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sábado, 3 de abril de 2010

Sábado Santo e José de Arimatéia

A volta para casa, depois do enterro; o sábado; prisão de José de Arimatéia.

Já era a hora em que começava o sábado. Nicodemos e José voltaram à cidade, passando por uma pequena porta que havia no muro da cidade, perto do jardim e que, se bem me lembro, lhes era concedida por favor particular. Disseram à Santíssima Virgem, a João, Madalena e algumas mulheres que ainda queriam ir ao Monte Calvário, para rezar e buscar algumas coisas ali deixadas, que essa porta, como também o portão para o Cenáculo, lhes seriam abertos, se batessem. Maria Helí, a irmã já idosa da Santíssima Virgem, foi conduzida à cidade por Maria Marcos e outras mulheres. Os criados de Nicodemos e José voltaram ao Monte Calvário, para buscar os utensílios que lá tinham deixado.

Os soldados reuniram-se àqueles que ocupavam a porta que dava para o Monte Calvário; Cássio seguiu para o palácio de Pilatos, levando a lança e relatou-lhe tudo que acontecera, prometendo também lhe dar notícias exatas de tudo quanto ainda sucedesse, se o mandasse acompanhar a guarda do sepulcro, a qual os judeus, segundo fora informado, viriam requerer-lhe. Pilatos escutou todas as informações com um oculto terror, tratou-o porém, como fanático e com nojo e medo supersticioso da lança que Cássio trouxera consigo, mandou-lhe que a levasse para fora da sala.

Quando a Santíssima Virgem e os amigos voltavam com os utensílios do Monte Calvário, onde ainda tinham rezado e chorado, viram um destacamento de soldados que lhes vinha ao encontro; retiraram-se então para os dois lados do caminho, para deixar passar a tropa. Esta se dirigiu ao Monte Calvário, provavelmente para tirar, ainda antes do sábado, as cruzes e enterrá-las. Depois de terem passado, as santas mulheres continuaram o caminho em direção à pequena porta da cidade.

José e Nicodemos encontraram-se na cidade com Pedro, Tiago o Maior e Tiago o Menor. Todos estavam chorando. Pedro especialmente estava muito triste, preso de violenta dor; abraçou-os soluçando, acusou-se a si mesmo, lastimando não ter estado presente à morte do Senhor e agradeceu-lhes terem dado sepultura ao corpo sagrado. Todos estavam desvairados de dor. Pediram ainda para serem recebidos no Cenáculo, quando batessem e despediram-se, para procurar ainda outros discípulos dispersos.

Vi mais tarde a Santíssima Virgem e as amigas baterem à porta do Cenáculo e serem recebidas, como também Abenadar e, pouco a pouco, os demais Apóstolos e vários discípulos. As santas mulheres retiraram-se para a parte onde habitava a Santíssima Virgem; tomaram um pouco de alimento e passaram ainda alguns minutos, recordando com tristeza e dor tudo o que se tinha passado. Os homens revestiram-se de outras vestes e vi-os começarem o sábado de pé, sob um candeeiro.

Depois comeram ainda carne de cordeiros, em diversas mesas, no Cenáculo, mas sem cerimônias; pois não era o cordeiro pascal, que já tinham comido na véspera. Reinava tristeza e desânimo geral. Também as santas mulheres rezavam com Maria, à luz de um candeeiro. Mais tarde, quando já escurecera totalmente, foram ainda recebidos Lázaro, Marta, Maroni, a viúva de Naim, Dina Sumarites e Maria Sufanites, que depois de começar o sábado, vieram de Betânia e a dor renovou-se pela narração de tudo que se passara.

Mais tarde saíram José de Arimatéia e alguns discípulos e diversas mulheres do Cenáculo, voltando para casa; iam tímidos e tristes pelas ruas de Sião, quando de repente um grupo de homens armados saiu de uma emboscada, arremessando-se sobre eles e prendendo José de Arimatéia, enquanto os outros fugiram com gritos de terror. Vi encarcerarem o bom José numa torre do muro da cidade, não muito longe do tribunal. Caifás mandara soldados pagãos executarem essa prisão, porque não eram obrigados a guardar o sábado. Os inimigos tinham a intenção de deixar José morrer de fome e não falar nesse desaparecimento.

6. A guarda no túmulo de Jesus

Na noite de sexta-feira para sábado vi Caifás e os príncipes dos judeus reunirem-se em conselho, para decidir o que deviam fazer, diante dos acontecimentos milagrosos e da excitação do povo. Depois foram ainda durante a noite, procurar Pilatos e disseram-lhe que se tinham lembrado de que aquele impostor tinha dito, quando ainda vivia, que no terceiro dia após a morte ressuscitaria; pediam-lhe que por isso mandasse guardar o sepulcro até o terceiro dia, para que os discípulos de Jesus não lhe roubassem o corpo, divulgando em seguida que tinha ressuscitado dos mortos, pois dessa forma seria a segunda impostura pior do que a primeira.

Pilatos, porém, não quis intrometer-se mais nessa questão e disse-lhes: “Tendes uma guarda; ide guardar o túmulo como entenderdes”. Mandou, porém, Cássio acompanhar a guarda e observar e relatar-lhe depois tudo. Vi os doze fariseus saírem da cidade, antes do pôr do sol. Os doze soldados que os acompanhavam, não estavam vestidos à forma romana: eram soldados do Templo e pareciam-me uma espécie de guarda de corpo. Levaram braseiros, fixos sobre hastes, para poder ver tudo durante a noite e para ter luz na escuridão do sepulcro.

Ao chegar, certificaram-se da presença do corpo, amarraram uma corda à porta do túmulo, dessa corda fizeram passar uma segunda à pedra, selando essas cordas com um selo semilunar. Depois voltaram à cidade e os guardas sentaram-se defronte da porta exterior do sepulcro. Ficavam alternadamente cinco ou seis homens, indo de vez em quando alguns à cidade, para buscar víveres.

Cássio, porém, não deixou o posto; permanecia em pé ou senado, no fosso em frente à entrada da gruta, de modo que podia ver o lado do túmulo fechado, onde repousavam os pés do Senhor. Recebeu grandes graças interiores e a inteligência intuitiva de muitos mistérios; como não estivesse acostumado a tais estados sobrenaturais, ficava, a maior parte do tempo dessa iluminação espiritual, como que embriagado, inconsciente das coisas exteriores. Foi nesse tempo que se converteu inteiramente, tornando-se novo homem; passou o dia em atos de arrependimento, ação de graças e adoração.

7. Os amigos de Jesus no Sábado santo

Vi á noite, como já mencionei, os homens reunidos no Cenáculo, cerca de vinte, de vestes longas e brancas e cingidos, celebrando o sábado, à luz de um candeeiro e depois de comer, separaram-se para dormir. Diversos foram para casa. Também hoje os vi reunidos no Cenáculo, na maior parte do tempo em silêncio, rezando e lendo alternadamente e de vez em quando deixando entrar alguns que chegavam.

No local onde ficava a Santíssima Virgem, havia uma grande sala e nessa alguns recantos separados por biombos ou tapetes, para servirem de quartos de dormir. Depois que as santas mulheres, voltando do sepulcro, tinha posto todos os utensílios nos respectivos lugares, acendeu uma delas um candeeiro, que pendia no centro da sala.

Reuniram-se sob este candeeiro, em roda da Santíssima Virgem, rezando alternadamente, com grande devoção e tristeza. Depois tomaram algum alimento. Entraram na sala Marta, Maroni, Dina e Mara, que depois de começar o sábado, tinham vindo de Betânia, com Lázaro, que se juntou aos homens reunidos no Cenáculo. Contaram chorando aos recém-chegados a morte e a sepultura do Senhor e como já era tarde, alguns dos homens, entre os quais José de Arimatéia, mandaram chamar as mulheres que queriam voltar para suas casas na cidade e despediram-se. Ao voltar este grupo para casa, José foi preso, perto do tribunal de Caifás, como já contei e encarcerado numa torre.

As mulheres que ficaram no cenáculo, separaram-se então, indo para as mencionadas celas de dormir; puseram panos compridos sobre a cabeça e por algum tempo ali permaneceram sentadas no chão, em triste silêncio, encostadas às cobertas, que estavam enroladas ao pé da parede. Depois se levantaram, desenrolaram as cobertas, tiraram as sandálias, cintas e parte do vestuário, velaram-se da cabeça aos pés, como costumam fazer para dormir e deitaram-se para um curto descanso, sobre as cobertas estendidas; pois logo depois de meia noite se levantaram de novo, arrumaram a roupa, enrolaram os leitos e reuniram-se sob o candeeiro, em roda da Santíssima Virgem, para rezarem alternadamente. Tenho visto muitas vezes filhos fiéis de Deus e homens santos, desde que se reza neste mundo, observarem esse costume de orações noturnas, seja incitados por preceitos divinos e eclesiásticos.

Depois da mãe de Jesus e as amigas terem cumpridos esse dever de oração noturna, apesar dos grandes sofrimentos e depois de terem também os homens rezado no Cenáculo, à luz do candeeiro, bateu João, com alguns outros discípulos, à porta da sala das mulheres, que se envolveram imediatamente nos mantos e os seguiram, junto com a Santíssima Virgem, ao Templo.

Vi a Santíssima Virgem, as santas mulheres, João e outros discípulos chegarem ao Templo, quase ao mesmo tempo em que o sepulcro era selado: cerca de três horas da manhã. Era costume de muitos judeus, de madrugada, depois de ter comido o cordeiro pascal, irem ao Templo, que nessa ocasião já era aberto à meia noite, porque começavam os sacrifícios de manhã muito cedo. Naquele dia, porém, estava tudo em desordem, pela interrupção da festa e pala profanação do Templo.

Parecia-me que a Santíssima Virgem, com as amigas, queria somente se despedir do Templo, no qual tinha sido educada, adorando o Santíssimo, até trazer no seio o próprio Santíssimo, que agora fora tão cruelmente imolado, como verdadeiro Cordeiro pascal.

O Templo estava aberto, segundo o hábito desse dia e iluminado por lampiões e até o átrio dos sacerdotes era acessível ao povo, fora os guardas e empregados, como de costume nessa manhã. Mas, lá não havia nenhum fiel. Tudo estava ainda em desordem e devastado pelas terríveis destruições do dia precedente. O Templo estava profanado pela aparição de mortos e eu não podia deixar de perguntar a mim mesma: “Como poderão reparar tudo isto”?

Os filhos de Simeão e os sobrinhos de José de Arimatéia, que estavam muito tristes com a notícia da prisão do tio, encontraram-se com a Santíssima Virgem e os companheiros e conduziam-nos por todas as partes do Templo, da qual eram guardas. Viram silenciosos e assustados toda a destruição, adorando o testemunho divino; só de vez em quando os guias descreviam acontecimentos do dia anterior.

Vi em muitos lugares prejuízos causados pelo terremoto da véspera, que ainda não haviam sido consertados. No ponto onde se juntam o átrio e o Santo do Templo, havia tão larga fenda no muro, que um homem podia passar através e havia perigo dos muros caírem. A verga por cima da cortina, diante do Santo, abaixara, as colunas que a suportavam, cederam para os lados e a cortina pendia de ambos os lados, rasgado de cima a baixo, em duas partes. Pela grossa pedra caída do muro norte do Templo, perto da cela de oração de Simeão, também destruída, formara-se tão grande abertura, no lugar onde aparecera Zacarias, que as santas mulheres puderam passar sem dificuldade e do outro lado, perto da cátedra em que o Menino Jesus ensinara, ver, através da cortina rasgada, o Santo, o que em outros tempos era proibido. Também se fenderam aqui e acolá os muros, afundaram-se partes do solo, umbrais e colunas saíram do lugar.

A SS. Virgem visitou, com os amigos, todos os lugares que lhe eram sagrados, pela lembrança de Jesus. Prostrando-se por terra, beijava os santos lugares, chorando e contava as suas reminiscências, em poucas palavras comovedoras. Também as companheiras faziam o mesmo.

Os judeus têm grande veneração por todos os lugares onde aconteceu alguma coisa que lhes parece sobrenatural; tocam e beijam esses lugares e deitam-se por terra, tocando-a com o rosto. Nunca achei nisso coisa de admirar. Se sabemos, cremos e sentimos que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó é Deus vivo e mora no meio do seu povo, no Templo, na sua casa em Jerusalém, devíamos admirar-nos antes, se não o fizessem. Quem crê em Deus vivo, Pai e Redentor e Santificador dos homens, seus filhos, não se admira que Ele esteja com amor vivo entre os vivos e que estes lhe prestem amor, honra e adoração, bem como a tudo quanto se lhe refere, mais do que aos pais terrestres, amigos, mestres, superiores e príncipes. Os judeus sentiam no Templo e nos lugares sagrados o que sentimos diante do SS. Sacramento.

Mas também entre os judeus havia cegos e “iluminados”, como há também entre nós, que não adoram o Deus vivo e realmente presente, mas se entregam ao culto supersticioso dos ídolos deste mundo. Não se lembram das palavras de Jesus: “Quem me negar diante dos homens, que servem ao espírito e à mentira do mundo, em pensamentos, palavras e obras, sem interrupção, mas rejeitam todo o culto externo de Deus, dizem às vezes, se por ventura ainda não rejeitaram o próprio Deus, como demasiadamente exterior: “Adoramos a Deus em espírito e verdade”; mas não sabem o que isso significa: no Espírito Santo e no Filho, que nasceu de Maria Virgem, que deu testemunho da verdade e viveu entre nós, que morreu por nós neste mundo e quer ficar presente na sua Igreja, no SS. Sacramento, até o fim dos séculos.

A SS. Virgem visitou assim muitos lugares do Templo, venerando-os religiosamente. Mostrou-lhes onde entrara a primeira vez no Templo, quando menina e onde fora educada, na parte sul do edifício, até o casamento. Mostrou-lhes onde desposara São José, onde apresentara Jesus, onde Simeão e Ana proferiram a profecia; nesse lugar chorou amargamente, pois a profecia estava cumprida; a espada transpassara-lhe o coração. Mostrou-lhes onde achara o Menino Jesus ensinando no Templo e beijou respeitosamente a cátedra. Visitaram também a caixa de esmolas, onde a viúva depositara a esmola e o lugar onde o Senhor perdoara à adúltera. Depois de ter deste modo venerado todos os lugares santificados pela presença de Jesus, com recordações, beijos, lágrimas e orações, voltaram a Sião.

De volta, ao amanhecer, no Cenáculo de Sião, Maria e as companheiras se dirigiram à sua habitação separada, situada à direita do pátio da casa. Na entrada se separaram delas João e outros discípulos e foram juntar-se aos homens que, em número de cerca de vinte, permaneciam reunidos, de luto, no Cenáculo, durante todo o sábado, rezando alternadamente, sob a luz do candeeiro.

Vi-os também de vez em quando receberem timidamente alguns recém-chegados, conversando com eles e chorando. Todos mostravam íntimo respeito e certa vergonha diante de João, que ficara com Jesus até à morte. João, porém, era benévolo e afetuoso para com todos e simples como uma criança, tratava a todos com humildade. Vi-os também uma vez tomar uma refeição. Fora disso estavam silenciosos e a casa permanecia fechada. Também não podiam ser inquietados ali, pois a casa pertencia a Nicodemos e haviam–na alugado para a refeição pascal.

Vi depois as santas mulheres reunidas na sala escura, iluminada apenas pela luz do candeeiro, pois as portas e janelas estavam fechadas. Ora se juntavam em roda da SS. Virgem, para a oração, ora se retiravam para suas celas separadas, cobrindo a cabeça com o véu de luto e sentavam-se sobre caixas chatas, cobertas de cinza, em sinal de luto, ou rezavam, com o rosto voltado para a parede. Sempre que se reuniam para rezar, deixavam o véu de luto nas respectivas celas. Vi também as mais fracas tomarem algum alimento, as outras, porém, jejuavam.

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