Eis-nos em plena "sede vacante". Peçamos ao Espírito de Deus que ilumine os cardeais para que tenhamos um Papa santo!
Aumenta a pressão por acesso a dossiê secreto durante conclave
Cardeais querem saber o conteúdo do documento entregue ao Papa Bento XVI, dizem representantes brasileiros
Circula o rumor de que os três religiosos que escreveram o relatório estariam preparando resumo para apresentar nas discussões
Cardeais iniciam nesta segunda-feira em Roma a reunião fundamental que
vai prepará-los para a escolha do futuro Papa. A atmosfera do encontro -
conhecido como congregação geral - é espiritual, segundo os
participantes, e em nada lembra o bate-boca de um Parlamento italiano.
Mas desta vez, sob o choque do mais dramático gesto da História recente
da Igreja - a renúncia de um Papa -, os cardeais chegam com uma
cobrança: querem saber o conteúdo do dossiê secreto entregue ao Papa
Bento XVI, pouco antes da renúncia, relatando problemas comprometedores à
imagem já desgastada da Igreja. E os nomes dos responsáveis.
O cardeal Geraldo Majella, arcebispo emérito de Salvador, veterano na
participação em conclaves, foi incisivo: não são apenas os brasileiros
que querem saber. - A gente quer saber. Todo mundo está
interessado em saber. Por que não foi dado até agora? Eu também estou
querendo saber o que tem nesse dossiê.Outro cardeal, Raymundo
Damasceno, arcebispo de Aparecida e presidente da Confederação Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), também cobrou: - Por que o cardeais
que estão reunidos agora, que são conselheiros mais próximos do Papa e
que vão votar no Papa, não podem ter essas informações? Acho que é mais
do que justo e necessário que os cardeais tenham as informações sobre o
conteúdo do dossiê.
Segundo Paolo Rodari, ex-diretor do
“Observatório Romano” e atual vaticanista do “La Repubblica”, dois
cardeais - o austríaco Christoph Schönborn e o alemão Walter Kasper -
pediram uma mudança de rota em relação aos anos de mau governo no
Vaticano e deixaram claro que querem saber o que consta da investigação. Neste
domingo, pela primeira vez em oito anos, não houve missa na Praça de
São Pedro. Horas antes da abertura do encontro de cardeais, marcado para
as 9h30m de Roma (4h30m) de Brasília, muitos deles continuavam sem
saber se o Vaticano liberaria a informação antes do conclave. Circula o
rumor de que os três cardeais que escreveram o dossiê secreto estariam
preparando um resumo para apresentar nas discussões. Ou passariam
discretamente informações a alguns cardeais. Mas ninguém confirma ou
desmente. - Não ouvi falar nada até agora, mas pode ser que isso
esteja previsto, porque não fomos só nós. Outros cardeais já se
manifestaram sobre a necessidade de conhecer o conteúdo essencial do
informe — disse o cardeal Damasceno.
Influência no conclave
O teólogo James Weiss, do Boston College, descreve um clima de desconfiança entre os cardeais: -
Desta vez, os relatórios vão ser apresentados pelo camerlengo, que é o
ex-secretário de Estado Tarcisio Bertone, que todos acreditam ser
responsável pelos problemas. Eles não sabem se Bertone vai tentar fazer
com que os problemas pareçam menores do que são.
O cardeal Damasceno não descarta a hipótese de que ele próprio peça as informações, caso outros não o façam.- Pode ser que eles mesmos (dirigentes das congregações) tomem a iniciativa de nos dar as informações - disse. O
monsenhor Antonio Luiz Catelan, assessor da Comissão da Doutrina da Fé
da CNBB, avalia que, “dependendo do problema revelado”, o dossiê pode
influenciar na escolha do Pontífice: - Se ele incide em problemas
administrativos, vão querer um candidato com dotes administrativos para
Papa. Se são questões doutrinais, vão querer um Papa mais teólogo.
Mas
Catelan minimiza a gravidade do conteúdo do dossiê, dizendo que tem a
convicção de que nenhum cardeal está implicado em denúncias: seus nomes
podem constar do documento, mas como pessoas que prestaram depoimentos. -
Minha opinião? Não, está é uma convicção. Conhecendo os cardeais, com
quem convivo, posso dizer que não há cardeal envolvido - garantiu.
Além
das revelações do dossiê secreto, as reuniões preparatórias desta
semana vão decidir uma data importante: o início do conclave, quando os
115 cardeais ficarão trancados e incomunicáveis na Capela Sistina do
Vaticano, em meio aos afrescos dos maiores artistas da Renascença, como
Michelangelo, Rafael, Bernini e Botticelli. A aposta em Roma é
que o conclave aconteça em torno dos dias 10 e 11. O porta-voz do
Vaticano, Federico Lombardi, garantiu que para tomar tal decisão é
preciso que todos os cardeais com direito a voto estejam presentes - o
que ainda não é o caso. A reunião de hoje será aberta pelo cardeal
argentino José Saraiva Martins. Em entrevista ao jornal “Il Messaggero”,
ele explicou que estas reuniões preparatórias para o conclave têm como
objetivo “nos ajudar a focar nos principais problemas da Igreja em
relação à sociedade contemporânea, o declínio dos fiéis, as vocações”.
Ele disse ainda que as discussões serão muito democráticas e que cada um
pode tomar a palavra e intervir livremente, até mesmo sobre o caso
VatiLeaks, de vazamento de dados.
Vários temas podem surgir nos
debates das congregações. O cardeal Majella, por exemplo, gostaria de
uma discussão sobre a formação dos sacerdotes, onde ele vê um grande
problema: homens estão procurando o sacerdócio como status, uma
carreira, e se esquecendo da dimensão que deveria contar mais - a
espiritual. Isso vai na mesma linha de Bento XVI, que se queixou do
carreirismo na Igreja. - Vê-se uma procura pelo sacerdócio, mas
como status. Sobretudo nas regiões mais carentes, fulano chega de pé no
chão e depois já com o terno todo bonito. A formação tem sido um pouco
superficial - disse.
Já para o cardeal Damasceno, as discussões nestas reuniões podem ajudar a escolher seus candidatos a Papa. -
Seria muito interessante ouvir representantes de cada continente, ouvir
um pouco de como está vivendo a Igreja nesses locais, os desafios que
ela está enfrentando. Isso daria uma visão de mundo fundamental -
opinou.
Nota dos editores do Blog Catolicismo: percebe-se, pelo que a imprensa tem noticiado, nesses dias que antecedem o conclave para escolha do sucessor de Bento XVI, uma atmosfera de escolha de um primeiro-ministro, em que os eleitores precisam conhecer em quem vão votar.
Com o devido respeito aos cardeais - além do respeito que merecem pela posição que ocupam na hierarquia da Igreja Católica, temos que ter sempre presente que um deles sairá do conclave Papa - sentimo-nos no DEVER de destacar que durante um conclave o que deve prevalecer é a busca pela iluminação do Divino Espírito Santo para que o escolhido seja um Papa Santo.
O clima de competição, de curiosidade - justificável na escolha de autoridades profanas - não pode existir.
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