Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
22º Domingo do Tempo Comum
Anúncio do Evangelho (Mc 7,1-8.14-15.21-23)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos,
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?”
6Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.
14Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai, todos, e compreendei: 15o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, homicídios, 22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Vós abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana»
Hoje, a palavra do Senhor ajuda-nos
a perceber que acima dos costumes humanos estão os Mandamentos de Deus.
De facto, com o passar do tempo, é fácil nós distorcermos os conselhos
evangélicos e, dando-nos ou não conta, substituir os Mandamentos ou
então afogá-los com uma exagerada meticulosidade: «chegando da praça,
eles não comem nada sem a lavação ritual. E seguem ainda outros costumes
que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras,
vasilhas de metal?» (Mc 7,4). É por isso que a gente simples, com um
sentimento popular comum, não fez caso dos doutores da lei nem dos
fariseus, que sobrepunham especulações humanas à Palavra de Deus. Jesus
aplica a denúncia profética de Isaías contra os religiosamente
hipócritas («O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito,
hipócritas, como está escrito: «Este povo me honra com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim»: (Mc 7,6)).
Nos últimos anos, São João Paulo II, ao pedir perdão em nome da Igreja
por todas as coisas negativas que os seus filhos tinham feito ao longo
da história, manifestou-o no sentido de que «nos tínhamos separado do
Evangelho».
«Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da
pessoa é que a torna impura» (Mc 7,15), diz-nos Jesus. Só o que sai do
coração do homem, desde a interioridade consciente da pessoa humana, nos
pode fazer mal. Esta malícia é que causa dano a toda a Humanidade e a
cada um. A religiosidade não consiste precisamente em lavar as mãos
(recordemos Pilatos que entrega Jesus Cristo à morte!), mas em manter
puro o coração.
Dito de uma maneira positiva, é o que nos diz santa Teresa do Menino
Jesus nos seus Manuscritos biográficos: «Quando contemplava o corpo
místico de Cristo (?) compreendi que a Igreja tem um coração (?)
entusiasmado de amor». De um coração que ama surgem as obras bem feitas
que ajudam em concreto a quem precisa («Porque tive fome, e me destes de
comer?»: Mt 25,35).
Rev. D. Josep Lluís SOCÍAS i Bruguera (Badalona, Barcelona, Espanha)
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