Afonso ou Alonso, como se diz
no seu idioma natal, nasceu em Ortopesa, na cidade de Toledo, Espanha,
no ano de 1500. Seus pais o batizaram com esse nome em homenagem a santo
Ildefonso, o grande defensor da doutrina da virgindade de Maria.
Na infância, Afonso estudou em Talavera de la Reina e cantou no coro na
catedral de Toledo. A música sempre foi sua grande paixão. Mais tarde,
foi enviado à cidade de Salamanca para continuar seus estudos e lá
sentiu-se atraído pelo ambiente de santidade do convento dos
agostinianos. Logo depois, ingressou na Ordem, onde fez os primeiros
votos em 1523. Uma vez ordenado sacerdote, foi nomeado pregador da
Ordem, ocupando, ainda, vários cargos, como os de pároco do Convento São
Tomás de Vilanova e definidor da Província de Castela, à qual
pertencia.
Afonso era severo consigo mesmo, muito rigoroso e crítico, mas tinha uma
compreensão e tolerância enorme para com os fiéis e os outros clérigos.
Quando era superior do Convento de Valladolid, foi nomeado pregador
real do imperador Carlos V, depois também de Filipe II, tendo, por esse
motivo, transferido a sua residência de Valladolid para Madri, pois a
sede da Corte também fora transferida para aquela cidade. Em 1560,
passou a viver no Convento agostiniano de São Filipe.
Eloqüente pregador, tinha, também, um forte carisma, que fazia com que
todas as pessoas se aproximassem dele, sem distinção. Por isso gozava de
uma extraordinária popularidade, mesmo nos ambientes mais formais.
Mereceu a estima do rei, dos nobres e de grandes personagens da época. A
infanta Isabel Clara Eugênia deixou o seu testemunho no processo de
canonização, bem como os escritores Francisco de Quevedo e Lope de Vega.
O conjunto de sua correspondência revelou-nos o amplo círculo de sua
amizade. Mas não só os nobres tiveram esse privilégio, o povo simples e
humilde também desfrutou de sua estimada companhia. Todos admiravam o
estilo de vida de Afonso, pois amparou a todos com seu apoio pessoal,
visitando doentes em hospitais, e os encarcerados.
Apesar de ter fama de santidade, sendo chamado em vida de "o santo de
São Filipe", numa referência ao convento em que residia, não se sentia
confirmado na graça. Ele foi atormentado várias vezes por tentações,
como o amor, a liberdade, e muitas vezes pensou em abandonar a vida
religiosa, por não se sentir totalmente digno dela. Mesmo renunciando a
todos os privilégios de sua posição de pregador régio, participou,
assiduamente, da vida em comunidade apenas como um simples frade.
Ele nos deixou uma obra literária, escrita na língua latina, de grande
relevância para a Igreja, especialmente da doutrina mariana. Grande
devoto de Maria, sentia-se muito alegre e à vontade escrevendo para ela.
Fundou dois conventos de agostinianos e três de monjas agostinianas de
clausura, transmitindo a todos um testemunho de amor pela vida
contemplativa.
Afonso morreu em Madri, em 19 de setembro de 1591, no Colégio de Dona
Maria de Aragão, que ele próprio havia fundado. Beatificado em 1882,
atualmente seus restos mortais são venerados no mosteiro das
agostinianas em Madri. Em 2003, o papa João Paulo II declarou santo
Alonso de Orozco, cuja festa foi marcada para o dia de sua morte.
São Januário ou Gennaro
São Januário foi zeloso, bondoso, sábio e venerado como protetor da peste e das erupções do vulcão Vesúvio
Bispo e mártir (século III)
A
esse santo é atribuído o "milagre do sangue de são Januário", ou
Gennaro, como é o seu nome na língua italiana. Durante a sua festa, no
dia 19 de setembro, sua imagem é exposta à imensa população de fiéis.
Por várias vezes, nessa ocasião, a relíquia do seu sangue se liquefaz,
adquirindo de novo a aparência de recém-derramado e a coloração
vermelha. A primeira vez, devidamente registrada e desde então
amplamente documentada, ocorreu na festa de 1389. A última, foi em 1988.
O
mais incrível é que a ciência já tentou, mas ainda não conseguiu chegar
a alguma conclusão de como o sangue, depositado num vidro em estado
sólido, de repente torna-se líquido, mudando a cor, consistência e, até
mesmo, duplicando seu peso. Assim, segue, através dos séculos, a
liquefação do sangue de são Januário como um mistério que só mesmo a fé
consegue entender e explicar.
Por essa razão, o povo de Nápoles e
todos os católicos devotam enorme veneração por são Januário. Até a
história dessa linda cidade italiana, cravada ao pé da montanha do
Vesúvio, confunde-se com a devoção dedicada a ele, que os protege das
pestes e das erupções do vulcão. Na verdade, ela se torna a própria
história deste santo que, segundo os atos do Vaticano, era napolitano de
origem e viveu no fim do século III. Considerado um homem bom, caridoso
e zeloso com as coisas da fé, foi eleito bispo de Benevento, uma cidade
situada a 70 quilômetros da sua cidade natal. Era uma época em que os
inimigos do cristianismo submetiam os cristãos a testemunharem sua fé
por meio dos terríveis martírios seguidos de morte.
No ano 304, o
imperador romano Diocleciano desencadeou a última e também a mais
violenta perseguição contra a Igreja. O bispo Januário foi preso com
mais alguns membros do clero, sendo todos julgados e sentenciados à
morte num espetáculo público no Circo. Sua execução era para ser um
verdadeiro evento macabro, pois seriam jogados aos leões para que fossem
devorados aos olhos do povo chamado para assistir. Porém, a exemplo do
que aconteceu com o profeta Daniel, as feras tornaram-se mansas e não
lhes fizeram mal. O imperador determinou, então, que fossem todos
degolados ali mesmo. Era o dia 19 de setembro de 305.
Alguns
cristãos, piedosamente, recolheram em duas ampolas o sangue do bispo
Januário e o guardaram como a preciosa relíquia que viria a ser um dos
mais misteriosos e incríveis milagres da Igreja Católica. São Januário é
venerado desde o século V, mas sua confirmação canônica veio somente
por meio do papa Sixto V, em 1586.
São Gennaro, rogai por nós!
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