A Igreja celebra uma devoção tão querida do povo católico em todo o mundo, juntamente com a devoção do sagrado Escapulário.
É muito antiga e conhecida a ordem dos Carmelitas, uma das mais antigas na história da Igreja. Suas raízes vêem do profeta Elias que viveu no monte Carmelo na Terra Santa.
“O Carmo – disse o cardeal Piazza, carmelita – existe para Maria e
Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua
vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual.” Diz o “Livro das instituições” dos
primeiros monges: “Em lembrança da visão que mostrou ao profeta a vinda
desta Virgem sob a figura de uma pequena nuvem que saía da terra e se
dirigia para o Carmelo (cf. 1Rs 18,20-45) os monges, no ano 93 da
Encarnação do Filho de Deus, destruíram sua antiga casa e construíram
uma capela sobre o monte Carmelo, perto da fonte de Elias em honra desta
primeira Virgem voltada a Deus.
Na Bíblia aparece com destaque o Monte Carmelo, que separa a
Palestina da região de Tiro. Sua elevação e beleza é relatada no livro
do Cântico dos Cânticos: “Tua cabeça é como o Carmelo” (Cant. 7,5).
Até
os pagãos veneravam este Monte, pois escritor romano Tácito diz que
havia ali um altar e Suetônio narra que o Imperador Romano Vespasiano aí
ofereceu um sacrifício. No tempo do profeta Elias foi o local de sua
vitória sobre os sacerdotes de Baal. Ali surgiu uma nuvem, sinal da
providencial chuva anunciada por Elias ao rei Acab (1Reis 19,44). Esta
nuvem foi interpretada como o prenúncio da chuva de graças que Maria
faria cair para os que a amam e veneram.
O Monte Carmelo foi morada e refúgio freqüente do profeta Eliseu e
Nossa Senhora é o “Refúgio dos Pecadores”. Os discípulos dos referidos
profetas viveram nas fraldas deste Monte e foram, por assim dizer, os
antecessores dos carmelitas de todas as eras.
Na época das Cruzadas, na Idade Média, para lá se dirigiram muitos
cristãos e através de uma lenta formação deram origem à atual Ordem
carmelita fundada em 1180. Sob a invocação de Santo Elias lá se edificou
um Convento, depois transformado
em Hospital. Quem viaja ao Oriente não deixa de visitar o formoso
mosteiro a quinhentos metros sobre o nível do mar com uma belíssima
Igreja. Debaixo do altar, há uma gruta chamada de Elias onde se celebram
Missas.
Os monges carmelitas foram expulsos pelos sarracenos muçulmanos no
século XIII; eles tinham recebido do patriarca de Jerusalém, santo
Alberto, então bispo de Vercelli, uma regra aprovada em 1226 pelo papa
Honório III; se voltaram, então, para o Ocidente e aí fundaram vários
mosteiros, superando várias dificuldades, nas quais porém, puderam
experimentar a proteção da Virgem. Segundo a tradição carmelita, foi a
16 de julho de 1251 que a Virgem Maria teria aparecido a Simão Stock em
Cambridge, na Inglaterra, lhe entregando o escapulário. Simão Stock era o
superior geral dos Carmelitas, de vida santa e grande atividade
apostólica.
Um acontecimento particular sensibilizou os devotos: “Os irmãos
suplicavam humildemente a Maria que os livrasse das insídias infernais. A
um deles, Simão Stock, enquanto assim rezava, a Mãe de Deus apareceu
acompanhada de uma multidão de anjos, segurando nas mãos o Escapulário
da ordem e lhe disse: “Eis o privilégio que dou a ti e a todos os filhos
do Carmelo: todo o que for revestido deste hábito será salvo.”
Há uma tradição antiga do chamado “privilégio sabatino” de
que as almas devotas do Escapulário, e que morrerem com ele, serão
livres do inferno e livres do purgatório no primeiro sábado após a
morte. Alguns papas recomendaram a devoção ao Escapulário. Numa bula de
11 de fevereiro de 1950, Pio XII convida a “colocar em primeiro lugar,
entre as devoções marianas, o Escapulário que está ao alcance de todos”:
entendido como veste Mariana, esse é de fato um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam.
O Escapulário foi inicialmente uma vestimenta de trabalho dos monges
beneditinos e se tornou o símbolo dos frades. Com o surgimento das
Ordens Terceiras, ou seja, Ordens religiosas destinadas a leigos,
agregadas a uma grande ordem monástica, apareceram grandes e pequenos
escapulários como sinal de união àquele grupo religioso. Através da
devoção do Escapulário muitas graças têm sido obtidas: há muitos
testemunhos em todo o mundo de pessoas salvas da morte, de doenças, de
perigos; casas livres de incêndio e assaltos, etc. ; os benefícios
espirituais, a santificação dos devotos, muitas conversões através dos
tempos, mostram que Nossa Senhora se serve deste sacramental para
ajudar e salvar as almas.
É importante dizer que o Escapulário não pode ser usado apenas como
um objeto “mágico” ou como um “amuleto que dá sorte”, mas supõe sempre a
disposição do católico em cooperar com os auxílios da graça de Deus,
evitando o pecado e observando os Mandamentos.
Prof. Felipe Aquino
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