São Cipriano
A violenta perseguição anticristã de Décio, que custou a vida a milhares de cristãos, suscitou na Igreja a questão dos assim chamados libelistas - isto é, aqueles dentre os cristãos que, para fugir à condenação capital, iam à procura, dissimuladamente, do 'libellus', ou seja, do certificado que os apontava como bons e honestos cidadãos, por terem prestado homenagem à estátua de um ídolo, com alguns grãos de incenso. Quem, em seguida, tivesse abertamente renegado a Cristo era declarado 'lapsus', quer dizer, decaído.
O novo pontífice Cornélio se manteve numa linha moderada, readmitindo na comunhão os libelistas e concedendo o perdão aos 'lapsi', que podiam ser absolvidos na iminência da morte. Mas Novaciano, um intransigente presbítero romano, contestou o papa e, portanto, a Igreja, afirmado o direito de perdoar, quer fossem os libelistas, quer fossem os 'lapsi'. E, declarando Cornélio deposto, elegeu a si próprio papa.
Cipriano, bispo de Cartago, alinhou-se com o legítimo pontífice. Contra o antipapa Novaciano escreveu seu mais importante tratado: o 'De catholicae ecclesiae unitate', além de numerosas cartas, que o colocam entre os grandes escritores da literatura cristã latina.
Tácio Ceciliano Cipriano, nascido na África consular, se convertera ao cristianismo depois de uma brilhante carreira como docente de retórica e cidadão eminente na esplêndida cidade de Cartago (da qual se tornou bispo em 248). Sua eleição episcopal coincide com o novo edito imperial contra os cristãos.
Durante a perseguição, Cipriano escolheu a via da clandestinidade; depois, passada a tormenta, retornou a Cartago e concedeu o perdão aos libelistas - uma linha moderada que teve a aprovação de Cornélio. Ao recomeçar a perseguição, no império de Valeriano, Cornélio foi relegado a 'Centumcellae', a atual Civitavecchia, onde morreu em decorrência dos sofrimentos, e foi sepultado nas catacumbas de Calisto.
Papa e mártir (+253)
Cornélio
nasceu em Roma. Foi eleito para o pontificado depois de um período vago
na cátedra de São Pedro, devido à violenta perseguição imposta pelo
imperador Décio. O papa Cornélio foi eleito quase por unanimidade, menos
por Novaciano, que esperava ser o sucessor, martirizado por aquele
cruel tirano. Assim, Novaciano consagrou-se bispo e proclamou-se papa,
isto é, antipapa. Nessa condição, criou-se o primeiro cisma da Igreja.
A
Igreja debatia internamente para tentar uma solução definitiva quanto
à conduta a ser adotada em relação a um dos seus maiores problemas da
época, referente aos "lapsos", nome dado aos sacerdotes e fiéis que
renegavam a fé e separavam-se da Igreja durante as perseguições que se
impunham aos cristãos.
Segundo os partidários de Novaciano,
Cornélio teria adotado um discurso e uma postura muito indulgente, boa e
compreensiva para com os desertores da fé católica. Atitudes que lhe
valeram grandes atribulações e incompreensões. Apesar de toda essa
oposição, contou sempre com o apoio incondicional e fiel do bispo
Cipriano de Cartago, Argélia, norte da África.
Entretanto, o
imperador Décio morreu em combate, sendo sucedido por Galo, que voltou
com as perseguições. Assim, o papa Cornélio acabou preso e exilado para
um lugar que hoje se chama Civitavecchia, em Roma.
Foi no exílio
que o papa Cornélio passou os últimos dias da sua vida. Encontrava um
pouco de alegria nas cartas que recebia do bispo Cipriano, seu admirador
e amigo de fé, muito preocupado em mandar-lhe algumas palavras de
consolo.
Morreu em junho de 253, sendo sentenciado ao martírio
por ordem daquele imperador, por não aceitar prestar culto aos deuses
pagãos. Foi sepultado no Cemitério de São Calixto. A festa litúrgica do
santo papa Cornélio foi colocada, no calendário da Igreja, no dia 16 de
setembro, junto com a de são Cipriano, que depois também foi martirizado
pela fé em Cristo.
São Cornélio, rogai por nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário