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domingo, 29 de abril de 2018

Por que o caso Alfie Evans é tão absurdo e alarmante?

Preso em um hospital por uma decisão arbitrária de médicos e juízes, o caso do bebê britânico Alfie Evans é ao mesmo tempo revoltante e perigoso. Entenda de uma vez o porquê.

 

Existem várias formas de um médico influenciar as decisões clínicas a serem tomadas pelos pais em relação a seus filhos que estão em tratamento.

Certos estudos podem ser citados a favor da vontade do médico, e estudos apontando para uma direção diferente podem ser ignorados. É possível usar uma linguagem diretiva, emotiva e mesmo exagerada a fim de manipular, especialmente quando estão em discussão os resultados de várias opções possíveis de ser escolhidas. Números podem ser usados de modo similar: uma consulta deveria focar nos dois terços de pacientes que tiveram resultados ruins ou no um terço que teve resultados satisfatórios?

Essas formas de manipulação são uma preocupação constante da ética médica e ganham um tom dramático quando as equipes médicas discutem deficiências. O princípio de jamais provocar a morte de uma pessoa inocente não deve admitir nenhuma exceção.
Às vezes a vontade de um médico de chegar ao resultado de sua preferência é tão forte, que ele acaba aderindo a práticas enganosas chamadas de “código lento” (slow code, manobras de reanimação propositalmente lentas, em casos de paradas 
cardiorrespiratórias) ou “código mostrar(show code, que instrui a equipe médica a fingir manobras de reanimação). O médico diz aos pais que todo o possível será feito por seu filho (full code), mas, na verdade, o doutor e sua equipe não se comprometerão a um tratamento agressivo. Essa prática é defendida por alguns bioeticistas hoje, e com frequência é justificada pela opinião pessoal do médico de que não valeria a pena salvar a vida de uma criança em particular.

Na maioria das vezes, isso é feito por debaixo dos panos. Os médicos em geral são bons em evitar o escrutínio público de seus atos, particularmente nesse tipo de caso. A decisão de recusar tratamento a uma criança por causa de deficiência é distorcida por eufemismos como: parar “por compaixão” ou evitar tratamentos “onerosos” ou “extraordinários”.
Só para deixar claro: a distinção entre um tratamento vital, moralmente necessário, e um tratamento do qual se pode abrir mão — levada a cabo pela teologia moral católica na Alta Idade Média e início da Idade Moderna — é essencial nesses casos.

Todavia, o princípio de jamais provocar a morte de uma pessoa inocente, seja por ação, seja por omissão, não deve comportar absolutamente nenhuma exceção. Trata-se de uma exigência da dignidade da pessoa humana, especialmente quando se quer proteger populações mais vulneráveis, que correm o risco de ser marginalizadas por quem as vê como sendo inconvenientes. Tendo em vista a história da medicina ocidental, repleta de nuances no que diz respeito ao valor das pessoas com deficiência, devemos cuidar para que esse princípio seja sempre reforçado na prática médica.

[ATUALIZANDO: após os aparelhos serem desligados, Alfie faleceu às 22h do dia 27 abril 2018.]


MATÉRIA COMPLETA, clique aqui

 

 

Evangelho do Dia

EVANGELHO COTIDIANO

"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


5º Domingo da Páscoa

Evangelho segundo S. João 15,1-8.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. 
Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.  Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. 
Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.  Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem. 
Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».
Comentário do dia:  Venerável Pio XII (1876-1958), papa
Encíclica «Mystici Corporis», §§ 47-53
«Sem Mim nada podeis fazer»

«Aprouve [a Deus] que nele [em Cristo] habitasse toda a plenitude» (Col 1,19); Ele está adornado de todos os dons que acompanham a união hipostática; porquanto nele habita o Espírito Santo com tal plenitude de graças, que não se pode conceber maior. A Ele foi dado poder sobre a carne (cf Jo 17,2); [...] Dele provém ao corpo da Igreja toda a luz que ilumina divinamente os fiéis, e toda a graça com que se fazem santos como Ele é santo. [...]

É ele que infunde nos fiéis a luz da fé; Ele que aos pastores e doutores, e sobre todos ao seu vigário na Terra, enriquece divinamente com os dons sobrenaturais de ciência, entendimento e sabedoria, para que conservem fielmente o tesouro da fé, o defendam corajosamente, piedosa e diligentemente o expliquem e valorizem; é Ele enfim o que, invisível, preside e dirige os concílios da Igreja.

Cristo é o autor e o operador da santidade, já que nenhum ato salutar pode haver que dele não derive como fonte soberana: «Sem Mim nada podeis fazer» (Jo 15,5). Se nos sentimos movidos à dor e contrição dos pecados cometidos, se com temor e esperança filial nos convertemos a Deus, é sempre a sua graça que nos comove. A graça e a glória brotam da sua inexaurível plenitude. [...]

E quando, com rito externo, se ministram os sacramentos da Igreja, é Ele que opera o efeito correspondente nas almas. É Ele também que, nutrindo os fiéis com a própria carne e o próprio sangue, serena os movimentos desordenados das paixões; é Ele que aumenta as graças e prepara a futura glória das almas e dos corpos. [...]

Cristo faz que a Igreja viva da sua vida sobrenatural, penetra com a sua divina virtude todo o corpo e cada um dos membros, segundo o lugar que ocupa no corpo, nutre-o e sustenta-o do mesmo modo que a videira sustenta e torna frutíferas as vides aderentes à cepa (cf Jo 15,4-6). 

Uma oração de Santa Catarina de Sena

Provei e vi

 Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.


Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.


Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.


Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.


Assista tambémSanta Catarina de Sena



Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.


Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!


Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

(Cap. 167, Gratiarum actio ad Trinitatem: ed.lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291)

(Séc.XIV)

29 de abril - Santo do dia

Santa Catarina de Sena


Catarina era apenas uma irmã leiga da Ordem Terceira Dominicana. Mesmo analfabeta, talvez tenha sido a figura feminina mais impressionante do cristianismo do segundo milênio. Nasceu em 25 de março de 1347, em Sena, na Itália. Seus pais eram muito pobres e ela era uma dos vinte e cinco filhos do casal. Fica fácil imaginar a infância conturbada que Catarina teve. Além de não poder estudar, cresceu franzina, fraca e viveu sempre doente. Mas, mesmo que não fosse assim tão debilitada, certamente a sua missão apostólica a teria fragilizado. Carregava no corpo os estigmas da Paixão de Cristo.

Desejando seguir o caminho da perfeição, aos sete anos de idade consagrou sua virgindade a Deus. Tinha visões durante as orações contemplativas e fazia rigorosas penitências, mesmo contra a oposição familiar. Aos quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Durante as orações contemplativas, envolvia-se em êxtase, de tal forma que só esse fato possibilitou que convertesse centenas de almas durante a juventude. Já adulta e atuante, começou por ditar cartas ao povo, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz. Foi então que enfrentou a primeira dificuldade que muitos achariam impossível de ser vencida: o cisma católico.

Dois papas disputavam o trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo. Ela viajou por toda a Itália e outros países, ditou cartas a reis, príncipes e governantes católicos, cardeais e bispos, e conseguiu que o papa legítimo, Urbano VI, retomasse sua posição e voltasse para Roma. Fazia setenta anos que o papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas.

Outra dificuldade, intransponível para muitos, que enfrentou serenamente e com firmeza, foi a peste, que matou pelo menos um terço da população européia. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso, como o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", lido, estudado e respeitado até hoje. Catarina de Sena morreu no dia 29 de abril de 1380, após sofrer um derrame aos trinta e três anos de idade. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. Foi declarada "doutora da Igreja" pelo papa Paulo VI em 1970. 


Santa Catarina de Sena, rogai por nós!
 

São Pedro de Verona


Pedro nasceu em Verona no ano de 1205. Seus pais eram hereges maniqueus, adeptos da doutrina religiosa herética do persa Mani, Manes ou Maniqueu, caracterizada pela concepção dualista do mundo, em que espírito e matéria representam, respectivamente, o bem e o mal.

Entretanto, o único colégio que havia no local era católico e lá o menino não só aprendeu as ciências da vida como os caminhos da alma. Pedro se converteu e se separou da família, indo para Bolonha para terminar os estudos. Ali acabava de ser fundada a Ordem dos Dominicanos, onde ele logo foi aceito, recebendo a missão de evangelizar. Foi o que fez, viajando por toda a Itália, espalhando suas palavras fortes e um discurso de fé que convertiam as massas. Todas as suas pregações eram acompanhadas de graças, que impressionavam toda comunidade por onde passava. E isso logo despertou a ira dos hereges.

Primeiro inventaram uma calúnia contra ele. Achando que aquilo era uma prova de Deus, Pedro não tentou provar inocência. Aguardou que Jesus achasse a hora certa de revelar a verdade. Foi afastado da pregação por um bom tempo, até que a mentira se desfez sozinha, e ele foi chamado de volta e aclamado pela comunidade.

Voltando às viagens evangelizadoras, seus inimigos o afrontaram de novo tentando provar que suas graças não passavam de um embuste. Um homem fingiu estar doente, e outro foi buscar Pedro. Este, percebendo logo o que se passava, rezou e pediu a Deus que, se o homem estivesse mesmo doente, ficasse curado. Mas, se a doença fosse falsa, então que ficasse doente de verdade. O maniqueu foi tomado por uma febre violentíssima, que só passou quando a armadilha foi confessada publicamente. Perdoado por Pedro, o homem se converteu na mesma hora. Pedro anunciou, ainda, não só o dia de sua morte, como as circunstâncias em que ela ocorreria. E, mesmo tendo esse conhecimento, não deixou de fazer a viagem que seria fatal.

No dia 29 de abril de 1252, indo da cidade de Como para Milão, foi morto com uma machadada por um maniqueu que o emboscou. O nome do assassino era Carin, que, mais tarde, confessou o crime e, cheio de remorso, se internou como penitente no convento dominicano de Forli.

Imediatamente, o seu culto se difundiu em meio a comoção e espanto dos fiéis, que passaram a visitar o seu túmulo, onde as graças aconteciam em profusão. Apenas onze meses depois, o papa Inocente IV canonizou-o, fixando a festa de são Pedro de Verona para o dia de sua morte.


São Pedro de Verona, rogai  por nós!


sábado, 28 de abril de 2018

“Vi satanás cair do céu como um raio”

O que ensina a Igreja sobre o pecado dos anjos? Como essas criaturas rebeldes, criadas boas por Deus, mas tornadas más por sua própria vontade, agem no mundo? É o que explica São João Paulo II nesta catequese sobre os demônios.

Dando continuidade ao tema das catequeses anteriores, dedicadas ao artigo de fé referente aos anjos, criaturas de Deus, vamos considerar agora o mistério da liberdade de que alguns deles se valeram contra Deus e o seu plano de salvação para os homens.



São João Paulo II.

 
Como atesta o evangelista Lucas, no momento em que os discípulos se reencontraram com o Mestre, cheios de glória pelos frutos colhidos em suas primeiras missões, Jesus lhes disse algo que nos faz pensar: “Vi satanás cair do céu como um raio” (Lc 10, 18). Com estas palavras, o Senhor afirma que o anúncio do Reino de Deus é sempre uma vitória sobre o diabo, mas, ao mesmo tempo, revela também que a edificação do Reino está continuamente exposta às insídias do espírito do mal

Interessar-se por isso, como pretendemos fazer com a catequese de hoje, significa preparar-se para o estado de luta que é próprio da vida da Igreja neste tempo final da história da salvação, como diz o livro do Apocalipse (cf. Ap 12, 7). Por outro lado, isso permite esclarecer a reta fé da Igreja contra aqueles que a deturpam, exagerando a importância do diabo, ou os que negam ou minimizam o poder do maligno.


“Queda dos Anjos Rebeldes”, de Frans Floris

As catequeses precedentes a respeito dos anjos nos prepararam para compreender a verdade, revelada na Sagrada Escritura e transmitida pela Tradição da Igreja, sobre Satanás, quer dizer, sobre o anjo caído, o espírito maligno, também chamado diabo ou demônio.
Essa “queda”, que apresenta o caráter de um rechaço a Deus, com o consequente estado de “condenação”, consiste na livre escolha feita por aqueles espíritos criados que rejeitaram a Deus e o seu Rei de maneira radical e irrevogável, usurpando os seus direitos soberanos e procurando subverter a economia da salvação e a ordem mesma da criação. 

Um reflexo dessa atitude encontra-se nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: “Sereis como Deus” ou “como deuses” (cf. Gn 3, 5). Assim, o espírito maligno tenta inocular no homem a atitude de rivalidade, daquela insubordinação e oposição a Deus que se tornaram como que a motivação de toda a sua existência.  O diabo e os outros demônios “foram criados bons por Deus, mas se tornaram maus por sua própria vontade”.



No Antigo Testamento, a narração da queda do homem, presente no livro do Gênese, contém uma referência à atitude de antagonismo que Satanás quer comunicar ao homem, a fim de o induzir à transgressão (cf. Gn 3, 5). Também no livro de Jó (cf. 1, 11; 2, 5.7) vemos que Satanás tenta estimular a rebelião do homem que sofre. No livro da Sabedoria (cf. Sb 2, 24), Satanás é apresentado como autor da morte, que entra na história do homem juntamente com o pecado.

A Igreja, no IV Concílio de Latrão (1215), ensina que o diabo (ou Satanás) e os outros demônios “foram criados bons por Deus, mas se tornaram maus por sua própria vontade”. Com efeito, lemos na Epístola de S. Judas: “Os anjos que não tinham guardado a dignidade de sua classe, mas abandonado os seus tronos, Ele os guardou com laços eternos nas trevas para o julgamento do Grande Dia” (Jd 6). Assim também, na segunda Epístola de S. Pedro, fala-se de “anjos que pecaram” e que Deus não perdoou, mas “precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento” (2Pe 2, 4).

É claro que, se Deus “não perdoa” o pecado dos anjos, é porque eles persistem no pecado, já que estão eternamente “nos laços” dessa oposição que escolheram no princípio, ao rejeitarem a Deus, contra a verdade do Bem supremo e último que é Deus mesmo. Nesse sentido, escreve S. João que “o demônio peca desde o princípio” (1Jo 3, 8). E “era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele” (Jo 8, 44).


                                                        
Estes textos nos ajudam a entender a natureza e a dimensão do pecado de Satanás, que consiste no rechaço à verdade sobre Deus, conhecido à luz da inteligência e da Revelação como Bem infinito, Amor e Santidade subsistente. Esse pecado foi tão maior quanto maior era a capacidade de conhecimento da inteligência angélica, quanto maior era a sua liberdade e proximidade de Deus. Rejeitando a verdade conhecida sobre Deus com um ato livre da própria vontade, Satanás converte-se em “mentiroso cósmico” e “pai da mentira” (Jo 8, 44). Por isso, ele vive na radical e irreversível negação de Deus e, em particular, dos homens, na sua trágica “mentira sobre o Bem”, que é Deus. 

No livro do Gênese encontramos uma descrição precisa desta mentira e falsificação da verdade sobre Deus, que Satanás, sob a forma de uma serpente, busca transmitir aos primeiros representantes do gênero humano: Deus seria alguém apegado a suas prerrogativas e que, por isso, imporia ao homem uma série de limitações (cf. Gn 3, 5). Satanás incita o homem a sacudir a imposição desse jugo fazendo-se “igual a Deus”.

A ação de Satanás consiste sobretudo em tentar os homens a fazer o mal