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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

As tipologias de Santidade

As tipologias da santidade segundo o lecionário dos santos.

Para suprirmos a exposição insuficiente ao se apresentar a mensagem dos santos, sem uma referência precisa às leituras bíblicas, as quais podem ser proclamadas nas festas ou nas memórias celebradas particularmente, resumimos alguns pontos de reflexão que permitem enquadrar cada personagem hagiográfico, analisado através das fontes eucológicas.

1. Mártires
Do grego testemunha, a palavra mártir designava o cristão que sofria até a morte pela sua fé.

Mas o martírio nunca é apresentado como fato de crônica heróica ou épica, nem só como exemplo de coragem ou de fé, mas como sinal do plano de Deus que passa através do sofrimento: antes, os justos perseguidos do Antigo Testamento; depois, o Messias, o Servo de Deus, atingido pelo sofrimento. Em 177, no anfiteatro de Lião, 48 cristãos foram martirizados. Entre eles estavam Potino, o primeiro Bispo de Lião, e Blandina.
Eles são considerados os primeiros mártires da Gália.

Jó revela que o amor de Deus é diferente do nosso, porque permite a perseguição dos inocentes; Estêvão revela que a fecundidade do martírio não consiste na morte violenta em si mesma, mas na participação total na caridade de Cristo (efeito do seguimento de Cristo, Jo 12,24-26).


A perseguição faz parte da missão do povo de Deus, como sinal de sua verdade e como condição de sua eficácia. Também as tribulações e provas da vida são uma extensão do martírio, como sinal da participação no mistério pascal de Cristo, com tríplice certeza, a saber, que depois da cruz vem a vitória da ressurreição, que os homens não são capazes de tirar de nós a verdadeira vida e que Cristo deve ser amado acima de todas as coisas, mesmo ao custo da própria vida.


2. Pastores
O serviço pastoral é escolha gratuita de Deus, porque só Deus é o guia de seu povo à salvação (é ele o único Pastor). Os pastores humanos não o são por delegação, mas por um mistério de participação na atividade pastoral de Deus e de Cristo para o bem dos seres humanos (cf. Ez 34,11-16; Jo 10,11-16).

A diaconia do serviço pastoral realiza visivelmente o senhorio de Cristo (Mt 28,16-20), enquanto Deus determina o âmbito, o fim e a eficácia da missão confiada aos homens enviados por ele. O apóstolo é totalmente subordinado ao evangelho (2Cor 4,1-7) e à palavra de Deus (At 20,17-36).

Por isso as modalidades do exercício pastoral são resumidas nestas três:
a natureza comunitária desse ministério, que se articula em diversidade de ministérios e carismas, com a participação de toda a comunidade;
a plantatio ecclesiae ("plantação da Igreja", cf. discurso missionário de Lc 10,1-24), que exige pobreza, liberdade, desinteresse e humildade;
e a conexão entre o serviço terreno e a participação no senhorio escatológico (Lc 22,24-30; Ex 32,7-14).


3. Doutores
A exaltação da sabedoria dos doutores nasceu, antes de tudo, da inculturação da revelação hebraica pela Sabedoria divina, introduzindo a experiência do ser humano na revelação.

A reflexão sapiencial chegou à pobreza de espírito, segundo a qual essa sabedoria humana vem de Deus e não do homem; por isso ela é um dom a ser acolhido.

Na revelação evangélica, a sabedoria não é uma ciência teórica ou filosófica, mas a capacidade de transformar a vida por meio das obras (Mt 5,13-19; Lc 6,43-45).

À luz do mistério pascal, a sabedoria é a compreensão do valor salvífico da cruz (1cor 1,17-19).

4. Virgens
A exaltação da virgindade cristã não é depreciação da sexualidade humana nem expressão de perfeição pessoal, mas manifestação simbólica do valor decisivo ou resolutivo da dedicação da Igreja como esposa ao Senhor seu esposo.

A pessoa virgem está livre de qualquer outro amor porque é esposa de Cristo (cf. Os 2,14-20; 2Cor 10,17-11,2; Ap 21,1-5).

Enfim, a virgindade em chave escatológica (1cor 7,29) é necessária para descobrir a relatividade de todas as coisas diante do amor de Cristo (Mt 19,3-12).

5. Santos e Santas
Antes de tudo, a santidade é apresentada pelos textos bíblicos na dimensão trinitária, como fruto do amor do Pai e do Filho pela ação do Espírito Santo, que habita em nós. Em seguida, ela é comunhão vital com a santidade de Cristo (cf. alegoria dos ramos enxertados na videira, Jo 15,1-8): ser santo significa ser cheio da plenitude de Deus (Ef 3,14-19).

Enfim, a santidade é a perfeição da caridade divina (Jo 15,9-17) e se traduz em obras de misericórdia para com os humildes, prediletos de Cristo (Mt 25,31-46), exigindo uma radicalidade de empenho que leva ao espírito de infância (Mc 9,33-36).

Fonte: Os Santos do Calendário Romano de Enzo Lodi - Paulus

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