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domingo, 25 de outubro de 2009

Decisão ousada de Sua Santidade Papa Bento XVI

A vez dos padres casados
Decisão do papa Bento XVI permite que os anglicanos se tornem sacerdotes católicos com esposa e filhos
Em uma manobra que foge a sua tradição secular, a Igreja Católica Apostólica Romana anunciou na semana passada que incluirá padres casados da Igreja Episcopal Anglicana em seus quadros.
"Agora, a Igreja Católica terá dois tipos de padres: os casados e os celibatários", resumiu o padre Elias Wolff, assessor da comissão episcopal para o ecumenismo e diálogo inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em uma prévia do documento que detalhará as regras para a transição, chamado "Constituição Apostólica", ficou definido que a mudança será permitida apenas aos padres anglicanos e seminaristas - os bispos ficaram de fora. O sacerdote anglicano que pretender se tornar um religioso católico deverá passar por uma reciclagem doutrinária. Ao final do curso, uma prova será ministrada e os aprovados terão status idêntico ao dos padres católicos de origem, o que inclui competência para executar todos os sacramentos.

"Com a decisão, a igreja atende a uma de manda antiga dos anglicanos conservadores, conhecidos como anglocristãos", explica o padre Wolff. O grupo, avesso a modernidades desde o começo da Igreja Anglicana, cresceu e se distanciou ainda mais dos progressistas nos últimos anos, quando a instituição passou a aceitar, oficialmente, mulheres e homossexuais como bispos. Os detalhes do processo de transição ainda não estão totalmente definidos. O que se sabe é que os anglicanos que optarem pela mudança constituirão uma nova paróquia, e se espera que eles tragam fiéis da igreja antiga para ajudar a constituí-la. A influência dos sacerdotes convertidos dificilmente se estenderá para além dessa área e ele terá liberdade para manter algumas das tradições e ritos que não estejam em desacordo com a doutrina católica apostólica romana.
Para o alto escalão da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a medida que abre as portas do Vaticano aos anglicanos conservadores não é uma surpresa. O secretário-geral da instituição, reverendo cônego Francisco de Assis da Silva, já tem até uma estimativa para o número de conversões. "Não ultrapassará os 500 mil", diz ele. Isso representa cerca de 6,5% dos 77 milhões de anglicanos espalhados pelo mundo. No Brasil, onde há 100 mil fiéis, a proporção deve ser a mesma. Em 2003, quando Gene Robinson, abertamente gay, foi nomeado bispo anglicano na Diocese de New Hampshire, nos Estados Unidos, muitos fiéis ensaiaram romper com a instituição. Nem por isso a igreja arredou pé de suas convicções. "A única coisa inquestionável entre nós é a fé", diz Assis. "Fora ela, todas as outras matérias estão abertas à discussão", afirma. A Igreja Anglicana também apoia o uso de métodos de controle de natalidade e defende as pesquisas com células-tronco. "Se os estudos têm implicações sociais positivas e levam à preservação da vida, por que não apoiálos?", questiona Assis. Os católicos, como se sabe, têm opinião contrária. E o Vaticano já antecipou que não admitirá opiniões divergentes nessas questões.

A tolerância e a abertura para o diálogo são parte da identidade da Igreja Episcopal Anglicana. Criada em 1534 pelo rei Henrique VIII, da Inglaterra, ela surgiu em plena reforma protestante, em que tudo era razão para questionamentos, e nasceu como dissidência do catolicismo romano. As razões que teriam culminado com o rompimento da Inglaterra com o Vaticano e a consequente criação da Igreja Anglicana são tão variadas quanto polêmicas. Alguns ainda defendem que a cisma aconteceu porque o rei queria anular seu casamento com a espanhola Catarina de Aragão, o que era e ainda é proibido pela Igreja Católica, e se casar com Ana Bolena, sua amante. Talvez, mas não foi só essa a motivação do monarca. Depois de romper com Roma, o rei se autointitulou líder religioso do país, confiscou propriedades da Igreja Católica nas ilhas britânicas, que não eram poucas, e suspendeu o pagamento anual de impostos da coroa inglesa ao Vaticano. Os mais tradicionais se juntaram em um grupo que acabou conhecido como os anglo-cristãos e hoje permanecem como a porção conservadora do anglicanismo. Já os progressistas assumiram uma identidade de reformistas protestantes e continuam mais abertos às mudanças. Hoje, o anglicano que rumar para a Igreja Católica, seja ele conservador ou progressista, será visto como um agente de transformação.
"Para a Igreja Católica, é interessante acolher um padre anglicano", afirma o reverendo Aldo Quintão, deão da Catedral Anglicana de São Paulo e ex-frade carmelita. Segundo ele, a maioria dos anglicanos tem formação acadêmica impecável, com passagens por seminários na Inglaterra, berço da religião, e pelos Estados Unidos. Eles elevariam o nível dos sacerdotes católicos, ainda mais numa época em que as vocações estão em baixa. "Acho até sensata a decisão de levar os anglocristãos", afirma o ex-frade. "O movimento pode ser um sinal de que Roma está aceitando a modernidade de forma enviesada." Faz sentido.
Não é todo dia que se vê um padre dando sermão a um rebanho de fiéis que pode incluir sua esposa e seus filhos. Mas, ao que tudo indica, isso pode se tornar cada vez mais comum.

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