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segunda-feira, 30 de março de 2009

Santa Gemma Galgani - A Mística da redenção

Conclusão...

Santa Gemma Galgani - A Mística da redenção.

Curada por um Milagre.

Gema começou cedo a ficar doente. Ela desenvolveu uma curvatura na espinha. Uma meningite também deixou-a temporariamente surda. Grandes abscessos se formaram em sua cabeça, seus cabelos caíram e finalmente ela teve paralisia nos membros. Um médico foi chamado e tentou vários remédios, mas nada adiantou. Ela estava apenas piorando.

Gema tornou-se devota do Venerável Gabriel Possenti de Nossa Senhora das Dores (agora São Gabriel). Acamada pela doença, ela leu a história de sua vida. Mais tarde ela escreveu a respeito de São Gabriel:

“... eu comecei a admirar as suas virtudes e seus hábitos. Minha devoção por ele crescia. À noite eu não dormia sem ter sua imagem debaixo do travesseiro e, depois disso, passei a vê-lo perto de mim. Não sei como explicar isso, mas eu sentia a sua presença. Em todos os momentos e em cada ação, o Irmão Gabriel vinha à minha mente.”

Gema, agora com 20 anos, estava aparentemente em seu leito de morte. Uma novena lhe foi sugerida como a única chance de cura. Dia 23 de fevereiro de 1899, à meia-noite, ela ouviu o chocalhar de um rosário e se deu conta de que o Venerável Gabriel estava aparecendo para ela. Ele falou a Gema:

Queres ficar curada? Reza com fé toda noite ao Sagrado Coração de Jesus. Eu virei a ti até a novena terminar, e rezarei contigo a este Sacratíssimo Coração”.

Na primeira sexta-feira de março a novena terminava. A graça tinha sido concedida; Gema estava curada. Quando ela levantou-se, os que estavam à sua volta choraram de alegria. Sim, um milagre havia acontecido!

Sofre com Cristo

Gema, agora em perfeita saúde, tinha sempre desejado tornar-se freira, mas isto não devia acontecer. Deus tinha outros planos para ela.

A 8 de junho de 1899, depois de receber a comunhão, Nosso Senhor deu a conhecer a Sua serva que Ele lhe daria uma graça muito grande.

Gema voltou para casa e rezou. Ela entrou em êxtase e sentiu um grande remorso por seus pecados. A Mãe Santíssima, de quem Santa Gema era extremamente devota, apareceu-lhe e disse:

“Meu filho Jesus te ama sem medida e deseja dar-te uma graça. Eu serei uma mãe para ti. Serás uma verdadeira filha?” A Santíssima Virgem abriu então o seu manto e cobriu Gema com ele.

Eis como Santa Gema relata como ela recebeu os estigmas:

“Naquele momento, Jesus apareceu com todas as suas chagas abertas, mas daquelas chagas não mais saía sangue, mas chamas de fogo. Num instante aquelas chamas vieram tocar minhas mãos, meus pés e meu coração. Senti como se estivesse morrendo, e eu teria caído no chão, se minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo eu permanecia sob o seu manto. Tive de ficar várias horas naquela posição. Finalmente ela beijou minha testa, tudo desapareceu e eu me vi de joelhos. Mas eu ainda sentia uma forte dor nas minhas mãos, pés e coração. Levantei para ir para a cama, e percebi que saía sangue dessas partes onde sentia dor. Cobri-as o melhor que pude, e, ajudada então pelo meu Anjo, pude ir para a cama...”

Muitas pessoas, incluindo respeitosos membros da Igreja, testemunharam este milagre dos estigmas, que se repetiu praticamente até o fim da vida de Santa Gema. Uma testemunha ocular afirmou:

“Saía sangue dos ferimentos dela (St. Gema) abundantemente. Quando ela estava de pé, ele caía no chão, e quando ela estava na cama, ele não apenas molhava os lençóis, mas encharcava o colchão todo. Eu medi alguns desses fluxos ou poças de sangue, e tinham entre cinqüenta e sessenta centímetros de comprimento e aproximadamente cinco centímetros de largura”.

Como São Francisco de Assis e recentemente Padre Pio, Gema pode dizer também: Nemo mihi molestus sit. Ego enim stigmata Domini Jesu in corpore meo porto: Que ninguém me faça mal, pois eu levo as marcas do Senhor Jesus no meu corpo.

Vida de Oração.

Com 21 anos, Gema foi acolhida por uma generosa família italiana, os Giannini. A família tinha já 11 filhos, mas estava feliz em receber esta jovem e piedosa órfã em sua casa. A mãe da família, a Senhora Giustina Giannini, diria mais tarde sobre Gema: “Posso jurar que, durante os 3 anos e 8 meses em que Gema esteve conosco, eu nunca soube do menor problema em nossa família que fosse provocado por ela e nunca vi nela o menor defeito. Repito, nem o menor problema, nem o menor defeito”.

Pe. Germano Seu diretor espiritual.

Santa Gema ajudava diligentemente com as tarefas da grande casa. Ela também tinha tempo para rezar, o que era a sua atividade favorita. Pela Providência, ela obteve como diretor espiritual o Passionista Pe. Germano, C.P., a quem ela era totalmente obediente.

Pe. Germano, um teólogo eminente no tocante à oração mística, percebeu que Gema tinha uma profunda vida de oração e conseqüente união a Deus. Ele estava convencido de que esta “Jóia de Cristo” tinha passado por todos os nove clássicos estágios da vida interior.

Gema assistia à Missa duas vezes por dia, recebendo a comunhão uma vez. Ela rezava o rosário com fé, e à noite, com a Senhora Giannini, ia às Vésperas. Com todos os seus exercícios espirituais, Gema nem mesmo uma vez negligenciou suas obrigações domésticas diárias na casa Giannini.

No ano 1901, com 23 anos, Gemma escreve por ordem de Padre Germano, a Autobiografia, "O quaderno dos meus pecados".

O Anjo da Guarda

O Anjo da Guarda de Gema aparecia freqüentemente para ela. Eles tinham uma conversa da mesma maneira que alguém conversa com o seu melhor amigo. A pureza e inocência de Gema devem ter trazido este Glorioso Anjo do céu para o seu lado.

Ela via seu anjo às vezes em adoração à soberana Majestade; outras, estendendo suas mãos sobre ela em sinal de proteção; no ato de defendê-la contra os ataques do demônio; ajoelhado junto a ela, sugerindo os pontos de meditação; ou simplesmente sentado a seu lado, dando-lhe bons conselhos. As vezes este com suas asas abertas ou ajoelhado ao lado dela - recitavam orações ou salmos alternadamente. Quando meditavam a Paixão de Nosso Senhor, o seu Anjo inspirava-lhe as mais sublimes reflexões neste mistério.

Seu Anjo da Guarda uma vez falou-lhe sobre as Agonias de Cristo:

“Olha para o que Jesus sofreu pelo homem. Considera uma por uma estas Chagas. É o Amor que abriu-as todas. Vê como execrável (horrível) é o pecado, já que para expiá-lo, tanta dor e tanto amor foram necessários”.

Nosso Senhor queria dela um desapego total de todas as coisas. Certa vez em que deveria ir ao palácio arquiepiscopal para receber a medalha de ouro que merecera no curso catequético, a tia quis vesti-la melhor. Gema até consentiu em levar ao pescoço uma correntinha com uma cruz e um relógio de ouro, lembrança de sua mãe. Quando voltou para casa e ia mudar de roupa, viu a seu lado o Anjo da Guarda, que a olhava com ar severo:

— Lembra-te, de que não devem ser outros; mas sim os espinhos e a cruz as jóias que adornarão a esposa de um Rei crucificado.

Gema atirou para longe de si aqueles adornos, e prosternando-se no solo, em lágrimas, tomou a seguinte resolução:

“ Por amor a Jesus e para agradar só a Ele, proponho-me nunca levar objetos de vaidade, nem sequer falar deles”.

E afirma em sua Autobiografia:

“Desde aquele dia não voltei a possuir nenhuma dessas coisas”. Era a fidelidade total à via para a qual Deus a chamava.

Outro dia, anota em seu diário:

“O Anjo da Guarda, que se mostra bastante severo em repreender-me, me disse:

- Minha filha, lembra-te de que cada vez que faltas à obediência cometes um pecado. Por que és tão remissa em obedecer ao confessor? Lembra-te de que não há caminho mais curto e seguro para chegar ao Céu que o da obediência.

O confessor lhe havia mandado escrever as graças espirituais que tinha recebido, e em sua humildade ela tinha muito escrúpulo em fazê-lo.

Assim, mesmo as ligeiras negligências de Gema no serviço divino encontravam no Anjo da Guarda um censor rigoroso. Este desaparecia por algum tempo ou lhe mostrava o aspecto severo, negava-se a dirigir-lhe a palavra ou mesmo dirigia-lhe duras admoestações, chegando às vezes a impor-lhe algum castigo.

Também lhe dizia o que ela deveria fazer para o progresso espiritual.

Por exemplo:

Se colocou perto de mim e me dizia carinhosamente:

"Oh filha, mas não sabes que tu deves ser em tudo conforme a vida de Jesus? Ele padeceu tanto por ti e tu não sabes que em todas as ocasiões deves padecer por Ele? Além disso, porque desagradas Jesus todos os dias deixando de meditar a Paixão?".

Era verdade, reconhece ela. Lembrou-se de que a meditação sobre a Paixão, não a fazia senão às quintas e sextas-feiras.

“Deves fazê-la todos os dias, não te esqueças”.

No final me dizia:

"Coragem, coragem! Este mundo não é um lugar de repouso: o repouso será depois da morte; agora tu deves padecer e padecer por qualquer coisa, para impedir á alguma alma a morte eterna".

O supliquei tanto que dissesse a minha Mãe que viesse a mim porque tinha tantas coisas a dizê-la; disse-me que sim. Esta noite porém não veio.

Ele também a incentivava no caminho da virtude:

“É pela excelsa perfeição de tua virgindade que Jesus te concede tantas graças”.

Com efeito, ela era de uma pureza Angélica. Nas várias intervenções cirúrgicas a que teve de submeter-se, era tal o seu recato, que chamava a atenção dos médicos. Uns a tomavam por santa, e os ímpios a consideravam “fanática”.

Gema nunca saía só à rua. Quando não tinha alguém da família para sair com ela, o seu Anjo da Guarda se oferecia para ser seu visível companheiro. Tinha tanta familiaridade com ele, que chegava mesmo a pedir-lhe para levar a correspondência ao seu diretor espiritual e trazer a que ele tinha para si.

A Devoção à Medianeira de todas as graças.

Sua devoção a Nossa Senhora, como já dissemos, era terna e filial.

A Mãe de Jesus aparecia-lhe aos sábados, geralmente como Mãe Dolorosa, e lhe comunicava algum detalhe da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outras vezes lhe aparecia com o Menino Jesus, entregando-O para que ela o cobrisse de carícias.

Quando Gema se via atolada naquilo que julgava o abismo de seus pecados, e não tinha ânimo de dirigir-se diretamente a Nosso Senhor, recorria à Medianeira de todas as graças:

“Minha mãe, tenho medo de ir em busca de Jesus sem Vós, porque, se bem que misericordioso, sei que cometi muitos pecados, e sei também que Jesus é justo no castigo. Peço-vos uma coisa grande, não é verdade, minha Mãe? Mas que hei de fazer, se o que perdi por meus pecados não o acho senão por vossa mediação? Ademais, pouco é o que vos peço em relação ao muito que podeis fazer por mim”.

Morte Heróica

Em 1902 Gema, em boa saúde desde a sua cura milagrosa, ofereceu-se a Deus como vítima pela salvação das almas. Jesus aceitou a sua oferta. A partir de setembro ela então ficou extremamente doente e sua vida é marcada profundamente da dor. Começa o período mais escuro da sua vida. As conseqüências do pecado caem pesadamente sobre o seu corpo e sua alma.

Seu estômago não suportava nenhum tipo de comida. Apesar de ter recuperado sua saúde rapidamente, pela Providência Divina, ela adoeceu novamente. Em 21 de setembro de 1902 ela começou a expelir sangue com as violentas palpitações de amor de seu coração. Enquanto isso ela passava por um martírio espiritual, pois ela experimentava aridez e nenhum consolo em seus exercícios espirituais. Além disso, seu inimigo, o demônio, multiplicava seus ataques contra a jovem “Virgem de Lucca”.

O Inimigo reforçava sua guerra contra Gema, pois ele sabia que o fim estava próximo. Ele esforçava-se para persuadi-la de que ela tinha sido totalmente abandonada por Deus. Usava suas diabólicas aparições e até mesmo violência física, batendo no frágil corpo de Gema.

Uma testemunha ocular que cuidava de Gema disse :

“Aquela besta abominável vai ser o fim da nossa querida Gema - golpes atordoantes, formas de animais ferozes etc. - eu a deixei com lágrimas nos olhos porque o demônio a está esgotando.”

Gema clamava incessantemente os nomes Santos de Jesus e Maria, mas a batalha continuava. O seu Diretor Espiritual, o Venerável Germano, vendo o esforço final de Gema, disse :

“A pobre sofredora passou dias, semanas e meses desse modo, dando-nos um exemplo de paciência heróica e razões para um medo saudável pelo que pode acontecer conosco, que não temos os méritos de Gema, na terrível hora da morte”.

Ainda assim, mesmo passando por essas provações, Gema nunca se queixou, ela apenas rezava. Gema estava no fim. Ela era praticamente um esqueleto vivo, mas ainda linda, apesar da devastação da doença. Ela recebeu o “Viático”.

Em suas últimas palavras, disse: “Eu não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora eu me preparo para morrer”. Ela falava com dificuldade. “Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti... Jesus !”

Gema então sorriu um sorriso celestial e deixando pender a cabeça para um lado, deixou de viver.

Uma das irmãs presente na hora da morte vestiu o corpo de Gema com o hábito dos Passionistas, que era a ordem à qual Gema sempre aspirou.

Essa morte abençoada aconteceu no Sábado Santo, dia 11 de Abril de 1903, quando Gema Galgani tinha 25 anos.

A Canonização.

As autoridades da Igreja começaram a estudar a vida de Gema em 1917 e ela foi beatificada em 1933. O decreto aprovando os milagres para a canonização foi lido a 26 de março de 1939 - Domingo de Ramos. Gema Galgani foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Há um verso do poema de Dante (Paraíso, c. XXX, 19-21) no qual a beleza sobrenatural é admiravelmente recordada e exaltada. (2) Ele também se adapta bem à pequena Jóia de Cristo, verdadeira Beatriz, que o Senhor com tanta alegria enfeitou para Si mesmo:

Santa Gema, rogai por nós.

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