocese e depois reuniu assembléias e sínodos, convocando todos os habitantes para a evangelização. Sob sua direção, foram realizados dez concílios diocesanos e os três provinciais que formaram a estrutura legal da Igreja da América espanhola até o século XX. Inclusive, o Sínodo Provincial de Lima, em 1582, foi comparado ao célebre Concílio de Trento. Conta-se que neste sínodo, com fina ironia, Turíbio desafiou os espanhóis, que se consideravam tão inteligentes, a aprenderem uma nova língua, a dos índios.

Quando enviou um relatório ao rei Felipe II, em 1594, dava conta de que havia percorrido quinze mil quilômetros e administrado o sacramento da crisma a sessenta mil fiéis. Aliás, teve o privilégio e a graça de crismar três peruanos, que depois se tornaram santos da Igreja: Rosa de Lima, Francisco Solano e Martinho de Porres.

Turíbio fundou o primeiro seminário das Américas e pouco antes de morrer doou suas roupas, inclusive as do próprio corpo, aos pobres e aos que o serviram, gesto, que revelou o conteúdo de toda sua vida. Faleceu no dia 23 de março de 1606, na pequena cidade de Sanã, Peru. Foi canonizado em 1726, pelo Papa Bento XIII, que declarou São Turíbio de Mongrovejo "apóstolo e padroeiro do Peru", para ser celebrado no dia do seu trânsito. 


São Turíbio de Mongrovejo, rogai por nós!