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domingo, 24 de dezembro de 2023

Santo do Dia - 24 de dezembro

 

Santa Adélia ou Adele de Pfalzel


A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje, todos são venerados nos altares como santos da Igreja, ainda que esse parentesco seja motivo de controvérsias, sendo, por isso, pesquisado.

Adélia foi identificada, também, como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do Mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no Mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno.

Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu recolher-se para a vida religiosa. Para isso, fundou o Mosteiro de Pfalzel, na região de Trèves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as Regras dos monges beneditinos, como fizeram os mosteiros de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã, a futura santa Ermina.

No mosteiro, havia um hospede freqüente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório. Como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, em 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio, que estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hóspede, mesmo não sendo conhecido, no exato momento em que todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página do Evangelho em latim.

Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que, mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que o texto dizia realmente. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes", disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, comentou-o com tamanha profundidade e de maneira tão convincente que deixou todos os ouvintes encantados.

O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não mais querer mais separar-se do monge que ninguém sabia de onde era. Apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois, Gregório tornou-se o bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e santo da Igreja.

Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro de 734, e foi sepultada no Mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho.

O culto litúrgico em memória de santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro: no dia 18, com uma festa local; no dia 24, junto com santa Ermina, que, sem dúvida alguma, é sua irmã na fé. 


Santa Adélia de Pfalzel, rogai por nós!

São Charbel Makhlouf 

São Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão

 

São Charbel Makhlouf nasceu a 8 de maio de 1828, em BiqáKafra, aldeia montanhosa do norte, ao pé dos cedros do Líbano. Seu nome de batismo: José Zaroun Makhlouf. Com 23 anos ele toma o nome de Charbel em memória do mártir do século segundo, foge de casa e refugia-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfoug, da Ordem libanesa maronita. Um ano depois, transfere-se para o mosteiro de S. Maron de Annayam, da província de Jbail, verdadeiro oásis de oração e fé, a 1300 metros de altitude. Depois de seis anos de estudos teológicos, em Klifan, é ordenado sacerdote. Exerce, então, com muita edificação, as funções do seu ministério sagrado, juntamente com toda a sorte de trabalhos manuais. 

Após dezesseis anos de vida ascética, Charbel obtém autorização, em 1875, para se retirar ao eremitério dos Santos Pedro e Paulo, de Annaya. Durante 23 anos (1875-1898), S. Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão. Deus recompensa o seu fiel servidor, dando-lhe o dom de operar milagres, já em vida: afirma-se que os realizou não somente com cristãos, mas, também, com muitos muçulmanos.

No dia 16 de dezembro de 1898, em Annaya, enquanto celebrava a Santa Missa, sofreu um ataque de apoplexia; levou-o à morte, no dia 24, Vigília da Festa de Natal. Tinha 70 anos de idade. Com o seu próprio punho, Pio XII assinou o decreto que dava início ao processo de beatificação do Padre Charbel, dizendo expressamente: “O Padre Charbel já gozava, em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocarem com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se veem curados. Glória ao Pai que coroou os combates dos santos. Glória ao Filho que deixou esse poder em suas relíquias. Glória ao Espírito Santo que repousa, com suas luzes, sobre seus restos mortais para fazer nascer consolações em todas as espécies de tristezas”.

No segundo domingo de outubro de 1977, dia 9, o Santo Padre Paulo VI canonizou solenemente, na Basílica de São Pedro, em Roma, o bem-aventurado Charbel Makhlouf, monge eremita libanês. Foi a primeira canonização, realizada pelo Papa, de um membro da Igreja do Rito Oriental, desde que o Vaticano traçara, há quatro séculos, nova orientação para as canonizações. Antes da canonização atual, os santos maronitas eram proclamados pelo Patriarca da Igreja maronita.

São Charbel Makhlouf, rogai por nós!

 


Santa Ermina ou Irmina ou Irma

Os nomes Ermina, Irmina ou Irma nos reportam a uma única personalidade, a de uma santa germânica. A tradição dessa região conta que ela era a irmã mais velha de Adélia, a abadessa do mosteiro que fundara em Pfalzel, depois santa da Igreja.

Portanto, Ermina também era princesa da Austrásia, filha do rei Dagoberto II, o Bom, o primeiro dessa família a ser declarado santo pela Igreja de Roma. Porém toda essa descendência real nunca ficou muito clara. Mesmo nos antigos registros biográficos, ela aparece confusa.

À parte tal tradição, certamente muito do florescimento do cristianismo na Alemanha ocorreu graças às duas veneradas irmãs abadessas fundadoras. Entre os séculos VII e VIII, a propagação da fé cristã, realmente, ocorreu em conseqüência das fervorosas iniciativas missionárias e das fundações de mosteiros.

Nesta época, Ermina era uma jovem muito bela e caridosa, cujo noivo era o conde Ermano. Mas ele acabou morrendo antes da cerimônia do casamento. Após a fatalidade, ela decidiu seguir a vida religiosa, entendendo o acontecimento como uma mensagem de Deus. Assim, ingressou num mosteiro beneditino.

Mais tarde, ela mesma fundou um, perto da cidade de Trèves, que existe ainda hoje, o Mosteiro de Ohren. Escolheu as regras beneditinas e foi eleita a primeira abadessa. Desde então, tornou-se uma grande benfeitora dos missionários que passavam pela região, especialmente do monge Wilibrordo, futuro santo. Ele era inglês e chefiava uma missão evangelizadora na região da Frísia, atual Dinamarca, ao lado de outros monges da mesma origem.

Atendia um especial pedido do papa Sérgio I, que desejava ver a região convertida.

Na verdade, primeiro foi Wilibrordo que beneficiou o Mosteiro de Ohren e até a cidade de Trèves. A tradição nos conta que no final do século VII, quando ele passava pela região, encontrou a cidade na mais completa desolação. Era uma terrível peste que se espalhava velozmente, tendo atingido, também, o mosteiro da abadessa Ermina. Lá, o referido monge se manteve em fervorosa oração e penitência para que as religiosas e os habitantes da cidade ficassem livres do mortal contágio. As preces de Wilibrordo foram ouvidas tão depressa que Ermina ficou comovida com tanta santidade.

Muito agradecida, Ermina doou a Wilibrordo o território de Echternach. As construções já existentes serviriam de base para mais um glorioso mosteiro beneditino, que, depois, se tornou o ponto de partida das suas viagens de pregações apostólicas que levaram à conversão da Frísia.

Ermina continuou a ajudar o monge através da força das orações e com recursos materiais. Ela continuou sua existência entregue aos exercícios espirituais e a uma vida feita de abnegação e caridade. Pode-se dizer, também, que sem a sua ajuda a Frísia demoraria muito para converter-se ao seguimento de Cristo. A abadessa Ermina morreu na véspera do Natal de 710.

A Igreja autorizou seu culto, incluiu-a no livro dos santos e determinou o dia de sua morte, 24 de dezembro, para a homenagem litúrgica em sua memória. Posteriormente, nele incluiu, também, a celebração de santa Adélia de Pfalzel, sua irmã no sangue e na fé. 


Santa Ermina, rogai por nós!
 
 
Santa Paula Isabel Cerioli

 Batizada como Costanza Cerioli, nasceu na família dos nobres e ricos Francisco Cerioli e Francisca Corniani, no dia 28 de janeiro de 1816, em Soncino, Cremona, Itália.

Delicada, inteligente e sensível, dona de um físico frágil, aprendeu cedo a lidar com o sofrimento, alertada pela sabedoria cristã da mãe, que lhe mostrava a miséria presente nas famílias dos camponeses. Aos onze anos, foi entregue às Irmãs da Visitação da cidade de Alzano, para completar sua formação religiosa e cultural, com as quais ficou até os dezesseis anos, destacando-se pela bondade e caridade.

Aos dezenove anos, obedecendo à vontade dos pais, casou-se com o nobre e rico Caetano Busecchi, de quase sessenta anos, herdeiro dos condes Tassis. Vivendo no palácio do marido, em Comente, Bergamo, dedicava-se à família e às obras de caridade da igreja. Teve um casamento feliz e harmônico, porém marcado pela morte dos quatro filhos; três logo após o nascimento e o outro, Carlos, com dezesseis anos.

Abatida, continuou cuidando do marido, já bem idoso e doente, até 1854, quando ele faleceu. Assim, com trinta e oito anos, viúva, sozinha e dona de grande fortuna, isolou-se do mundo. Ficou retirada em sua casa, dedicando-se às obras de caridade, nas quais aplicou todo o patrimônio.

Criou colégios para crianças órfãs carentes e abandonadas; instituiu escolas, cursos de catecismo, exercícios espirituais, recreações festivas e assistência às enfermas. Vencendo todos os tipos de dificuldades, desejou fundar uma Congregação religiosa feminina e outra masculina que seguisse o modelo evangélico do mistério de Nazaré, constituído por Maria e José, que acolhem Jesus para doá-lo ao mundo.

Orientada, espiritualmente, pelos dois bispos de Bergamo, em 1857, junto com seis companheiras, fundou o Instituto das Irmãs da Sagrada Família. Nesse dia, Costanza vestiu o hábito e tomou o nome de madre Paula Isabel. Em 1863, realizou seu grande sonho: fundou o Instituto dos Irmãos da Sagrada Família, para o socorro material e a educação moral e religiosa da classe camponesa, na época a mais excluída e pobre.

O carisma da Sagrada Família era o objetivo a ser alcançado, como modelo de ajuda e conforto, aprendendo dela como ser famílias cristãs acolhedoras, unidas no amor, na fraternidade, na fé forte, simples e confiante. Com muita inspiração, ela própria escreveu as Regras para os seus institutos, que foram aprovadas pelo bispo de Bergamo.

Consumida na intensa atividade assistencial e religiosa, com apenas quarenta e nove anos de idade, morreu na véspera do Natal de 1865, em Comonte, Bergamo. Deixou entregue aos cuidados da Providencia Divina o já estabelecido Instituto feminino e a semente plantada do outro, masculino.

Madre Paula Isabel Cerioli foi beatificada pelo papa Pio XII em 1950, durante o Ano Santo. Foi declarada santa pelo papa João Paulo II em 2004. 

Minha oração

“Mulher de maternidade alargada, não foste mãe somente de filhos biológicos, mas de todos que precisavam de uma figura materna, cuidai, de modo especial, dos órfãos e desfavorecidos. Animai todos os teus filhos e participantes da tua obra. Amém.”

 

 Santa Paula Isabel Cerioli, rogai por nós!



Santa Tarsila

A família romana Anícia teve a graça de enviar para a Igreja aquele que foi um dos grandes doutores da Igreja do Ocidente, o papa Gregório Magno, depois também santo. Era um homem de estatura pequena e de saúde frágil, mas um gigante na administração e uma fortaleza espiritual. Entre seus antepassados paternos estão o imperador Olívio, o papa são Félix III e o senador Jordão, que era seu pai.

A formação intelectual, religiosa e moral do menino Gregório ficou sob a orientação e cuidado de sua mãe, a futura santa Sílvia, e de suas tias, Tarsila, Emiliana, também santas, e de Jordana, irmãs de seu pai, que faleceu cedo.

Tarsila e Emiliana eram muito unidas, além do parentesco, pelo fervor da fé em Cristo e pela caridade. As três viviam juntas na casa herdada do pai, no monte Célio, como se estivessem num mosteiro. Tarsila era a guia de todas, orientando pela Palavra do Evangelho e pelo exemplo da caridade e da castidade. Dessa maneira, os progressos na vida espiritual foram grandes. Depois, Jordana decidiu seguir a vida matrimonial, casando-se com um bom cristão, o administrador dos bens da sua família.

Tarsila permaneceu com a opção de vida religiosa que havia escolhido. Sempre feliz, na paz do seu retiro e na entrega de seu amor a Deus, até que foi ao seu encontro na glória de Cristo. São Gregório relatou que a tia Tarsila tivera uma visão de seu bisavô, o papa são Félix III, que lhe teria mostrado o lugar que ocuparia no céu dizendo estas palavras: "Vem, que eu haverei de te receber nestas moradas de luz".

Após essa experiência, Tarsila ficou gravemente enferma. No seu leito de morte, ao lado da irmã Emiliana e dos parentes, pediu para que todos se afastassem dizendo: "Está chegando Jesus, meu Salvador!" Com essas palavras e sorrindo, entregou sua alma a Deus. Ao ser preparada para o sepultamento, encontraram calos, duros e grossos, em seus joelhos e cotovelos, causados pelas contínuas penitências. Durante as orações, que duravam muitas horas, rezava, ajoelhada e apoiada, diante de Jesus Crucificado.

Poucos dias depois de morrer, Tarsila apareceu em sonho para sua irmã Emiliana e a convidou para celebrarem juntas a festa da Epifania no céu. E foi isso o que aconteceu, Emiliana acabou morrendo na véspera do dia dos Reis.

O culto a santa Tarsila, mesmo não sendo acompanhado de fatos prodigiosos, se manteve discreto e persistente ao longo do tempo. Talvez pelo enriquecimento dos exemplos singulares narrados pelo sobrinho, papa são Gregório Magno, o qual, entretanto, nunca citou o ano do seu falecimento no século VI.

A Igreja Católica estabeleceu o dia 24 de dezembro para as homenagens litúrgicas de santa Tarsila, data transmitida pela tradição dos seus fiéis devotos. 


Santa Tarsila, rogai por nós!

 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Santo do Dia - 14 de dezembro

 Santo Esperidião

Santo Esperidião nasceu em 270, na cidade de Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras. Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.

Estudou primeiro na escola catequista da Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal. Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando, sempre, que essa era a de sua preferência.

Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam, em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.

Quando as perseguições terminaram e a paz foi concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.

Todas essas atuações foram relatadas pelo próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens ilustres".

Esperidião morreu alguns anos após 347, numa data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.

Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de calamidades.


Santo Esperidião, rogai por nós!

São João da Cruz
 

Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis. 

Minha oração

“Grande místico e doutor da oração, ensina-nos e leva-nos a uma vida mais contemplativa segundo nosso estado de vida. Que tenhamos a disciplina e a sinceridade para encontramos com Deus e a partir disso servir nossos irmãos. Que vejamos e escutemos o Senhor através da oração. Amém.”

 

São João da Cruz, rogai por nós!


São Nimatullah Kassab Al-Hardini,
 O padre Nimatullah Kassab Al-Hardini nasceu em 1808, na aldeia de Hardin, situada nas montanhas ao norte do Líbano, no oeste da Ásia. Foi o quarto filho da família Kassab, que era composta de cinco meninos e duas meninas, sendo batizado com o nome de José. A família, cristã maronita fervorosa, deu sólida educação intelectual, religiosa e moral aos filhos, por isso todos seguiram a vida de religioso, exceto o primogênito e a caçula.

Durante a infância, freqüentou os mosteiros e os ermos do seu povoado. Terminados os estudos, foi viver com o avô, também padre maronita, cujo exemplo solidificou sua vocação para o sacerdócio. Na Igreja Maronita, como em todas as igrejas orientais, se conserva a tradição de os homens casados poderem tornar-se padres e continuar a ter vida conjugal, desde que seja garantido o ministério paroquial; mas uma vez diácono ou padre, não pode mais casar-se. José participava das atividades litúrgicas no mosteiro com os monges e, na paróquia, com o avô e os fiéis.

Aos vinte anos, em 1828, ingressou na Ordem Libanesa Maronita. Tomando o nome de "irmão Nimatullah", que significa "graça de Deus", fez os dois anos do noviciado do Mosteiro de Santo Antônio de Qozhaya, entregando-se com fervor à oração comunitária, ao trabalho manual e às visitas ao Cristo eucarístico.

Em 1830, recebeu o hábito monacal e fez a profissão solene dos votos, consagrando-se, totalmente, a Deus. Na ocasião, foi enviado para o Mosteiro de São Cipriano e Santa Justina para estudar filosofia e teologia, onde também trabalhava na lavoura e como encadernador de manuscritos e livros. Por causa do rigoroso estilo de vida monástica que ele impunha a si mesmo, acabou doente e teve de mudar para uma tarefa mais leve: foi trabalhar na alfaiataria.

Terminando seus estudos eclesiásticos, com grande sucesso, em 1835, foi ordenado sacerdote e nomeado diretor dos estudantes e professor, cargo que ocupou até morrer. Disciplinado, não tinha tempo ocioso; dividia seu dia entre a oração e o trabalho intelectual, manual ou religioso. Ciente da dura realidade que as famílias libanesas viviam, fundou uma escola para educar e dar formação religiosa gratuita os jovens.

Viveu duas guerras civis, uma em 1840 e a outra em 1845, durante as quais mosteiros e igrejas foram saqueados e incendiados e numerosos cristãos maronitas morreram. Era severo consigo mesmo, mas misericordioso e indulgente para com os irmãos.

A partir de 1845, reconhecendo o seu zelo na observância das regras monásticas, a Santa Sé o nomeou, em três ocasiões, assistente geral, o que o obrigou a residir no Mosteiro de Nossa Senhora de Tâmish, que na época era a Casa-matriz da Ordem. Mas nunca descuidou do seu trabalho de encadernador, que exercia com espírito de grande pobreza.

No inverno de 1858, pegou uma forte pneumonia, da qual não se recuperou mais. Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini faleceu em 14 de dezembro de 1858, invocando a Virgem Maria, confiando-lhe sua alma.

Viveu como homem de oração e morreu como homem de oração. Foi enterrado no mosteiro da São Cipriano de Kfifan, e seu corpo ficou incorrupto. Beatificado pelo papa João Paulo II em 1998, sendo canonizado pelo mesmo pontífice em 2004. A sua festa ocorre no dia de sua morte

São Nimatullah Kassab Al-Hardini, rogai por nós!


São Venâncio Fortunato

Venâncio Honório Clemente Fortunato: um nome grande, de uma grande figura da cristandade de todos os tempos. Era italiano, nasceu numa família pagã, em Treviso, no ano 530. Estudou em Ravena, importante pólo cultural da época, onde se formou em gramática e retórica e se converteu. Porém Venâncio sofria de uma doença crônica nos olhos e estava quase cego. Devoto extremado de são Martinho de Tours, rezou muito para a cura por sua intercessão. Que ocorreu depois de tocar os olhos com o óleo da lamparina que iluminava a capela dedicada ao santo. Decidiu peregrinar, louvando o milagre que Deus lhe concedera, e agradecer pela intercessão do santo junto ao seu túmulo, na Gália, hoje França.

Dessa longa peregrinação não mais retornou. No extenso percurso, exercitou um de seus dons, o da poesia, talvez o melhor. Entre camponeses analfabetos e curiosos, através dela conquistava todos os cristãos, e convertia os pagãos. As suas palavras e versos sublimes se transformavam logo em música criando um ambiente cristão, fraterno e alegre, sendo por isso muito bem acolhido por onde passava.

Ao chegar à sepultura de são Martinho em Tours, declamou o belíssimo poema que lhe dedicara pela graça obtida. Depois, seguiu para Poitiers, onde conheceu a futura santa Rategunda, rainha da França. O encontro mudou o rumo de sua vida. Por motivos políticos, ela tivera de casar-se com o rei Clotário I, pagão, pouco letrado e dado às conquistas violentas. Mais tarde, depois de tê-lo convertido, conseguiu sua autorização para seguir a vida religiosa e fundar um convento. Muito grato e respeitoso, Clotário I fez ainda mais, doou-lhe o castelo de Poitiers, que ela transformou no Convento de Santa Cruz, do qual se tornou abadessa.

Foi o estilo de vida monástico da abadessa que fez com que o poeta Venâncio Fortunato se tornasse sacerdote. Rategunda, então, entregou a direção espiritual do convento a ele, com autorização do bispo. Assim, numa Corte composta por nobres pouco instruídos, ela tomou este brilhante poeta e literato como seu particular secretário, confessor e conselheiro espiritual.

Venâncio Fortunato atingiu, ali, o seu melhor momento literário, época de intensa inspiração e produção. Escreveu diversas biografias de santos, entre eles Martinho de Tours, Germano de Paris, Hilário de Poitiers e muitos outros. Também a sua notória obra poética se perpetuou através da inclusão no breviário da missa, sob a forma de hinos e cânticos, especialmente notados na Semana Santa.

Em 600, foi eleito e consagrado bispo de Poitiers, tornando-se uma figura muito proeminente na história da Gália. Morreu em 14 de dezembro de 607, na sua diocese. Logo passou a ser cultuado pelo povo como santo. A obra que deixou nos leva a uma piedade verdadeira e terna, como a sua, testemunho de humanidade e fé numa época primitiva de barbáries. Por isso, na Catedral de Poitiers, na França, onde suas relíquias são veneradas no dia de sua morte, foi-lhe dedicado um vitral que reflete e enaltece a sua figura de humilde peregrino, laureado poeta, músico e bispo, que foi, em vida, santificada e brilhante no seguimento de Cristo. 

São Venâncio Fortunato, rogai por nós!
 

 

 

sábado, 24 de dezembro de 2022

Santo do Dia - 24 de dezembro

Santa Adélia ou Adele de Pfalzel


A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje, todos são venerados nos altares como santos da Igreja, ainda que esse parentesco seja motivo de controvérsias, sendo, por isso, pesquisado.

Adélia foi identificada, também, como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do Mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no Mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno.

Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu recolher-se para a vida religiosa. Para isso, fundou o Mosteiro de Pfalzel, na região de Trèves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as Regras dos monges beneditinos, como fizeram os mosteiros de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã, a futura santa Ermina.

No mosteiro, havia um hospede freqüente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório. Como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, em 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio, que estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hóspede, mesmo não sendo conhecido, no exato momento em que todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página do Evangelho em latim.

Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que, mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que o texto dizia realmente. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes", disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, comentou-o com tamanha profundidade e de maneira tão convincente que deixou todos os ouvintes encantados.

O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não mais querer mais separar-se do monge que ninguém sabia de onde era. Apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois, Gregório tornou-se o bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e santo da Igreja.

Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro de 734, e foi sepultada no Mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho.

O culto litúrgico em memória de santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro: no dia 18, com uma festa local; no dia 24, junto com santa Ermina, que, sem dúvida alguma, é sua irmã na fé. 


Santa Adélia de Pfalzel, rogai por nós!

São Charbel Makhlouf 

São Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão

 

São Charbel Makhlouf nasceu a 8 de maio de 1828, em BiqáKafra, aldeia montanhosa do norte, ao pé dos cedros do Líbano. Seu nome de batismo: José Zaroun Makhlouf. Com 23 anos ele toma o nome de Charbel em memória do mártir do século segundo, foge de casa e refugia-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfoug, da Ordem libanesa maronita. Um ano depois, transfere-se para o mosteiro de S. Maron de Annayam, da província de Jbail, verdadeiro oásis de oração e fé, a 1300 metros de altitude. Depois de seis anos de estudos teológicos, em Klifan, é ordenado sacerdote. Exerce, então, com muita edificação, as funções do seu ministério sagrado, juntamente com toda a sorte de trabalhos manuais. 

Após dezesseis anos de vida ascética, Charbel obtém autorização, em 1875, para se retirar ao eremitério dos Santos Pedro e Paulo, de Annaya. Durante 23 anos (1875-1898), S. Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão. Deus recompensa o seu fiel servidor, dando-lhe o dom de operar milagres, já em vida: afirma-se que os realizou não somente com cristãos, mas, também, com muitos muçulmanos.

No dia 16 de dezembro de 1898, em Annaya, enquanto celebrava a Santa Missa, sofreu um ataque de apoplexia; levou-o à morte, no dia 24, Vigília da Festa de Natal. Tinha 70 anos de idade. Com o seu próprio punho, Pio XII assinou o decreto que dava início ao processo de beatificação do Padre Charbel, dizendo expressamente: “O Padre Charbel já gozava, em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocarem com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se veem curados. Glória ao Pai que coroou os combates dos santos. Glória ao Filho que deixou esse poder em suas relíquias. Glória ao Espírito Santo que repousa, com suas luzes, sobre seus restos mortais para fazer nascer consolações em todas as espécies de tristezas”.

No segundo domingo de outubro de 1977, dia 9, o Santo Padre Paulo VI canonizou solenemente, na Basílica de São Pedro, em Roma, o bem-aventurado Charbel Makhlouf, monge eremita libanês. Foi a primeira canonização, realizada pelo Papa, de um membro da Igreja do Rito Oriental, desde que o Vaticano traçara, há quatro séculos, nova orientação para as canonizações. Antes da canonização atual, os santos maronitas eram proclamados pelo Patriarca da Igreja maronita.

São Charbel Makhlouf, rogai por nós!

 


Santa Ermina ou Irmina ou Irma

Os nomes Ermina, Irmina ou Irma nos reportam a uma única personalidade, a de uma santa germânica. A tradição dessa região conta que ela era a irmã mais velha de Adélia, a abadessa do mosteiro que fundara em Pfalzel, depois santa da Igreja.

Portanto, Ermina também era princesa da Austrásia, filha do rei Dagoberto II, o Bom, o primeiro dessa família a ser declarado santo pela Igreja de Roma. Porém toda essa descendência real nunca ficou muito clara. Mesmo nos antigos registros biográficos, ela aparece confusa.

À parte tal tradição, certamente muito do florescimento do cristianismo na Alemanha ocorreu graças às duas veneradas irmãs abadessas fundadoras. Entre os séculos VII e VIII, a propagação da fé cristã, realmente, ocorreu em conseqüência das fervorosas iniciativas missionárias e das fundações de mosteiros.

Nesta época, Ermina era uma jovem muito bela e caridosa, cujo noivo era o conde Ermano. Mas ele acabou morrendo antes da cerimônia do casamento. Após a fatalidade, ela decidiu seguir a vida religiosa, entendendo o acontecimento como uma mensagem de Deus. Assim, ingressou num mosteiro beneditino.

Mais tarde, ela mesma fundou um, perto da cidade de Trèves, que existe ainda hoje, o Mosteiro de Ohren. Escolheu as regras beneditinas e foi eleita a primeira abadessa. Desde então, tornou-se uma grande benfeitora dos missionários que passavam pela região, especialmente do monge Wilibrordo, futuro santo. Ele era inglês e chefiava uma missão evangelizadora na região da Frísia, atual Dinamarca, ao lado de outros monges da mesma origem.

Atendia um especial pedido do papa Sérgio I, que desejava ver a região convertida.

Na verdade, primeiro foi Wilibrordo que beneficiou o Mosteiro de Ohren e até a cidade de Trèves. A tradição nos conta que no final do século VII, quando ele passava pela região, encontrou a cidade na mais completa desolação. Era uma terrível peste que se espalhava velozmente, tendo atingido, também, o mosteiro da abadessa Ermina. Lá, o referido monge se manteve em fervorosa oração e penitência para que as religiosas e os habitantes da cidade ficassem livres do mortal contágio. As preces de Wilibrordo foram ouvidas tão depressa que Ermina ficou comovida com tanta santidade.

Muito agradecida, Ermina doou a Wilibrordo o território de Echternach. As construções já existentes serviriam de base para mais um glorioso mosteiro beneditino, que, depois, se tornou o ponto de partida das suas viagens de pregações apostólicas que levaram à conversão da Frísia.

Ermina continuou a ajudar o monge através da força das orações e com recursos materiais. Ela continuou sua existência entregue aos exercícios espirituais e a uma vida feita de abnegação e caridade. Pode-se dizer, também, que sem a sua ajuda a Frísia demoraria muito para converter-se ao seguimento de Cristo. A abadessa Ermina morreu na véspera do Natal de 710.

A Igreja autorizou seu culto, incluiu-a no livro dos santos e determinou o dia de sua morte, 24 de dezembro, para a homenagem litúrgica em sua memória. Posteriormente, nele incluiu, também, a celebração de santa Adélia de Pfalzel, sua irmã no sangue e na fé. 


Santa Ermina, rogai por nós!
 
 
Santa Paula Isabel Cerioli
 Batizada como Costanza Cerioli, nasceu na família dos nobres e ricos Francisco Cerioli e Francisca Corniani, no dia 28 de janeiro de 1816, em Soncino, Cremona, Itália.

Delicada, inteligente e sensível, dona de um físico frágil, aprendeu cedo a lidar com o sofrimento, alertada pela sabedoria cristã da mãe, que lhe mostrava a miséria presente nas famílias dos camponeses. Aos onze anos, foi entregue às Irmãs da Visitação da cidade de Alzano, para completar sua formação religiosa e cultural, com as quais ficou até os dezesseis anos, destacando-se pela bondade e caridade.

Aos dezenove anos, obedecendo à vontade dos pais, casou-se com o nobre e rico Caetano Busecchi, de quase sessenta anos, herdeiro dos condes Tassis. Vivendo no palácio do marido, em Comente, Bergamo, dedicava-se à família e às obras de caridade da igreja. Teve um casamento feliz e harmônico, porém marcado pela morte dos quatro filhos; três logo após o nascimento e o outro, Carlos, com dezesseis anos.

Abatida, continuou cuidando do marido, já bem idoso e doente, até 1854, quando ele faleceu. Assim, com trinta e oito anos, viúva, sozinha e dona de grande fortuna, isolou-se do mundo. Ficou retirada em sua casa, dedicando-se às obras de caridade, nas quais aplicou todo o patrimônio.

Criou colégios para crianças órfãs carentes e abandonadas; instituiu escolas, cursos de catecismo, exercícios espirituais, recreações festivas e assistência às enfermas. Vencendo todos os tipos de dificuldades, desejou fundar uma Congregação religiosa feminina e outra masculina que seguisse o modelo evangélico do mistério de Nazaré, constituído por Maria e José, que acolhem Jesus para doá-lo ao mundo.

Orientada, espiritualmente, pelos dois bispos de Bergamo, em 1857, junto com seis companheiras, fundou o Instituto das Irmãs da Sagrada Família. Nesse dia, Costanza vestiu o hábito e tomou o nome de madre Paula Isabel. Em 1863, realizou seu grande sonho: fundou o Instituto dos Irmãos da Sagrada Família, para o socorro material e a educação moral e religiosa da classe camponesa, na época a mais excluída e pobre.

O carisma da Sagrada Família era o objetivo a ser alcançado, como modelo de ajuda e conforto, aprendendo dela como ser famílias cristãs acolhedoras, unidas no amor, na fraternidade, na fé forte, simples e confiante. Com muita inspiração, ela própria escreveu as Regras para os seus institutos, que foram aprovadas pelo bispo de Bergamo.

Consumida na intensa atividade assistencial e religiosa, com apenas quarenta e nove anos de idade, morreu na véspera do Natal de 1865, em Comonte, Bergamo. Deixou entregue aos cuidados da Providencia Divina o já estabelecido Instituto feminino e a semente plantada do outro, masculino.

Madre Paula Isabel Cerioli foi beatificada pelo papa Pio XII em 1950, durante o Ano Santo. Foi declarada santa pelo papa João Paulo II em 2004. 


 Santa Paula Isabel Cerioli, rogai por nós!



Santa Tarsila

A família romana Anícia teve a graça de enviar para a Igreja aquele que foi um dos grandes doutores da Igreja do Ocidente, o papa Gregório Magno, depois também santo. Era um homem de estatura pequena e de saúde frágil, mas um gigante na administração e uma fortaleza espiritual. Entre seus antepassados paternos estão o imperador Olívio, o papa são Félix III e o senador Jordão, que era seu pai.

A formação intelectual, religiosa e moral do menino Gregório ficou sob a orientação e cuidado de sua mãe, a futura santa Sílvia, e de suas tias, Tarsila, Emiliana, também santas, e de Jordana, irmãs de seu pai, que faleceu cedo.

Tarsila e Emiliana eram muito unidas, além do parentesco, pelo fervor da fé em Cristo e pela caridade. As três viviam juntas na casa herdada do pai, no monte Célio, como se estivessem num mosteiro. Tarsila era a guia de todas, orientando pela Palavra do Evangelho e pelo exemplo da caridade e da castidade. Dessa maneira, os progressos na vida espiritual foram grandes. Depois, Jordana decidiu seguir a vida matrimonial, casando-se com um bom cristão, o administrador dos bens da sua família.

Tarsila permaneceu com a opção de vida religiosa que havia escolhido. Sempre feliz, na paz do seu retiro e na entrega de seu amor a Deus, até que foi ao seu encontro na glória de Cristo. São Gregório relatou que a tia Tarsila tivera uma visão de seu bisavô, o papa são Félix III, que lhe teria mostrado o lugar que ocuparia no céu dizendo estas palavras: "Vem, que eu haverei de te receber nestas moradas de luz".

Após essa experiência, Tarsila ficou gravemente enferma. No seu leito de morte, ao lado da irmã Emiliana e dos parentes, pediu para que todos se afastassem dizendo: "Está chegando Jesus, meu Salvador!" Com essas palavras e sorrindo, entregou sua alma a Deus. Ao ser preparada para o sepultamento, encontraram calos, duros e grossos, em seus joelhos e cotovelos, causados pelas contínuas penitências. Durante as orações, que duravam muitas horas, rezava, ajoelhada e apoiada, diante de Jesus Crucificado.

Poucos dias depois de morrer, Tarsila apareceu em sonho para sua irmã Emiliana e a convidou para celebrarem juntas a festa da Epifania no céu. E foi isso o que aconteceu, Emiliana acabou morrendo na véspera do dia dos Reis.

O culto a santa Tarsila, mesmo não sendo acompanhado de fatos prodigiosos, se manteve discreto e persistente ao longo do tempo. Talvez pelo enriquecimento dos exemplos singulares narrados pelo sobrinho, papa são Gregório Magno, o qual, entretanto, nunca citou o ano do seu falecimento no século VI.

A Igreja Católica estabeleceu o dia 24 de dezembro para as homenagens litúrgicas de santa Tarsila, data transmitida pela tradição dos seus fiéis devotos. 


Santa Tarsila, rogai por nós!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Santo do Dia - 14 de dezembro

 Santo Esperidião

Santo Esperidião nasceu em 270, na cidade de Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras. Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.

Estudou primeiro na escola catequista da Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal. Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando, sempre, que essa era a de sua preferência.

Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam, em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.

Quando as perseguições terminaram e a paz foi concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.

Todas essas atuações foram relatadas pelo próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens ilustres".

Esperidião morreu alguns anos após 347, numa data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.

Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de calamidades.


Santo Esperidião, rogai por nós!

São João da Cruz
 
Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis. 


São João da Cruz, rogai por nós!


São Nimatullah Kassab Al-Hardini,
 O padre Nimatullah Kassab Al-Hardini nasceu em 1808, na aldeia de Hardin, situada nas montanhas ao norte do Líbano, no oeste da Ásia. Foi o quarto filho da família Kassab, que era composta de cinco meninos e duas meninas, sendo batizado com o nome de José. A família, cristã maronita fervorosa, deu sólida educação intelectual, religiosa e moral aos filhos, por isso todos seguiram a vida de religioso, exceto o primogênito e a caçula.

Durante a infância, freqüentou os mosteiros e os ermos do seu povoado. Terminados os estudos, foi viver com o avô, também padre maronita, cujo exemplo solidificou sua vocação para o sacerdócio. Na Igreja Maronita, como em todas as igrejas orientais, se conserva a tradição de os homens casados poderem tornar-se padres e continuar a ter vida conjugal, desde que seja garantido o ministério paroquial; mas uma vez diácono ou padre, não pode mais casar-se. José participava das atividades litúrgicas no mosteiro com os monges e, na paróquia, com o avô e os fiéis.

Aos vinte anos, em 1828, ingressou na Ordem Libanesa Maronita. Tomando o nome de "irmão Nimatullah", que significa "graça de Deus", fez os dois anos do noviciado do Mosteiro de Santo Antônio de Qozhaya, entregando-se com fervor à oração comunitária, ao trabalho manual e às visitas ao Cristo eucarístico.

Em 1830, recebeu o hábito monacal e fez a profissão solene dos votos, consagrando-se, totalmente, a Deus. Na ocasião, foi enviado para o Mosteiro de São Cipriano e Santa Justina para estudar filosofia e teologia, onde também trabalhava na lavoura e como encadernador de manuscritos e livros. Por causa do rigoroso estilo de vida monástica que ele impunha a si mesmo, acabou doente e teve de mudar para uma tarefa mais leve: foi trabalhar na alfaiataria.

Terminando seus estudos eclesiásticos, com grande sucesso, em 1835, foi ordenado sacerdote e nomeado diretor dos estudantes e professor, cargo que ocupou até morrer. Disciplinado, não tinha tempo ocioso; dividia seu dia entre a oração e o trabalho intelectual, manual ou religioso. Ciente da dura realidade que as famílias libanesas viviam, fundou uma escola para educar e dar formação religiosa gratuita os jovens.

Viveu duas guerras civis, uma em 1840 e a outra em 1845, durante as quais mosteiros e igrejas foram saqueados e incendiados e numerosos cristãos maronitas morreram. Era severo consigo mesmo, mas misericordioso e indulgente para com os irmãos.

A partir de 1845, reconhecendo o seu zelo na observância das regras monásticas, a Santa Sé o nomeou, em três ocasiões, assistente geral, o que o obrigou a residir no Mosteiro de Nossa Senhora de Tâmish, que na época era a Casa-matriz da Ordem. Mas nunca descuidou do seu trabalho de encadernador, que exercia com espírito de grande pobreza.

No inverno de 1858, pegou uma forte pneumonia, da qual não se recuperou mais. Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini faleceu em 14 de dezembro de 1858, invocando a Virgem Maria, confiando-lhe sua alma.

Viveu como homem de oração e morreu como homem de oração. Foi enterrado no mosteiro da São Cipriano de Kfifan, e seu corpo ficou incorrupto. Beatificado pelo papa João Paulo II em 1998, sendo canonizado pelo mesmo pontífice em 2004. A sua festa ocorre no dia de sua morte

São Nimatullah Kassab Al-Hardini, rogai por nós!


São Venâncio Fortunato

Venâncio Honório Clemente Fortunato: um nome grande, de uma grande figura da cristandade de todos os tempos. Era italiano, nasceu numa família pagã, em Treviso, no ano 530. Estudou em Ravena, importante pólo cultural da época, onde se formou em gramática e retórica e se converteu. Porém Venâncio sofria de uma doença crônica nos olhos e estava quase cego. Devoto extremado de são Martinho de Tours, rezou muito para a cura por sua intercessão. Que ocorreu depois de tocar os olhos com o óleo da lamparina que iluminava a capela dedicada ao santo. Decidiu peregrinar, louvando o milagre que Deus lhe concedera, e agradecer pela intercessão do santo junto ao seu túmulo, na Gália, hoje França.

Dessa longa peregrinação não mais retornou. No extenso percurso, exercitou um de seus dons, o da poesia, talvez o melhor. Entre camponeses analfabetos e curiosos, através dela conquistava todos os cristãos, e convertia os pagãos. As suas palavras e versos sublimes se transformavam logo em música criando um ambiente cristão, fraterno e alegre, sendo por isso muito bem acolhido por onde passava.

Ao chegar à sepultura de são Martinho em Tours, declamou o belíssimo poema que lhe dedicara pela graça obtida. Depois, seguiu para Poitiers, onde conheceu a futura santa Rategunda, rainha da França. O encontro mudou o rumo de sua vida. Por motivos políticos, ela tivera de casar-se com o rei Clotário I, pagão, pouco letrado e dado às conquistas violentas. Mais tarde, depois de tê-lo convertido, conseguiu sua autorização para seguir a vida religiosa e fundar um convento. Muito grato e respeitoso, Clotário I fez ainda mais, doou-lhe o castelo de Poitiers, que ela transformou no Convento de Santa Cruz, do qual se tornou abadessa.

Foi o estilo de vida monástico da abadessa que fez com que o poeta Venâncio Fortunato se tornasse sacerdote. Rategunda, então, entregou a direção espiritual do convento a ele, com autorização do bispo. Assim, numa Corte composta por nobres pouco instruídos, ela tomou este brilhante poeta e literato como seu particular secretário, confessor e conselheiro espiritual.

Venâncio Fortunato atingiu, ali, o seu melhor momento literário, época de intensa inspiração e produção. Escreveu diversas biografias de santos, entre eles Martinho de Tours, Germano de Paris, Hilário de Poitiers e muitos outros. Também a sua notória obra poética se perpetuou através da inclusão no breviário da missa, sob a forma de hinos e cânticos, especialmente notados na Semana Santa.

Em 600, foi eleito e consagrado bispo de Poitiers, tornando-se uma figura muito proeminente na história da Gália. Morreu em 14 de dezembro de 607, na sua diocese. Logo passou a ser cultuado pelo povo como santo. A obra que deixou nos leva a uma piedade verdadeira e terna, como a sua, testemunho de humanidade e fé numa época primitiva de barbáries. Por isso, na Catedral de Poitiers, na França, onde suas relíquias são veneradas no dia de sua morte, foi-lhe dedicado um vitral que reflete e enaltece a sua figura de humilde peregrino, laureado poeta, músico e bispo, que foi, em vida, santificada e brilhante no seguimento de Cristo. 

São Venâncio Fortunato, rogai por nós!
 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Santo do dia - 14 de dezembro

Santo Esperidião

Esperidião nasceu em 270, na cidade de Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras. Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.

Estudou primeiro na escola catequista da Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal. Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando, sempre, que essa era a de sua preferência.

Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam, em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.

Quando as perseguições terminaram e a paz foi concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.

Todas essas atuações foram relatadas pelo próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens ilustres".

Esperidião morreu alguns anos após 347, numa data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.

Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de calamidades.


Santo Esperidião, rogai por nós!

São João da Cruz
 
Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis. 


São João da Cruz, rogai por nós!


São Nimatullah Kassab Al-Hardini,
 O padre Nimatullah Kassab Al-Hardini nasceu em 1808, na aldeia de Hardin, situada nas montanhas ao norte do Líbano, no oeste da Ásia. Foi o quarto filho da família Kassab, que era composta de cinco meninos e duas meninas, sendo batizado com o nome de José. A família, cristã maronita fervorosa, deu sólida educação intelectual, religiosa e moral aos filhos, por isso todos seguiram a vida de religioso, exceto o primogênito e a caçula.

Durante a infância, freqüentou os mosteiros e os ermos do seu povoado. Terminados os estudos, foi viver com o avô, também padre maronita, cujo exemplo solidificou sua vocação para o sacerdócio. Na Igreja Maronita, como em todas as igrejas orientais, se conserva a tradição de os homens casados poderem tornar-se padres e continuar a ter vida conjugal, desde que seja garantido o ministério paroquial; mas uma vez diácono ou padre, não pode mais casar-se. José participava das atividades litúrgicas no mosteiro com os monges e, na paróquia, com o avô e os fiéis.

Aos vinte anos, em 1828, ingressou na Ordem Libanesa Maronita. Tomando o nome de "irmão Nimatullah", que significa "graça de Deus", fez os dois anos do noviciado do Mosteiro de Santo Antônio de Qozhaya, entregando-se com fervor à oração comunitária, ao trabalho manual e às visitas ao Cristo eucarístico.

Em 1830, recebeu o hábito monacal e fez a profissão solene dos votos, consagrando-se, totalmente, a Deus. Na ocasião, foi enviado para o Mosteiro de São Cipriano e Santa Justina para estudar filosofia e teologia, onde também trabalhava na lavoura e como encadernador de manuscritos e livros. Por causa do rigoroso estilo de vida monástica que ele impunha a si mesmo, acabou doente e teve de mudar para uma tarefa mais leve: foi trabalhar na alfaiataria.

Terminando seus estudos eclesiásticos, com grande sucesso, em 1835, foi ordenado sacerdote e nomeado diretor dos estudantes e professor, cargo que ocupou até morrer. Disciplinado, não tinha tempo ocioso; dividia seu dia entre a oração e o trabalho intelectual, manual ou religioso. Ciente da dura realidade que as famílias libanesas viviam, fundou uma escola para educar e dar formação religiosa gratuita os jovens.

Viveu duas guerras civis, uma em 1840 e a outra em 1845, durante as quais mosteiros e igrejas foram saqueados e incendiados e numerosos cristãos maronitas morreram. Era severo consigo mesmo, mas misericordioso e indulgente para com os irmãos.

A partir de 1845, reconhecendo o seu zelo na observância das regras monásticas, a Santa Sé o nomeou, em três ocasiões, assistente geral, o que o obrigou a residir no Mosteiro de Nossa Senhora de Tâmish, que na época era a Casa-matriz da Ordem. Mas nunca descuidou do seu trabalho de encadernador, que exercia com espírito de grande pobreza.

No inverno de 1858, pegou uma forte pneumonia, da qual não se recuperou mais. Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini faleceu em 14 de dezembro de 1858, invocando a Virgem Maria, confiando-lhe sua alma.

Viveu como homem de oração e morreu como homem de oração. Foi enterrado no mosteiro da São Cipriano de Kfifan, e seu corpo ficou incorrupto. Beatificado pelo papa João Paulo II em 1998, sendo canonizado pelo mesmo pontífice em 2004. A sua festa ocorre no dia de sua morte

São Nimatullah Kassab Al-Hardini, rogai por nós!


São Venâncio Fortunato
Venâncio Honório Clemente Fortunato: um nome grande, de uma grande figura da cristandade de todos os tempos. Era italiano, nasceu numa família pagã, em Treviso, no ano 530. Estudou em Ravena, importante pólo cultural da época, onde se formou em gramática e retórica e se converteu. Porém Venâncio sofria de uma doença crônica nos olhos e estava quase cego. Devoto extremado de são Martinho de Tours, rezou muito para a cura por sua intercessão. Que ocorreu depois de tocar os olhos com o óleo da lamparina que iluminava a capela dedicada ao santo. Decidiu peregrinar, louvando o milagre que Deus lhe concedera, e agradecer pela intercessão do santo junto ao seu túmulo, na Gália, hoje França.

Dessa longa peregrinação não mais retornou. No extenso percurso, exercitou um de seus dons, o da poesia, talvez o melhor. Entre camponeses analfabetos e curiosos, através dela conquistava todos os cristãos, e convertia os pagãos. As suas palavras e versos sublimes se transformavam logo em música criando um ambiente cristão, fraterno e alegre, sendo por isso muito bem acolhido por onde passava.

Ao chegar à sepultura de são Martinho em Tours, declamou o belíssimo poema que lhe dedicara pela graça obtida. Depois, seguiu para Poitiers, onde conheceu a futura santa Rategunda, rainha da França. O encontro mudou o rumo de sua vida. Por motivos políticos, ela tivera de casar-se com o rei Clotário I, pagão, pouco letrado e dado às conquistas violentas. Mais tarde, depois de tê-lo convertido, conseguiu sua autorização para seguir a vida religiosa e fundar um convento. Muito grato e respeitoso, Clotário I fez ainda mais, doou-lhe o castelo de Poitiers, que ela transformou no Convento de Santa Cruz, do qual se tornou abadessa.

Foi o estilo de vida monástico da abadessa que fez com que o poeta Venâncio Fortunato se tornasse sacerdote. Rategunda, então, entregou a direção espiritual do convento a ele, com autorização do bispo. Assim, numa Corte composta por nobres pouco instruídos, ela tomou este brilhante poeta e literato como seu particular secretário, confessor e conselheiro espiritual.

Venâncio Fortunato atingiu, ali, o seu melhor momento literário, época de intensa inspiração e produção. Escreveu diversas biografias de santos, entre eles Martinho de Tours, Germano de Paris, Hilário de Poitiers e muitos outros. Também a sua notória obra poética se perpetuou através da inclusão no breviário da missa, sob a forma de hinos e cânticos, especialmente notados na Semana Santa.

Em 600, foi eleito e consagrado bispo de Poitiers, tornando-se uma figura muito proeminente na história da Gália. Morreu em 14 de dezembro de 607, na sua diocese. Logo passou a ser cultuado pelo povo como santo. A obra que deixou nos leva a uma piedade verdadeira e terna, como a sua, testemunho de humanidade e fé numa época primitiva de barbáries. Por isso, na Catedral de Poitiers, na França, onde suas relíquias são veneradas no dia de sua morte, foi-lhe dedicado um vitral que reflete e enaltece a sua figura de humilde peregrino, laureado poeta, músico e bispo, que foi, em vida, santificada e brilhante no seguimento de Cristo. 



São Venâncio Fortunato, rogai por nós!