Nossa Senhora do Carmo: “Senhora do Escapulário”
Vale
a pena vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo
Escapulário, pois na hora que mais precisar ela estará presente com seu
poderoso e precioso manto.
Escrever
sobre a presença de Maria em nossas vidas, em especial Nossa Senhora do
Carmo, enaltecendo suas virtudes e mostrando suas graças, me faz questionar: será que os devotos da Virgem do Carmo realmente conhecem sua história, suas promessas e sua verdadeira devoção?
Por que Maria entregou o Escapulário?
Por exemplo: Você
sabe como surgiu essa devoção? Sabe quem teve a visão de Maria? Por que
Maria entregou o Escapulário? Qual é o verdadeiro sentido em usar o
Escapulário?
É,
portanto, a partir destes questionamentos e constatações que proponho
esta reflexão, a fim de resgatar a verdadeira história e devoção da
Virgem do Carmo. Porém, mais do que o valor histórico da visão que São
Simão Stock teve, é importante ressaltar a aceitação da Igreja e a aprovação da devoção do Escapulário, como um incentivo para uma vida cristã autêntica, onde sua essência continua sendo o seguimento do Mestre Jesus Cristo.
Aqui, creio eu, vale um pensamento de Leonardo da Vinci que nos alerta: "Quanto mais conhecemos, mais amamos". Portanto,
é isto que quero e pretendo estimular de modo especial: conhecer e
compreender melhor a história da Virgem do Carmo para melhor amá-la e
melhor venerá-la.
A devoção e história de Nossa Senhora do Carmo remonta inevitavelmente ao Monte Carmelo,
onde o grande Profeta Elias viveu na solidão, como ermitão, em torno do
ano de 850 a.C. Mas era um homem de Deus, pois deixava que o Senhor
fizesse parte de sua vida. Desta forma, ele se colocava atento aos
apelos de Deus. Era no Deus Único e Verdadeiro que o Profeta tirava
forças e coragem para defender o seu povo.
No
seu tempo, Elias enfrenta o rei Acab, anunciando a praga da seca e
caminha para o deserto. Ali é alimentado por Deus com pão e carne (1Rs
17,4-6). Desta forma, Elias refaz a caminhada do povo, revivendo a
história do passado e despertando na origem da fé o caminho do
reencontro com Javé. O Profeta Elias foi um grande testemunho da
presença de Deus naquele tempo (1Rs 17,1;18,15). Diante do povo, ele era
um homem de Deus, que falava em nome de Javé (1Rs 17,24). Sempre se
retirava na solidão (1Rs 17,3;19,3-8), seu alimento era o que a natureza
oferecia (1Rs 17,4) e partilhava com os pobres destes alimentos (1Rs
17,15).
Após
algum tempo, seguindo as ordens do Senhor, Elias se apresenta ao rei
Acab e enfrenta a Rainha Jezabel, esposa do rei, que tinha interesses em
desviar o povo de um Deus, único e verdadeiro, para adorar um falso
deus chamado Baal. Ela mesma havia criado um grupo de falsos profetas
que deveriam divulgar esta devoção ao deus Baal. Profeta Elias, diante
de tal situação, revoltou-se e colocou-se para um grande desafio. Pediu
que todo o povo de Israel fosse avisado e que se reunisse no Monte
Carmelo. Ele estava sozinho diante de quatrocentos e cinquenta profetas
de Baal; e assim, Elias enfrentou estes profetas sem medo algum e,
diante do povo, provou que o Deus verdadeiro estava ao seu lado.
Inspirados na coragem e no testemunho do profeta, o povo se rebelou
contra os profetas e seu falso deus. A partir de então, foram crescendo
grupos de profetas que viviam em comunidades. (1Rs 19,19-21), (2Rs
2,1-15)
Tempos
depois, também inspirados pelos testemunhos de Elias e em seu modo de
viver através da oração e do silêncio, um grupo de homens, vindo de
várias partes da Europa, chegou ao Monte Carmelo procurando entregar
suas vidas a Nosso Senhor Jesus Cristo. Entre 1206 e 1214, Santo Alberto
redigiu uma regra para estes eremitas. A Regra da Ordem do Carmo foi
aprovada definitivamente pelo Papa Inocêncio IV, em 1247.
Segundo
a História, quando esta Ordem atravessou uma forte crise, seus
discípulos foram expulsos, tendo então que se adaptar à realidade da
Europa, e foi lá que ocorreu o grande milagre e a maravilhosa
intervenção da Nossa Senhora, depois chamada Nossa Senhora do Carmo. Na
Europa, os Carmelitas sofreram muito a ponto de se extinguir e foi neste
momento que Nossa Senhora apareceu ao Superior Geral dos Carmelitas,
chamado Simão Stock, na noite de 16 de julho de 1251, prometendo ajudar a
Ordem e dando a ele o Escapulário, como sinal de aliança e proteção
Existem outros elementos importantes desta aparição, porém, meditemos sobre isto: Maria ou como também podemos chamá-la “Senhora do Escapulário”, apareceu num momento de extrema provação, dificuldade e porque não dizer num momento de “vida ou morte”.
Observe
que você pode, sem medo, ter confiança e certeza nesta devoção, amor e
fervor pela Virgem do Escapulário, pois desde o início ela se mostrou
solidária e compassiva aos momentos extremados de dificuldade,
sofrimento e provação.
Portanto,
a partir deste fato histórico que muitas vezes passa despercebido, você
pode tirar uma grande lição e uma inabalável certeza: Vale a pena
vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo Escapulário, pois
na hora que mais precisar, como aconteceu aos carmelitas, ela estará lá
presente com seu poderoso e precioso manto.
Vários
Papas promoveram o uso do Escapulário e Pio XII chegou a escrever:
"Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do Escapulário de Nossa
Senhora do Carmo – e ainda – Escapulário não é 'carta-branca' para pecar; é uma 'lembrança' para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte".
Escapulário é a expressão de um manto que cai sobre os ombros, pois a palavra Escapulário vem do latim “scapulae” que
tem como significado “ombros”. Ele pode ser confeccionado com materiais
diferentes, mas o princípio é sempre o mesmo: um cordão longo ligando
duas imagens: uma do Sagrado Coração de Jesus e outra de Nossa Senhora
do Carmo, ou Virgem do Carmelo, como também é conhecida, com o Menino
Jesus no colo.
Porém,
para os cristãos, não deve importar o material do qual esse sacramental
é feito, mas sim, o significado que tem ao se colocar sobre os ombros.
Ele é a aceitação de um compromisso, um pacto velado que você assumiu:
você cuida de sua fé e devoção e a Santa o cuida e protege.
Reitor do Santuário Nossa Senhora do Carmo - Curitiba/PR
Fonte: A 12
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