Santa Irene
No século IV, época do imperador romano Diocleciano, considerado o mais sanguinário perseguidor dos cristãos, era proibido que as pessoas portassem ou guardassem escritos que pregassem o cristianismo. Todos os livros deviam ser entregues às autoridades para serem queimados. Irene, ainda jovem, junto com suas irmãs Ágape e Quilônia, pertenciam à uma família pagã da Tessalônica, Grécia, mas se converteram e possuíam vários livros da Sagrada Escritura, pois passaram a pregar o cristianismo.
As três irmãs foram denunciadas e em sua casa foram encontradas várias Bíblias, por isso passaram a ser perseguidas, para serem levadas ao interrogatório diante do governador da Macedônia, Dulcério. Deveriam, como os demais cristãos, submeter-se ao intenso interrogatório, para renegarem a fé em Cristo. Mas só se salvariam se idolatrassem os falsos deuses, oferecendo publicamente comida e incenso a eles, e queimando as suas Bíblias. Quando os cristãos se negavam a renunciar a sua fé, geralmente eram queimados vivos, junto com a Bíblia.
Ágape e Quilônia foram encontradas antes. Presas e interrogadas, negaram-se a adorar os falsos deuses e confirmaram sua fé. Por isso foram queimadas vivas. O Martirológio Romano as reverencia dois dias antes.
Entretanto, Irene, que havia escondido grande parte dos livros cristãos em sua casa, conseguiu fugir para as montanhas, mas foi encontrada no dia do martírio das suas irmãs, levada a um prostíbulo para ser violada e, depois, presa. Lá, porém, por uma graça, ninguém a tocou. Irene foi, então, submetida a interrogatório, manteve-se firme em sua profissão de fé. Condenada pelo governador Dulcério, foi entregue aos carrascos, que lhe tiraram a roupa, expuseram-na à vergonha pública e depois também a queimaram viva.
O culto a santa Irene ainda é muito intenso no Oriente e no Ocidente, e se perpetuou até os nossos dias pelo seu exemplo de santa mártir, bem como pela tradição de seu nome, que em grego significa "paz", e é muito difundido em todo o planeta, principalmente entre os povos cristãos. A festa de santa Irene acontece em 5 de abril, dia em que recebeu a palma do martírio pela fé em Cristo, no ano 304.
Santa Irene, rogai por nós!
A franciscana Crescencia possuía dotes espirituais, humanísticos e morais que fascinavam todos que dela se aproximavam. Para um número extraordinário de pessoas, foi a auxiliadora previdente, sensata e também conselheira iluminada. Possuía a capacidade de reconhecer rapidamente os problemas e apresentar soluções apropriadas e racionais. Até mesmo o príncipe herdeiro e bispo de Colônia, Clemente Augusto, tinha-a como orientadora espiritual e sábia, tanto que solicitou ao papa sua canonização logo que ela morreu.
Crescencia tinha uma inteligência privilegiada. Dentro do pequeno convento das franciscanas, conseguiu fazer um surpreendente apostolado, onde cumpriu todas as funções com a dedicação e a generosidade de quem possui a alma dos grandes. Em 1710, ela foi atendente atenciosa, previdente e caridosa mantendo um contato harmonioso de comunicação com o exterior e a vida do convento. Sete anos depois, ela se tornou a professora das noviças, formando as jovens irmãs para uma vida digna da espiritualidade interior daquela comunidade religiosa.
Para sua surpresa, em 1741 Crescencia foi eleita a superiora e, apesar das tentativas de recusa, acabou aceitando a tarefa. Recomendou a observação do silêncio, a oração contemplativa, e a leitura espiritual, especialmente o Evangelho. Em seus três anos como superiora, tornou-se sua segunda fundadora. Firmou solidamente as bases espirituais franciscanas no respeito ao juramento da vocação, que diz: "Deus quer os ricos em virtudes, não em bens temporais". Os pontos principais de seu programa para a renovação do convento foram a confiança ilimitada na Providência Divina, na doação integral ao próximo e aos mais pobres, no amor ao silêncio, na devoção a Jesus Crucificado, na devoção à eucaristia e à Virgem Santa.
Maria Crescencia Hoss morreu em Easter, no dia 5 de abril de 1744, e tornou-se uma das santas mais veneradas da Alemanha e da Europa do Leste. Foi sepultada no convento da Ordem Terceira das Franciscanas de Kaufbeuren, que logo se tornou um local de intensa peregrinação de devotos que solicitam sua intercessão em curas e graças. No ano de 1900, o papa Leão XIX beatificou-a.
O seu culto foi fixado para o dia 5 de abril e se tornou oficial que no local de sua sepultura fosse erigido um santuário para a visitação de fiéis. A sua canonização foi feita em 2001, pelo papa João Paulo II, em Roma.
Santa Maria Crescencia Hoss, rogai por nós!
Vicente
estudou em Lérida, Barcelona e Tolosa, doutorando-se em filosofia e
teologia, e ordenando-se sacerdote em 1378. Pregador nato, nesse mesmo
ano começou sua peregrinação por toda a Europa, durante um período negro
da história, quando ocorreu a Guerra dos Cem Anos, quando forças
políticas, alheias à Igreja, tinham tanta influência que atuavam até na
eleição dos papas.
Assim, quando um italiano foi eleito papa,
Urbano VI, as correntes políticas francesas não o aceitaram e elegeram
outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em Avinhão, na França. A
Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da Igreja
ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove
anos.
Vicente Ferrer, pregador, já era muito conhecido. Como
prior do convento de Valência, teve contato com o cardeal Pedro de
Luna, que o convenceu da legitimidade do papa de Avinhão, e Vicente
aderiu à causa. Em 1384, o referido cardeal foi eleito papa Bento XIII e
habilmente fez do dominicano Vicente seu confessor, sendo defendido por
ele até 1416, como fazia Catarina de Sena, sua contemporânea, pelo
italiano Urbano VI.
O coração desse dominicano era dotado de uma
fé fervorosa, mas passando por uma divisão dessas, e juntando-se o
panorama geral da Europa na época: por toda parte batalhas sangrentas,
calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da
peste negra, que dizimou um terço da população. Tudo isso fez que a
pregação de Vicente Ferrer ganhasse a nuance do fatalismo.
Ele
andou pela Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda
e muitas outras regiões, defendendo sempre a unidade da Igreja, o fim
das guerras, o arrependimento e a penitência, como forma de esperar a
iminente volta de Cristo. Tornou-se a mais alta voz da Europa. Pregava
para multidões e as catedrais tornavam-se pequenas para os que queriam
ouvi-lo. Por isso fazia seus sermões nas grandes praças públicas.
Milhares de pessoas o seguiam em procissões de penitência. Dizem os
registros da Igreja, e mesmo os que não concordavam com ele, que Deus
estava do seu lado. A cada procissão os prodígios e graças sucediam-se e
podiam ser comprovados às centenas entre os fiéis.
O cisma da
Igreja só terminou quando os dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para
o bem da unidade do cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa
Bento XIII e, com sua atuação, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V,
trazendo de novo a união da Igreja ocidental. As nuvens negras
dissiparam-se, mas as conversões e as graças por obra de Vicente Ferrer
ficarão por toda a eternidade.
Ele morreu no dia 5 de abril de
1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi canonizado pelo papa
Calisto III, seu compatriota, em 1458, que o declarou padroeiro de
Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da
Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV.
São Vicente Ferrer, rogai por nós!
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