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sábado, 16 de março de 2013

Santo do dia - 16 de março

Santo Abraão Kidunaia


Abraão nasceu na Mesopotâmia, atual Síria, no ano 296, era filho de pais religiosos que lhe deram educação cristã. Quando estava em idade de se casar, seu pai escolheu para ele um bom partido, mas o rapaz recusou. A vontade de Abraão era outra, queria ser eremita e dedicar-se somente à Deus, pela oração, contemplação e penitência.

Porém, a pressão da família foi tão grande que o jovem não teve como escapar. Mas no dia do casamento abandonou tudo. Foi encontrado, dezessete dias depois, pela família, numa cela isolada, que construíra numa caverna do deserto, próximo da cidade de Edessa. Por mais que seus pais pedissem que voltasse, não conseguiram fazê-lo mudar de idéia. Viveu naquele mesmo lugar por uma década, até receber a notícia da morte dos pais.

O outro lado da notícia seria bom para qualquer um, menos para Abraão: herdara uma grande fortuna. Contudo, ele não se abalou com isso, pediu ao bispo de Edessa, seu amigo pessoal, que repartisse toda a sua parte da herança entre os pobres, pois não queria nem ter contato com os bens materiais. Entretanto, aquele episódio serviu ao menos para fazê-lo sair do seu isolamento. O bispo, que precisava de um bom sacerdote para uma missão muito especial, aproveitou para efetuar a ordenação de Abraão. E o enviou como padre missionário para a vila de Beth-Kiduna, onde todos os habitantes eram pagãos e praticavam a idolatria.

O trabalho de evangelização foi duro. Depois de um ano construiu uma igreja com a ajuda dos habitantes, todos já haviam se convertido ao cristianismo e destruído as imagens dos
falsos deuses. Certo do dever cumprido, Abraão rezou muito à Deus, para que fosse enviado outro padre, melhor do que ele, para atender esse rebanho. Isso ocorreu logo, e ele voltou para a solidão de sua cela no deserto de Edessa. Foi devido ao sucesso de sua missão em Kiduna, que se tornou conhecido como Abraão Kidunaia.

Deixou sua cela só mais duas vezes. Certa vez, uma sobrinha muito jovem chamada Maria, que ficou órfã de pai, um dos irmãos de Abraão, precisava de acolhida. Ele a recebeu e a educou, ensinando-lhe tudo que sabia sobre a Palavra de Cristo e também sobre as ciências. Mas, a jovem preferiu experimentar as alegrias do mundo, fugindo para uma cidade próxima, onde levava uma vida desregrada. Abraão, então, se disfarçou de soldado e foi até onde ela se instalara, alí conversaram e ele a converteu definitivamente. Maria viveu, os próximos quinze anos, reclusa, fazendo caridade. Passou a ser chamada de Maria de Edessa, sendo canonizada, mais tarde. A tradição diz que ela operou vária graças em vida.

Muitos peregrinos cristãos iam ao deserto para ver, conversar e aprender sobre os mistérios de Cristo, com aquele padre que norteara sua vida para a santidade. Abraão morreu, aos setenta anos de idade, no ano 366, cinco anos após a discípula Maria. E foi essa a última vez que deixou sua cela. O lugar do seu túmulo se tornou local de peregrinação, de prodígios e de graças. Esses dados foram extraídos dos escritos deixados por Santo Efrém, que escreveu a biografia de Santo Abraão Kidunaia, celebrado no dia 16 de março. 


Santo Abraão Kidunaia, rogai por nós!

 

Santa Eusébia

Pertenceu a uma família de muitos santos. Com oito anos seu pai, Santo Adalberto, faleceu. Sua mãe, chamada a uma vida de entrega total a Deus, montou um convento e quis a sua filha junto. Sua avó Gertrudes também a chamou para a vida religiosa em Hamage (França), e ela aceitou.

A mãe, Santa Riertrudes, soube que Eusébia seria a Abadessa após a morte de sua avó. Então fez de tudo para ela ser bem formada antes, pois tinha apenas 12 anos. E foi para junto de sua mãe, mas às vezes escapava para a comunidade de Hamage (França), onde percebia ser o seu lugar.

Riertrudes repensou, e após se aconselhar com bispos e abades liberou sua filha para voltar e ser Abadessa, talvez a mais jovem da França.

Eusébia pressentiu que não duraria muito por aqui. Com apenas 23 anos reuniu suas filhas espirituais, e deu-lhes vários conselhos. Depois, esperou a morte de maneira calma e confiante. Isso no ano de 680.

Santa Eusébia, rogai por nós!

 

Santo Heriberto

Heriberto foi arcebispo de Colônia, na Alemanha, ainda muito moço, pois sua religiosidade brotara ainda na infância. Conta a história que, no dia em que nasceu, em 970, filho de descendentes dos condes de Worms, notou-se uma extraordinária luz pairando sobre a casa de seus pais. O fenômeno teria durado várias horas e marcado para sempre a vida de Heriberto, que caminhou reto para o caminho da santidade.

Como desde pequeno mostrava vocação para a religião e os estudos, seus pais o entregaram ao convento de Gorze. Ali, Heriberto descobriu para si e para o mundo que era extremamente talentoso, mas decidiu-se pela ordenação sacerdotal, que ocorreu em 995. Com o decorrer do tempo cursou diversas escolas, chegando a ser considerado o homem mais sábio de seu tempo. E foi nesta condição que o imperador Oton III o nomeou chanceler, seu assessor de maior confiança. Sua fama e popularidade cresceram, não só devido à sabedoria, mas também pela humildade e a caridade que praticava com todos. Assim, foi eleito bispo de Colônia, em 999.

Quando Oton III morreu, o imperador que o sucedeu, Henrique II, também acabou tornando-se admirador de Heriberto, apesar da oposição que lhe fez no início. Uma vez que o bispo Heriberto o consagrou rei sem nenhuma contestação. E por fim o novo rei Henrique II o chamou para ser seu conselheiro.

Então, a obra caridosa do bispo pôde então continuar. Os registros mostraram que, depois de fundar um hospital para os pobres, Heriberto visitava os doentes todos os dias, cuidando deles pessoalmente. Diz a tradição que, certa vez, houve na cidade uma grande seca, ficando sem chover por meses. O bispo comandou um jejum de três dias e, finalmente, uma procissão de penitência pedindo chuva aos céus. Como nem assim choveu, Heriberto comovido começou a chorar na frente do povo, culpando-se pela seca. Dizia que seus pecados é que impediam Deus de fazer misericórdia. Mas, um fato prodigioso aconteceu nesse momento, imediatamente o céu escureceu e uma forte chuva caiu sobre a cidade, durando alguns dias e pondo fim à estiagem.

Com fama de santidade ainda em vida, o bispo Heriberto morreu no dia 16 de março de 1021, numa viagem de visita pastoral à cidade de Deutz, onde contraiu uma febre maligna que assolava a população. Suas relíquias estão na catedral dessa cidade, na Colônia, Alemanha. Na igreja que ele mesmo fundou junto com o mosteiro ao lado, que foi entregue aos beneditinos.

Amado pelos fiéis a peregrinação à sua sepultura difundiu seu culto que se tornou vigoroso em toda a Europa, especialmente na Itália e na Alemanha, país de sua origem. Foi canonizado em 1227, pelo Papa Gregório IX que autorizou o culto à Santo Heriberto, já tradicionalmente festejado pelos devotos no dia 16 de março. 


Santo Heriberto, rogai por nós!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Papa não ajudou ditadura e é difamado na Argentina, diz Vaticano



Papa foi eleito com mais de 90 votos

Imprensa estima de o novo Pontífice recebeu mais de 90 dos 115 votos
Sob o titulo de “O amigo brasileiro do Papa desbloqueou o conclave”, o jornal italiano “Il Messaggero” disse que foi o cardeal brasileiro Claudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo, quem deu o grande impulso à eleição do Papa Francisco. “Certamente é o seu maior eleitor e amigo fiel”, anunciou o “Messaggero”. 

Segundo o jornal, graças “à infatigável e paciente rede construída dia a dia pelo cardeal brasileiro se criou uma plataforma de consenso para colocar (o nome de Bergoglio) no conclave no momento justo”. E o momento, de acordo com “Il Messaggero”, foi quando os candidatos favoritos – o italiano Angelo Scola, o brasileiro Odilo Scherer e o americano Sean O’Malley – “começavam a dar sinais de ceder”.

“O consenso (em torno dos favoritos) não crescia como deveria, havia resistências, votos bloqueados e italianos estavam divididos”, relatou o jornal. Isso explicaria porque, tão logo eleito Papa, “Bergoglio quis ele (Hummes) ficasse perto dele”, possivelmente como um sinal de agradecimento.

Entre os quatro outros cardeais brasileiros que participaram do conclave, a profunda amizade entre Hummes e o argentino nunca foi novidade. O conclave é uma votação sigilosa e os cardeais prestam juramento neste sentido. Mas alguns detalhes estão filtrando para a imprensa italiana, que não cita fontes. Se a informação do jornal italiano estiver correta, isso mostra a divisão entre os brasileiros e reforça o argumento dos próprios cardeais de não é aliança geográfica que define a eleição de um Papa

Argentino teria conseguido mais de 90 dos 115 votos
Outros jornais também revelam bastidores da escolha do Papa. De acordo com o jornal “Corriere della Sera”, o conclave foi marcado não apenas pela rapidez com que se chegou a um consenso, mas pelo volume da votação em favor do argentino, que a reportagem estima em mais de 90 dos 115 votos, muito acima do mínimo de 77 estipulado por Bento XVI com o objetivo de dar maior coesão à escolha.

Por trás dessa votação expressiva, diz a reportagem, estava um amplo acordo costurado pelo decano do colégio de cardeais, Angelo Sodano (que não participou do conclave por ter mais de 80 anos); o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone; Giovanni Battista Re, que assumiu as funções de decano do conclave e os cardeais das Américas. Segundo o jornal, Bertone era, inicialmente, eleitor do arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, mas mudou de lado após o brasileiro ter criticado Re em reunião da Congregação Geral.

O acordo teria sido cimentado pelo cardeal italiano Raffaele Martino, presidente emérito do Pontifício Conselho Justiça e Paz e, durante 15 anos, representante do Vaticano na ONU. O trabalho nas Nações Unidas fez com que ele desenvolvesse laços fortes com o clero do Novo Mundo e com as questões sociais do continente. No conclave de 2005, ainda segundo o “Corriere”, Martino já havia votado em Bergoglio, que acabou derrotado por Joseph Ratzinger.
Confirmando o ditado segundo o qual “quem entra Papa no conclave sai cardeal”, o favorito Angelo Scola, arcebispo de Milão, conseguiu unir a maioria do cardinalato italiano, só que contra si. De acordo com as informações de bastidores, a ligação de Scola com o movimento carismático Comunhão e Libertação - e deste com políticos mais que controvertidos - foi fatal para sua candidatura.

Em declaração nesta sexta-feira (15), o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, disse que Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, nunca colaborou com a ditadura militar e é alvo de uma campanha "caluniosa e difamatória" na Argentina. 

Ele disse que as acusações de que Bergoglio teria sido negligente com a prisão política de dois padres jesuítas "devem ser rechaçadas de forma contundente".  "Nunca houve uma acusação concreta e confiável contra ele. A Justiça argentina o interrogou uma vez, mas como pessoa informada dos fatos, e jamais o acusou de nada", disse Lombardi.  "A campanha contra Bergoglio é bem conhecida e se refere a fatos ocorridos há muitos anos. É uma campanha caluniosa e difamatória. Sua origem anticlerical é muito conhecida e evidente", disse. 

Lombardi disse que muitos depoimentos mostram que Bergoglio protegeu pessoas perseguidas pela ditadura na Argentina. Ele também citou declarações do escritor Adolfo Pérez Esquivel, que disse nos últimos dias que o papa não colaborou com os militares. 

NOBEL
Na quinta (14), o ativista argentino de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel, 81, que recebeu em 1980 o Prêmio Nobel da Paz, disse que Bergoglio não teve vínculos, quando bispo, com a ditadura militar que esteve no poder no país entre 1976 e 1983. 

"Questionam Bergoglio porque dizem que ele não fez o necessário para tirar dois sacerdotes da prisão, sendo ele o superior da congregação de jesuítas. Mas eu sei pessoalmente que muitos bispos pediam à junta militar a liberação dos presos e sacerdotes e não eram atendidos", disse Esquivel à BBC. 

Livros sobre a ditadura argentina acusam o novo papa de ter sido cúmplice dos militares ao denunciar como subversivos sacerdotes que tinham atuação social. Ele sempre negou.
Esquivel disse ainda, em um comunicado publicado no seu site, que talvez tenha faltado ao novo papa "coragem para acompanhar a luta pelos direitos humanos nos momentos mais difíceis", mas que isso não significa que ele tenha compactuado com a ditadura. 

"Espero que ele tenha agora a coragem para defender os direitos dos povos perante os poderosos, sem repetir os graves pecados e erros que cometeu a sua igreja", completou o Prêmio Nobel.


Fonte: Folha de São Paulo/O Globo

15 de março - Santo do dia

São Clemente Maria Hofbauer

 Batizado com o nome de João, ele nasceu num pequeno povoado da Morávia, República Tcheca, em 26 de dezembro de 1751. De família muito cristã e pobre, não pode se dedicar aos estudos até a adolescência. Seus pais Paulo Hofbauer e Maria Steer tiveram doze filhos e ele tinha apenas sete anos, quando ficou órfão de pai. Consta de suas anotações que, nesse dia, sua mãe lhe mostrou um crucifixo e lhe disse: "A partir de hoje, este é o teu Pai". João entendeu bem a orientação, decidindo, a partir de então, que se tornaria padre e missionário.

Mas as condições em que vivia a família dificultaram a realização de seu sonho. Aos quinze anos de idade, foi morar na cidade de Znaim, onde aprendeu o ofício de padeiro. Três anos depois conseguiu o emprego que mudou sua vida: padeiro do convento em Bruk, dos premonstratenses. A vocação do jovem foi notada pelo abade, que o deixou estudar, inclusive latim. Quando seu benfeitor morreu, João foi viver como eremita, primeiro na Áustria e depois, com a permissão do bispo de Tívoli, próximo à capela de Quintilio. Aí foi onde mudou o nome para o de Clemente Maria, recebendo o hábito do bispo, que mais tarde se tornaria o Papa Pio VII. Certa vez, em outra viagem a Roma, entrou por acaso numa igreja de redentoristas. Foi o primeiro contato que teve com essa Ordem. Depois de assistir à missa, pediu uma entrevista com o superior e, impressionado com as Regras e a atuação da Congregação, pediu para ingressar nela e foi admitido.

Um ano depois, tornou-se sacerdote redentorista. Seu sonho estava realizado, mas seu trabalho, apenas começando. Fixou residência em Varsóvia, onde fundou casas e recebeu dezenas de noviços. Reformou a igreja de São Benon, que estava caindo aos pedaços e a pequena casa da igreja tornou-se um grande e espaçoso convento. Durante vinte anos, padre Clemente atuou nessa paróquia, convertendo pagãos e atraindo multidões. Tanto que eram necessários vinte e cinco padres para atender aos fiéis, celebrando diariamente duas missas em alemão e duas em polonês. Com a expansão do trabalho, pôde fundar mais três conventos e ativar as paróquias em volta da sua. Como capelão do convento e da igreja das Ursulinas, teve uma influência extraordinária na cidade inteira e até além da mesma. Fundou também um asilo para abrigar as crianças vítimas das sucessivas guerras da região, uma escola para crianças pobres e outra, de ensino superior, para meninos. Esta atividade ele a continuou até 1808, quando Napoleão Bonaparte fechou a igreja e dispersou a comunidade. Enfrentou com serenidade, com outros redentoristas, a perseguição na Polônia, o fechamento da casa da Ordem e até a prisão.

Clemente não desistiu. Foi realizar missões na Alemanha, Suíça e na Áustria, onde fez o clero retomar os conceitos cristãos esquecidos. Principalmente, aconselhou e encorajou alguns líderes do novo movimento romântico e outros que trabalhavam para a renovação católica nos países de idioma alemão. A intensa atividade dele chamou a atenção da polícia.
Mas, só a morte poderia impedir Clemente Maria de atuar, que se deu em Viena, no dia 15 de março de 1820, cuja população consternada assumiu o luto como o de um parente.

Foi beatificado em1888, e canonizado pelo Papa Pio X, em 1909. Cinco anos depois o mesmo pontífice proclamou São Clemente Maria Hofbauer, o padroeiro de Viena e, também, dos padeiros, numa singela lembrança da profissão exercida na sua adolescência. É venerado como o principal propagador da Congregação Redentorista, fora da Itália. 


São Clemente Maria Hofbauer, rogai por nós!


 São Longuinho

Longuinho viveu no primeiro século, e dele muito se falou e escreveu, sendo encontrado em todos os registros contemporâneos da Paixão de Cristo. Existem citações sobre ele nos evangelhos, epistolas dos Santos Padres, e martirológios tanto orientais como nos ocidentais. Estes relatos levaram a uma combinação de diferentes situações, mas, em todas foi identificado como um soldado centurião presente na cena da Crucificação.

Os apóstolos escreveram que ele foi o primeiro a reconhecer Cristo como "o filho de Deus" (27:54 Mateus; 15:39 Marcos; 23:47 Lucas). Em meio ao coro dos insultos e escárnios, teria sido a única voz favorável a afirmar Sua Divindade. Identificado pelo apóstolo João (19:34), como o soldado que "perfurou Jesus com uma lança". Fato este que o definiu como um soldado centurião e que lhe deu o nome Longuinho, derivado do grego que significa "uma lança". Outros textos dizem que era o centurião, comandante dos poucos soldados que guardava o sepulcro do crucifixo, e que presenciava as crucificações, portanto presenciou a de Jesus. Depois, da qual, se converteu.

Segundo a tradição,os crucificados tinham seus pés quebrados para facilitar a retirada da cruz, mas, como Jesus já estava com os pés soltos, um dos soldados perfurou o lado do seu corpo com uma lança. O sangue que saiu deste ferimento de Jesus respingou em seus olhos. Caindo em si, comovido e tocado pela graça, o soldado se converteu. Abandonou para sempre o exército e sua moradia, se tornou um monge que percorreu a Cesarea e a Capadócia, atual Turquia, levando a palavra de Cristo e mais tarde, promovia prodígios pela graça do Espírito Santo.

Entretanto, o governador de Cesarea, que estava irritado com a conversão de seu secretário, descobriu sua identidade de centurião e o denunciou a Poncio Pilatos em Jerusalém. Este, acusou Longuinho de desertor ao imperador e o condenou a morte, caso não oferecesse incenso no altar do imperador, renegando a fé. Longuinho se manteve fiel a Cristo, por isto foi torturado, tendo seus dentes arrancados, a língua cortada e, depois, decapitado.

No Oriente são inúmeros os dias do calendário para as suas homenagens, o mais freqüente ainda é em 16 de Outubro. Na Europa e nas Américas, a comemoração ocorre no dia 15 de Março, como indica o Livro dos Santos do Vaticano.

São Longuinho, à luz de muitas tradições, comumente é invocado pelos devotos para encontrar objetos perdidos. Os artistas ao longo do tempo foram atraídos pela singularidade de sua figura e o representaram em suas obras na cena da crucificação, com lança ou sem lança, mas sempre presente. Em Roma, na basílica de São Pedro, na base de um dos quatro pilares que sustentam a imensa cúpula que cobre o espaço do altar do trono do Sumo Pontífice, está a estátua do centurião São Longuinho, que foi o primeiro a acreditar na divindade de Cristo.
 
 São Longuinho, rogai por nós!


Santa Luísa de Marillac



Luísa nasceu em 12 de agosto de 1591, filha natural de Luís de Marillac, senhor de Ferrières, aparentado com a nobreza francesa, cujas posses permitiram dar à filha uma infância tranqüila. A menina aos três anos foi para o Convento Real de Poissy, em Paris onde recebeu uma educação refinada, quer no plano espiritual, quer no humanístico.

Porém, seu pai morreu quando ela tinha treze anos, sem deixar herança e, felizmente, nem dívidas. Nessas circunstâncias Luísa foi tirada do Convento, pela tia Valença, pois os Marillac não se dispuseram custear mais sua formação. Ela desejava dedicar sua vida à Deus, para cuidar dos pobres e doentes, mas agora com a escassez financeira teria de esperar para atingir esse objetivo.

Durante dois anos viveu numa casa simples de moças custeando-se com trabalhos feitos em domicílio, especialmente bordados Ela tentou ingressar no mosteiro das capuchinhas das Filhas da Paixão que acabavam de chegar em Paris, mas foi rejeitada pela aparência de saúde débil, imprópria para a vida de mosteiro. Depois disso viu-se constrangida a aceitar um casamento que os tios lhe arranjara. Foi com Antonio de Gràs, que trabalhava como secretário da rainha. Com ele teve um filho, Miguel Antonio. Viveu feliz, pois o marido a respeitava e amava a família. E se orgulhava da esposa que nas horas vagas cuidava dos deveres de piedade, mortificando-se com jejuns freqüentes, visitando os pobres, os hospitais e os asilos confortando a todos com seu socorro. Até que ele próprio foi acometido por grave e longa enfermidade e ela passou a se dedicar primeiro à ele sem abandonar os demais. Mas com isso novamente os problemas financeiros voltaram.

Nesse período teve dois grandes conselheiros espirituais: Francisco de Sales e Vicente de Paulo, ambos depois declarados Santos pela Igreja. Foi graças à direção deles, que pôde superar e enfrentar os problemas que agitavam o seu cotidiano e a sua alma. Somente sua fé a manteve firme e graças à sua força, suplantou as adversidades, até o marido falecer, em 1625 e Miguel Antonio foi para o seminário.

Só então Luísa pôde dedicar-se totalmente aos pobres, doentes e velhos. Isso ocorreu porque Vicente de Paulo teve a iluminação de colocar-la à frente das Confrarias da Caridade, as quais fundara para socorrer as paróquias da França, e que vinham definhando. Vicente encarregou-a de visita-las, reorganiza-las, enfim dinamiza-las, e ela o fez durante anos.

Em 1634 Luísa, com ajuda e orientação de Vicente de Paulo, fundou a Congregação das Damas da Caridade, inicialmente com três senhoras da sociedade, mas esse núcleo se tornaria depois uma Congregação de Irmãs. Isso o porque serviço que estas Damas prestavam aos pobres era limitado pelos seus deveres familiares e sociais e pela falta de hábito aos trabalhos humildes e fatigantes. Era necessário colocar junto delas, pessoas generosas, livres e totalmente consagradas a Deus e aos pobres. Mas na Igreja não existiam porque a vida de consagração para as mulheres estava concebida apenas como vida de clausura. Então, Vicente e Luísa, em 1642 ousaram e, criam as Irmãs dos Pobres, as Filhas da Caridade, a quem foram confiados os doentes, os enjeitados, os velhos, os mendigos, os soldados feridos e os condenados às prisões.

Nascia um novo tipo de Irmã, com uma missão inédita para aqueles tempos: uma vida consagrada em dispersão pelos caminhos do sofrimento humano, assim estava criada a Congregação das Irmãs Filhas da Caridade, em 1642. Na qual Luísa fez os votos perpétuos, sendo consagrada pelo próprio Vicente de Paulo. A obra, sob a direção dela foi notável. Quando Paris foi assolada pela guerra e peste, em 1652, as Irmãs chegaram a atender quatorze mil pessoas, de todas as categorias sociais, sendo inclusive as primeiras Irmãs a serem requisitadas para o atendimento dos soldados feridos, nos campos de batalhas.

Luísa morreu em 15 de março de 1660. Foi beatificada em 1920, e canonizada pelo Papa Pio XI, em 1934. Suas relíquias repousam na Capela da Visitação da Casa Matriz das Irmãs da Caridade, em Paris, França. Santa Luísa de Marillac foi proclamada Padroeira das Obras Sociais e de todos os assistentes sociais, pelo Papa João XXIII, em 1960. 


Santa Luísa de Marillac, rogai por nós!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Qual explicação para os nomes e as idades dos papas?

Qual é o critério para a escolha dos nomes dos papas? Por que eles diferem de seus nomes originais? Qual a razão de se escolherem pontífices de idade tão avançada? Um prestigiado especialista em teologia explica estes e outros aspectos curiosos das eleições do arcebispo de Roma.

Segundo as estatísticas, desde o ano 1400 a maioria dos pontífices foram escolhidos com 63 anos ou mais. Alguns deles, como o atual papa Bento 16, superavam os 75 anos no momento de ocupar o trono de São Pedro.


Os nomes mais utilizados pelos papas foram: João (23 vezes) e Gregório e Bento (16 cada um). Já 43 nomes foram usados apenas uma vez, como Pedro, Anacleto, Ponciano, Eusebio e o até então inédito, Francisco. João Paulo 1º e João Paulo 2º foram os únicos que adotaram um nome composto.

Podem parecer dados curiosos, mas por trás disto existem profundas razões históricas, tradições, simbolismos e situações surpreendentes e opções pessoais, frequentemente desconhecidas, mas carregadas de significado.

Para Juan Luis Lorda, sacerdote e professor de teologia dogmática, filosofia, antropologia e ética na Universidade de Navarra, na Espanha, "a história da Igreja, que é a instituição mais antiga que existe, foi tão rica, que houve praticamente de tudo. Passou por todas as épocas históricas e sobreviveu a todas as complicações possíveis".

Segundo Lorda, "ao longo de tantos séculos, se deu uma tremenda variedade de situações e casos, relacionadas com as tradições eclesiásticas, os papas, e seus critérios de escolha".

 DEUSES ALHEIOS E 'FALSOS' PAPAS

Uma das primeiras mudanças de nome, que tornou seu protagonista famoso, “foi de um pontífice do século 6 que se chamava Mercurio, e que o substituiu por João 2º porque pensava ser errado ter o nome de um deus grego".

Já João 23 escolheu esse nome, segundo Lorda, "porque seu pai se chamava João". O pontífice não se importou de usar este nome, que tinha deixado de ser utilizado pois tinha sido adotado por um “antipapa”, pessoa proclamada para arcebispo de Roma por diversos fatores mas sem a aprovação da Igreja.

Sobre a questão de mudança de nome, o especialista em teologia explica que "os pontífices adotam um nome diferente do seu original, entre outras coisas, seguindo a ideia de que uma pessoa, ao ser nomeado papa, tem que mudar, deve ser um homem novo, com uma transcendência mais elevada".

Seria algo semelhante ao que ocorre quando se batiza um adulto, que tem seu nome anterior modificado para um cristão. No caso dos papas isso vem ocorrendo desde o século 11, quando a mudança se tornou institucional e contínua.


NOMES QUE TRANSMITEM MENSAGENS
Os nomes de alguns pontífices carregam determinadas mensagens, explica o teólogo.
Paulo 6º, por exemplo, adotou "o nome do grande evangelizador do começo da era cristã  e foi quem começou com as modernas e grandes viagens papais, com o objetivo de levar mensagem de Cristo ao maior número de pessoas no mundo todo".

Embora tenha viajado para os cinco continentes, sua peregrinação depois ficaria pequena em comparação com a de João Paulo 2º. Além disso, seu caráter evangelizador ficou em segundo plano, pois Paulo 6º ficou marcado por promover o Concílio Vaticano 2º, que exigiu muito tempo e esforço.

Antes de Joseph Ratzinger, o último papa que adotou o nome Bento ocupou o trono de São Pedro entre 1914 e 1922. Antes dele, no entanto, fazia muito tempo que não era utilizado, apesar de ser um dos mais populares entre os pontífices, o primeiro deles entre 575 e 579.

Este nome lembrava ao papa que acabou de renunciar a figura de São Benito de Nursia, o Patrono da Europa, considerado o iniciador da vida monástica no Ocidente e fundador da ordem dos beneditinos.

O nome vem de Benedictus (Benedicto, em latim), que significa, entre outros coisas, "bem nomeado", "o que recebe bom nome", "bendito" ou "benzido".

O PRIMEIRO NOME COMPOSTO DA HISTÓRIA

João Paulo 1º foi um papa que durou pouco mais de um mês, mas pela primeira vez recorreu a um nome composto, com a intenção de manter a tradição de seus dois antecessores imediatos, João XXIII e Paulo VI.

Ao longo da história não se seguiu uma linha ou evolução nem um critério fixo na escolha dos nomes dos papas, mas segundo o teólogo, cada pontífice determinou seu nome "segundo razões muito diversas: desde devoções pessoais, como a de João XXIII para seu pai, até a intenção de se conectar com a herança de outros papas anteriores".

"Muitos preferem tomar como referência os últimos papas, como João Paulo 2º, que sucedeu João Paulo 1º e pensou que o melhor era escolher o mesmo nome de seu antecessor", opina o especialista.

Com relação ao sucessor do papa Bento 16, o sacerdote indica que "o nome do próximo papa poderia ser Bento 17 ou João Paulo 3º, ou outro diferente, sem relação com estes pontífices, embora provavelmente seu nome irá querer dizer algo e com certeza isto será explicado, seguindo o exemplo de pontífices anteriores".

Embora não exista uma tendência atual na hora de se escolher os nomes nem se possa prever como evoluirão no futuro, é quase certo que "não se utilizará o nome do apóstolo Pedro, o primeiro papa, que nenhum pontífice usou até agora, nem o de Jesus ou outro parecido, por razões óbvias de respeito a essas máximas figuras do cristianismo", acrescenta Juan Luis Lorda.



POR QUE OS SUCESSORES DE SÃO PEDRO SÃO TÃO VELHOS?

Para o teólogo, a idade dos papas é fruto do processo de escolha, realizado entre os
entre os cardeais, que em sua maioria são bispos das grandes sedes da Igreja Católica: as capitais mais importantes e com mais tradição no mundo todo.

"O colégio cardinalício também é composto por cardeais da cúria, que ocupam um posto muito importante dentro da Igreja e que geralmente foram bispos, e também por poucos (dois ou três) teólogos muito importantes, nomeados cardeais quase a título honorífico. Com isso, quando uma pessoa chega a bispo em uma diocese importante, já teve uma grande trajetória na Igreja e normalmente já tem uma idade avançada", diz o especialista.

"Embora os papas não sejam escolhidos porque sejam velhos, indubitavelmente uma pessoa que está há muitos anos servindo à Igreja tem sabedoria. Em todo caso, a idade não é o fator determinante da escolha", indica o sacerdote e teólogo.

Para Lorda, mais importante que a idade dos pontífices é importante manter um critério cristão: "o papa não tem que inventar nada. É um ponto de referência de toda a Igreja e precisa manter viva a liturgia e doutrina; para os trabalhos de gestão ordinária ele dispõe de pessoas entendidas que se ocupam desses assuntos".

"Apesar de Bento 16, que chegou ao trono de Pedro com 78 anos, não se deve descartar que no futuro a Igreja passe a escolher papas mais jovens, à medida que vá mudando a composição do colégio de cardeais, que tem como principal função escolher o pontífice”, explica o especialista.

A falta de padrão pode ser comprovada com João Paulo 2º, que foi eleito papa quando tinha apenas 57 anos.



 











Minutos depois do anúncio do nome do novo papa, entrou em ação a cadeia de difamação


Mal foi anunciado o nome do novo papa, começou a circular mundo afora a acusação de que Jorge Mario Bergoglio, agora papa Francisco, teria denunciando dois jesuítas, subordinados seus, para a ditadura. Quem espalha a história é o jornalista Horacio Verbitsky, que pertenceu ao grupo terrorista Montoneros. Ele próprio admite que deu alguns tiros, “mas sem matar ninguém”. Claro, claro! Um outro jornalista argentino o acusa de ter desviado para Cuba os US$ 60 milhões que renderem o sequestro de dois bilionários argentinos. Considerando a sua história e a de Bergoglio, é muito mais verossímil que ele tenha se metido na sujeira do sequestro — terrorista confesso — do que o agora papa se envolvido com as forças da repressão. Quando procuramos os detalhes, ficamos sabendo que o dito “jornalista respeitável” não tem uma só prova, um só indício. O ódio àquele que foi escolhido para conduzir a Igreja Católica certamente deriva de sua postura considerada “conservadora” também em política. O até ontem arcebispo de Buenos Aires repudia uma Igreja transformada em partido político.

Também começaram a circular os ataques ao papa Francisco por conta de sua censura ao casamento gay e à adoção de crianças por pares homossexuais. Aqui e ali, com ares de indignação, quase de escândalo, lembrava-se ainda que o novo papa se opõe ao aborto, a pesquisas com embriões humanos e defende as regras de relacionamento amoroso e concepção da… Igreja Católica! Meu deus! Para onde caminha este mundo louco, não é mesmo?

Com que então os cardeais escolheram para conduzir a Igreja Católica alguém que defende os fundamentos da… Igreja Católica!? Fico cá me perguntando por que, afinal, esses benfeitores da humanidade, tão convencidos de que o Vaticano é um covil de reacionários, não vão testar as suas teses progressistas em países que tiveram a ventura de não passar pela “ditadura católica” — como os muçulmanos, por exemplo. Teerã… É! Penso em Teerã, capital do Irã, cujo presidente, Mahamoud Ahmadinejad, é tão amigo dos “companheiros” brasileiros… Teerã me parece um bom lugar para essa militância, livre do, como é mesmo?, “peso do mundo judaico-cristão”…. Só tomem cuidado com os guindastes. Quando virem algumas pessoas penduradas, elas não estão trabalhando…


“Ah, o Reinaldo acha que a gente não tem o direito de se expressar aqui mesmo; quer mandar a gente para o Irã…” Uma ova! Eu acho que vocês têm o direito de pedir o que lhe der na telha, mas têm também o dever de permitir que a Igreja seja Igreja — uma entidade que, embora aspire a valores universais, fala aos seus e não exerce poder de estado. Adere a ela quem quer. “Mas não tenho o direito de ser gay e ser católico”? Não se tem notícia de que a Igreja tenha expulsado de um de seus templos quem quer que seja. Também é uma mentira escandalosa que a religião promova a perseguição a este ou àquele.

A instituição tem, no entanto, a sua concepção do que seja a família natural — e acho difícil que isso mude algum dia. Mas é evidente que reconhece a existência da homossexualidade e da vida em comum de parceiros homossexuais como realidade de fato. Só não aceita que tenha o mesmo status da “família natural”. Aí grita alguém: “Por quê? É inferior?” Não! É outra coisa, que a instituição não aceita como parâmetro.

Qual é o problema? Apesar da oposição da Igreja Católica da Argentina ao casamento gay e à possibilidade de adoção, a lei foi aprovada, não foi? O que me pergunto é por que não basta aos militantes da causa vencer. Por que, afinal de contas, exigem que a Igreja Católica comungue de seus mesmos valores? Fico muito impressionado que a escolha de um papa e a indicação do presidente de uma comissão do Congresso brasileiro tenham de necessariamente ser filtrados por essa pauta. Parece que a Igreja Católica, especialmente nas reportagens de TV, não tem mais nenhum desafio pela frente. Parece que aquela que é a maior instituição educacional do mundo, a maior instituição de benemerência do mundo, a maior rede de atendimento médico do mundo — só para citar alguns dos aspectos, digamos, mundanos da Igreja — agora se define por sua opinião sobre o… casamento gay! Tenham paciência!

“Reinaldo está querendo dizer que milhões de pessoas não têm importância…” Não! Estou afirmando que a pauta da Igreja Católica é outra, ora essa! Eu sei que é chato ser um tanto óbvio, mas a medida da instituição, apesar de todos os seus desvios — porque feita por homens imperfeitos — é o exemplo deixado por Jesus Cristo e as verdades reveladas (assim creem os católicos) nos Evangelhos. É uma perda de tempo, um desperdício de energia e, no fundo, uma estupidez cobrar que ela renuncie a seus fundamentos.

A Igreja não abrirá mão do que considera a “família natural”; não cederá aos apelos em favor da descriminação do aborto; não acatará a destruição de embriões humanos em nome da pesquisa científica; não dará seu endosso à dissolução do casamento; não cederá, ATENÇÃO PARA ISTO!, ao pragmatismo do capitalismo, do liberalismo (e é um liberal que escreve) etc.

Não fará nada disso porque o seu diálogo com o mundo moderno consiste em amparar quem sofre no… mundo moderno, mas não em ceder a seus apelos. A Igreja Católica pode beijar os pés dos que considera “pecadores”, mas não aceitará jamais o seu pecado. E essa talvez seja a dimensão mais incompreendida da instituição.

Quando se diz que a igreja ama o pecador, mas não o pecado, não se está fazendo mero jogo de palavras. Todo homem, mesmo o mais vil, é digno de piedade, mas isso não quer dizer que possamos concordar com seus malfeitos.

Nessas horas, sempre me vem à mente o exemplo notável do advogado católico Sobral Pinto. Anticomunista ferrenho, foi advogado, não obstante, de Luiz Carlos Prestes e Harry Berger (Arthur Ewert era seu nome real), que lideraram o levante comunista de 1935. Presos, foram barbaramente torturados pelo regime getulista. Entrou para a história a estratégia de Sobral, que evocou para defendê-los a Lei de Proteção aos Animais. Sim, ele abominava o comunismo, mas isso não o fazia abominar as PESSOAS comunistas. 

Submetidas que estavam a um tratamento desumano, inaceitável, injusto, Sobral fez o seu trabalho de advogado e viveu na prática o mandamento de sua religião. Bem, todos sabemos o que os comunistas fizeram com os cristãos quando e onde chegaram ao poder, não é mesmo? Será que Prestes, ele mesmo, teria salvado a cabeça de Sobral Pinto? Acho que não… Findo o Estado Novo, subiu ao palanque do Getúlio que havia liderado o regime que o torturara e que mandara para a Alemanha nazista a sua mulher, Olga Benário, que era judia e estava grávida. Como Prestes conseguiu fazer aquilo? Alguns, acreditem!, chegam a admirá-lo por isso. Fez porque ele tinha uma causa que considerava mais importante: a luta contra o imperialismo. Ora, se essa luta o fazia dar as mãos a um mostro, ela também poderia fazê-lo mandar para o paredão um anjo, não é?

 “Por que essa viagem, Reinaldo?” Não é viagem nenhuma, não! Só estou deixando claro que os fundamentos do catolicismo não estão e não podem estar sujeitos a certas contingências. A Igreja pode e deve ser mais célere em buscar meios que facilitem a divulgação de sua “mensagem”, da “Palavra”, mas não contem com a possibilidade de que ela se transforme numa ONG, cujo rumo seja ditado pela “minoria democrática”, esse conceito tão singular criado pela militância influente, à qual a imprensa adere gostosamente. Uma igreja é feita por seus fiéis. Nesse sentido, deve-se abrir para o povo. Mas uma religião, prestem atenção!, conduz em vez de ser conduzida. Quem tem de se submeter à maioria democrática é o estado laico — e, ainda assim, é preciso que o  faça segundo critérios muito claros, ou o mundo regride para o estado da natureza, para a luta de todos contra todos. A Igreja não é uma democracia. E faz, para lembrar a missa, o convite para “Ceia do Senhor”.  É, insisto, um convite: “Felizes os convidados…”

Na Igreja do papa Francisco, como na de Bento XVI, de João Paulo II e de outros tantos, há lugar pra todo mundo, para todos nós, com todas as nossas particularidades e imperfeições. Mas, vejam que coisa!, nem todas as ideias e as visões de mundo são aceitas também como verdades dessa Igreja.

 E me ocorre agora uma questão interessante: nem todas as ideias e visões de mundo devem ser aceitas nas associações GLBTs, por exemplo. Tenho a certeza de que nem mesmo gays eventualmente contrários ao casamento gay, e eles existem, seriam considerados bem-vindos, não é? O mesmo vale para o mundo da ciência. Cientistas que se opõem à pesquisa com embriões humanos levam na testa a pecha de obscurantistas. Conheço casos. Entendo. No fim das contas, os pequenos papas de suas respectivas seitas acham inaceitável que possa existir um papa da Igreja Católica. E saem gritando “cortem-lhe a cabeça!” em nome da tolerância.


Por Reinaldo Azevedo

‘Sou um pecador, mas, como essa tarefa me foi dada, aceito’, disse Bergoglio

Ao aceitar escolha, Papa afirmou ser um ‘pecador’

Na primeira votação, argentino já teria saído na frente

“Sou um pecador, mas, como essa tarefa me foi dada, aceito”. Com essa frase, o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, teria aceitado a escolha dos cardeais eleitores, na quinta votação, que lhe deu os dois terços de votos necessários para convertê-lo no primeiro Pontífice jesuíta e latino-americano. Passado o susto da escolha, que pegou praticamente todo o mundo de surpresa, alguns cardeais presentes no conclave explicam como o Papa do “fim do mundo” foi eleito. Segundo a imprensa italiana, a candidatura de Bergoglio ganhou força na noite de terça-feira.

 

 O recém eleito Papa Francisco no dia seguinte a sua eleição: ascendência italiana teria pesado na escolha dos cardeais ALESSANDRO BIANCHI / REUTERS

A primeira votação não chegou a um nome, segundo o cardeal irlandês Sean Brady. Mas de acordo com o jornal “La Stampa”, nem bem a fumaça preta havia se dissipado, começaram reuniões informais na Casa de Santa Marta, onde os religiosos estavam hospedados. Num desses encontros, o argentino teria recebido o apoio dos influentes italianos Giovanni Re e Tarcisio Bertone, este também camerlengo. - Quando acabou, ficou claro que as preferências eram bem variadas - disse Brady, líder da Igreja na Irlanda. - Houve vários candidatos.

Na manhã de quarta-feira, após três votações, os eleitores fizeram uma nova procissão e repetiram o ritual. A vitória de Bergoglio começou a se desenhar já na noite anterior, quando ele obteve o maior número de votos no primeiro escrutínio, embora o resultado tivesse sido pulverizado demais para consolidar a maioria absoluta. - Quando você anda com a cédula na mão e para em frente ao afresco do “Juízo Final” é uma grande responsabilidade - disse o cardeal americano, Sean O’Malley à agência AP.

Durante o almoço de quarta-feira, O’Malley se sentou com Bergoglio. Com a votação inclinando-se a seu favor, o arcebispo de Buenos Aires, sempre sorridente, já se mostrava sombrio. - Ele é muito acessível, muito amigável. Tem um bom sentido de humor, é diligente. É muito agradável estar com ele.

Na primeira votação da tarde, os cardeais chegaram bem perto de uma decisão. Mas ainda não totalmente. Começaram então a última eleição. Enquanto eles liam as cédula, os religiosos começaram a se dar conta que haviam chegado ao nome de Bergoglio. - Foi um momento muito comovente, à medida que se escutavam os nomes - disse o irlandês Sean Brady. - Bergoglio... Bergoglio... e de repente chegamos ao número mágico de 77.

Os cardeais aplaudiram. Timothy Dolan, de Nova York, disse que todos os presentes se emocionaram. - Não acreditado que tenha havido um olho seco na casa (capela) - disse.
Bergoglio anunciou o nome que assumiria - Francisco - e foi se vestir com a indumentária papal na “Sala das Lágrimas”, uma sacristia que tem esse nome porque muitos outros Papas choraram diante da imensidão da tarefa que lhes aguardava. Quando Bergoglio voltou ao recinto, já como líder da Igreja, seu primeiro ato foi caminhar até um cardeal em cadeira de rodas na parte dos fundos da capela, para saudá-lo, contou o irlandês.

Os assistentes levaram uma plataforma com uma cadeira branca para que Francisco se sentasse, enquanto os outros iam um a um expressar seu respeito. Ele recusou o assento especial. - Sentou-se conosco, no mesmo nível - afirmou Dolan. - Senti uma estranha emoção ao beijar seu anel de Papa. É muito difícil explicar.

Era o momento de enfrentar o público. Mais de 100 mil pessoas se reuniram na Praça São Pedro, e da sacada, Francisco se preparava para recebê-los. Trabalhadores do Vaticano fizeram fila para apertar sua mão, mas o Papa se preocupava com atraso. - Havia muitas pessoas lá fora na chuva, e ele não queria que esperassem muito - contou o cardeal americano.

Previsões erradas
Após o anúncio, a primeira providência dos jornais foi desconstruir as próprias previsões, que apontavam principalmente para Scola e para o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Para o “La Stampa”, Scola se revelou um “gigante com pés de barro” ao não conseguir formar consenso em torno de seu nome mesmo entre os 28 cardeais italianos. Contra ele teriam pesado a forte oposição da Cúria romana - em especial de Bertone e do cardeal italiano Angelo Sodano - e suas próprias ligações com o Comunhão e Libertação (CL), um movimento carismático italiano com fortes e controvertidas ligações com políticos.

Paralelamente, diz o jornal, ganhou impulso o movimento pela eleição de um Papa do Novo Mundo, uma vez que a grande força da Igreja Católica se encontra hoje na África, na Ásia e, principalmente, nas Américas. Ou, como disse um cardeal africano que o “La Stampa” citou sem relevar a identidade: “Não é possível ter o pastor na montanha e o rebanho no vale”. Ao mesmo tempo, a Igreja latino-americana vem perdendo fiéis de forma crescente para seitas neopentecostais. Um Papa do continente poderia dar novo ânimo aos católicos locais.

Porém, mesmo entre os cardeais das Américas, Bergoglio não era o mais cotado. Os vaticanistas citavam sempre, além de Scherer, o canadense Marc Ouellet e os americanos Timothy Dolan e Sean O’Malley. Embora tivesse sido o segundo mais votado no conclave que elegeu Bento XVI, em 2005, os analistas acreditavam que a idade, 76 anos, pesava contra o argentino, além do fato de um jesuíta jamais ter chegado ao Trono de São Pedro.

O “La Stampa” lembra que, além da boa votação em 2005, Bergoglio atraiu a simpatia de um bom número de cardeais por sua fama de austero na condução da igreja argentina. Bento XVI, diz o jornal, nunca escondeu seu apreço pelo jesuíta. Já o analista Vittorio Messori, do “Corriere della Sera”, avalia que a ascendência italiana do novo Papa, que é filho de imigrantes napolitanos, e seu bom trânsito em Roma pesaram entre os europeus. Na visão deles, o agora Papa Francisco vai inflamar o rebanho em casa e ter a austeridade para enfrentar as crises que assolam a igreja.