São Humberto de Liège
Bispo (656-727)
Muito pouco se sabe sobre a vida de Humberto, que nasceu no ano 656. Pertencia a uma família da nobreza, pois seu pai, Beltrão, era rei da Aquilânia, hoje França. Desde a infância mostrou prazer pela caça, crescendo forte e muito valente neste esporte. Conta a tradição que ele, na juventude, salvou a vida do rei, seu pai, que fora atacado por uma fera, numa de suas habituais caçadas.
Depois disso, foi enviado para estudar na Bélgica, mas seu pai, temendo que a corrupção daquela Corte pudesse envolver o jovem príncipe herdeiro, enviou-o aos cuidados do rei Pepino de Lotaríngia, Alemanha, que o preparou na carreira militar. Carreira tão cheia de sucessos que foi recompensado com um casamento. Para esposa, escolheu a filha do conde Dagoberto de Louvânia. Da união nasceu um filho, Floriberto.
Segundo uma antiga tradição cristã, a conversão de Humberto ocorreu de maneira surpreendente. Numa Sexta-feira da Paixão, dia de recolhimento cristão, ele resolveu ir caçar. Durante a perseguição de um veado, este parou diante do príncipe, que viu, entre os chifres do animal, um crucifixo iluminado. No mesmo instante, ouviu uma voz dizendo: "Se não voltares para Deus, cairás eternamente no inferno".
Foi procurar seu confessor, o bispo Lamberto, que dirigia a sede episcopal de Liège, na Bélgica, e converteu-se sinceramente, tornando-se católico fervoroso. Pouco tempo depois, sua mulher morreu e seu pai agonizou em seus braços. A partir desses fatos, Humberto desistiu da vida da Corte. Abriu mão do trono em favor do irmão, mas deixou-lhe a tarefa de educar seu filho Floriberto, que mais tarde ordenou-se sacerdote. Entregou ao menino parte da herança e o restante doou aos pobres, indo dedicar-se à vida espiritual, recolhendo-se num mosteiro beneditino, entregando-se ao estudo da religião e trabalhando como horteleiro e pastor. Nessa ocasião, foi a pé, em peregrinação, para Roma, visitar os túmulos de são Pedro e são Paulo.
Ao retornar, Humberto procurou o bispo Lamberto, que o ordenou sacerdote e o enviou para evangelizar as populações que viviam nos bosques de Ardene. Mas pouco depois, Lamberto, que havia transferido a sede episcopal para Maastrich, Holanda, foi assassinado pelos inimigos do cristianismo. Humberto, então, foi convocado pelo papa Sérgio I, que, em Roma,o consagrou sucessor daquele bispo no ano 71.
Anos depois, por sua conduta de homem justo, reto na fé em Cristo, na obediência ao papa, e austero na pertinência e caridade cristã, recebeu do Espírito Santo o dom dos milagres e da sabedoria. O seu bispado foi de transformação, pois fundou e reformou igrejas, mosteiros, e instituiu vasta assistência aos pobres e doentes abandonados. Os pagãos que habitavam os bosques foram batizados e a região tornou-se uma grande comunidade cristã. A sua fama de santidade espalhou-se e, em 722, pôde retornar a sede episcopal para Liège.
Ficaram célebres os milagres operados por Deus através de suas mãos, como ele mesmo apregoava. Mas certo dia do ano 727, Humberto ouviu uma voz que anunciava a aproximação de sua morte. Entregou todas as atividades nas mãos dos seus sacerdotes e dedicou-se ao jejum, às orações e à penitência, falecendo no mesmo ano.
Sepultado na Catedral de São Pedro, em Liège, teve sua festa indicada para o dia 3 de novembro, data em que suas relíquias foram trasladadas para o altar maior dessa catedral em 743. O seu culto, muito difundido na Europa, espalhou-se para todo o mundo cristão ocidental, que venera são Humberto de Liège como o padroeiro dos caçadores.
São Humberto de Liège, rogai por nós!
Religioso (1579-1639)
Este
humilde “filho de pai desconhecido”, recusado pelo pai porque de pele
escura (sua mãe era uma negra do Panamá, de origem africana), representa
a desforra da santidade sobre os preconceitos humanos. Mesmo sendo
filho de um fidalgo espanhol, Martinho foi criado em pobreza extrema
pela mãe até os 8 anos, quando o pai, arrependido de o ter abandonado,
levou-o consigo, ainda que por pouco tempo, para viver no Equador.
Abandonado de novo a si mesmo, recebeu todavia do pai uma magra pensão para poder pagar a mensalidade da escola. Aos 15 anos foi aceito no convento dominicano do Rosário, em Lima, mas apenas na qualidade de oblato, isto é, como terciário, ou melhor, como doméstico, visto que só teve a missão de manter limpo o convento. Martinho é de fato representado com uma vassoura. Teve ainda o encargo de cortar os cabelos dos frades e por este seu serviço prestado à comunidade Paulo VI o proclamou, em 1966, padroeiro dos barbeiros e cabeleireiros.
Finalmente, seus superiores deram-se conta de que Martinho tinha outros dotes e o admitiram ao noviciado e depois à profissão solene, como irmão cooperador. Não mudaram, entretanto, suas funções, e Martinho continuou a ser a gata-borralheira do convento, até que o eco de sua santidade se difundiu por todo o país.
Entre os outros extraordinários carismas, como os êxtases e as profecias, teve o dom da bilocação. Foi visto na China, no Japão, na África, confortando missionários extenuados ou perseguidos, sem nunca, entretanto, se ter afastado de Lima. Operou autênticos milagres durante a epidemia de peste, curando todos os que acorriam a ele pedindo ajuda. Curou os 60 confrades atingidos pelo morbo. Voltava sua atenção a todas as criaturas, incluindo os animais.
Continuou, com inalterada simplicidade, a desempenhar os serviços reservados aos irmãos leigos, mesmo quando a ele recorriam teólogos e autoridades civis, para pedir conselho. Morreu em 3 de novembro de 1639. Foi canonizado por João XXIII em 6 de maio de 1962.
Oração:
Oh! Deus, que exaltou o humilde, que fizestes São Martinho, teu
confessor, entrar no Reino celestial, concedei através do seu mérito e
intercessão de modo que possamos seguir o exemplo da sua humildade na
terra e um dia estarmos com ele no Céu, através de Cristo, Nosso Senhor. Amém!
São Martinho de Porres, rogai por nós!
Mãe de são Gregório Magno (520-572)
Sílvia
era italiana, nascida em Roma em torno de 520, numa família de origem
siciliana de cristãos praticantes e caridosos. Os dados sobre sua
infância não são conhecidos. Porém, a sua adolescência coincidiu com um
difícil e turbulento período histórico, o fim do Império Romano e a
tomada do mesmo pelos bárbaros góticos.
Ela entrou para a família
dos Anici em 538, quando se casou com o senador Jordão. Essa família
romana era muito rica e influente, e muitos nomes forneceu para a
história do senado romano. Sílvia foi residir na casa do marido, um
palácio que ficava nas colinas do monte Célio, onde ele vivia com suas
duas irmãs, Tarsila e Emiliana.
O casal logo teve dois filhos. O
primeiro foi Gregório, nascido em 540, e o segundo, que o próprio irmão
citava com frequência, nunca teve citado o nome. As cunhadas Tarsila e
Emiliana tornaram-se santas, incluídas no calendário da Igreja. Seu
primogênito foi o grande papa Gregório Magno, santo, doutor da Igreja e a
glória de Roma do século VI.
Sílvia soube conduzir essa família
de verdadeiros cristãos e romanos autênticos. Não permitiu que o
ambiente da Corte que frequentavam impedisse a santificação pela fé,
mantendo sempre a pureza dos costumes separada da notoriedade pública.
As cunhadas são um exemplo da figura de Sílvia, mãe providente e
benfeitora, que soube conciliar as exigências de uma família de político
atuante, como era o marido Jordão, com o desejo de perfeição espiritual
representado pelas duas cunhadas.
Por falta de notícias
precisas, a santidade de Sílvia aparece refletida através daquela de seu
filho. Sem dúvida, sobre são Gregório Magno, o exemplo e o ensinamento
da mãe foi um peso que não se pode ignorar. Embora ele tenha escrito
muito pouco sobre a mãe e as tias, nas pregações costumava citar-lhes o
exemplo.
Dados encontrados sobre a vida de Silvia relatam que,
quando o senador Jordão morreu em 573, ela tratou de uma doença grave do
filho Gregório, que já adulto atuava no clero, levando pessoalmente as
refeições até sua pronta recuperação. Depois disso, entregou o palácio
onde residia para que o filho o transformasse num mosteiro.
Quando
Gregório não precisou mais da sua ajuda e nem de sua orientação, Sílvia
retirou-se para a vida religiosa num dos mosteiros existentes fora dos
muros de Roma, no qual, com idade avançada, ela morreu serenamente, num
ano incerto, mas depois de 594.
O Martirológio Romano indica o
dia 3 de novembro para o culto litúrgico em lembrança da memória de
santa Sílvia. Em 1604, suas relíquias foram levadas para a Igreja dos
Santos André e Gregório, construída no antigo mosteiro e palácio de
monte Célio, onde o papa são Gregório Magno nasceu e santa Sílvia viveu
com as duas cunhadas santas.
Santa Sílvia, rogai por nós!
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