Ao optar por se distanciar de ortodoxos, Pontífice desperta a revolta de
tradicionalistas
A
recente viagem para o Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi
um grande êxito para o Papa Francisco, avaliam analistas de todo mundo.
Quase cinco meses depois de ter sido eleito para o trono de Pedro, o argentino
está no pico da sua popularidade graças à proximidade com o povo, sua
informalidade, humildade, austeridade, determinação em fazer uma limpeza no
poder central da Igreja e, sobretudo, por sua mensagem a favor dos pobres.
Francisco é criticado por grupos minoritários por sua aversão à
formalidade e à pompa Fabiano Rocha / Agência O Globo
Mas ele também está sendo atacado duramente por setores tradicionalistas conservadores minoritários. Desde o começo do pontificado, quando se negou a sair na sacada central da Basílica de São Pedro com a mozeta (capa vermelha usada pelos pontífices) e a cruz peitoral de ouro, foi acusado de dessacralizar o papado.
Críticas surgem também por sua aversão à
formalidade e à pompa, por não ter ido viver no apartamento pontifício do
Palácio Apostólico e por outros gestos pouco ortodoxos. A tudo isso se somou a
declaração inédita e conciliadora sobre os gays, pronunciada durante uma
entrevista coletiva no avião que o trazia de volta a Roma. - Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu
para julgá-la? - perguntou Francisco, primeiro pontífice a pronunciar a
palavra gay e a defender os homossexuais como irmãos.
A declaração causou tamanho rebuliço em ambientes conservadores que fez
Francisco ser vítima de um anátema, ou seja, de uma excomunhão por
parte de Elias, líder de um grupo dissidente que se autoproclama o Patriarcado
Católico Bizantino, proclamado por sete bispos da Igreja Ortodoxa Grega
Católica Ucraniana em 2011. Eles afirmam que Francisco violou as leis de Deus. - Ele promove uma mentalidade imoral da
homossexualidade, que é contrária à essência do Evangelho, e destrói todos os
valores morais. Francisco Bergoglio está excluído, portanto, do Corpo Místico
de Cristo. Cada bispo e sacerdote, como cada católico, está obrigado a se afastar
do que ele propôs - disse Elias, num anátema lançado na última
segunda-feira.
A
excomunhão contra Francisco não é grave. Trata-se do líder de um grupo
minúsculo, que já excomungou e lançou anátemas contra Bento
XVI; João Paulo II; cardeais e bispos que participaram da reunião entre
religiões de Assis de 1986 e 2011; o patriarca ecumênico de Constantinopla,
Bartolomeu I; o patriarca ortodoxo de Moscou, Kiril; entre outros religiosos. - Alguns creem que este grupo se relaciona
com os serviços secretos ucranianos. Dificilmente pode ser levado a serio - disse
um prelado católico especialista no assunto. O jornal "La
Repubblica" destacou a proliferação na internet de blogs
conservadores que também não ocultam sua ira contra o papa latino-americano
amigo dos gays. "Suas
palavras são um sinal tangível de uma desorientação existencial que faz tremer
as pernas e o coração dos fiéis", dispara o blog
messainlatino.it. Nele, os
tradicionalistas se mostram escandalizados com fotos da missa final da JMJ em
Copacabana, que mostram sacerdotes dando a comunhão em vasilhas plásticas. As
imagens, que deram a volta ao mundo, confirmaram que Francisco é um Papa único,
com popularidade altíssima e sem oposição séria e visível no momento.
Nota dos Editores do Blog Catolicismo:
Manter amizade com gays, ou assemelhados, ou qualquer tipo de
relacionamento de amizade é inaceitável para um Papa ou mesmo para qualquer
católico.
Mas reconhecer que um gay tem o direito de
frequentar uma Igreja Católica e nela ser tratado como qualquer cristão, ou
seja, de modo formal é algo inquestionável.
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