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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt - 18 de outubro

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt

Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, rogai por nós!

 


São Lucas


Evangelista (século I)

Uma figura simpática do Cristianismo primitivo, homem de posição e qualidades, de formação literária e de profundo sentido artístico divino 

Um escrito do século II, que estudos recentes consideram historicamente verídico, sintetiza do seguinte modo o perfil desse santo evangelista: “Lucas, um sírio de Antioquia, médico de profissão, discípulo dos apóstolos, mais tarde seguiu são Paulo até a confissão (martírio) deste. Serviu irrepreensivelmente ao Senhor, jamais tomou mulher, nem teve filhos. Morreu aos 84 anos, na Boécia, cheio do Espírito Santo”.

Das notas de viagem, isto é, dos Atos dos Apóstolos, no qual Lucas fala na primeira pessoa, apreendemos todas as notícias que a ele dizem respeito, além de breves acenos nas cartas de são Paulo — apóstolo ao qual, mais do que a qualquer outro, estava ligado por fraterna amizade. 

“Saúda-vos Lucas, médico amado”, lê-se na Carta aos Colossenses. A profissão de médico pressupõe uma boa cultura. Realmente, em seus escritos, revela-se um homem culto, com inclinações artísticas e bons dotes literários. Com são Paulo, realizou a segunda viagem missionária de Trôade a Filipos, por volta do ano 50. Em Filipos, deteve-se um par de anos para consolidar o trabalho do Apóstolo, após o qual voltou a Jerusalém. 

Foi de novo companheiro de viagem de são Paulo e, com ele, compartilhou a prisão em Roma. Os cristãos orientais atribuem ao “médico pintor”, Lucas, numerosos quadros representando a Virgem. Em seu evangelho, escrito em um grego fluente e límpido, Lucas traça a biografia da Virgem e fala da infância de Jesus. Revela-nos os íntimos segredos da Anunciação, da Visitação e do Natal, fazendo-nos entender que conheceu pessoalmente a Virgem, a ponto de alguns exegetas considerarem que tenha sido Maria quem lhe transcreveu o "Magnificat". É Lucas mesmo quem afirma ter feito pesquisas e pedido informações sobre fatos relativos à vida de Jesus junto àqueles que deles foram testemunhas. Só Maria podia ser testemunha da Anunciação e dos fatos que se seguiram.

Lucas conhecia os evangelhos de Mateus e Marcos quando começou a escrever o seu, antes do ano 70. Julgava que, ao primeiro, faltava uma certa ordem no desenvolvimento dos fatos, e considerava o segundo por demais conciso.

Como diligente estudioso, Lucas, depois de ter documentado escrupulosamente as notícias da vida de Jesus “desde o início”, quis narrá-la novamente de forma ordenada, de modo que os fatos e ensinamentos progredissem "pari passu" como a realidade. 

Deu prova da mesma agradável fluência narrativa também na redação dos Atos dos Apóstolos.


Três cidades se ufanam de conservar suas relíquias: Constantinopla, Pádua e Veneza.

Oração: 

“Ó Deus, que escolhestes São Lucas para revelar em suas palavras e escritos o mistério do vosso amor para com os pobres, concedei aos que já se gloriam do vosso nome perseverar num só coração e numa só alma, e a todos os povos do mundo ver a vossa salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

 São Lucas, rogai por nós! 

 

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Santo do Dia - 17 de outubro

 Santo Inácio de Antioquia

Bispo e mártir (+107)

 Sua santidade brilhava, tanto que o prenderam devido a sua liderança na religião cristã

"Inácio, o teóforo” (aquele que conduz a Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado), bispo do coração ardente (Inácio — Ignatius — quer dizer precisamente “fogo”), ficou na memória dos cristãos de todos os tempos por causa das inusitadas expressões de amor dirigidas a Cristo e à Igreja, as quais se leem nas cartas escritas durante a viagem que, de Antioquia, devia levá-lo a Roma, para ser jogado às feras, sendo vítima ilustre da perseguição de Trajano.

Inácio ocupava, desde o ano 79, a sede episcopal de Antioquia — a metrópole síria, terceira em ordem de grandeza no vasto Império Romano —, e o historiador Eusébio de Cesaréia o tem na conta de sucessor imediato de são Pedro.

Informa-nos de que “Inácio foi mandado da Síria a Roma para ser lançado como alimento às feras, por causa do seu testemunho de Cristo. Realizando sua viagem pela Ásia, sob a custódia rígida de uma guarda numerosa, nas cidades onde parava, ia consolidando as igrejas com pregações e admoestações...”

De Esmirna, onde era bispo seu jovem amigo Policarpo, escreveu às igrejas de Éfeso, Magnésia e Tralli, confiando as cartas aos respectivos bispos — Onésimo, Dama e Políbio —, que haviam acorrido a fim de o encontrar para uma última saudação. 

Chegado a Trôade, Inácio escreveu outras cartas, entre as quais uma a Policarpo, para confiar-lhe seus fiéis de Antioquia, a fim de que a grei não ficasse muito tempo sem pastor: “Onde está o bispo, aí esteja a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja católica”.
Esta última expressão, destinada a passar para a história, parece ter sido cunhada por ele, juntamente com a palavra “cristianismo”.

A viagem, depois da travessia de Durazo a Bríndisi, prosseguiu pela via Ápia até Roma, onde terminou seus dias no anfiteatro, devorado pelas feras, apesar de a comunidade cristã ter-se empenhado em poupar-lhe a pena capital. Mas ele desejava ardentemente o martírio: “Deixai-me ser alimento das feras, pelas quais me será dado desfrutar Deus. Eu sou o trigo de Deus: é preciso que ele seja triturado pelos dentes das feras a fim de ser considerado puro pão de Cristo”.

Chamado Teóforo – portador de Deus – Inácio, ao ser transportado para Roma, sabia que cristãos de influência na corte imperial poderiam impedi-lo de alcançar Cristo pelo martírio, por isso, dentre tantas cartas que enviara para as comunidades cristãs, a fim de edificar, escreveu em especial à Igreja Católica em Roma: “Eu vos suplico, não mostreis comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, pelas quais me será possível alcançar Deus, sou trigo de Deus e quero ser moído pelos dentes dos leões, a fim de ser apresentado como pão puro a Cristo. Escutai, antes, as feras, para que se convertam em meu sepulcro e não deixem rastro do meu corpo. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo”.

Nesta mesma carta há uma preciosa afirmação sobre a presença de Cristo na Eucaristia: “Não encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o que desejo é o pão de Deus, este pão que é a carne de Cristo e, por bebida, quero seu sangue, que é o amor incorruptível”.

Para não ser incômodo a ninguém, almejava encontrar sepultura no ventre  de alguma fera esfaimada. É provável que os fiéis tenham conseguido subtrair os restos de seu corpo martirizado até o extremo ultraje, pois desde a Antiguidade os cristãos de Antioquia veneram seu sepulcro, situado às portas da cidade, e celebram sua memória em 17 de outubro (dia adotado no novo calendário em lugar de 1º de fevereiro).

Minha oração

“Querido Inácio, pela tua valentia, soubeste doar a tua vida em favor do Evangelho, reconhecendo que seu sangue seria semente de novos cristãos, zelai pela Igreja e seus representantes, para que tenham a mesma doação e coragem sua. Amém!”

 
Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!


São Rodolfo de Gúbio

 Bispo e monge beneditino (+1066)

Rodolfo nasceu no ano 1034, em Perugia, Itália. A sua família pertencia à nobreza local e era muito influente na Corte. Mas, motivada pelas pregações do monge Pedro Damião, decidiu abandonar os hábitos mundanos e retornar o caminho do seguimento de Cristo. Esse monge fundara um mosteiro de eremitas na vizinhança de Fonte Avelana, e a fama de sua santidade corria veloz no mundo cristão.

Com a morte do pai, Rodolfo e seu irmão Pedro abriram mão da herança em favor da mãe e de João, o irmão caçula, para ingressarem no mosteiro de Pedro Damião. Porém, algum tempo depois, mãe e irmão caçula também optaram pela vida religiosa daquela comunidade, que os acolheu após doarem toda a fortuna da família para a Igreja.

Fonte Avelana tornara-se um verdadeiro viveiro de eremitas, pois desse mosteiro saíram os grandes renovadores da Igreja. Dentre eles, os três irmãos: Rodolfo, Pedro e João, discípulos de Pedro Damião, hoje celebrado como santo e doutor da Igreja. Nessa nova comunidade religiosa, a vida era simples, voltada apenas ao trabalho, à caridade aos pobres e doentes, dedicada à penitência e à oração contemplativa. No período medieval, foi um verdadeiro oásis que surgiu para a revitalização da vida monástica, uma vez que a Igreja ocidental vivia um grande desgaste com os conflitos internos, causados pela ambição e a ganância dos bispos e sacerdotes, mais interessados nos bens mundanos do que na condução do rebanho do Senhor.

Aos 25 anos de idade, Rodolfo recebeu a ordenação sacerdotal e, mesmo a contragosto, foi consagrado bispo de Gubio, cidade próspera e rica da região. Porém era uma diocese muito problemática para a Igreja. Os bispos anteriores haviam instituído o que se chamou de "ressarcimento", isto é, os sacramentos eram condicionados a pagamentos e não aos méritos ou à vocação religiosa. Enquanto alguns sacerdotes pediam dinheiro para a absolvição dos pecados, outros queriam comissões para ordenar os sacerdotes.

Rodolfo assumiu o posto e combateu tudo com firmeza, dentro do exemplo  de fiel pastor. Vestia-se sempre com as mesmas roupas, velhas e surradas, fosse qual fosse o tempo ou a estação. Comia pouco, impondo-se um severo jejum. Dormia quase nada, mantendo-se em vigília constante, na oração e penitência. Percorria toda a diocese, e mantinha-se  incansável, sempre pronto a atender os pobres, doentes e abandonados. Tornou-se o exemplo de humildade e de caridade cristã, um verdadeiro sacerdote da Igreja. Apenas com seu comportamento ele conseguiu recolocar Gubio no verdadeiro caminho do amor a Cristo e à Virgem Santíssima.

Foram cinco anos dedicados à diocese de Gubio, durante os quais participou do Concílio Romano, em 1059, como seu bispo. Rodolfo morreu  jovem, com apenas 30 anos de idade, em 26 de junho de 1064, consumido pela fadiga e vida excessivamente austera. Entretanto a sua obra não chegou a ser interrompida, pois foi substituído por seu irmão João, que seguiu o seu exemplo de bispo benevolente com o rebanho, mas rigoroso consigo mesmo.

A figura do bispo Rodolfo tornou-se conhecida através da carta escrita por seu mestre, Pedro Damião, para comunicar sua morte ao papa Alexandre II. Nela, foi descrito como um homem de profundo espírito religioso e possuidor de grande cultura teológica e bíblica. A única pessoa a quem confiava seus escritos para serem corrigidos de possíveis distorções da doutrina católica e para a correta interpretação do Evangelho.

As relíquias de são Rodolfo, guardadas na Catedral de Gubio, foram destruídas durante as reformas executadas em 1670. Entretanto isso nada  significou para seus devotos, que continuam a comemorá-lo no dia 17 de outubro, data oficial da sua festa.



São Rodolfo de Gúbio, rogai por nós!