São Leonardo de Noblac
Eremita (+559)
As notícias sobre a vida deste santo, popularíssimo na Europa centro-setentrional, chegaram até nós por meio de uma biografia escrita cinco séculos depois de sua morte, com os inevitáveis embelezamentos legendários.
Leonardo, de nobre estirpe franca, teve o rei Clóvis como padrinho. Com tal apoio teria facilitada qualquer carreira, mas Leonardo preferiu militar sob o estandarte do santo bispo Remígio.
Valeu-se de qualquer modo da amizade do rei para ter um privilégio, do qual fez amplo uso porque inspirado na caridade — qual seja, o de poder conceder a liberdade a todos os prisioneiros que encontrasse pelo caminho. É lastimável que Leonardo tenha escolhido viver como eremita no meio de um denso bosque, no qual poucos prisioneiros teriam transitado...
Mas a santidade tem muitos outros recursos. Assim, espalhado o rumor sobre este santo eremita e sobre suas capacidades taumatúrgicas, bastava aos prisioneiros invocar seu nome para que as correntes caíssem de seus pulsos e tornozelos.
Bem no meio da floresta de Pavum, perto de Limoges, onde o eremita havia fixado a sua morada, passou, em vez dos prisioneiros, o casal real com todo o seu séquito de cortesãos para uma partida de caça. Inútil perguntar o que foi fazer aí a rainha no último mês de gravidez. Para lá foi ela, narra o autor da Vita sancti Leonardi, por um desígnio providencial. Com efeito, a nobre soberana, colhida pelas dores do parto, teve a assistência do santo e, graças sobretudo as suas orações, o evento foi verdadeiramente alegre.
O rei mostrou-se reconhecido e prometeu doar-lhe o terreno para que construísse um mosteiro. Que área? Toda aquela que ele conseguisse delimitar percorrendo-a no dorso de um asno, em um só dia, obviamente. Leonardo, já rodeado de muito discípulos, alguns dos quais tinham sido libertados das cadeias por sua intercessão, construiu um primeiro oratório e aí escavou um poço; depois os devotos estabeleceram-se ao lado do mosteiro com suas famílias, dando origem à aldeia que leva seu nome: Saint-Leonard-de-Noblac. E o santuário continua ainda hoje a ser lugar de peregrinações.
O santo é invocado como padroeiro dos prisioneiros, mas também dos fabricantes de cadeias, de cepos, de fechos e afins. É invocado contra os bandidos, os quais, por sua vez, postos sob cadeias, poderiam recorrer a seu generoso patrocínio. Mas o invocam sobretudo as parturientes para ter um parto indolor.
São Leonardo de Noblac, rogai por nós!
São Nuno de Santa Maria
Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo
Nuno
Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a
educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu
tempo.
Aos
treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido
na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos
casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor
de Alvim.
Da
sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em
tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a
desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de
Bragança.
Quando
o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado
filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na
luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por
ter desposado a filha do falecido rei.
Nuno
tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é,
comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português
repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de
Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à
resolução do conflito.
Os
dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma
espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem
Maria são os alicerces da sua vida interior.
O
estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do
Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda
construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre
os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória,
na Batalha.
Com
a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias,
tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a
paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros,
antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em
1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado,
tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.
Impelido
pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do
Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança
radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o
tinha norteado.
O
Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu
guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao
entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a
condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao
serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—,
e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
Significativo
foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade.
Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou
imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o
começa a chamar “Santo Condestável”.
Nuno
Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa
Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus” e foi consagrado o dia
6 de Novembro ao, então, beato.
O
Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro
de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no
dia 26 de Abril de 2009
São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!
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