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quarta-feira, 29 de abril de 2009

A Mediação da Virgem Santíssima - Parte VIII

A MEDIAÇÃO UNIVERSAL DE MARIA SANTÍSSIMA

Parte VIII

Em 1750, Santo Afonso Maria de Ligório publicou um livro com o título “As Glórias de MARIA”. O Papa Bento XV, ao falar deste livro, disse: “É um livro perene”.

De fato, quem lê a maravilhosa Obra (que a seus devotos recomendamos) experimenta um terno amor para com a MÃE de DEUS, uma confiança inabalável no Poder e Amor da Virgem Medianeira, e fica certo da salvação, se for sincero devoto e MARIA.

O quinto capítulo de “Glórias de MARIA”, Santo Afonso o dedica à Mediação Universal, defendendo-a contra Luiz Muratori, um escritor daquele tempo, que não queria admitir esta doutrina. Afirma o Santo que a intercessão de MARIA é moralmente necessária para a nossa salvação, dizendo:

“Só os que são faltos de fé podem duvidar de que o recorrer a Intercessão de MARIA Santíssima seja coisa utilíssima e santa. O que, porém, temos em vista é provar que esta Intercessão é também necessária à nossa salvação; necessária não absoluta, mas moralmente, como deve ser.

A origem desta necessidade está na própria Vontade de DEUS, o qual quer que pelas Mãos de MARIA Santíssima passem todas as Graças que nos dispensa. Tal é a doutrina de São Bernardo, doutrina atualmente comum a todos os teólogos e doutores, conforme o autor do “Reino de MARIA”.

Muratori dissera que a proposição de não conceder o SENHOR Graça alguma, senão por meio de MARIA, é hipérbole, exagero que escapou ao fervor de alguns santos. Ao que Santo Afonso responde:

“Seja-me permitido recordar ao autor uma distinção que ele mesmo fez. No seu livro acentua também a diferença entre a mediação da justiça, em vista dos méritos, e a mediação de graça por via de intercessão. Do mesmo modo uma coisa é dizer que DEUS não possa, e outra que DEUS não queira conceder Suas Graças sem a Intercessão de MARIA.

Nós concedemos que DEUS é a Fonte de todos os bens e o SENHOR absoluto de todas as Graças. Confessamos também que MARIA não é mais que uma Pura Criatura, e que tudo quanto obtém, tudo recebe de DEUS. Mas esta Sublime Criatura, mais do que as outras, O Honrou e Amou, sendo por ELE escolhida para MÃE de SEU FILHO, o Salvador do mundo. Querendo exaltá-LA de modo extraordinário, o SENHOR determinou por isso que por Suas Mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as mercês dispensadas às almas remidas. Não é muito razoável e muito conveniente uma tal suposição? Quem poderá dizer o contrário?

Não há dúvida, confessamos que JESUS CRISTO é o Único Mediador de Justiça, porque por SEUS Méritos nos obtém a Graças e a Salvação. Mas ajuntamos que MARIA é Medianeira de Graças e como tal pede por nós em Nome de JESUS CRISTO, e tudo nos alcança pelos Méritos DELE.

Assim, pois, à Intercessão de MARIA devemos todas as Graças que solicitamos.

Nada há nisso de contrário aos Sagrados Dogmas. Ao invés, o que há é plena conformidade com os sentimentos da Igreja. Nas orações por ela aprovadas, ensina-nos a recorrer sempre à MÃE de DEUS e a invocá-LA como salvação dos doentes, refúgio dos pecadores, auxilio dos cristãos, vida, doçura e esperança nossa. Nas Festas da Santíssima Virgem, aplica-LHE no Ofício as palavras dos Livros da Sabedoria, e assim nos da a entender que NELA acharemos toda a esperança: “Sou a mãe do puro amor, do temor (a DEUS), da ciência e da santa esperança, em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude.” (Eclo. 24, 24-25)

“Pois quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor. Mas quem ofende, prejudica-se a si mesmo; quem me odeia, ama a morte.” (Pv. 8, 35-36)

“Aquele que me ouve não será humilhado e os que agem por mim não pecarão. Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna.” (Eclo. 24, 30-31). Tudo está mostrando quão necessária nos é a Intercessão de MARIA.

Segundo São Bernardo, “DEUS premiou MARIA com todas as graças, para que, por Seu intermédio, recebam os homens todos os bens que lhes são concedidos”.

Faz aqui o Santo uma profunda reflexão, acrescentando: “Antes do nascimento da Santíssima Virgem, não existia para todos essa torrente de Graças, porque não havia ainda esse desejado aqueduto. MARIA foi dada ao mundo para que, por Seu intermédio, como por um canal, até nós corresse, sem cessar, a torrente de Graças Divinas.

Que lhe arrebentassem os aquedutos, foi a ordem dada por Holofernes para tomar a cidade de Betúlia (It. 7,6). Assim também o demônio faz todos os esforços para acabar com a devoção à MÃE de DEUS nas almas, pois cortado esse canal de Graças, muito fácil se torna a ele a conquista. Consideremos portanto com que afeto e devoção o SENHOR quer que honremos esta nossa Rainha. Consideremos o quanto deseja que a ELA recorramos, e em Sua proteção confiemos, pois em Suas Mãos depositou a Plenitude de todos os bens, para nos tornar cientes de que toda a esperança, toda a Graça, toda a Salvação a nós, chegam pelas Mãos DELA.”

A mesma coisa declara Santo Antonino: “Todas as misericórdias dispensadas aos homens tem vindo por meio de MARIA.” Pelo mesmo motivo chama-LHE a Igreja: “Porta do Céus”.

“Como todo o indulto do rei passa pela porta do seu palácio, observa São Bernardo, assim também Graça nenhuma desce dos Céus sem passar pelas Mãos de MARIA.”

E acrescenta São Boaventura que “MARIA é chamada Porta dos Céus, porque ninguém pode entrar Nele senão pela Porta que é MARIA”.

Uma sentença de São Bernardo diz: “Cooperaram para nossa ruína um homem e uma mulher. Convinha, pois, que outro homem e outra mulher cooperassem para a nossa reparação. E estes foram JESUS e MARIA, Sua Mãe. Não há duvida, JESUS CRISTO, só, foi suficientíssimo para remir-nos, mas conveniente era, entretanto, que para a nossa reparação servissem ambos os sexos, assim como haviam cooperado ambos para a nossa ruína.”

Pelo que Santo Alberto chamou MARIA “a Cooperadora da nossa Redenção”.

A própria Virgem revelou a santa Brígida que “assim como Adão e Eva por um pomo venderam o mundo, assim também ELA e Seu FILHO com um Coração o resgataram.”

Santo Anselmo iluminadamente observa:

“Do nada pôde DEUS criar o Mundo, mas não quis repará-lo sem a cooperação de MARIA.”

Embora a doutrina da Mediação Universal seja antiga como a Igreja, contudo, somente nos últimos tempos, foi a mesma doutrina concretizada em Festa Litúrgica com Missa e Ofício próprios. Foi a pedido do Cardeal Mercier que o Papa Bento XV, em fevereiro de 1921, estatuiu a nova festa, a celebrar-se anualmente no dia 31 de maio, em honra de NOSSA SENHORA medianeira de Todas as Graças. Nessa ocasião a celebração da nova festa foi concedida às dioceses da Bélgica e a todas as outras que a pedissem.

Hoje todas as ordens religiosas a celebram, e um grande número de dioceses do mundo inteiro. Desde 1940 o Brasil inteiro possui o privilégio desta festa.

Pio XI, pouco depois de subir ao trono pontifício, nomeou três comissões – espanhola, belga e romana – de abalizados teólogos, encarregados de investigar os fundamentos dogmáticos da doutrina da Mediação universal. Mas o que é importantíssimo e o que se deve destacar no movimento em torno da Medianeira de Todas as Graças é que pela série dos últimos pontífices, a começar de Pio IX, essa doutrina é claramente inculcada, ensinada, recomendada categoricamente em documentos dirigidos a Igreja Universal, com apelação a tradição cristã.

Da festa litúrgica da Medianeira de Todas as Graças das comissões encarregadas do estudo da Mediação Universal e da constante recomendação dos últimos pontífices, pode-se concluir que é o próprio ESPÍRITO SANTO que move a Igreja a venerar, de um modo todo especial, à NOSSA SENHORA, sob a invocação de Medianeira de Todas as Graças, e que se está aproximado a definição da Mediação Universal.

É também digno de se considerar que, no mesmo tempo em que o comunismo ateu iniciou seu nefasto domínio, resplandece no Céu o sinal da Medianeira, como se DEUS quisesse mostrar que a cabeça da infernal serpente do comunismo, será esmagada pela Virgem Medianeira. (Estes proféticos escritos finais cumpriram-se após 27 anos, ou seja, em 1981, com a queda do muro de Berlim, e com a participação direta do prediletíssimo filho de NOSSA SENHORA, o saudoso e amado Papa João Paulo II.)

“Poema da VIRGEM”

(Escrito pelo venerável Pe. José de Anchieta.)

2138 O Divino Pai, com o FILHO,

Te confiou os tesouros todos, do cofre dos Céus.

ELE, assim como derrama pelo universo

Os SEUS Bondosos Olhos,

Levando compassivo auxilio aos afligidos,

Assim Te depositou no Seio o FILHO Unigênito,

A fim de aliviar

Os que vergam ao duro peso do pecado.

Assim te confiou

O cuidado também do mundo inteiro,

Para distribuir pela miséria, a Misericórdia.

Quando Te honrou com a Glória da Maternidade,

Te impôs o grato dever de carinhosa MÃE.

A todos consolas, boa MÃE, com Teu manso Olhar

E ninguém suplica em vão os Teus Poderes.

Se purulentas úlceras lhes serpeiam pelos membros,

Se cicatrizam, à Tua Celestial Presença.

Se dor cruel lhes atormenta o corpo,

Foge vencida, à luz do Teu Olhar.

Se o mar revolto por hórrida procela, ameaça

tragar nas ondas a vida do marinheiro,

tu alisas o mármore das águas,

abrandando os ventos,

qual mansa brisa soprando em mar tranqüilo.

Se esquadrões inimigos atacam a fortaleza,

Incutes o medo em suas fileira e os derrotas.

Percorres as linhas de batalha, assistes

aos combates renhidos,

E, invencível, esmagas o inimigo.

Visitas os celerados,

Presos em sombrios cárceres, e, com doce esperança

Alivias aos mesquinhos os longos dissabores.

Visitas esses corpos lúridos,

Acorrentados em grilhões atrozes,

A vergar ao peso de jugo ensangüentado,

Quebras as algemas aos descorados membros

E despes a grilheta aos pés entumecidos.

Aos que rogam o auxilio do Teu braço

Para o combate último da vida,

Tu os reanimas.

Afastas para longe dos moribundos

O inferno avaro,

Abrindo às almas suave estrada para os Céus.

Teus um olhar também para as pobres almas

mergulhadas no mar da obscenidade,

que começam a arrepender-se de seus crimes;

tu as envolves no Maternal carinho,

e aplacando a DEUS,

tornas belos, corações horrendos.

Nem sequer abandonas os que, com seus crimes

Incitam a Ira do ETERNO, e não temem o castigo.

A Clemência de DEUS vencida por Teus rogos,

fá-los-á cair em si, para abrasá-los

no fogo da gratidão.

Mas Teu Olhar de predileção é para aqueles,

Cuja vida piedosa,

Sem mancha de culpa deleita ao PAI Supremo;

Para os que se entregaram

Ao serviço perpétuo do SENHOR,

Sujeitando corpo e alma à SUA Lei.

Tua bondade enche-os de Delícias Celeste,

Ornando-lhes os castos corações de bons costumes.

2185 Tua piedade estreita-os ao Seio Maternal

E dormem sem temor no Teu Regaço.

(Versos 2138-2186)

“Bendita seja a Bem-Aventurada sempre Virgem MARIA!”

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