Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
26º Domingo do Tempo Comum
Anúncio do Evangelho (Lc 16,19-31)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: 19 “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado.
23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado.
24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.
25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.26E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’.
29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’
30O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’.
31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males»
Hoje, Jesus confronta-nos com a
injustiça social que nasce das desigualdades entre ricos e pobre. Como
se se tratasse de uma das imagens angustiantes que estamos habituados a
ver na televisão, o relato de Lázaro comove-nos, consegue o efeito
sensacionalista de remover os sentimentos: «Até os cães vinham lamber
suas feridas» (Lc 16,21). A diferença é clara: o rico vestia-se de
púrpura; o pobre tinha como vestido as chagas.
A situação de igualdade chega seguidamente: morreram os dois. Porém, ao
mesmo tempo, acentua-se a diferença: um chegou ao seio de Abraão; ao
outro se limitaram a sepultá-lo. Se nunca tivéssemos ouvido esta
história e lhe aplicássemos os valores da nossa sociedade, podíamos
concluir que quem ganhou o prêmio devia ser o rico, e o que foi
abandonado no sepulcro, era o pobre. Está claro, logicamente.
A sentença chega-nos pela boca de Abraão, o pai na fé, e esclarece-nos
quanto ao desenlace: «Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste
teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males» (Lc 16,25). A justiça de
Deus inverte a situação. Deus não permite que o pobre permaneça para
sempre no sofrimento, na fome e na miséria.
Este relato sensibilizou milhões de corações de ricos ao longo da
história e levou multidões à conversão; porém, que mensagem será
necessária neste nosso mundo desenvolvido, hiper-comunicado,
globalizado, para nos fazer tomar consciência das injustiças sociais de
que somos autores ou, pelo menos, cúmplices? Todos os que escutavam a
mensagem de Jesus tinham o desejo de descansar no seio de Abraão, mas,
no nosso mundo quantas pessoas se contentam com ser sepultados quando
morrerem, sem querer receber o consolo do Pai do céu? A autêntica
riqueza consiste em chegar a ver Deus, e o que faz falta é o que
afirmava Sto. Agostinho: «Caminha pelo homem e chegarás a Deus». Que os
Lázaros de cada dia nos ajudem a encontrar Deus. Rev. D. Valentí ALONSO i Roig
(Barcelona, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Aprendei a ser ricos e pobres, tanto os que têm algo neste mundo como os que não têm nada. Pois também vós encontrareis o mendigo que se enaltece e o abastado que se humilha. Deus observa o interior!» (Santo Agostinho)
«Face a uma cultura de indiferença, que muitas vezes acaba por ser impiedosa, o nosso modo de vida deve estar cheio de piedade, empatia, compaixão, misericórdia, que tiramos diariamente do poço da oração» (Francisco)
«(...) O drama da fome no mundo chama os cristãos que oram com sinceridade a assumir uma responsabilidade efectiva em relação aos seus irmãos, tanto nos seus comportamentos pessoais como na solidariedade para com a família humana (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.831)
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