Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
3º Domingo da Páscoa
Anúncio do Evangelho (Jo 21, 1-19)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.
3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.
Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.
12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. 15Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. 16E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas.
18Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Jesus disse-lhes: ‘Vinde comer’»
Hoje, terceiro Domingo da Páscoa,
contemplamos ainda as aparições do Ressuscitado, este ano, segundo o
evangelista João, no impressionante versículo vinte e um, todo ele
impregnado de referências sacramentais, muito vivas para a comunidade
cristã da primeira geração, a mesma que recolheu o testemunho evangélico
dos próprios Apóstolos.
Eles, depois dos acontecimentos da Páscoa, parece que retornam às suas
ocupações habituais, como se tivessem esquecido que o Mestre os tinha
convertido em “pescadores de homens”. Um erro que o evangelista
reconhece, constatando que —apesar de se terem esforçado— «não pescaram
nada» (Jo 21,3). Era a noite dos discípulos. Apesar disso, ao amanhecer,
a presença conhecida do Senhor dá a volta a toda a cena. Simão Pedro,
que antes tinha tomado a iniciativa na pesca infrutuosa, agora recolhe a
rede cheia: cento e cinquenta e três peixes foi o resultado, número que
representa a soma dos valores numéricos de Simão (76) e de ikhthys
(=peixe, 77). Significativo!
Assim, quando sob o olhar do Senhor glorificado e com a sua autoridade,
os Apóstolos, com a primazia de Pedro —manifestada na tripla profissão
de amor ao Senhor— exercem a sua missão evangelizadora, produz-se o
milagre: “pescam homens”. Os peixes, uma vez pescados, morrem quando são
sacados do seu meio. Assim também os seres humanos, morrem sem que
ninguém os resgate da obscuridade e da asfixia, de uma existência
afastada de Deus e envolvida no absurdo, lavando-os à luz, ao ar e ao
calor da vida. Da vida de Cristo, que ele mesmo alimenta desde a praia
da sua gloria, figura esplêndida da vida sacramental da Igreja e,
primordialmente, da Eucaristia. Nela o Senhor dá pessoalmente o pão e,
com ele, dá-se a si próprio, como indica a presença do peixe, que para a
primeira comunidade cristã era um símbolo de Cristo e, portanto, do
cristão.- Rev. D. Jaime
GONZÁLEZ i Padrós
(Barcelona, Espanha)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«E, tendo comido diante deles, pegou as sobras e as deu a eles. Para provar-lhes a veracidade da sua ressurreição, ele se dignou a comer com eles, para que vissem que ele havia ressuscitado de maneira real e não imaginária» (São Beda)
«Qual é o olhar de Jesus sobre mim hoje? Como Jesus olha para mim? Com uma chamada? Com um perdão? Com uma missão? Estamos todos sob o olhar de Jesus. Ele sempre olha com amor. Ele nos pede algo e nos dá uma missão» (Francisco)
- «O encontro com Jesus ressuscitado transforma-se em adoração: ‘Meu Senhor e meu Deus’ (Jo 20, 28). Assume então uma conotação de amor e afeição, que vai ficar como própria da tradição cristã: ‘É o Senhor!’ (Jo 21,7)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 448)
Nenhum comentário:
Postar um comentário