Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
24º Domingo do Tempo Comum
Anúncio do Evangelho (Lc 15,1-32 )
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola:
4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’
7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.
8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. 11E Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo-de fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
22Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete.
24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’.
28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’.
31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Haverá (...) alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte»
Hoje consideramos uma das
parábolas mais conhecidas do Evangelho: a do filho pródigo, que,
advertindo a gravidade da ofensa feita ao seu pai, regressa a ele e é
acolhido com grande alegria.
Podemos retornar ao começo da passagem, para encontrar a ocasião que
permite a Jesus Cristo expor esta parábola. Sucedia, segundo nos diz a
Escritura, que «Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus
para o escutar» (Lc 15,1), e isto surpreendia aos fariseus e escribas,
que murmuravam: «Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra
ele. «Este homem acolhe os pecadores e come com eles» (Lc 15,2).
Parece-lhes que o Senhor não deveria compartilhar seu tempo e sua
amizade com pessoas de vida pouco correta. Fecham-se ante quem, longe de
Deus, necessita conversão.
Mas, se a parábola ensina que ninguém está perdido para Deus, e anima a
todo pecador enchendo-lhe de confiança e fazendo-lhe conhecer sua
bondade, encerra também um importante ensinamento para quem,
aparentemente, não necessita converter-se: não julgue que alguém é “mal”
nem exclua a ninguém, procure atuar em todo momento com a generosidade
do pai que aceita a seu filho. O receio do filho mais velho, relatado ao
final da parábola, coincide com o escândalo inicial dos fariseus.
Nesta parábola não somente é convidado à conversão quem patentemente a
necessita, mas também quem não acha necessitá-la. Seus destinatários não
são somente os publicanos e pecadores, mas igualmente os fariseus e
escribas; não são somente os que vivem dando as costas a Deus, e talvez
nós, que recebemos tanto Dele e que, no entanto, nos conformamos com o
que lhe damos em troca e não são generosos no tratamento com os outros.
Introduzido no mistério do amor de Deus — nos diz o Concilio Vaticano
II— recebemos uma chamada a começar uma relação pessoal com Ele mesmo, a
empreender um caminho espiritual para passar do homem velho ao novo
homem perfeito segundo Cristo.
A conversão que necessitamos poderia ser menos chamativa, mas talvez
haja de ser mais radical e profunda, e mais constante e mantida: Deus
nos pede que nos convertamos ao amor.Rev. D. Alfonso RIOBÓ Serván
(Madrid, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A alegria é um dom cristão. Só se oculta quando ofende a Deus, porque o pecado é produto do egoísmo, e o egoísmo é causa de tristeza. Se nos purificarmos no santo sacramento da Penitência, Deus vem ao nosso encontro e perdoa-nos» (São Josemaria)
«Ele é o Deus da misericórdia: ele nunca se cansa de nos perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão, mas Ele não se cansa; Ele ganha no amor» (Francisco)
«Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote exerce o ministério do Bom Pastor que procura a ovelha perdida: do bom Samaritano que cura as feridas; do Pai que espera pelo filho pródigo e o acolhe no seu regresso (...) Em resumo, o sacerdote é sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.465)
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