Santíssima Trindade
Ao começarmos com piedade um ato qualquer da vida cotidiana ou uma oração, costumamos dizer: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A mesma invocação dá início à Santa Missa, que prossegue com uma saudação do sacerdote, tal como: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
1 O mistério da Santíssima Trindade encontra-se presente em nosso dia a dia, todo o tempo. Sabemos, pela doutrina da Igreja, que há três Pessoas Divinas, mas um só Deus. Entretanto, a inteligência humana não abarca esta realidade sobrenatural, entre várias razões por estarmos habituados a tratar com os outros homens, meras criaturas de nossa natureza racional, na qual se confundem numa unidade o ser e a pessoa.
Conhecer a Trindade só é possível pela Revelação
É a fé que nos permite aceitar esta verdade. De tal forma que se o Filho de Deus não a tivesse revelado, impossível seria deduzi-la.
2 O Antigo Testamento não oferece elementos para discernir com precisão a existência da Trindade, mas apenas vestígios e insinuações muito tênues que a fazem, de certa forma, ser pressentida. Por exemplo, ao narrar a obra do sexto dia o Autor Sagrado utiliza o verbo no plural, como se a determinação fosse tomada por várias pessoas: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26). Este e outros textos bíblicos análogos (cf. Gn 3, 22; 11, 7) podem ser considerados sinais da Trindade, embora não sejam explícitos e categóricos.
Os Livros Sapienciais contêm alusões à geração eterna do Verbo pelo Pai. Quando a Sabedoria fala de Si mesma: “O Senhor Me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da Terra. Desde a eternidade fui formada, antes de suas obras nos tempos antigos. Ainda não havia abismos quando fui concebida” (Pr 8, 22-24).
E, na visão de Isaías, os Serafins proclamam “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo!” (Is 6, 3), repetindo o título para honrar as três Pessoas. A razão humana, contudo, nunca teria suficiente capacidade para chegar a tal conclusão e deduzir tais aplicações, pois o sentido da Escritura só se tornou claro depois da Encarnação, como está na Oração do Dia: “Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira Fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente”. 3
Jesus é quem revela a existência do Espírito SantoDe fato, é o Filho de Deus quem anuncia a existência das outras Pessoas, e Ele próprio declara: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26); “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão” (Jo 16, 12-13).
Foi, pois, a partir de Pentecostes que os Apóstolos foram ilustrados pelo Espírito Santo. É Ele quem nos leva a compreender a verdade, ainda que de modo um tanto obscuro, às apalpadelas, como quando entramos num quarto sem luz e, impossibilitados de ver com nitidez, nos movemos com cuidado tateando as paredes e os objetos, até adquirir uma vaga ideia do local. Assim, também, a fé — um dom de Deus pelo qual assentimos às verdades sobrenaturais que nos são propostas 4 — nos confere certa noção difusa a respeito das três Pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.
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Transcrito site: Arautos do Evangelho
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