São Cirilo de Jerusalém
Desde
o início dos tempos cristãos a heresia se infiltrara na Igreja, mas,
foi no século IV, que ocorreram as do arianismo e do nestorianismo
causando profundas divisões. Cirilo viveu nesse período em Jerusalém,
perto de onde nascera em 315, de pais cristãos e bem situados
financeiramente. Muito preparado, desde a infância, nas Sagradas
Escrituras e nas matérias humanísticas, em 345, foi ordenado sacerdote.
Em
348, foi consagrado, bispo de Jerusalém. Ocupou o cargo durante
aproximadamente trinta e cinco anos, dezesseis dos quais passou no
exílio, em três ocasiões diferentes. A primeira porque o bispo Acácio,
de grande influencia na Igreja, cuja obra foi citada por São Jerônimo,
acusou Cirilo de heresia. A segunda por ordem do imperador Constâncio
que entendeu ser Cirílo realmente um simpatizante dos hereges, mas em
sua defesa atuaram os bispos, Atanásio e Hilário, ambos Padres da Igreja
assim como o próprio bispo Cirilo o é. A terceira, foi a mais longa ,
porque o imperador Valente, este sim herege, decidiu mandar de volta ao
exílio todos os bispos anistiados, fato que fez Cirilo peregrinar
durante onze anos, por várias cidades da Ásia, até a morte do soberano,
em 378.
O seu trabalho, entretanto resistiu a tudo e chegou até
nossos dias e especialmente porque ele sabia ensinar o Evangelho, como
poucos. Em sua cidade, logo que se tornou sacerdote e no início do
episcopado era o responsável por preparar os catecúmenos, isto é, os
adultos que se convertiam e iriam ser batizados. Foi nesse período que
escreveu dezoito discursos catequéticos, um sermão, a carta ao imperador
Constantino e outros pequenos fragmentos. Treze escritos eram dedicados
à exposição geral da doutrina e cinco dedicados ao comentário dos ritos
Sacramentais da iniciação cristã . Assim, seus escritos explicam
detalhadamente os "como" e os "porquês" de cada oração, do batismo, da
crisma, da penitência, dos sacramentos e dos mistérios do Cristianismo,
ditos dogmas da Igreja..
Cirilo também soube viver a religião na
prática. Numa época de grande carestia, por exemplo, não hesitou em
vender valiosos vasos litúrgicos e outras preciosidades eclesiásticas,
para matar a fome dos pobres da cidade. Ele morreu no ano 386.
Desde
o início de sua vida religiosa, Cirilo cujo caráter era afável e suave,
sempre preferiu a catequese aos assuntos polêmicos, chegando quase a se
comprometer com os arianos e semi-arianos. Porém, de maneira
contundente aderiu à doutrina ortodoxa da Igreja no III Concílio
ecumênico de Constantinopla, em 382, no qual ficou clara sua sempre fiel
postura à Santa Sé e à Verdade de Cristo. Nessa oportunidade teve em
seu favor a eloqüência das vozes dos sinceros bispos e amigos, Atanásio e
Hilário, que o chamaram "valente lutador para defender a Igreja dos
hereges que negam as verdades de nossa religião".
Sua canonização
demorou porque, durante muito tempo, seu pensamento teológico foi
considerado vacilante, como dizem os registros. Em 1882, o Papa Leão
XIII, na solenidade em que instituiu sua veneração, honrou São Cirilo de
Jerusalém, com os títulos de doutor da Igreja e príncipe dos
catequistas católicos.
São Cirilo de Jerusalém, rogai por nós!
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