Santo Antonino de Florença
Foi recusado, pois o superior não confiou em seu corpo pequeno e magro, aparentemente fraco. Disse a Antonino que só seria aceito se ele decorasse completamente todo o Código de Direito Canônico, coisa julgada impossível e que ninguém fizera até então. Mas Antonino não se deu por vencido e, poucos meses depois, procurou novamente o superior e provou que cumprira a tarefa.
Foi admitido de imediato e se fez um modelo de religioso, apesar de poucos acreditarem que ele pudesse resistir à disciplina e aos rígidos deveres físicos que a Ordem exigia. Ordenado sacerdote, ocupou cargos muito importantes. Foi superior em várias casas, provincial e vigário-geral da Ordem. Deixou escritos teológicos de grande valor. Entretanto, mais do que seus discursos, seu exemplo diário é que angariava o respeito de todos, que acabavam por naturalmente imitá-lo numa dedicada obediência às regras da Ordem.
Quando ficou vaga a Sé Episcopal de Florença, o papa Eugênio IV decidiu nomear Antonino para o cargo. Entretanto ele fugiu para não ter de assumir o posto, mas afinal foi encontrado pelo amigo beato Frà Angélico e teve, por força, de aceitá-lo. A Igreja, até hoje, comemora o quanto a fé ganhou com isso. Antonino de Florença, em todos os registros, é descrito como pastor sábio, prudente, enérgico e, sobretudo, santo.
Combateu o neopaganismo renascentista e defendeu o papado no Concílio de Basiléia. Conseguiu tanto apoio popular que acabou com o jogo de azar na diocese. No palácio episcopal, todos os que o procuravam encontravam as portas abertas, principalmente os pobres e necessitados. Havia ordem expressa sua para que nenhum mendigo fosse afastado dali antes de ser atendido.
A fama de sua santidade era tanta que, certa vez, o papa Nicolau V declarou em público que o julgava tão digno de ser canonizado ainda em vida quanto Bernardino de Sena, que acabava de ser inscrito no livro dos santos da Igreja. Antonino resistiu até os setenta anos, quando o trabalho ininterrupto o derrotou. Morreu no dia 2 de maio de 1459.
O papa Adriano VI canonizou santo Antonino de Florença em 1523 Seu corpo incorrupto é venerado na basílica dominicana de São Marco, em Florença. A Ordem Dominicana o celebra no dia 10 de maio.
A vida de Damião começou a mudar quando completou vinte e um anos de idade. Um bispo do Havaí, arquipélago do Pacífico, estava em Paris, onde ministrava algumas palestras e pretendia conseguir missionários para o local. Ele expunha os problemas daquela região e, especialmente, dos doentes de lepra, que eram exilados e abandonados numa ilha chamada Molokai, por determinação do governo.
Damião logo se interessou e se colocou à disposição para ir como missionário à ilha. Alguns fatos antecederam a sua ida. Uma epidemia de febre tifóide atingiu o colégio e seu irmão caiu doente. Damião ainda não era sacerdote, mas estava disposto a insistir que o aceitassem na missão rumo a Molokai. Escreveu uma carta ao superior da Ordem do Sagrado Coração, que, inspirado por Deus, permitiu a sua partida. Assim, em 1863 Damião embarcava para o Havaí, após ser ordenado sacerdote.
Chegando ao arquipélago, Damião logo se colocou a par da situação. A região recebera imigrantes chineses e com eles a lepra. Em 1865, temendo a disseminação da doença, o governo local decidiu isolar os doentes na ilha de Molokai. Nessa ilha existia uma península cujo acesso era impossível, exceto pelo mar. Assim, aquela península, chamada Kalauapa, tornou-se a prisão dos leprosos.
Para lá se dirigiu Damião, junto de três missionários que iriam revezar os cuidados com os leprosos. Os leprosos não tinham como trabalhar, roubavam-se entre si e matavam-se por um punhado de arroz. Damião sabia que ficaria ali para sempre, pois grande era o seu coração.
Naquele local abandonado, o padre começou a trabalhar. O primeiro passo foi recuperar o cemitério e enterrar os mortos. Com freqüência ia à capital, comprar faixas, remédios, lençóis e roupas para todos. Nesse meio tempo, escrevia para o jornal local, contando os terrores da ilha de Molokai. Essas notícias se espalharam e abalaram o mundo, todo tipo de ajuda humanitária começou a surgir. Um médico que contraíra a lepra ao cuidar dos doentes ouviu falar de Damião e viajou para a ilha a fim de ajudar.
No tempo que passou na ilha, Damião construiu uma igrejinha de alvenaria, onde passou a celebrar as missas. Também construiu um pequeno hospital, onde, ele e o médico, cuidavam dos doentes mais graves. Dois aquedutos completavam a estrutura sanitária tão necessária à vida daquele povoado. Porém a obra de Damião abrangeu algo mais do que a melhoria física do local, ele trouxe nova esperança e alívio para os doentes. Já era chamado apóstolo dos leprosos.
Numa noite de 1885, Damião colocou o pé esquerdo numa bacia com água muito quente. Percebeu que tinha contraído a lepra, pois não sentiu dor alguma. Havia passado cerca de dez anos desde que ele chegou à ilha e, milagrosamente, não havia contraído a doença até então. Com o passar do tempo, a doença o tomou por inteiro.
O doutor já havia morrido, assim como muitos dos amigos, quando, em 15 de abril de 1889, padre Damião de Veuster morreu. Em 1936, seu corpo foi transladado para a Bélgica, onde recebeu os solenes funerais de Estado. Em 1995, padre Damião de Molokai foi beatificado pelo papa João Paulo II e sua festa, designada para o dia 10 de maio. O Papa Bento XVI o canonizou em 11 de outubro de 2009.
Sua notoriedade começou quando foi acusado de ficar rezando pela manhã, na igreja, em vez de trabalhar. De fato, tinha o hábito de parar o trabalho uma vez ao dia para rezar, de joelhos, o terço. Mas isso não atrapalhava a produção, porque depois trabalhava com vontade e vigor, recuperando o tempo das preces. Sua bondade era tanta que o patrão nada lhe fez.
Não era só na oração que Isidoro se destacava. Era tão solidário que dividia com os mais pobres tudo o que ganhava com seu trabalho, ficando apenas com o mínimo necessário para alimentar os seus. Quando seu filho morreu, ainda criança, Isidoro e Maria não se revoltaram, ao contrário, passaram a se dedicar ainda mais aos necessitados.
Isidoro Lavrador morreu pobre e desconhecido, no ano de 1130, em Madri, sendo enterrado sem nenhuma distinção. A partir de então começou a devoção popular. Muitos milagres, atribuídos à sua intercessão, são narrados pela tradição do povo espanhol. Quarenta anos depois, seu corpo foi trasladado para uma igreja.
Humilde e incansável foi esse homem do campo, e somente depois de sua morte, e com a devoção de todo o povo de sua cidade, as autoridades religiosas começaram a reconhecer o seu valor inestimável: a devoção a Deus e o cumprimento de seus mandamentos, numa vida reta e justa, no seguimento de Jesus.
Foi o rei da Espanha, Filipe II, que formalizou o pedido de canonização do santo lavrador, ao qual ele próprio atribuía a intercessão para a cura de uma grave enfermidade. Em 1622, o papa Gregório XV canonizou santo Isidoro Lavrador, no mesmo dia em que santificou Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Teresa d'Ávila e Filipe Néri.
Hoje, ele é comemorado como protetor dos trabalhadores do campo, dos desempregados e dos índios. Enfim, de todos aqueles que acabam sendo marginalizados pela sociedade em nome do progresso. Santo Isidoro Lavrador é o padroeiro de Madri.
Contextualizando
Era comum na Antiguidade que o
azeite fabricado nas primeiras prensas do fruto da oliveira fossem
destinados aos fins mais nobres: o peso da primeira pedra que produzia o
azeite mais puro era usado nos ritos de consagração, as cerimônias de
unção. Também o azeite que se fabricava a seguir era utilizado para
queimar as lâmpadas “continuamente diante do Senhor” (Lv 24,2). As
forjas mais duras produzem o melhor produto, de mais nobre fim!
Na Igreja…
Assim também é na vida da
Igreja: ao longo de sua história, as forjas da vida produziram, pelo
auxílio da graça, verdadeiros dons; homens e mulheres que, mesmo diante
das intempéries da existência humana, se deixaram moldar por Deus e se
tornaram modelos de seguimento de Cristo. Um desses ‘azeites’ fabricados
na forja dos santos, celebramos no dia 10 de maio. Estamos falando de
São João D’Ávila, proclamado doutor da Igreja pelo Papa emérito Bento
XVI, em outubro de 2012.
Sobre o santo
João de Ávila nasceu em 6 de
janeiro de 1499, em Almodóvar del Campo, na Espanha. Estudava Direito na
Universidade de Salamanca, mas passa por uma profunda experiência de
conversão, decidindo abandonar os estudos, voltar para casa dos pais e
se tornar sacerdote. Com 27 anos, é ordenado padre, em 1526. Nutria em
si o desejo de ser missionário na América, mas a vontade de Deus era
outra e acaba exercendo seu ministério no seu país natal. Começava a
experimentar na vida as prensas de Deus.
Vida
Outra prensa veio pouco tempo
depois de ordenado. Em 1931, por causa de uma má interpretação de uma
pregação, João foi preso pela Inquisição Real. Passando dois anos no
cárcere, deu início à primeira versão da sua obra “Audi, filia”,
em que fala do amor esponsal entre Cristo e a sua Igreja, em conselhos
de ascética a uma jovem que acompanhava. Segundo Bento XVI, foi ali,
naquele tempo de privação, de perseguição injusta e de incompreensão que
João “recebeu a graça de
penetrar com profundidade singular o mistério do amor de Deus e o grande
benefício feito à humanidade pelo Redentor Jesus Cristo”.
Vontade de Deus
Absolvido em 1533, retoma com
fervor a pregação do Evangelho na Espanha, em várias cidades. O seu
único desejo era converter as almas. Era sensível às inspirações do
Espírito à Igreja de sua época, que passava por difíceis provas,
provenientes do humanismo e do processo de reforma que se instalava na
Europa. Atendia incessantemente os penitentes, através do Sacramento da
Reconciliação.
Particularidade
Na vida interior, prezava pela
pobreza e pela instrução das crianças e dos jovens, sobretudo daqueles
que se preparavam para o sacerdócio. Além de Audi filia, classificado
por Bento XVI como um clássico da espiritualidade, escreveu “O
Catecismo, ou Doutrina cristã”, “O Tratado do amor de Deus”, “O Tratado
sobre o sacerdócio”, “Os Sermões e Homilias”, além de comentários
bíblicos da Carta aos Gálatas à Primeira Carta de João.
Méritos
Tornou-se um grande teólogo,
mas, como filho de seu tempo, também deu contribuições humanistas como
invenções de algumas obras de Engenharia, fundação de colégios menores e
maiores que, depois do Concílio de Trento, se transformaram em
seminários conciliares, criação da Universidade de Baeza, além da
proposta da criação de um Tribunal Internacional de arbitragem para
evitar as guerras.
Frutos
Foi responsável pela conversão de São João de Deus e São Francisco Borgia. No seu processo de beatificação, consta que “nunca pregou um sermão sem que várias almas se convertessem a Deus”.
A eficácia de sua oratória estava, segundo o próprio João dizia, em
amar muito a Deus, em dedicar-se muito mais à oração que aos livros: em
perder-se na presença do Senhor. Era, nas palavras de Paulo VI, que o
canonizou, “uma cópia fiel de São Paulo”.
Amigos santos
Foi contemporâneo e amigo de
outros santos: Inácio de Loyola, Pedro de Alcântara, Teresa de Jesus,
João da Cruz… Sinais de que uma vida cercada de santas amizades nunca é
estéril. “Um grande Amigo, que é
Deus, o qual arrebata os nossos corações para o seu amor […] e Ele
pede-nos que tenhamos muitos outros amigos, que são os seus santos”, escreveu João de Ávila (Carta 222).
Uma dessas amizades lhe levaria a viver mais uma prensa. Pela proximidade com Santo Inácio de Loyola, pensou em se tornar jesuíta, mas o projeto foi inviabilizado pelo comprometimento da saúde de João de Ávila. O Mestre de Ávila, como ficou conhecido, passou os últimos 16 anos da sua vida gravemente doente. Quase cego, morreu com 79 anos, em 10 de Maio de 1569, com um crucifixo na mão, na cidadezinha de Montilla.
A minha oração
“Senhor Jesus, assim como
escreveu o santo: ‘que a cruz é elemento inegociável da vida de um
cristão; que as prensas quando são vividas por um coração apaixonado por
Deus produzem os mais nobres azeites dos altares do Senhor’, dá-me a
graça de passar pela cruz crendo em Ti.”
São João D’Ávila, rogai por nós!
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