Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
23º Domingo do Tempo Comum
Anúncio do Evangelho (Mc 7,31-37)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos,
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole.
32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”
35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade.
36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam.
37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
«Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e pediram que impusesse as mãos sobre ele»
Hoje, a liturgia leva-nos à
contemplação da cura de um homem «surdo e mal podia falar» (Mc 7,32).
Como em muitas outras ocasiões (o cego de Betsaida, o cego de Jerusalém,
etc.), o Senhor acompanha o milagre com uma série de gestos externos.
Os Padres da Igreja bem ressaltavam neste fato a participação mediadora
da Humanidade de Cristo nos seus milagres. Uma mediação realizada numa
dupla direção: por um lado, o ?abaixamento? e a proximidade do Verbo
encarnado em nós (o toque dos seus dedos, a profundidade do seu olhar,
sua voz doce e próxima); por outro lado, a tentativa de despertar no
homem a confiança, a fé e a conversão do coração.
De fato, as curas dos doentes que Jesus realiza vão muito mais além do
mero ato de aliviar a dor ou devolver a saúde. Estão dirigidos a
conseguir a ruptura com a cegueira, a surdez ou imobilidade atrofiada do
espírito naqueles que Ele ama. Como fim último uma verdadeira comunhão
de fé e de amor.
Ao mesmo tempo vemos a reação agradecida dos receptores do dom divino
que é proclamar a misericórdia de Deus: «Contudo, quanto mais ele
insistia, mais eles o anunciavam» (Mc 7,36). Dão testemunho do dom
divino, experimentam em profundidade a sua misericórdia e enchem-se de
uma profunda e genuína gratidão.
Também para todos nós é de uma importância decisiva saber-nos e
sentir-nos amados por Deus, a certeza de ser objeto da sua misericórdia
infinita. Esse é o grande motor da generosidade e o amor que Ele nos
pede. Muitos são os caminhos pelos quais esse descobrimento há de
realizar-se em nós. Algumas vezes será uma experiência intensa e
repentina do milagre e o mais freqüente, o paulatino descobrimento de
que toda a nossa vida é um milagre de amor. Em todo caso, é preciso
dar-se as condições de consciência da nossa indigência, uma verdadeira
humildade e, a capacidade de escutar reflexivamente a voz de Deus.
Pbro. Fernando MIGUENS Dedyn (Buenos Aires, Argentina)
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