Santa Maria Bertília Boscardin
Religiosa (1888-1922)
Pio XII, na solene beatificação de 8 de junho de 1952, traçava o perfil de Bertília Boscardin, religiosa entre as mestras de santa Dorotéia de Vicência, com estas palavras: “É uma humilde camponesa da nossa bendita terra da Itália. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Seu caminho, ‘a via das carroças’, a mais comum. Nada de êxtase, nem de milagres em vida, mas união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Dessa união, vinha a delicada caridade que ela revelava no trato com os enfermos, médicos, superiores, com todos”. A “via das carroças”, isto é, o trabalho nos campos da planície vêneta, que Ana Francisca (este é seu nome de batismo) percorria da primavera ao outono, porque esta era a ocupação principal das meninas do campo, antes que tantas pequenas indústrias lhe mudassem a fisionomia.
Ana Francisca, nascida em Gioia di Brendola, na província de Vicência, dirigia-se ao campo ao raiar do sol e voltava para casa só ao entardecer porque, como grande parte das meninas vênetas, durante o dia trabalhava na fiação. É compreensível que a família não tenha demonstrado entusiasmo com sua escolha de vida e tenha retardado seu ingresso no convento de Santa Dorotéia, aos pés do monte Berico.
De qualquer forma, ingressou ainda jovem e, mal emitira os votos temporários, depois do noviciado, foi designada para o hospital de Treviso, no qual prestou seu humilde e generoso serviço até a morte. Escolhia os horários mais desgastantes, os da noite, para aliviar o fardo das coirmãs. Trabalhar e sofrer em silêncio — anotava em um caderninho — e deixar aos outros as satisfações. Que satisfações poderia haver nas correrias de um hospital?
Era afeiçoada a seus enfermos e sofreu, sem demonstrar aos outros, quando teve de transferir-se para Brianza, por causa do avanço das tropas austríacas durante a Primeira Guerra Mundial. Então foi designada para a lavanderia: “Estou contente”, anotou, “porque faço a vontade de Deus”.
Aos 22 anos, foi-lhe extraído um tumor, mas voltou logo ao trabalho habitual. Morreu depois de uma segunda intervenção cirúrgica, com apenas 34 anos. João XXIII a incluiu no livro dos santos em 11 de maio de 1961.
Santa Maria Bertília Boscardin, rogai por nós!
Mártir (1611-1634)
Madalena,
filha de nobres e fervorosos cristãos, nasceu em 1611, num povoado
muito próximo da cidade de Nagasaki, no Japão. Dizem os antigos
manuscritos que era uma jovem bela, graciosa e delicada. Sua família era
de fervorosos cristãos e pertencia à nobreza. Ela era muito pequena
quando os seus pais e irmãos foram condenados à morte pela fé em Cristo,
sendo, antes, brutalmente torturados.
Cresceu educada no
seguimento de Cristo, até que, em 1624, conheceu dois agostinianos
recoletos, Francisco de Jesus e Vicente de Santo Antônio. Atraída pela
profunda espiritualidade dos dois missionários, que se tornaram seus
orientadores, Madalena acabou sendo consagrada a Deus como terciária
agostiniana recoleta. A partir de então, sua roupa de nobre foi
substituída pelo hábito, e as únicas ocupações foram a oração, a leitura
da Bíblia e o apostolado.
Eram tempos muito difíceis. A
perseguição enfurecida contra os cristãos crescia a cada dia em
sistemática e crueldade. Os padres Francisco e Vicente também foram
martirizados. Madalena, porém, não se intimidou. Continuou firme,
transmitindo coragem aos cristãos, ensinando o catecismo às crianças e
pedindo esmolas e donativos aos comerciantes portugueses, para os pobres
e doentes.
Em 1629, procurou refúgio nas montanhas de Nagasaki,
partilhando dos sofrimentos e das agonias dessa comunidade. Encorajava
para que se mantivessem fortes na fé, e recolocava, no caminho do
Evangelho, aqueles que tinham renegado Cristo sob tortura. Levava
consolo para os doentes e ainda batizava as crianças.
Diante da
grande renúncia da fé pelos cristãos, aterrorizados com as torturas a
que eram submetidos, e ansiando por unir-se para sempre a Cristo,
Madalena decidiu enfrentar os perseguidores. Vestida com o hábito, em
setembro de 1634 apresentou-se aos juízes. Levava consigo apenas a
Bíblia, para pregar a palavra de Jesus e meditar no cárcere. Os
magistrados, admirados com sua beleza e juventude e informados de que
ela possuía sangue nobre, fizeram-lhe promessas de vida confortável com
um vantajoso casamento. Madalena não cedeu, mesmo sabendo das horríveis
torturas que sofreria.
Nos primeiros dias de outubro de 1634, foi
torturada. Ficou suspensa pelos pés, com a cabeça e o peito submersos
em uma fossa. Cada vez que a tiravam do suplício, era solicitada a negar
a fé. Em vez disso, Madalena pronunciava os nomes de Jesus e Maria e
cantava hinos de glória ao Senhor.
Resistiu a tudo durante 13
dias e meio, quando as águas inundaram a fossa e Madalena morreu
afogada. Depois, teve o corpo queimado e as cinzas jogadas no mar, para
evitar que suas relíquias fossem guardadas pelos cristãos.
Beatificada
em 1981, foi canonizada pelo papa João Paulo II em 1987. A celebração
de sua memória foi marcada para o dia 20 de outubro. A Ordem Dominicana
venera-a no dia 19 de novembro. Em 1989, foi proclamada padroeira da
Fraternidade Secular Agostiniana Recoleta.
Santa Madalena de Nagasaki, rogai por nós!
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