Papa foi eleito com mais de 90 votos
Imprensa estima de o novo Pontífice
recebeu mais de 90 dos 115 votos
Sob o titulo
de “O amigo brasileiro do Papa desbloqueou o conclave”, o jornal italiano “Il
Messaggero” disse que foi o cardeal brasileiro Claudio Hummes, ex-arcebispo de
São Paulo, quem deu o grande impulso à eleição do Papa Francisco. “Certamente é
o seu maior eleitor e amigo fiel”, anunciou o “Messaggero”.
“O consenso (em torno dos favoritos) não crescia como deveria, havia resistências, votos bloqueados e italianos estavam divididos”, relatou o jornal. Isso explicaria porque, tão logo eleito Papa, “Bergoglio quis ele (Hummes) ficasse perto dele”, possivelmente como um sinal de agradecimento.
Entre os quatro outros cardeais brasileiros que participaram do conclave, a profunda amizade entre Hummes e o argentino nunca foi novidade. O conclave é uma votação sigilosa e os cardeais prestam juramento neste sentido. Mas alguns detalhes estão filtrando para a imprensa italiana, que não cita fontes. Se a informação do jornal italiano estiver correta, isso mostra a divisão entre os brasileiros e reforça o argumento dos próprios cardeais de não é aliança geográfica que define a eleição de um Papa
Argentino teria conseguido mais de 90 dos 115
votos
Outros
jornais também revelam bastidores da escolha do Papa. De acordo com o jornal
“Corriere della Sera”, o conclave foi marcado não apenas pela rapidez com que
se chegou a um consenso, mas pelo volume da votação em favor do argentino, que
a reportagem estima em mais de 90 dos 115 votos, muito acima do mínimo de 77
estipulado por Bento XVI com o objetivo de dar maior coesão à escolha.
O acordo teria sido cimentado pelo cardeal italiano Raffaele Martino, presidente emérito do Pontifício Conselho Justiça e Paz e, durante 15 anos, representante do Vaticano na ONU. O trabalho nas Nações Unidas fez com que ele desenvolvesse laços fortes com o clero do Novo Mundo e com as questões sociais do continente. No conclave de 2005, ainda segundo o “Corriere”, Martino já havia votado em Bergoglio, que acabou derrotado por Joseph Ratzinger.
Confirmando o ditado segundo o qual “quem entra Papa no conclave sai cardeal”, o favorito Angelo Scola, arcebispo de Milão, conseguiu unir a maioria do cardinalato italiano, só que contra si. De acordo com as informações de bastidores, a ligação de Scola com o movimento carismático Comunhão e Libertação - e deste com políticos mais que controvertidos - foi fatal para sua candidatura.
Em declaração nesta sexta-feira (15), o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, disse que Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, nunca colaborou com a ditadura militar e é alvo de uma campanha "caluniosa e difamatória" na Argentina.
Ele disse que as acusações de que Bergoglio teria sido negligente com a prisão política de dois padres jesuítas "devem ser rechaçadas de forma contundente". "Nunca houve uma acusação concreta e confiável contra ele. A Justiça argentina o interrogou uma vez, mas como pessoa informada dos fatos, e jamais o acusou de nada", disse Lombardi. "A campanha contra Bergoglio é bem conhecida e se refere a fatos ocorridos há muitos anos. É uma campanha caluniosa e difamatória. Sua origem anticlerical é muito conhecida e evidente", disse.
Lombardi disse que muitos depoimentos mostram que Bergoglio protegeu pessoas perseguidas pela ditadura na Argentina. Ele também citou declarações do escritor Adolfo Pérez Esquivel, que disse nos últimos dias que o papa não colaborou com os militares.
NOBEL
Na
quinta (14), o ativista argentino de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel,
81, que recebeu em 1980 o Prêmio Nobel da Paz, disse que Bergoglio não teve
vínculos, quando bispo, com a ditadura militar que esteve no poder no país
entre 1976 e 1983.
Livros sobre a ditadura argentina acusam o novo papa de ter sido cúmplice dos militares ao denunciar como subversivos sacerdotes que tinham atuação social. Ele sempre negou.
Esquivel disse ainda, em um comunicado publicado no seu site, que talvez tenha faltado ao novo papa "coragem para acompanhar a luta pelos direitos humanos nos momentos mais difíceis", mas que isso não significa que ele tenha compactuado com a ditadura.
"Espero que ele tenha agora a coragem para defender os direitos dos povos perante os poderosos, sem repetir os graves pecados e erros que cometeu a sua igreja", completou o Prêmio Nobel.
Fonte: Folha de São Paulo/O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário