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sábado, 7 de março de 2009

Ainda sobre o aborto e a excomunhão

Comentários do Reinaldo Azevedo que engrandecem o debate

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - Revista Veja
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/

Nota dos editores do Blog: nem todas as opiniões expressas pelo jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo são apoiadas por estes editores.
Publicamos o material por ser o autor um católico e seu artigo apresentar condições para um melhor debate/esclarecimento do assunto.

MAIS DEZ CONSIDERAÇÕES SOBRE A IGREJA, A FÉ O POPULISMO
Faço aqui algumas observações, fechadas para comentários. Opinem no post abaixo, que trata longamente do assunto, já levando em consideração o que aqui vai:

1 – de fato, é incorreto afirmar que d. José excomungou este ou aquele; ele apenas fez o anúncio. A excomunhão é automática nesse caso;
2 – é uma tolice puramente midiática, fruto da ignorância, afirmar que o bispo excomungou médicos e mãe, mas poupou o estuprador, como se o protegesse. Não caiam nessa bobagem;
3 – é uma idiotice ficar debatendo se estupro é pior ou melhor do que assassinato — ou vamos voltar ao paradigma “estupra, mas não mata”. Há ações que são passíveis de excomunhão, e outras que não são, segundo um código, que é, por assim dizer, a Constituição da Igreja. Investir nesse falso contraste é puro apelo populista, que emburrece o debate;
4 – sei muito bem o que afirmei: o bispo, com a autoridade que lhe é conferida, deveria, entendo, ter sido mais atento aos relevos humanos da questão e aos sentimentos que o caso mobilizou. REITERO: A RIGIDEZ PURAMENTE DECLARATÓRIA MAIS DISTORCE A MENSAGEM CATÓLICA DO QUE A ELUCIDA. Mas o linchamento moral a que está sendo submetido é fruto da ignorância;
5 – não há ambigüidade nenhuma no que escrevi. Basta saber ler; há gente falando em nome do “catolicismo”acusando-me das piores coisas. Não participo de campeonato nenhum de virtudes cristãs. Não me considero além das fragilidades humanas e não exijo de ninguém que carregue uma pedra maior do que pode suportar. Cristo humanizou Deus, mas não endeusou os homens;
6 – nenhum médico é obrigado, sob qualquer pretexto, a fazer um aborto, ainda que legal. Assim como, na esfera civil, não posso alegar ignorância da lei ao praticar o que um código escrito considera crime, ninguém pode alegar ignorância dos princípios da religião que diz praticar ao fazer isso e aquilo. Ser católico, de fato e felizmente, é uma escolha. Não há nada de falacioso nesse argumento;
7 – PERGUNTO-ME QUANTAS SÃO AS PESSOAS REALMENTE TOCADAS PELA MISÉRIA HUMANA QUE ESSA HISTÓRIA TODA REVELA. QUANTAS SÃO AQUELAS REALMENTE ATENTAS À DOR QUE ACOMPANHARÁ, TALVEZ PARA SEMPRE, ESSA MENINA E ESSA FAMÍLIA;
8 – noto que, mais uma vez, um episódio tão triste, tão sofrido, serve de pretexto para as falanges do ódio, que, não raro, se mobilizam contra a Igreja;
9 – não, eu não insinuei — gostem de mim ou não, nunca insinuo nada, sempre nego ou afirmo — que d. José deveria ter um senso de marketing mais afinado; eu repudio a Igreja populista, com seus padres cantores e ginastas;
10 – eu alertei para o cuidado que se deve ter para que a lei não se confunda, aos olhos dos simples, com a intransigência dos fariseus, o que contribui para jogar uma sombra de desinteligência sobre os princípios essencialmente acolhedores do cristianismo, de que o perdão é pedra fundamental.

O BISPO, O ABORTO E A EXCOMUNHÃO. OU: DE OPORTUNISTAS E HIPÓCRITAS
Leitores às penca me pedem — alguns cobram — que me pronuncie sobre a decisão de d. José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e de Recife, de excomungar os médicos que fizeram o aborto numa garota de nove anos, estuprada pelo padrasto. A família, que autorizou o procedimento, também foi alvo da punição religiosa. Por que, segundo alguns, estaria eu “obrigado” a escrever sobre o assunto? Ora, porque sou católico. E há dois "desafios" em curso:

a – para os que não gostam da Igreja, se sou católico, então sou co-responsável pela decisão do bispo;
b – para os que se querem a própria encarnação do catolicismo, chegou a hora de eu realmente demonstrar se sou ou não católico, tendo a “coragem”, como dizem, de defender a decisão de d. José Cardoso.

Nesse segundo caso, o desafio se explica. Embora eu me alinhe com as diretrizes ditas “conservadoras” de Bento 16 no que diz respeito à doutrina e considere a Teologia da Libertação uma das maiores bobagens nascidas no seio do catolicismo, defendo a adoção de crianças por casais gays (como se nota, heterossexualidade não implica respeito à infância), uma abordagem diferente para a homossexualidade (já que ninguém é gay porque quer; ao contrário: ninguém quer ser gay...) e o fim do celibato sacerdotal. Como se nota, fico como o índio do I Juca Pirama, de Gonçalves Dias: não quero saber dos “progressistas”, e os “conservadores” não querem saber de mim... Como é mesmo? “Rejeitado da morte na guerra/ rejeitado dos homens na paz”.

Viver é mesmo muito perigoso.

Já defendi aqui, e fui muito criticado por alguns católicos, que ameaçaram, vamos dizer, cassar a minha “licença” para me dizer parte dessa comunidade, a lei vigente no Brasil, que permite o aborto legal em casos de estupro e risco de vida para a mãe. Aquela pobre menina de Pernambuco reúne essas duas condições.

NESSE CASOS, ADMITO TAL PROCEDIMENTO NÃO COM O FUROR MILITANTE. MAS COM DOR. A FACILIDADE COM QUE GRUPOS ORGANIZADOS DEFENDEM A MORTE ME É UMA COISA ASSUSTADORA. De certo modo, não compreendo os relevos da alma de quem sai às ruas para defender aborto, eutanásia, pena de morte... Não compreendo. Para mim, são práticas assustadoras. SOU CONTRA A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO, ESTÁ DADO, MAS ACREDITO QUE A LEI QUE ABRAÇA ESSAS DUAS EXCEÇÕES DÁ CONTA DA NOSSA TRISTE PRECARIEDADE.

Agora d. José
A decisão do arcebispo de Olinda e Recife, que fique claro, tem alcance apenas religioso. Para um fiel comum, não pertencente à hierarquia católica, seu peso é simbólico, sem conseqüências na vida, digamos, civil. Faço tal observação porque, a julgar por certas reações, ficou parecendo que médicos e familiares foram alvos de uma punição legal. Que se note: d. José atuou de acordo com o que está expresso no Direito Canônico. As circunstâncias do caso talvez devessem ter empurrado o arcebispo para uma posição de conciliação. O aborto implica a excomunhão automática, é fato. Mas ele está investido de poder para considerar circunstâncias atenuantes — e, nesse caso, elas são muitas.

O que lamento em tudo isso? O fato de que considero que a posição da Igreja Católica, contrária ao aborto, é, na sua raiz, inclusive a histórica, um avanço que, se me permite o aparente pleonasmo, humanizou o homem. A oposição do cristianismo antigo ao aborto foi um fator decisivo para a expansão da religião no chamado mundo helênico — e as mulheres aderiram à, vá lá, “nova religião” com entusiasmo. Também lhes interessavam a defesa da monogamia e a proibição do adultério.

A aparente “crueldade” de d. José, como li em algum lugar, se assenta num princípio que, pouco importa o que digam os militantes da morte, protege a vida. O que me parece é que faltou ao bispo, zeloso dos princípios, pesar as circunstâncias para que sua decisão não restasse contraproducente: em vez de chamar a atenção para a defesa da vida, apenas reforçou, ao olhos do público, uma espécie de rigidez que parece ignorar as fragilidades humanas. Acertou no princípio; errou no tom. Em tempos em que tudo se faz pensando apenas no marketing, d. José é mesmo um prodígio de falta de tino publicitário.

Críticas
Foi o que bastou para que o considerassem uma besta do Apocalipse e, na opinião de Arnaldo Jabor, a expressão da Igreja reacionária de Bento 16. Inimigos da Igreja Católica, como uma seita neopentecostal dona de partido político e canal de televisão, que faz mais "milagres" por hopra do que Cristo ao longo de 33 anos, tentaram transformar o arcebispo de Olinda e Recife numa espécie de ogro de uma pobre menina de 9 anos. Impressiona-me, como sempre, o fato de que qualquer religião pode impor a seus fiéis a disciplina que bem entender, e isso será considerado matéria de “liberdade religiosa”. Já os católicos, não! A Igreja parece a casa-da-mãe-joana. Todo mundo se acha no direito de discordar do que é, notem bem, uma ORIENTAÇÃO RELIGIOSA ou uma DECISÃO DE ALCANCE APENAS RELIGIOSO.

A CNBB e os assassinos
No dia 27 de fevereiro, lia-se no seguinte no Estadão Online:
Reunidos em Salvador para encontro do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, dirigentes de 47 entidades de luta pela terra - incluindo MST, CNBB, CUT e CPT - divulgaram ontem manifesto de repúdio ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.
"Ele é o guardião da Constituição, símbolo que deveria preservar o direito estabelecido, não se colocar ao lado de uma classe, como está fazendo com os latifundiários, ao tentar criminalizar os movimentos sociais", criticou o secretário executivo do fórum, Gilberto Fontes, ligado à CPT. "É um ataque ao Estado Democrático de Direito."

A CPT é a Comissão Pastoral da Terra. A CNBB é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Seis dias antes, o MST assassinara quatro pessoas, com tiros nas pernas, na cabeça e na cara. Execução mesmo. As mortes foram assumidas por Jaime Amorim, chefão do movimento. O que uma coisa tem a ver com outra?

Ora, d. José, que agiu nos estritos limites do que lhe permite a sua Igreja, ainda que numa decisão polêmica, admito, é tratado como um criminoso. A CNBB, que silenciou diante de quatro execuções, em desconformidade com tudo o que lhe diz a Igreja que ela pretende representar, merece o tratamento de entidade, como é mesmo?, “progressista” e afinada com os interesses da sociedade... Nos dois casos, evidentemente, tem-se uma agenda que não é religiosa — e o bispo é um religioso —, mas política: num caso, a defesa do aborto (de qualquer aborto); no outro, a defesa da reforma agrária à moda MST.

Os hipócritas
Os ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, que não perdem uma só oportunidade de dizer asnices, resolveram se pronunciar sobre o caso. Atenção! Eles não falaram sobre a decisão médica, mas sobre a atitude do bispo. Disse Temporâo: “Está na lei que, em caso de risco de vida da gestante ou gravidez resultado de estupro, o aborto pode ser permitido. O resto, é opinião da Igreja. Estou impactado." Afirmou Minc: “Quero falar como cidadão: estou muito revoltado. Essa menina foi violentada, já teve um trauma grande. A Igreja, em vez de ajudar, criou uma questão a mais. É a criminalização da vítima".

Temporão É FAVORÁVEL A QUALQUER ABORTO. E quem é favorável a qualquer aborto não pode se pronunciar sobre este aborto em particular sem que isso cheire a inaceitável oportunismo e vigarice intelectual. Aproveita-se de um caso dramático para fazer proselitismo. Ademais, o bispo não contestou a decisão legal, contestou? Quem se meteu na questão religiosa foi Temporão — como, alas, é hábito seu. A propósito: o país já vive um novo surto inédito de dengue. Por que ele não aborda temas que lhe dizem respeito?

Quanto a Minc, dizer o quê? Comanda o ministério que pode retardar uma hidrelétrica por causa de um papagaio; pode meter alguém na cadeia por causa de um minhocuçu. O caiçara que comer um ovo de tartaruga pode ir em cana. Por que o ovo humano não pode ser digno dos mesmos cuidados? Conversando com um leitor, escrevi aqui certa feita: “Proponho uma questão aparentemente banal, mas que dá o que pensar. O movimento contra o uso de cobaias animais é mundial. Já virou até lei em Florianópolis. Considero-o uma tolice obscurantista. Repararam como os que defendem a ‘animalização’ da vida humana, reduzindo o homem à sua dimensão só biológica, não se opuseram à 'humanização' do animal?"

E, claro, Lula também resolveu tirar uma casquinha do caso, criticando o bispo, com toda a autoridade teológica e eclesiástica de que é investido. Fora do poder, quem sabe decida se candidatar a papa...

Concluindo
Demorei um tanto para falar sobre o assunto. Foi, na verdade, em sinal de respeito. Trata-se de um drama humano que nos constrange e que expõe as misérias a que, humanos, estamos sujeitos. Não decidi falar do caso agora porque uns e outros a tanto me desafiaram. Ninguém me faz escrever sobre o que não quero. Decido a minha pauta. Como resta, creio, evidente, acho que o bispo escolheu o caminho do rigor que confunde em vez do da compreensão que esclarece. E eu sou paulino: é preciso distinguir flauta de cítara. Mas tratá-lo como criminoso ou como algoz da vítima, como quer este impressionante Carlos Minc, é uma estupidez.

Muitos dos casos em que a Igreja é acusada de excesso de rigor não nascem da observância de suas diretrizes, como alguns querem fazer crer, mas justamente da não-observância. Os ombros de um mundo fora dos princípios da Igreja Católica, aposto, são muito mais largos e comportam muito mais iniqüidades do que aqueles que suportam o peso da doutrina. E seria um bem e tanto se os críticos da Igreja Católica, na imprensa, procurassem se informar um tanto sobre os princípios da instituição.

Por que tratar desse assunto? Mais uma vez, encerro com o trecho extraído de Memórias de Adriano, um grande romance de Marguerite Yourcenar sobre um imperador que não era exatamente um cristão...:

“(...) Quando tivermos reduzido o máximo possível as servidões inúteis, evitando as desgraças desnecessárias, restará sempre, para manter vivas as virtudes heróicas do homem, a longa série de males verdadeiros: a morte, a velhice, as doenças incuráveis, o amor não partilhado, a amizade rejeitada, a mediocridade de uma vida menos vasta do que nossos projetos e mais enevoada do que nossos sonhos. Enfim, todas as desventuras causadas pela divina natureza das coisas”.

Aborto. Saiba mais sobre esta prática criminosa e covarde

A realidade dos consultórios

Enquanto as questões éticas, religiosas e científicas ficam sem resposta, mais médicos brasileiros optam por ajudar suas pacientes decididas a interromper uma gravidez indesejada

Em um mundo ideal, o aumento da eficiência, a diminuição do custo e a facilidade de acesso aos métodos anticoncepcionais femininos e masculinos poderiam ter reduzido o aborto no Brasil a sua dimensão puramente médica. Ele seria praticado apenas para salvar a vida da mãe ou na circunstância de o feto que ela carrega no útero ter sido gerado por estupro ou ser inviável, por um defeito grave de formação. Mas não existe o mundo ideal. O aborto continua sendo um dilema social, humano, jurídico e um risco para a saúde de quase 1 milhão de mulheres brasileiras todos os anos. Essa questão, sem solução unânime no campo religioso (quando o feto passa a ter alma?) e no científico (quando a vida começa?), vem sendo encarada no dia-a-dia dos consultórios.

Tem crescido o número de médicos que, diante da irredutibilidade das pacientes em abortar, consideram seu dever profissional ajudá-las a enfrentar da melhor maneira possível as consequências da decisão. Essa atitude deriva da filosofia da redução de danos já adotada antes em alguns países para proteger a vida de usuários de drogas pesadas que não conseguem se livrar do vício. Diz o obstetra Osmar Ribeiro Colás, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): "Não posso interromper uma gestação, mas tenho o dever ético de explicar a minha paciente quais são os métodos abortivos e, depois, se necessário, acudi-la".

O Brasil tem cerca de 18.000 ginecologistas. São pouco confiáveis as estatísticas de quantos se tornaram adeptos da filosofia de redução de danos para pacientes dispostas a desafiar a lei brasileira e se submeter a um aborto. O certo é que há vinte anos era raro achar um médico que discutisse essa questão e impossível encontrar outro que admitisse essa abordagem em sua prática médica. Hoje não só se debate livremente a questão do ponto de vista teórico como muitos, a exemplo do doutor Osmar Colás, admitem publicamente que não deixariam sem assistência uma paciente apenas porque ela decidiu abortar.

Sem muita precisão, os especialistas acreditam que chegue a 1 milhão o número de abortos realizados anualmente no Brasil de modo clandestino. As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres. O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano. Vários fatores se combinaram para reduzir esse número. Os mais efetivos foram o aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação no país de políticas de planejamento familiar. Desde 2002, o Ministério da Saúde distribui por sua rede capilar de atendimento a chamada "pílula do dia seguinte" – que contém uma substância capaz de impedir a fixação do óvulo no útero, provocando, consequentemente, sua expulsão pelo organismo feminino. Só a pílula do dia seguinte pode ter diminuído em 30% o número de abortos clandestinos no Brasil. A adoção da redução de danos por um número maior de médicos poderia derrubar ainda mais essa curva nos próximos anos.

Tal conduta prevê basicamente a adoção de duas medidas. O médico indica à sua paciente uma clínica clandestina onde ela pode fazer o aborto ou ele mesmo a orienta sobre como usar as pílulas abortivas. O medicamento mais utilizado para esse fim é o misoprostol, vendido sob o nome comercial de Cytotec. Lançado inicialmente na década de 80 para o tratamento de úlcera, descobriu-se logo que o Cytotec provoca contrações uterinas. Pelo risco que oferece às grávidas, no Brasil o misoprostol só pode ser usado por hospitais credenciados. Nem os médicos nem, menos ainda, suas pacientes podem, portanto, ter acesso legal à substância. "Há inúmeros sites na internet que vendem o remédio", diz o médico Colás. Um dos meios mais utilizados pelas brasileiras é a compra do misoprostol por intermédio da ONG holandesa Women on Web. Feito o pedido, a pílula é entregue em até três semanas pelo correio, por 70 euros. O site tem instruções em sete idiomas, incluindo o português. A maioria dos ginecologistas recomenda a internação da mulher ao primeiro sinal de sangramento. Ela dá entrada no pronto-socorro como se fosse vítima de um aborto espontâneo e a partir daí recebe atendimento. Quando a paciente não quer ser hospitalizada, os médicos sugerem que a mulher se submeta a um exame de ultrassom para se certificar de que todo o material embrionário foi expelido. Pela letra fria da lei brasileira, todo o procedimento narrado neste parágrafo pode ser descrito como criminoso. Ele seria visto como pecado ao juízo das convicções religiosas de muitas pessoas. O espantoso, nesse caso, é que, apesar das imposições legais e das restrições ético-religiosas, médicos e pacientes se sintam eticamente autorizados a discutir e a praticar procedimentos que levem ao aborto.


"Eu tinha apenas 17 anos, era recém-casada e começava a despontar como modelo, quando engravidei. Sonhava em ser mãe. Sempre fui contra a liberação do aborto, mas não podia levar aquela gravidez adiante. Eu era responsável pelo sustento de toda a minha família. Não sofri nenhum dano físico, mas carregarei para sempre as marcas psicológicas daquele aborto."
Luiza Brunet, 46 anos
Modelo e empresária

A fonoaudióloga mineira Larissa P., de 28 anos, e seu médico não tiveram muitas dúvidas quando colocados diante dessa questão. Larissa engravidou durante uma relação casual há dois anos. Como sua menstruação sempre foi muito irregular, só se deu conta da gravidez indesejada dois meses depois. Lembra ela: "Logo que descobri, procurei meu médico, e ele me sugeriu o Cytotec. Como sempre tive horror a hospital, preferi usar a pílula em casa". O médico explicou-lhe como seriam os sintomas, e ela controlou bem a ansiedade: "Foi tudo sem nenhum susto, exatamente como meu ginecologista havia descrito. Em seis horas, estava tudo resolvido. No dia seguinte fui ao consultório fazer um ultrassom para ter certeza de que estava tudo bem".

A filosofia da redução de danos para o aborto surgiu no início dos anos 2000, no Uruguai, país com leis tão rígidas quanto as do Brasil. A medida é incentivada pelo governo federal uruguaio. Diz o ginecologista Aníbal Faúndes, do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): "Antes da adoção do programa, o aborto ilegal era responsável por 35% das mortes maternas no Uruguai. Hoje, a taxa de mortalidade em decorrência de abortos malfeitos é de 20%". Há um mês, Campinas se transformou na primeira cidade brasileira a aprovar um projeto de redução de danos nos postos de saúde e hospitais municipais. Existe uma diferença crucial entre o programa uruguaio e o de Campinas. O médico brasileiro só está autorizado a orientar as pacientes em "processo de abortamento" ou depois de o aborto ter sido concluído. Existem basicamente dois motivos para a mudança de comportamento dos médicos em favor da redução de danos. O assunto saiu da sombra. O ministro da Saúde, José Temporão, já defendeu inúmeras vezes a necessidade de um debate público sobre a legalização da prática. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início aos debates sobre a legalização da interrupção da gravidez de fetos anencéfalos e, pouco mais de um mês atrás, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, aprovou a criação da CPI do Aborto com o objetivo de investigar as práticas ilegais de interrupção da gravidez no Brasil. Os parlamentares não familiarizados com a realidade vão se espantar com a extensão do fenômeno e, se forem fundo na investigação, poderão deparar com algumas surpresas – entre elas, o fato de que muitas das clínicas são bem aparelhadas, com pessoal médico multidisciplinar e bem treinado. A administradora de empresas Denise Silva, de 43 anos, valeu-se dos serviços de uma dessas clínicas em 2002, quando, por descuido, engravidou do namorado (hoje, marido). Conta ela: "Foi tudo muito rápido e simples".

No Poder Judiciário, a questão começa aos poucos a ser discutida com mais desassombro. Nos últimos cinco anos, foram concedidos 3.000 alvarás judiciários para suspensão da gravidez em casos de má-formação fetal, especialmente anencefalia. É o dobro das liberações no mesmo período no início da década de 90 e representa 80% de todas as gestações de fetos anencéfalos. Em 26 de novembro de 2006, a operadora de telemarketing Adriane Caldeira, de 21 anos, foi uma das beneficiadas dos alvarás. Diz ela: "Não tive o menor problema em conseguir a autorização. O problema mesmo foi decidir abortar, pois era uma gravidez planejada – o nosso primeiro filho". Mas Adriane sabia que seu filho não teria nenhuma chance de sobrevivência e, apesar do sofrimento, interrompeu a gravidez. Por mais que a mulher esteja determinada e certa de sua decisão, optar por um aborto é sempre devastador. Ninguém que já tenha vivido a situação relata a experiência com a tranquilidade de quem acabou de dar um passeio no shopping. Não é simples nem nos casos em que a gravidez é resultado de uma agressão, como aconteceu com Luciane L., de 25 anos. Vítima de um estupro no ano passado, depois de vários meses de terapia ela aprendeu a lidar com a lembrança da violência, mas não consegue apagar da memória a confusão emocional que sentiu quando acordou da anestesia, depois do aborto.

Por mais que os médicos se rendam às demandas de suas pacientes e por mais que a legislação avance, a interrupção do processo de criação de uma vida humana nunca será de fácil compreensão intelectual ou emocionalmente simples. O médico Yaron Hameiry, ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, reflete bem essa situação: "Não posso ser juiz de uma vida que vai se formar. Seja qual for a circunstância em que o feto foi concebido, eu não posso ser juiz da vida alheia". Esse é um dilema que o ginecologista Jorge Andalaft, da Casa de Saúde da Mulher, da Unifesp, enfrentou em cada um dos 400 abortos legais que já fez, prática da qual é pioneiro no Brasil. Diz ele: "Todas as vezes, sem exceção, sinto uma pequena angústia de imaginar que estou tirando uma vida em potencial. Mas não cabe a mim julgar; a decisão foi da paciente, e ela deve ser respeitada".

A discussão de quando se inicia a vida é interminável. Mesmo que a ciência consiga um dia definir esse momento com precisão, os debates não cessarão. Parece óbvio e natural que, a partir do momento em que um óvulo é fecundado por um espermatozoide, uma vida em potencial começa a se desenvolver. Mas que potencial existe caso esse óvulo fertilizado não venha sequer a se fixar no útero? "Essa polêmica é infrutífera, pois o aborto sempre existirá, independentemente de qualquer conclusão científica, dogma religioso ou convicção ética. O aborto é acima de tudo uma questão de foro íntimo, uma decisão exclusivamente pessoal da mulher", teoriza Thomaz Gollop, ginecologista e professor de genética médica da Universidade de São Paulo.

Aos 46 anos, a empresária e modelo Luiza Brunet não consegue esquecer o aborto feito aos 17 anos. Era o início de sua carreira, de seu primeiro casamento, e ela não se sentia preparada para ter um filho. Luiza diz que é "contra o aborto". Seu caso ilustra a imensa complexidade da questão. Ser simples, acessível, seguro e legal não torna o aborto mais aceitável para as pessoas que o rejeitam. Ao contrário, torna-o ainda mais monstruoso ao juízo delas. Prova disso é o fato de que as discussões nos países onde a prática foi liberada nunca serenam – a cada dia elas são mais violentas. Coloque-se na pele de uma pessoa que acha o aborto, em qualquer fase da gestação e por qualquer motivo, igual a matar alguém, e uma visão do abismo que separa as convicções opostas nesse assunto começará a se abrir sob seus pés.

Fonte: Revista Veja

Vaticano e CNBB se opõem a Lula

Vaticano e CNBB se opõem a Lula no caso de aborto em menina de 9 anos vítima de estupro

Depois de ser atacado pelo ministro da Saúde, por ONGs de defesa da mulher, por médicos e por parte da opinião pública nos últimos dias por ter excomungado todos os envolvidos no aborto realizado na menina de 9 anos, que ficou grávida de gêmeos depois ter sido estuprada pelo padrasto, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, foi duramente criticado pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.“Como cristão e como católico, lamento profundamente que um bispo da Igreja Católica tenha um comportamento conservador como esse. Não é possível permitir que uma menina estuprada pelo padrasto tenha esse filho, até porque ela corria risco de vida. Acho que, nesse aspecto, a medicina está mais correta do que a Igreja e fez o que tinha que ser feito: salvar a vida de uma menina de 9 anos”, disse ontem o presidente, em entrevista coletiva depois do lançamento do projeto Território de Paz, no Bairro São Pedro, na periferia de Vitória (ES).

“Sugiro ao presidente que, antes de se pronunciar sobre tema teológico, consulte um teólogo católico da sua confiança”, rebateu dom José, ontem à tarde. Enquanto Lula atacava, o arcebispo comemorava o apoio do Vaticano e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Na segunda-feira, deverá ser divulgado um documento do representante da Santa Sé no Brasil e da CNBB confirmando o apoio à atitude do líder religioso.Ontem, a Regional Nordeste 2 da CNBB divulgou uma nota se posicionando “a favor da vida, desde a sua concepção”.

Ao jornal italiano Corriere de La Serra, um representante do Pontifício Conselho da Família do Vaticano também defendeu a atitude do arcebispo de Olinda e Recife de excomungar as pessoas envolvidas no aborto dos fetos gêmeos, realizado no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam).
O padre Gianfranco Grieco chamou os médicos que realizaram o procedimento de “protagonistas de uma sentença de morte”, afirmando que a Igreja não pode trair os seus princípios — entre eles a defesa da vida desde a concepção até o fim natural —, mesmo diante de um drama humano tão forte quanto a violência contra uma criança.

O representante do Vaticano disse ainda que “o aborto não é uma solução, mas um atalho”. Dom José Cardoso Sobrinho aproveitou e chegou a dizer que a excomunhão é “um remédio espiritual para quem está no caminho errado voltar à consciência”.

“Holocausto”
O arcebispo voltou a sustentar ontem que o crime de aborto é mais grave do que o de estupro — essa foi a justificativa utilizada para responder a outra parte das críticas, de quem não entendeu como o padrasto da garota, que abusou da menina, não foi incluído na relação dos excomungados pela Igreja. “O mundo inteiro foi contra o Holocausto, onde 6 milhões de judeus foram mortos. O que está havendo é um Holocausto silencioso, em que um milhão de crianças são vítimas de aborto no Brasil a cada ano”, afirmou dom José.

Menina recebe alta
No início da manhã de ontem, a menina de 9 anos submetida ao processo de aborto recebeu alta. Ela saiu do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) em companhia da mãe e de representantes do Conselho Tutelar, por volta das 6h, para evitar o assédio da imprensa.
Mas as vidas dessa garota, de sua mãe e sua irmã mais velha, que também foi violentada pelo padrasto, ainda esão longe de voltar ao normal — ou, pelo menos, à rotina. Longe de casa, elas ficarão em um abrigo na Região Metropolitana de Recife, onde receberão atendimento psicológico e poderão ficar distante das ameaças do acusado, que da cadeia manda recados e promete se vingar.
Depois de dar alta para a criança, o gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, disse que tudo correu bem. A garota ainda estava no hospital para que os médicos acompanhassem alguma reação dela aos medicamentos para profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis (DST). “Ela está bem. Já está brincando”, informou. Ele também contou que os exames para detectar DSTs deram negativos.

A vingança

Um dia, o filho entra em casa após a aula, batendo forte os pés no assoalho de sua casa.

Seu pai, que estava na sala lendo, ao ver aquilo, chama o filho para uma conversa.O filho, intrigado já vai adiantando:- Pai, estou com muita raiva. O meu amigo, zombou de mim na escola. Ele me humilhou na frente dos meus colegas. Disse que sou devagar, jogo futebol muito mal e acabo atrapalhando as brincadeiras. Quero que ele sofra um acidente, e não possa mais ir à escola !

O pai escutou tudo calado e foi até um abrigo, onde guardava um saco de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou calado.- Filho - disse docemente o pai - está vendo esse saco de carvão aqui ?
- Sim, pai ! – respondeu o filho.- Faz de conta que aquela camisa branquinha ali estendida no varal, seja o amigo que zombou de você! E que cada mau pensamento seu, seja endereçado a ele, na forma de pedaço de carvão. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa. Quando você terminar, voltaremos a conversar está bem?

O filho achou a brincadeira divertida. O varal estava longe e ele acertou poucos pedaços de carvão na camisa, ou melhor, no “seu amigo”. Quando acaba, vira-se para o pai e diz:- E agora pai, o que faremos ?

O pai então, pede ao filho que o acompanhe até o quarto e se veja no espelho. Assustado, o filho percebe que está todo sujo de carvão. A camisa branquinha ficou menos suja do que ele. Na vida também é assim, pois quando desejamos o mau ao nosso semelhante, quando elevamos nossos maus pensamentos contra alguém, a sujeira, os resíduos, a fuligem, recaem muito mais sobre nós mesmos. A vingança machuca mais aquele que quer se vingar.

A falta de perdão endurece o nosso coração, semeia a discórdia, planta o mau e volta-se contra nós mesmos.
É como diz o ditado: “A vingança nunca é plena, mata a alma e o corpo envenena !”

O Poder do Santo Rosário

O PODER DO SANTO ROSÁRIO.


São Luís Maria Grignion de Montfort (1673 –1716), grande apóstolo de Maria Santíssima, escreveu:
“A Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alain de la Roche que, depois do Santo Sacrifício da Missa, que é o primeiro e mais vivo memorial da Paixão de Jesus Cristo, não havia devoção mais excelente e meritória que o Rosário, que é como que um segundo memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo”.
Assim sendo, depois da Santa Missa o Santo Rosário é a mais poderosa arma de eficácia comprovada contra Satanás e seus sequazes, que procuram perder as almas.
É um meio de salvação dos mais poderosos e eficazes que nos foi oferecido pela Divina Providência.


O Rosário soluciona inúmeros problemas, assegura a salvação eterna e antecipa a implantação no mundo do Reino do Imaculado Coração de Maria.
Por que Nossa Senhora insiste tanto na Oração do Rosário?
Em 1945 os americanos lançaram a bomba atômica sobre duas cidades japonesas: Nagasaki e Hiroshima. Nesta última, num raio de um quilômetro e meio do centro da explosão, ficou tudo arrasado e todos os habitantes morreram carbonizados. A casa paroquial, com oito moradores jesuítas, que distava apenas 800 metros da explosão, ficou de pé e os seus moradores ficaram ilesos.
O Pe. Hubert Shiffer era um deles e tinha então 30 anos. Depois viveu mais 33 completamente com saúde e nenhum dos moradores da casa sofreu as conseqüências da radioatividade. Ele contou a sua experiência no Congresso Eucarístico da Filadélfia (EUA) em 1976. Então todos os membros daquela comunidade ainda viviam.
O Pe. Shiffer foi examinado e interrogado por mais de 200 cientistas e não puderam explicar como, no meio de milhares de mortos, ele e seus companheiros tinham podido sobreviver. O Pe. Shiffer afirmou que centenas de cientistas e pesquisadores por vários anos continuaram a investigar por que a casa paroquial não foi atingida quando tudo ao redor ficou arrasado. E o padre explicou, dizendo: "Naquela casa se rezava todos os dias, em comum, o Santo Rosário. Por isso, foi protegida por Nossa Senhora".


Nossa Senhora, a partir principalmente de Lourdes, dá uma ênfase toda especial à oração do Rosário. Em Lourdes aparece sempre com o ROSÁRIO. Em outras aparições, pede sempre que se reze o Rosário. Em Fátima, em cada uma das aparições, ela insiste: "Rezem o ROSÁRIO DIARIAMENTE".
Em Medjugorje, desde o início, pede que se reze o Rosário. Em 14/08/84, ela diz: "Eu gostaria que cada dia se rezasse pelo menos o Rosário". Em 27/09/84: "Peço às famílias da paróquia que rezem o rosário em família".
No dia 25/06/85 a vidente Marija pergunta a Nossa Senhora o que deseja dizer aos sacerdotes. Ela responde: "Caros filhos, eu os exorto a convidar todos à Oração do Rosário. Com o rosário, vencerão todas as dificuldades que Satanás, neste momento, quer colocar no caminho da Igreja Católica. Vocês todos, Sacerdotes, Rezem o Rosário. Consagrem tempo ao Rosário".

O Papa, no 80º aniversário das aparições em Fátima, disse: "Caríssimos irmãos, rezai o Rosário todos os dias! Peço vivamente aos pastores para rezar o Rosário nas suas comunidades cristãs. Ajudai o povo de Deus a retornar à oração cotidiana do Rosário".

A Origem da Ave-Maria

É bom lembrar que, a segunda parte da Ave-Maria ("Santa Maria, Mãe de Deus"), foi introduzida na oração por ocasião da vitória sobre a heresia nestoriana, deflagrada no ano de 429.
O bispo Nestório, Patriarca de Constantinopla, afirmava ser Maria mãe de Jesus e não Mãe de Deus. O episódio tomou feições tão sérias que culminou no Concílio de Éfeso convocado pelo Papa Celestino I. Sob a presidência de São Cirilo (Patricarca de Alexandria), a heresia foi condenada e Nestório, recusando a aceitar a decisão do conselho, acabou sendo excomungado.


Conta-se que no dia de encerramento do Concílio, onde os Padres Conciliares exaltaram as virtudes e as prerrogativas especiais da VIRGEM MARIA, o Santo Padre Celestino ajoelhou-se diante da assembléia e saudou Nossa Senhora, dizendo: "SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém."
Na continuidade dos anos, esta saudação foi unida àquela que o Arcanjo Gabriel fez a Maria, conforme o Evangelho de Jesus segundo São Lucas 1,26-38 "Ave cheia de graça, o Senhor está contigo!" e também, a outra saudação que Isabel fez a Maria, para auxiliá-la durante os últimos três meses de sua gravidez: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre." (Lucas1, 42) Estas três saudações deram origem a AVE MARIA.


Como surgiu a oração do Santo Rosário

A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como Saltério dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai Nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.
Posteriormente fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.


Rosa das rosas, Rainha das rainhas.
A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'.
Nossa Senhora é a Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), e em sua homenagem o nome Rosário, que vem de Rosas. A Virgem Maria revelou a muitas pessoas que cada vez que rezam uma Ave Maria lhe é entregue uma Rosa espiritual, e por cada Rosário completo, lhe é entregue uma Coroa de Rosas.
A rosa é a rainha das flores, Rosa das rosas, como é a Rainha das rainhas. sendo assim o Rosário a Rosa de todas as devoções e, portanto, a mais importante.


O Santo Rosário é considerado a oração perfeita porque junto com ele está a majestosa história de nossa salvação. Com o rosário, meditamos os mistérios de gozo, de dor e de glória de Jesus e Maria. É uma oração simples, humilde como Maria. É uma oração que podemos fazer com ela, a Mãe de Deus. Com o Ave Maria a convidamos a rezar por nós. A Virgem sempre nos dá o que pedimos. Ela une sua oração à nossa. Portanto, esta é mais poderosa, porque Maria recebe o que ela pede, Jesus nunca diz não ao que Sua Mãe lhe pede. Em cada uma de suas Aparições, nos convida a rezar o Rosário como uma arma poderosa contra o maligno, para nos trazer a verdadeira paz.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Abuso sexual - Excomunhão de médicos que fizeram aborto em menina de 9 anos em PE corre o mundo

Excomunhão de médicos e demais envolvidos no aborto corre o mundo

Correu o mundo a excomunhão dos médicos, da família e de integrantes de ONG´s envolvidas no aborto de gêmeos, feito legalmente em uma menina de 9 anos , vítima de estupro. A decisão de excomungar os que participaram do aborto foi anunciada pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho .

No site da rede britânica BBC, a noticia foi a mais lida durante a quinta-feira. A rede Foxnews noticiou a excomunhão, citando a entrevista do arcebispo à TV Globo, e lembrando dos casos em que o aborto é permitido no Brasil. O espanhol El Pais ressaltou que no Brasil os assuntos de Estado não costumam se misturar com os de igreja. Em sua página, o New York Times citou que o aborto legal foi realizado a despeito da oposição da igreja. A decisão do bispo católico foi noticiada até no Karachi News, do Paquistão, país de maioria muçulmana.

Na manhã desta sexta-feira, menina deixou o hospital Cisam, no Recife, onde foi realizado o procedimento. Ela não voltará a viver na cidade de Alagoinha, no agreste pernambucano, onde a família vivia . Ela e a mãe foram encaminhadas a um abrigo, em local não divulgado, para que possam se recuperar. A criança teve alta médica na noite de quinta-feira.

De acordo com o médico responsável pelo caso, Sérgio Cabral, ela ainda passou a noite no hospital e pela manhã foi levada pelo Ministério Público e pela Secretaria da Mulher junto com a mãe, que detém a guarda da menina.
Os médicos estão satisfeitos com o estado de saúde da menina. O processo de interrupção da gravidez começou na noite da última terça-feira. A menina recebeu doses de um remédio para estimular a expulsão dos fetos, o que aconteceu no fim da manhã da última quarta-feira.
Logo depois, ela passou por um procedimento cirúrgico, uma curetagem para a limpeza do útero e a retirada dos restos da placenta. Apesar da anestesia geral, ela se recuperou rapidamente, de acordo com os médicos.

Sérgio Cabral, diretor da maternidade pública onde foi feita a interrupção da gravidez, voltou a defender a necessidade do procedimento. Segundo ele, a menina que tem apenas 33 quilos e um 1,36 metros de altura, não tem ainda o aparelho reprodutor totalmente formado.
- A gravidez de gêmeos, com dois ou mais fetos, já é considerada de alto risco por inúmeros fatores. Imagine você ter uma gravidez levada adiante em uma criança com nove anos - afirma.
O diretor da maternidade Cisam, onde foi realizado o procedimento, está entre os excomungados e comentou a decisão do arcebispo.
- Nós apenas temos a dizer que continuaremos a atender mulheres vítimas de violência sexual e garantir-lhes o direito por lei de serem adequadamente assistidas, inclusive no abortamento previsto em lei caso seja necessário - disse o médico.

Carla Batista, educadora da S.O.S Corpo, que comandou uma mobilização para que o aborto fosse autorizado pela Justiça disse que tem formação católica e que a excomunhão não muda sua relação com a igreja.
- Tenho toda tranquilidade de tudo que foi feito. Acho que agimos de uma forma correta, justa, buscando levar esse caso à melhor solução possível, que trouxesses maior amparo e respaldo para essa mulher e a sua filha - afirma.

O ministro da saúde, José Gomes Temporão, considerou radical e inadequada a posição do arcebispo.
Nesta quinta, em entrevista ao Jornal da Globo, Dom José disse que a excomunhão não depende da vontade dele. Segundo a visão do Arcebispo, as pessoas envolvidas estariam automaticamente sujeitas à punição da igreja.

- Não se pode dizer, como estão repetindo por aí, que Dom José Arcebispo de Recife excomungou. Quem comete aborto, está automaticamente se excomungando - disse Dom José.
O Arcebispo disse ainda que não se arrepende de ter anunciado a punição. "Eu me arrependeria se não tivesse feito isso. Seria um pecado de omissão", diz.
O padrasto da criança está preso em Pesqueira, no agreste de Pernambuco. Jaílson José da Silva, de 23 anos, foi indiciado por estupro qualificado.

Padrasto que violentou menina de 9 anos em PE não será excomungado pelo arcebispo de Recife

O arcebispo de Olinda e Recife, José Cardoso Sobrinho, não excomungou o padrasto que estuprou e engravidou a enteada de 9 anos em Alagoinha, Pernambuco. Grávida de gêmeos, a menina foi submetida a aborto na última quarta-feira e o arcebispo excomungou os médicos que participaram do procedimento e a mãe . Para o religioso, no entanto, Jailton José da Silva, o padrasto, que foi indiciado por estupro e está preso, não está incluído na excomunhão.

- Ele cometeu um crime hediondo, mas não está incluido na excomunhão. Existem tantos outros pecados graves. Mais grave do que isso, é o aborto, eliminar uma vida inocente - afirmou o arcebispo.

Nesta sexta-feira, em visita a Vitória, no Espírito Santo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou os médicos e afirmou que o arcebispo teve posição conservadora.

- Como cristão e católico, lamento profundamente que um bispo católico tenha comportamento conservador como este. Acho que, neste aspecto, a medicina está mais correta que o bispo - disse o presidente, ao lembrar que a violência é responsabilidade de todos e é fruto da degradação da sociedade.

Um dos médicos que participaram do aborto, Rivaldo Albuquerque, é católico e disse que não deixará de ir à missa.

- Minha tristeza de dá porque a Igreja poderia levar para o lado da fraternidade, mas leva para o lado do conflito. Não é esta igreja que a gente gosta, que o povo quer. O povo quer uma igreja de perdão, amor e misericórdia - disse o médico.

A equipe médica que fez o aborto recebeu mais de 500 mensagens de apoio de médicos e especialistas, que afirmaram que a decisão foi correta. A menina deixou nesta sexta-feira o hospital e se recupera bem. Junto com a mãe, ela foi encaminhada a um abrigo e não deve voltar a viver em Alagoinha, onde morava com a família e o padrasto.

Perguntado se todas as mulheres que fizeram aborto após serem violentadas foram excomungadas, Dom Antonio Muniz, da regional Nordeste da CNBB, afirmou que cada caso é um caso e "continua sendo analisado como tal".

A notícia da excomunhão dos envolvidos no aborto correu o mundo e foi comentada pela imprensa de diversos países.

No site da rede britânica BBC, a noticia foi a mais lida durante a quinta-feira. A rede Foxnews noticiou a excomunhão, citando a entrevista do arcebispo à TV Globo, e lembrando dos casos em que o aborto é permitido no Brasil. O espanhol "El Pais" ressaltou que no Brasil os assuntos de Estado não costumam se misturar com os de igreja. Em sua página, o "New York Times" citou que o aborto legal foi realizado a despeito da oposição da igreja.

A decisão do bispo católico foi noticiada até no "Karachi News", do Paquistão, país de maioria muçulmana.

Assuntos da Igreja Católica são assuntos da Igreja Católica e não sabe aos políticos explora-los

Governo rebate Igreja

Anúncio de arcebispo sobre a excomunhão dos médicos e da mãe da criança de 9 anos que fez um aborto depois de um estupro gera bate-boca com ministro da Saúde. Temporão chama decisão de “lamentável”

Um dia depois de declarar que todos os envolvidos na realização do aborto induzido feito pela menina de 9 anos grávida de gêmeos do padrasto seriam excomungados, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, deu ontem uma série de entrevistas para rebater a enxurrada de críticas que recebeu da sociedade civil e até de teólogos. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, entrou na briga e classificou o anúncio da excomunhão de “lamentável”, “radical” e “inadequado”. “Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante (quanto)”, definiu.

Com o livro Catecismo da Igreja Católica em mãos, que compila os principais fundamentos teológicos do catolicismo, e apontando um dos artigos do Direito Canônico (Canôn nº 1.398), modificado pelo então papa João Paulo II em 1983, dom José alegou que sua decisão seguiu uma norma episcopal, legalizada pelo Vaticano, e não uma idiossincrasia. “Não excomunguei ninguém. Isso é uma loucura. (A ordem) não é fruto de um pensamento pessoal, mas de uma doutrina da Igreja”, replicou.

Dom José reafirmou a condenação do aborto em qualquer situação, dizendo que “nenhuma lei dos homens deve contrariar a lei de Deus”. Para o líder religioso, apesar de os médicos avaliarem que a gestante corria sérios riscos de morte, havia chances de os dois bebês nascerem. Segundo ele, a criança, se não tivesse sofrido aborto, poderia ter sobrevivido até o sexto mês de gestação e, assim, ser submetida a um parto cesariano, de modo que as três vidas fossem salvas. “Não se poderia optar pela morte. A lei de Deus é não matar. Não se pode fazer exceção alguma. Mesmo que a mãe corresse o risco de morrer, não se justifica matá-los”, explicou.

O arcebispo chegou a afirmar que “o estupro é um crime gravíssimo, mas não mais grave que o aborto”. Pela norma do Direito Canônico, realizar aborto é motivo de excomunhão latae sententia (em latim: sentença imediata, sem julgamento) a quem pratica ou coopera. “O aborto é um crime contra uma pessoa inocente que não dá o direito de a vítima se defender”, justifica.

Ele ainda respondeu aos ataques do comentarista Arnaldo Jabor, que o chamou de “inquisidor” e “dogmático”, e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que classificou de “lamentável” a postura da Igreja. Ao saber do conteúdo das críticas, riu. “Não sei o que querem dizer com ‘dogmático’. Sou um religioso que obedece à Bíblia e está com Jesus Cristo. O que dizem são palavras soltas”, declarou, dizendo não temer retaliações da sociedade. “Quem é cristão praticante aceitará a decisão. Acho importante a liberdade de religião, mas a lei de Deus deve estar acima.”

Sem arrependimento
“Graças a Deus estou no rol dos excomungados”, reagiu ontem a diretora do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) — onde a menina fez o aborto —, Fátima Maia. Católica, ela disse ter agido como diretora de um instituto referencial no estado para atendimento à mulher vítima de violência sexual, mas pessoalmente também não tem qualquer arrependimento. “Abomino a violência e teria feito tudo novamente”, destacou. “O Cisam fez e vai continuar fazendo, estamos preparados, qualificados e referenciados para esse tipo de atendimento há 16 anos.” A diretora do Cisam lembrou que a criança poderia ter ruptura de útero, hemorragia e bebês prematuros, além do risco de diabetes, hipertensão, eclampsia e, também, de se tornar estéril.

Católico de batismo, mas não praticante, o gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, um dos que participaram da interrupção da gravidez de 15 semanas da criança, frisou não ter qualquer problema de consciência. “Estou cumprindo um trabalho perante a população pobre de Pernambuco que só tem o Sistema Único de Saúde (SUS) para resolver seus problemas.”

Coordenadora do Grupo Curumim, uma organização feminista que trabalha com reprodução feminina e integra o Fórum de Mulheres de Pernambuco, Paula Viana criticou abertamente o arcebispo. “Assusta achar que a vida de uma menina vale menos que o pensamento de um religioso fundamentalista.”

Proteção
A menina não voltará para a cidade onde mora, em Alagoinha, no agreste de Pernambuco. Pelo menos por enquanto, a criança e a mãe, uma mulher de 39 anos, irão permanecer em uma casa-abrigo na Região Metropolitana de Recife, cujo endereço está sendo mantido em sigilo. Elas foram acolhidas por um Programa de Proteção às Vítimas de Abuso Sexual, administrado pela Secretaria Estadual da Mulher. A menina ainda não recebeu alta da maternidade do Cisam. Os médicos acharam melhor acompanhar a reação da criança aos medicamentos para profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis (DST), procedimento realizado em vítimas de estupro, conforme determinação do Ministério da Saúde.

O padrasto da criança, que está preso, será indiciado por estupro qualificado, afirmou ontem o delegado Antônio Dutra, da delegacia de Alagoinha (PE).